segunda-feira, 8 de agosto de 2022

8 de agosto é o Dia do Produtor Rural Sergipano

 Por Shis Vitória/Agência de Notícias Alese

Pensando na importância que o agronegócio possui na cadeia produtiva e pela ligação com vários setores da economia, a Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese) aprovou um projeto de lei, sancionado pela administração estadual, que institui o dia 8 de agosto como o “Dia do Produtor Rural Sergipano” através da Lei Nº 8.815/2021. A propositura tem como foco valorizar o produtor sergipano e remete a agosto de 2016, quando Sergipe vivenciou uma severa seca que assolou 100% as lavouras de milho.

Atualmente, a maior parte dos alimentos que está mesa dos brasileiros vem das pequenas propriedades, o que favorece o emprego de práticas produtivas ecologicamente mais equilibradas como a diversificação de cultivo, menor uso de insumos industriais e a preservação do patrimônio genético. Em Sergipe, de quase 95 mil propriedades rurais, 70% delas são de agricultores familiares.

Diogo Machado avalia a atuação no setor. Foto: Arquivo pessoal

O engenheiro agrônomo, produtor de leite da Fazenda Cabana Massaranduba e consultor, Diogo Machado, comenta sobre a atividade que faz parte de sua vida há mais de 30 anos. ”Sou neto de produtor rural, filho de filho de produtor de leite e estou nesse ramo desde 1984, quando meu pai José Augusto Machado (in memorian) adquiriu a fazenda em Campo do Brito com o intuito de iniciar as atividades com leite e seguimos com a propriedade em execução até os dias de hoje. Fornecemos para grandes laticínios de Sergipe como a Betânia Lácteos e os desafios sempre foram enormes. Ser produtor rural no Brasil não é fácil, todavia e economicamente falando é hoje o negócio que vem sustentando o país e nos somamos a mais de 1 milhão de produtores de leite a nível nacional, sendo a atividade que mais possibilita a geração de empregos”, destaca.

O produtor ressalta ainda sobre os altos custos para a produção. “Ao longo dos últimos anos a atividade foi afetada com os altos custos de produção, já que tudo subiu de preço como o milho, soja, concentrados e funcionários qualificados. Mesmo assim, a luta é contínua e acredito muito na dedicação junto com a satisfação que a atividade nos permite. Eu tenho paixão pelo ramo. A fazenda tem vários centros de receitas, mas o leite é o principal deles movimentando com mais força a rotina do dia a dia além disso, temos a venda atuando como fornecedora de animais para o mercado (genética) e um Centro de Treinamento que mensalmente desenvolvemos cursos na área de agropecuária”, explicou.

Responsabilidade social e sustentabilidade

Projetos na área de responsabilidade social e sustentabilidade também integram a missão da fazenda. “Trata-se de um projeto muito interessante só que por conta da pandemia foi adiado no formato presencial e, por isso, realizamos hoje de forma digital. A partir do início do próximo ano pretendemos abrir a fazenda ao público principalmente, algo voltado para crianças com a ideia de apresentar como é desenvolvida a produção de leite, ações de sustentabilidade com a preservação legalizada e atuamos nessa parte, campanhas de doação de leite, entre outros”, concluiu.

quinta-feira, 30 de junho de 2022

Embrapa: sistema digital cria alerta sobre doenças de soja e algodão

 A Embrapa e a Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa) desenvolveram o Monitora Oeste, um sistema digital gratuito que envia emite alertas sobre o avanço de doenças e pragas ao celular do produtor.

alerta

Sistema combina equipes a campo e 44 armadilhas georreferenciadas. (foto – Fabiano Perina)

Entre elas, estão a ferrugem asiática e a mancha de ramulária, que atacam lavouras de algodão e soja, nas propriedades rurais do oeste baiano. Estas enfermidades podem gerar perdas estimadas em 30% na cotonicultura, e de até 80%, na sojicultura.

Desenvolvida ao longo de dois anos, a tecnologia está disponível para navegação gratuita em smartphone (Android e IOS) e em plataforma web. Ao cadastrar-se, o usuário passa a receber informações sobre os focos e as condições climáticas favoráveis para a proliferação das doenças e para a dispersão dos esporos na região.

Dentro do aplicativo, o usuário encontrará sete funcionalidades: ocorrências e alertas; gráfico de ocorrências; mapa de ocorrências; armadilhas; mapa de armadilhas; favorabilidade e agrometeorologia.

A tecnologia possibilita a aplicação de filtros, como espécie (doença), municípios, núcleos regionais e safra. A versão para Web traz ainda mais recursos, como o tipo de área em que a ocorrência foi registrada, a sobreposição de camadas e a geração e exportação de mapas em alta resolução.

Para o pesquisador da Embrapa Territorial Julio Bogiani, líder da equipe que desenvolveu o produto, o Monitora Oeste permitirá elevar a eficiência de controle das doenças, com a possibilidade de redução de custos e de impacto ambiental pelo menor número de aplicações de defensivos agrícolas.

Ele explica que, atualmente, as aplicações dos fungicidas são calendarizadas. Em cada safra, são realizadas de oito a dez aplicações, com intervalos de 15 dias, período de duração residual do fungicida.

“O sistema dá aos produtores as melhores condições para a tomada de decisão de abrir mão ou de utilizar os defensivos agrícolas na época certa e na dose correta. Com o direcionamento dos seus gastos, eles alcançarão uma economia muito boa”, afirma o cientista.

A Abapa levará a tecnologia aos seus associados. Na visão de Luiz Carlos Bergamaschi, presidente da associação, o Monitora Oeste possui os elementos necessários para o incremento da produtividade do agricultor baiano.

“A mancha de ramulária e a ferrugem da soja são potencialmente devastadoras, quando fora de controle, e de rápida disseminação. Ter a informação precisa e atualizada permite traçar estratégias mais eficazes de controle, com sustentabilidade. Isso traz maior rentabilidade e se alinha à nossa busca diária por sustentabilidade econômica, ambiental e social”, disse.

O app e o WebGIS

No WebGIS o usuário encontrará mais filtros de pesquisa, como estágio e tipo de área onde se levantou o dado. Poderá ainda identificar se os dados provêm da coleta de plantas voluntárias. Pela plataforma Web da Embrapa, também há a possibilidade de baixar as imagens em alta resolução e realizar a sobreposição de camadas.

Os alertas emitidos pelo Monitora Oeste estão organizados em três níveis: ocorrências de doenças, condições climáticas favoráveis para as ocorrências e condições climáticas favoráveis para a dispersão de esporos no ar.

O primeiro nível mostra onde foram identificadas plantas infectadas. Os dados são expressos em mapas e gráficos. O levantamento das informações em campo segue o método tradicional de observação, com o monitoramento realizado por uma rede de colaboradores já atuante na região.

O sistema também reúne dados da presença de esporos na região a partir de 44 armadilhas georreferenciadas, distribuídas pelos núcleos regionais. Quanto mais pontos de coletas, maior a precisão das informações.

As equipes são formadas por produtores locais, técnicos da Abapa, da Embrapa e de parceiros, que percorrem as lavouras dos municípios e dos núcleos regionais do oeste baiano, e verificam se há a presença de doenças nas plantas.

Os outros alertas

Outro nível de alerta enviado pelo Monitora Oeste aponta se as condições climáticas estão favoráveis para o surgimento e para o desenvolvimento das doenças.

O filtro “favorabilidade” mostra sobre o mapa se existe alto ou baixo risco de proliferação dos agentes causadores da mancha de ramulária e da ferrugem asiática pelas plantações de acordo com as condições do clima.

Para esse nível de alerta, o aplicativo utiliza o banco de dados das estações meteorológicas do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), com atualização diária e em tempo real.

Dentro do sistema, os mapas das armadilhas são sobrepostos ao mapa da favorabilidade climática, facilitando ao usuário compreender o risco de disseminação.

Além dos dados de alerta, o Monitora Oeste traz vários índices agrometeorológicos da região: albedo, biomassa, NDVI, evapotranspiração e produtividade da água. O produtor poderá fazer cruzamentos de camadas para obter informações estratégicas de seu talhão. (com informações da assessoria de imprensa).


Fonte: Embrapa

segunda-feira, 20 de junho de 2022

Cultivos tolerantes à seca com uso de biotecnologia

À esquerda, soja HB4 e à direita, soja convencional, submetidas ao mesmo índice de estresse hídrico. Crédito para: Bioceres Crop Solutions 


 As mudanças climáticas chegaram para ficar. Do ponto de vista do agricultor o principal contratempo é o aumento dos riscos climáticos, particularmente de períodos de seca prolongados, como ocorreu na safra 2021/22. A germinação, desenvolvimento e rendimento final das lavouras podem ser bastante prejudicados por estresses abióticos, com prejuízos incomensuráveis para todos os elos do agronegócio, para o consumidor, para a sociedade e para os governos. Um estudo publicado em 5/5/2022 mostrou que 80% da área cultivada no mundo enfrentará sérios problemas de estresse hídrico, ao longo do presente século (http://bitly.ws/qIeo).

Uma das principais ferramentas que o agricultor poderá contar no futuro, para enfrentar as mudanças climáticas, será a utilização de cultivares tolerantes à seca e a altas temperaturas. Partindo de plantas já cultivadas, com alta produtividade e outras características desejáveis, e utilizando melhoramento clássico ou ferramentas avançadas de biotecnologia, os cientistas estão introduzindo nelas a capacidade de obter produtividade adequada, em um ambiente de forte restrição de água. Em alguns casos, a tolerância às temperaturas mais elevadas, que costumam ocorrer em períodos de ausência de chuvas, também está presente nas cultivares tolerantes à seca.

As primeiras tentativas de desenvolver culturas tolerantes à seca, usando a biotecnologia, envolviam genes de plantas adaptadas aos ambientes de deserto. Esses genes conferem às plantas maior capacidade de síntese de osmólitos, que auxiliam na manutenção da turgidez, ou de enzimas envolvidas na eliminação de espécies reativas de oxigênio (ROS, na sigla em inglês), que se acumulam nas plantas, em condições de estresse. Trata-se de radicais de oxigênio, energeticamente mais reativos que o oxigênio molecular, ou seja, com maior facilidade em reagir com outras substâncias, podendo gerar uma sequência de reações de oxidação que levam à deterioração de membranas e macromoléculas biológicas como proteínas e DNA, com prejuízos ao organismo. O uso dessa abordagem pode resultar em plantas com tolerância à seca, porém com produtividade menor do que quando cultivadas em condições de oferta adequada de água. Estava posto o desafio para os cientistas: tolerar a seca, mas não perder produtividade na ausência de estresse hídrico.

Trigo

Há 20 anos, uma empresa privada (Bioceres), uma universidade (Universidade Nacional del Litoral - UNL) e uma agência pública (CONICET) da Argentina somaram esforços para obter uma variedade de trigo tolerante à seca. Tudo começou com a identificação de um gene presente no girassol, denominado HaHB-4, o qual, transposto para uma planta modelo usada por cientistas (Arabidopsis thaliana), demonstrou ser responsável por tolerância à seca. Os cientistas argentinos usaram uma estratégia diferente da descrita anteriormente, trabalhando com genes responsáveis por cascatas de sinalização e regulação da expressão gênica, partindo de observações anteriores de que os genes reguladores permitem manter ou até aumentar os rendimentos dos cultivos, mesmo sob condições adversas.

Foi por esse motivo que escolheram o gene HaHB-4, que é um fator de transcrição que modula a expressão de várias centenas de genes e oferece tolerância à seca. Além disso, a ação desse gene não está relacionada ao fechamento precoce dos estômatos, um alvo que foi descartado após o insucesso nas primeiras tentativas para obter genótipos com tolerância à seca. O artigo científico que descreve a obtenção se encontra em http://bitly.ws/qHwe.

A ação hormonal do etileno nas plantas desempenha um papel importante na diminuição do rendimento das culturas cultivadas sob condições de estresse abiótico. Por esse motivo, uma versão particularmente eficiente do gene HaHB-4 foi utilizada, de modo a não só diminuir a síntese de etileno, como fazendo com que as plantas sejam mais insensíveis aos seus efeitos.

As primeiras variedades de trigo transformados com o gene de tolerância foram testadas no campo em 2008. As melhores linhagens foram selecionadas em 2012, com os resultados dos testes mostrando que a tecnologia melhorou a produtividade em anos adversos, quando os rendimentos são geralmente baixos.

Os autores do estudo exemplificam que uma linhagem transgênica rendeu 6% a mais e teve eficiência de uso de água 9,4% maior do que a testemunha, na média dos ambientes avaliados. As diferenças no rendimento de grãos entre as cultivares foram explicadas pela melhoria de 8% no número de grãos por metro quadrado, e foram mais pronunciadas em condições de estresse (em média 16%) do que em condições sem estresse (em média 3%), atingindo um máximo de 97% em um dos ambientes mais secos. Nas plantas transgênicas, o aumento do número de grãos por metro quadrado foi acompanhado por incrementos no número de espiguetas por espiga, perfilhos por planta e floretes férteis por planta.

Assim que os eventos finais foram selecionados em cada safra, os estudos regulatórios adicionais foram iniciados, posto que as aprovações de comercialização em cada local de produção ou de consumo requerem extensos dados de biossegurança, a fim de demonstrar sua segurança à saúde humana, animal e ao meio ambiente.

Nesse particular é assaz importante salientar três aspectos fundamentais a respeito da segurança do consumo de produtos contendo o gene HaHB4, e não apenas do trigo. Acima de tudo, temos que considerar que o gene está presente no girassol desde o início do consumo desta planta, seja por seres humanos ou por animais, sem que nunca houvesse sido relatado um problema de saúde a ele associado. Em segundo lugar, o HaHB4 atua como um regulador transcricional de vias endógenas, que compõem os processos fisiológicos naturais das plantas. Assim, não são encontrados proteínas ou metabólitos que não aqueles já naturalmente existentes nas variedades não transgênicas. Finalmente, porém não menos importante: sendo um fator de transcrição, o gene é expresso em níveis extremamente baixos, tornando a sua presença em alimentos um risco de segurança negligenciável.

Lembrando que a equivalência da composição química entre genótipos transgênicos e seus similares convencionais é uma medida exigida pelas autoridades reguladoras da segurança dos alimentos, para sua aprovação. Os resultados da equivalência da composição química de trigo transgênico e convencional estão descritos em http://bitly.ws/qHNq.

A nova variedade de trigo é direcionada para a produção e consumo na América Latina, pois esta região é um importador líquido de trigo, tendo sido patenteada na Argentina e em 14 outros países, incluindo o Brasil, que importa da Argentina mais de 80% do trigo que chega do exterior. Na safra 2021/22 a Argentina cultivou cerca de 50.000 ha de trigo tolerante à seca, a maior parte destinada à produção de sementes para expansão da área nas próximas safras.


Soja

Diferentes abordagens têm sido utilizadas na tentativa de obter cultivares tolerantes à seca, entre elas a expressão de osmoprotetores, chaperonas, transportadores, proteínas de membrana e enzimas, mas nenhum produto dessas técnicas atingiu o mercado.

No Brasil, a equipe da Embrapa Soja desenvolve estudos com a incorporação de diferentes fatores de transcrição, em genótipos de soja, entre esses o gene de arabidopsis AtAREB1, o qual atua como regulador de respostas das plantas ao estresse hídrico. Os resultados mostraram que as plântulas dos genótipos transgênicos apresentaram maior taxa de sobrevivência sob déficit hídrico severo, maior eficiência no uso de água e maior estabilidade de rendimento em comparação ao background convencional, quando testado no campo em situações de déficit hídrico. Os estudos estão descritos em http://bitly.ws/qW5Y.

A mesma equipe de cientistas argentinos que desenvolveu o trigo tolerante à seca também desenvolveu uma cultivar de soja com característica similar. O gene HaHB-4 foi introduzido em cultivares de soja, gerando genótipos transgênicos que, na média de 27 experimentos conduzidos na Argentina, produziram 4% a mais que a cultivar original, não transgênica. Quando os resultados são desdobrados por ambiente, as vantagens do genótipo tolerante à seca ficam mais evidentes pois, em condições de seca, as linhagens tolerantes produziram 8,6% mais, sendo 10,5% superior quando a temperatura era mais elevada e 5,1% com temperatura mais baixa (pormenores em http://bitly.ws/qHPC).

A tecnologia foi patenteada em 11 países, entre eles o Brasil. A equivalência da composição química entre soja transgênica, tolerante à seca, e convencional, pode ser acessada em http://bitly.ws/qHMo. Com a aprovação da soja HB4 pela China, ocorrida em final de abril de 2022 (http://bitly.ws/qHQ3), é esperado um forte incremento do cultivo comercial da mesma na Argentina, já na próxima safra, uma vez que, na safra 2021/22 a área cultivada foi de 21.000 hectares, quase integralmente para produção de sementes.

Milho

Nos Estados Unidos foram desenvolvidos híbridos de milho tolerantes à seca, tanto por melhoramento clássico, quanto com o uso de transgênese, com estimativa de que 22% da área tenha sido cultivada com genótipos tolerantes à seca, em 2016. No caso dos híbridos Drought-Guard e PT-Perkebunan a abordagem utilizada foi a da introdução de uma chaperona, originalmente presente em Bacillus subtilis, que permite tolerar determinados graus de estresse hídrico.

Entrementes, conforme pesquisas realizadas pelo USDA, os genótipos de milho tolerantes à seca, atualmente cultivados, apresentam rendimento pouco superior aos não tolerantes, em condições usuais de seca que os agricultores experimentam em seus campos. Adicionalmente, alguns estudos sugerem que eles não são eficazes em secas severas.

Os dados da Pesquisa de Gerenciamento de Recursos Agrícolas do USDA (ARMS), relativos a 2016, mostram que os rendimentos de milho tolerante à seca foram, em média, 4% mais altos do que os rendimentos de milho não tolerante, sem que a diferença fosse estatisticamente significativa, de acordo com um relatório do USDA (http://bitly.ws/qHSA). O Dr. McFadden, autor do relatório, aponta que os genótipos de milho tolerantes à seca não foram projetados para produzir rendimentos significativamente maiores do que as variedades convencionais, sob condições de cultivo sem seca, que prevalecem na maioria das principais áreas produtoras de milho dos EUA.

Cana-de-açúcar

Pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas lançaram no mercado a cultivar RB0442, desenvolvida por melhoramento clássico, com a característica de alta produtividade e boa tolerância à seca, com grande adaptação às condições de produção do nordeste do Brasil. Os resultados indicaram ganhos médios de produtividade de 14% e aumento de 3,5% no teor de açúcar total recuperável (ATR). Em condições de estresse hídrico o ganho de produtividade foi de 24,5%, além de aumento de 11,5% no ATR.

Uma equipe da Embrapa incorporou o gene DREB2 na cana-de-açúcar, obtendo genótipos que, em casa-de-vegetação, demonstraram tolerância ao estresse hídrico, associado com níveis mais elevados de sacarose, considerado um forte indicativo da possibilidade de desenvolvimento de variedades transgênicas tolerantes à seca (http://bitly.ws/qHUX).

Ferramenta que será útil

Com o aprofundamento das mudanças climáticas em curso, a imprevisibilidade do clima e a ocorrência de eventos extremos – como a seca – com frequência e intensidade cada vez maiores, se configuram como o grande desafio da agropecuária no futuro imediato e no longo prazo. O desenvolvimento de genótipos tolerantes à seca será uma excelente alternativa para os agricultores enfrentarem o problema, sem nunca esquecer de outras tecnologias, em especial o manejo do solo e das culturas e o uso de irrigação. Essa integração será primordial para garantir a segurança alimentar do planeta Terra, no médio e longo prazos.


Fonte: Revista Cultivar 

terça-feira, 10 de maio de 2022

Senar Sergipe abre inscrições para cursos online nas áreas de fruticultura e gado de leite.

 As vagas são limitadas e as inscrições devem ser feitas até 12 de maio.



Senar Sergipe abre inscrições para cursos online nas áreas de fruticultura e gado de leite - Imagem: Senar/SE

Como combater e evitar pragas agrícolas, atualização de normas quanto ao uso correto e seguro de defensivos agrícolas e ainda o manejo de gado leiteiro, são os temas dos cursos online com inscrições abertas no Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, o Senar Sergipe.


“Estamos sempre atentos às demandas do setor agropecuário e buscamos capacitar e atualizar aquele que trabalha no campo, levando informação e conhecimento”, reforça o presidente do Sistema Faese/Senar, Ivan Sobral.


O público-alvo são estudantes do setor ou quem trabalha com a fruticultura, no caso dos cursos de Introdução ao manejo integrado de pragas e doenças dos citros (18 a 20 de maio) e Uso correto e seguro de defensivos agrícolas: NR 31 (31 de maio a 04 de junho), no primeiro tema serão abordadas as principais pragas agrícolas que atingem a citricultura sergipana e como combater.


Já a segunda temática, que terá um formato híbrido, trará as atualizações mais recentes da Norma Reguladora 31, uma delas começa a valer em julho deste ano, a partir dessa data quem usar tratores sem cabine ou de cabine aberta durante pulverizações com atomizador mecânico tracionado poderá ser autuado por auditores fiscais do trabalho. A aula prática desse curso acontecerá no dia 04 de junho (sábado) das 8h às 12h, um dos pré-requisitos é a idade mínima de 18 anos, além disso o aluno deve ser alfabetizado.


Ou ainda para os interessados na área da bovinocultura de leite com o curso de Introdução ao Manejo de gado de Leite, a zootecnista e instrutora do Senar Ana Caroline vai explicar desde o nascimento da bezerra, até os cuidados para prevenir doenças, ela abordará ainda manejo sanitário, alimentar, de ordenha e ainda a genética. “Tudo para garantir a melhor produção de forma eficiente”, esclarece.


As aulas acontecem no período noturno, das 18h às 22h e são realizadas na plataforma online Google Meet, por isso é importante que o aluno tenha uma conta do Gmail.


Os alunos que concluírem o curso e forem aprovados, receberão certificado (disponível no Site do Senar até 15 dias após a conclusão do treinamento).


Inscrições
A quantidade de vagas é limitada a 20 pessoas em cada turma. As inscrições devem ser feitas através dos formulários disponíveis abaixo, de acordo com o curso que deseja fazer.

Introdução ao Manejo de gado de Leite
- Período da 1ª turma: 17 a 20 de maio
- Período da 2ª turma: 24 a 27 de maio
Inscrições: https://bit.ly/3wetKym


Introdução ao Manejo integrado de pragas e doenças dos citros
- Período: 18 a 20 de maio
Inscrições: https://bit.ly/3smIOZM


Uso correto e seguro de defensivos agrícolas: NR 31
- Período: 31 de maio a 04 de junho
Inscrições: https://bit.ly/3LSSaE9


Para mais informações acesse o site do Senar Sergipe: https://senarsergipe.org.br/

Fonte: Senar (https://www.clicksergipe.com.br/pais/2/75133/senar-sergipe-abre-inscricoes-para-cursos-online-nas-areas-de-fruticultura-e-gado-de-leite.html)

sexta-feira, 6 de maio de 2022

Diversificação de forrageiras no Semiárido aumenta a produtividade e a resiliência à seca

Entre as gramíneas perenes, os capins Buffel Aridus, Massai (foto acima) e BRS Tamani apresentaram melhor desempenho médio.

Pesquisa desenvolvida pela Embrapa em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), com experimentos nos nove estados da Região Nordeste e na região norte de Minas Gerais, evidenciou benefícios de se diversificar a oferta de plantas forrageiras no Semiárido brasileiro. O projeto Forrageiras para o Semiárido, ao longo de três anos de atividade, mostrou resultados de produtividade e resiliência de espécies forrageiras testadas em 12 diferentes unidades de referência tecnológica (URTs).

No projeto, foram testadas 26 espécies, entre gramíneas perenes, gramíneas anuais, cactáceas e lenhosas. Entre as gramíneas perenes, os capins Buffel Aridus, Massai e BRS Tamani apresentaram melhor desempenho médio, com produtividade variando entre 15 e 20 toneladas de matéria seca por hectare a cada ano e resistência para formação de pastos. 

Entre as gramíneas anuais, usadas para compor reserva alimentar em forma de silagem, o sorgo BRS Ponta Negra produziu forragem para encher dois silos de 40 toneladas, em unidades onde a precipitação média foi de 600 mm anuais – uma silagem suficiente para ser fornecida a um rebanho de sete vacas durante 180 dias. O milheto BRS 1501, por sua vez, teve bom desempenho em condições ainda mais adversas: em regiões com precipitações anuais abaixo de 400 mm, ele chegou a produzir 18 toneladas de massa verde, reserva capaz de alimentar um rebanho de 33 cabras durante 180 dias.

Nas espécies lenhosas, usadas para compor bancos de proteína, leucena e gliricídia tiveram produtividade de 3 toneladas de matéria seca por ano. Já nas cactáceas, além de boa produtividade, os experimentos mostraram capacidade de resiliência: 99% dos materiais testados sobreviveram a condições adversas no Semiárido durante os três anos de projeto. 

De acordo com a pesquisadora Ana Clara Cavalcante, chefe-geral da Embrapa Caprinos e Ovinos (CE), todos esses indicadores são muito positivos, especialmente porque foram obtidos em condições de sequeiro – em locais com precipitação acumulada média menor que 600 mm por ano e onde as plantas forrageiras contam somente com água das chuvas como recurso hídrico – semelhantes à realidade da maioria dos produtores rurais no Semiárido brasileiro.

“Essa resposta tem essa magnitude porque foi utilizada tecnologia em práticas que permitem manter mais água de chuva no solo e na planta. A implantação de espécies lenhosas fez uso de hidrogel (quando adicionado às mudas, serve como uma reserva de água em períodos de estiagem). Para cactáceas, tivemos o uso de técnica de plantio em camaleão, que evita o contato direto da planta com a água e, ao mesmo tempo, permite o acúmulo de água no solo entre as linhas de palma”, destaca a pesquisadora.

Ingrediente-surpresa no cardápio: espécies lenhosas são fontes de proteína

Para além dos bons resultados de produtividade, os experimentos evidenciam a vantagem para os produtores rurais de diversificarem o uso de espécies em suas propriedades, mesclando plantas forrageiras para formação de pasto, reserva alimentar e silagem nos períodos de estiagem que, no Semiárido brasileiro, podem durar de seis a oito meses ao ano. Essa é a estratégia do chamado cardápio forrageiro, que combina diferentes plantas, de modo a aproveitar ao máximo o recurso hídrico para armazenamento em forma de forragem para os diversos usos pelos rebanhos e otimizar o uso da área disponível na propriedade para a produção de forragem.

Ana Clara ressalta que a estratégia de diversificação das plantas forrageiras nas propriedades é importante por garantir uma oferta de forragem mais estável ao longo do ano, evitando riscos de sazonalidade por conta da irregularidade das chuvas. Outra vantagem é reduzir o risco de perda de recursos alimentares por pragas e doenças, o que tem mais chances de acontecer nos monocultivos.

“O cardápio forrageiro possui plantas que mantêm a qualidade da forragem no campo, sem necessidade de colheita, como é o caso da palma. Outro ingrediente, o cultivo de gramíneas anuais em sequeiro, permite guardar água de chuva na forma de forragem como silagem, que não tem prazo de validade. Por fim, a base de produção está no pasto, nativo e cultivado, sendo esse último incrementado por espécies produtivas e adaptadas que têm poder de aumentar em até cinco vezes a oferta de forragem. O ingrediente-surpresa do cardápio são as espécies lenhosas que podem ser fonte de proteína, de sombra e até melhorar a qualidade do solo”, destaca.

Segundo a assessora técnica do Instituto CNA, Ana Carolina Mera, a experiência do projeto trouxe lições sobre o uso da diversidade de plantas forrageiras para minimizar os riscos das secas para os produtores rurais. “Estudar diferentes espécies de plantas forrageiras, considerando suas especificidades, e combiná-las de forma estratégica é fundamental para garantir o desenvolvimento sustentável da pecuária no Semiárido”, afirma ela.

Forrageiras adaptadas a realidades locais

Os experimentos nas 12 unidades de referência tecnológicas evidenciaram que é necessário observar com atenção as realidades locais, pois o Semiárido brasileiro não é homogêneo, apresentando diversidade de condições ambientais em suas regiões. “As espécies avaliadas, materiais provenientes dos programas de melhoramento vegetal da Embrapa e de parceiros, foram testadas em diversos ambientes e comprovaram que determinadas características genéticas se manifestam melhor em condições específicas de solo e precipitação”, frisa a pesquisadora.

Com os trabalhos nas URTs, é possível indicar forrageiras mais adaptadas a realidades locais para implementação nas propriedades rurais, como alternativas para compor o cardápio forrageiro. Na URT em Tenório (PB), os testes indicaram bons resultados para espécies como o sorgo Ponta Negra (foto abaixo, 15,6 toneladas de matéria seca MS/hectare/ano), o capim BRS Piatã (18,6 toneladas MS/hectare/ano) e a cactácea Orelha de Elefante Mexicana (26,6 toneladas MS/hectare/ano).

“São resultados muito significativos. É perfeitamente possível alcançar produtividades até maiores. Nas visitas feitas à URT, em dias de campo ou a partir de lives, os produtores começaram a ver a importância da diversidade de plantas na propriedade, pois, com planejamento, obedecendo as janelas de plantio, e observando as culturas mais resistentes é perfeitamente possível ter várias opções de forragens na propriedade”, avalia Humberto Gonçalves, licenciado em Ciências Agrárias e técnico do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural da Paraíba (Senar/PB) que acompanhou os trabalhos na URT. 

Já na URT de Montes Claros (MG), região do Semiárido mineiro, tiveram destaque, em termos de produtividade, o sorgo BRS 658 (24 toneladas de MS/hectare/ano), o capim Andropogon (10 toneladas MS/hectare/ano) e também a Orelha de Elefante Mexicana (19 toneladas MS/hectare/ano). Segundo a engenheira agrônoma Inez Silva, técnica do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Administração Regional de Minas Gerais (Senar/MG) que acompanhou os experimentos, são indicadores positivos para uma região com chuvas escassas e mal distribuídas, com longos períodos de estiagem e altas temperaturas. Esse desempenho traz, segundo ela, boas opções para a diversificação da oferta de forragem em âmbito local.

“A diversificação de forrageiras ajuda a minimizar os riscos. Com o melhor aproveitamento de cada grupo de plantas, cujas potencialidades se somam e permitem a autonomia dos produtores no processo de produção do alimento, conseguimos uma contribuição mais relevante para viabilizar a pecuária em qualquer sistema de produção do Semiárido, independentemente do tamanho da propriedade”, afirma Inez.

Com a palavra, os produtores

Ao longo dos três anos de projeto, produtores rurais do Semiárido brasileiro, ao visitar as URTs e acompanhar as experiências, passaram a introduzir a proposta do cardápio forrageiro em suas propriedades, sob acompanhamento de extensionistas do projeto. Vinícius Leite, criador de ovinos, suínos e aves da zona rural de Riacho das Almas (PE), conheceu o projeto Forrageiras para o Semiárido a partir de informações do portal da Embrapa e visitou a URT em São João (PE). A partir do contato, promoveu mudanças no manejo e inseriu novas culturas em sua propriedade.

“Comecei a tratar a palma forrageira como uma cultura, melhorando o seu manejo, implementei o Massai e montei um banco de proteínas, com gliricídia e leucena. A palma melhorou consideravelmente a sua produção, o capim Massai teve uma excelente rebrota e serviu como forrageira num sistema de piquetes e as leguminosas foram a suplementação necessária de proteínas”, destaca ele.



Em Sumé (PB), o produtor rural Luciano Sousa já produzia para reserva alimentar, com silagem à base de sorgo, palha de milho e cana que garante fornecimento para seu rebanho de cabras e vacas leiteiras durante o período seco. Mas a introdução da moringa e da gliricídia foi uma novidade recente, a partir do contato com equipe da Embrapa. “Aqui a gente conhecia bem a leucena, mas a gliricídia e a moringa são excelentes. Com elas, reduzi a necessidade de comprar alimento concentrado. A produtividade é muito boa. Você faz um corte agora, daqui a 15 dias já tem material novamente”, ressalta Luciano.

Cooperação para continuidade das ações

Para a continuidade do projeto Forrageiras para o Semiárido nos próximos três anos, foi firmada uma cooperação técnica entre a Embrapa e a CNA que iniciou em novembro de 2021 uma nova fase, com futura participação de animais em novas URTs. Lá, está sendo estudada a capacidade de resiliência de plantas forrageiras sob condições de pastejo de ovinos, bovinos de corte e novilhas de leite.

Nas URT’s da primeira fase do projeto, já instaladas, será iniciada uma nova etapa de estudos onde serão inseridos materiais inéditos para avaliação. Essas forrageiras serão selecionadas pelas equipes da Embrapa e técnicos do Senar/CNA. Também nessa segunda fase do projeto, as opções do cardápio forrageiro serão incluídas em um módulo do aplicativo Orçamento Forrageiro, para ajudar os produtores do Semiárido na escolha das espécies mais adequadas às suas condições climáticas.

Fonte: Embrapa

(https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/69510782/diversificacao-de-forrageiras-no-semiarido-aumenta-a-produtividade-e-a-resiliencia-a-seca)


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