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quarta-feira, 6 de abril de 2022

Manejo preventivo da ferrugem na soja

 A soja é um dos carros-chefes da balança comercial do agro brasileiro e a cultura de maior importância econômica para o país, com uma área plantada de 38,3 milhões de hectares espalhados de Norte a Sul do Brasil. As dimensões da sua importância são, no entanto, proporcionais ao desafio de manter a lavoura saudável da semeadura à colheita. Mais do que nunca, os sojicultores têm sido demandados a redobrar a atenção no manejo agrícola em função da incidência de doenças nas plantas.

A mais temida delas é a ferrugem asiática, causada por um fungo que provoca a desfolha da planta, acarretando perdas superiores a US$ 2 bilhões por ano/safra. “Esta é a estimativa do custo ferrugem, que engloba tanto o prejuízo (queda de produtividade) que ela causa, quanto o gasto para se realizar o controle da doença”, explica o pesquisador Rafael Soares, da Embrapa.

O custo da doença para o Brasil é tão alto que a Embrapa montou e coordena o Consórcio Antiferrugem. Trata-se de um projeto que congrega empresas públicas e privadas, que monitoram os locais de incidência do fungo. Toda ocorrência é notificada no site da iniciativa, como forma de alertar o produtor em quais localidades a doença já apareceu. “Neste ano, detectamos em 11 estados, mas como a semeadura atrasou em várias regiões e o início do ano foi mais seco, a ferrugem asiática não está causando epidemias fortes”, diz Soares.

Mesmo assim, o produtor não pode descuidar. O uso incorreto de defensivos agrícolas ou uso contínuo do mesmo princípio ativo é um dos principais fatores para o surgimento de populações resistentes do fungo. No médio prazo, isso acarreta perda de eficácia das moléculas utilizadas nesses defensivos, trazendo prejuízos ao agricultor.

No Brasil, as condições tropicais tornam a situação ainda mais preocupante, já que elas favorecem a propagação de pragas e doenças, o que agrava o cenário de aumento da resistência aos fungicidas usados na lavoura. “Uma forma de proteger e manter o controle nesta conjuntura é fazer uma aplicação combinada de diferentes modos de ação para combater o fungo”, diz Ximena de Souza Vilela, gerente de Produtos Fungicidas da IHARA. Com base nesse conceito, a indústria de defensivos tem ido além do desenvolvimento de produtos com alta tecnologia, passando a investir também na pesquisa e recomendação do melhor manejo.


Compondo o robusto portfólio que a IHARA possui para a cultura da soja, Fusão EC é um fungicida específico, que age de forma sistêmica, proporcionando alta performance no controle da ferrugem e manchas foliares da soja, tem versatilidade de uso, podendoser usado em qualquer fase da cultura, além de ter alta velocidade de absorção e baixo risco de perda por chuva, além de possuir registro para as principais culturas sucessoras da soja, como: milho, algodão, trigo, feijão, entre outras. Em 2021, Fusão EC alcançou a liderança em performance no segmento de produtos strobi mixno Consórcio de Rede de Ferrugem, sendo o fungicidaque mais cresce em performance no cenário atual.

A estratégia de Fusão EC visa fortalecer a defesa da lavoura na batalha contra várias doenças que afetam a produtividade da soja.

A comunidade científica recomenda que os fungicidas sejam usados de forma preventiva, porque a eficácia diminui quando a doença já está estabelecida, comprometendo a produtividade. “O ideal é o produtor iniciar as aplicações antes do fechamento da lavoura (fase entre o final do ciclo vegetativo e início do reprodutivo), quando as gotas de produto conseguem alcançar as folhas da parte inferior da planta, por onde a maioria das doenças começa a infecção”, explica Ximena. “É fundamental que o intervalo entre uma aplicação e outra não ultrapasse 14 dias, já o número de aplicações vai depender das condições climáticas e pressão da doença em cada região. Todavia, o recomendável atualmente é que se faça pelo menos três”, acrescenta.

“A incidência e severidade das doenças varia de acordo com a região. Por isso, é essencial o produtor observar quais problemas são, historicamente, mais recorrentes na sua localidade, além de estarem sempre atentos às condições climáticas em cada safra”, finaliza Ximena.

Fonte:
 IHARA

terça-feira, 29 de março de 2022

Saiba como a técnica da biorremediação do solo torna a agricultura mais sustentável


 A contaminação do solo e da água é um problema que desafia a sociedade atual. Uma das ferramentas para superar esse desafio é a biorremediação, uma técnica que utiliza microrganismos benéficos na eliminação materiais poluentes, melhorando a qualidade do solo. Saiba mais sobre essa técnica e como ela pode ajudar a tornar a agricultura mais sustentável.

O que é a biorremediação do solo?

A biorremediação é o uso de processos biológicos para degradar, ou seja, eliminar ou remover, substâncias contaminantes de recursos ambientais, como a água ou o solo. Ela acontece naturalmente através dos processos metabólicos de bactérias, fungos e plantas que transformam os materiais contaminantes em fontes de carbono e energia.

O processo de urbanização e o consequente crescimento da população mundial trouxe a necessidade de produzir mais alimentos, que por sua vez levou a um processo de industrialização da agricultura.

Segundo a pesquisadora Arlete Moyses Rodrigues, no artigo Produção do espaço e ambiente urbano, entre as consequências dessa industrialização agrícola estão o aumento dos sistemas agrícolas e dos fluxos de resíduos, bem como o aumento da frequência de acidentes com diferentes poluentes.

Assim, o uso da biorremediação como uma técnica que acelera e otimiza os processos biológicos de descontaminação se torna uma alternativa para mitigar os danos causados pelos poluentes no solo e na água.

A biorremediação pode ser realizada de duas formas: “in situ”, no local onde ocorreu a contaminação, ou “ex situ”, quando a porção contaminada do solo ou da água são levados para tratamento em outro lugar. Existem diversas maneiras de implementar a biorremediação nos processos agrícolas. Entre elas, estão:

  • Bioestimulação: na bioestimulação, o objetivo é aumentar a atividade microbiana da população nativa do solo. Isso é possível com a adição de nutrientes como nitrogênio e fósforo. Além disso, podem ser utilizados surfactantes ou tensoativos, substâncias que aumentam a biodisponilidade do material contaminante para que os microrganismos possam degradá-lo. Parte da bioestimulação também consiste em promover melhorias em parâmetros como a aeração do solo e monitorar e corrigir a umidade e o pH do solo.
  • Bioaumentação: na bioaumentação, são introduzidos microrganismos cultivados dentro do ecossistema natural contaminado. Esses microrganismos degradam as cadeias de hidrocarbonetos do material contaminante, transformando em fonte de carbono e reduzindo a sua concentração ao longo do tempo.
  • Fitorremediação: na fitorremediação, é utilizado um sistema vegetal e sua microbiota para acelerar o processo de degradação do material contaminante. Porém, é preciso que a planta seja específica para aquele contaminante, além de observar características como boa capacidade de absorção, sistema radicular profundo, taxa de crescimento acelerada e resistência ao material poluente.
  • Bioventilação ou bioaeração: na bioventilação, é adicionado oxigênio no solo contaminado, para estimular o crescimento dos microrganismos naturais presentes no sistema ou que tenham sido introduzidos nele. Essa técnica de biorremediação tem a vantagem de poder ser implementada facilmente e atuar em locais de difícil acesso. Entretanto, tem eficácia limitada em solos com baixa umidade, pouca permeabilidade ou quando o contaminante não se degrada em meio aeróbio.
  • Fabíola Tomassoni e outros pesquisadores, no estudo Técnica de biorremediação do solo destaca que as vantagens da biorremediação são a degradação das substâncias contaminantes do ecossistema, ao invés da simples transferência das porções contaminadas para outro lugar, o que não resolve o problema.

    Entretanto, os pesquisadores chamam a atenção para o fato de que o sucesso da técnica depende das condições locais e regionais, como clima, tipo de solo, parâmetros como pH, concentração de matéria orgânica, aeração e a presença dos microrganismos decompositores.

    Mas, quais são as espécies de microrganismos que podem ser utilizadas na biorremediação?

    Os microrganismos que podem ser usados na biorremediação do solo

    Existe uma variedade de microrganismos e até mesmo plantas que podem ser utilizadas na técnica da biorremediação do solo. Entre eles, podemos destacar:

    –  As bactérias:

    • Pseudomonas sp.
    • Azoarcus sp.
    • Bacillus sp.
    • Shpingomonas paucibomobilis
    • Geothrix fermentans
    • Xanthomonas sp.
    • Rastonia sp.

    –  Os actnomicetos:

    • Nocardiopsis sp.

    –  Os fungos:

    • Phaneroqueta sp.
    • Pleurotus ostreatus
    • Coriolus versicolor
    • Candida albicans
    • Candida tropicalis

    Cada microrganismo age em um determinado tipo de contaminante e é preciso avaliar quais são os mais adequados para cada situação. A Doutora em Microbiologia Aplicada e professora da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Dra. Márcia Maria Rosa Magri, explica um pouco sobre a biorremediação, além de outras funções benéficas dos microrganismos para o solo:Entre essas funções benéficas dos microrganismos, também chamadas de serviços ambientais, estão:

    • os processos de formação do solo;
    • a decomposição de resíduos orgânicos;
    • a fixação de carbono;
    • a ciclagem e disponibilização de nutrientes;

    Assim, devido ao seu uso na técnica da biorremediação e aos serviços ambientais que eles realizam, é importante preservar os microrganismos do solo, utilizando-os como uma ferramenta para uma agricultura mais saudável. E os fertilizantes utilizados no manejo agrícola podem contribuir nisso.

    Por que é importante preservar os microrganismos benéficos do solo?

    Propiciar um ambiente que favoreça o desenvolvimento das comunidades microbianas benéficas é essencial para o agricultor que quer ter um ecossistema do solo saudável e que garanta que os serviços ambientais dos microrganismos vão ser desempenhados.

    Para isso, é preciso estar atento aos dois principais processos que causam o desaparecimento dos microrganismos do solo: a salinização e a esterilização.

    A salinização ocorre quando há um aumento constante de sais solúveis ao solo por meio da aplicação recorrente de insumos agrícolas, como fertilizantes, com elevado índice salino. Em um ambiente mais salino, a osmose faz com que os microrganismos percam água para o meio e morram durante o processo.

    Além disso, de forma mais direta, os microrganismos são eliminados na presença de compostos nocivos para o seu metabolismo, como o cloro, tornando o solo estéril.

    O papel dos fertilizantes na preservação dos microrganismos benéficos do solo

    Por isso, é importante que o agricultor sempre esteja atento às formulações dos fertilizantes utilizados no manejo agrícola. Além de insumos que possam nutrir adequadamente as plantas, é preciso buscar fontes de nutrientes que favoreçam as comunidades microbianas do solo.

    É o caso, por exemplo, dos fertilizantes produzidos a partir do Siltito Glauconítico. Essa matéria-prima é livre de salinidade e é rica em glauconita, um mineral que melhora as propriedades do solo e ajuda a criar um ecossistema saudável no solo, que permite que os microrganismos benéficos exerçam todo o seu potencial.

  • Fonte: Blog Verde 

segunda-feira, 28 de março de 2022

Novos insumos ajudam a reduzir dependência de fertilizantes minerais

 Plantio direto, rotação de culturas e o uso de insumos biológicos podem ajudar a diminuir o uso de fertilizantes minerais críticos

A implementação de estratégias mais sustentáveis de manejo do solo, como o plantio direto com a rotação de culturas e o uso de novos insumos biológicos à base de resíduos orgânicos ou de microrganismos, entre outras soluções, podem ajudar a aumentar a eficiência no aproveitamento e, consequentemente, diminuir o uso de fertilizantes minerais críticos para agricultura brasileira.

É o que indicam resultados de estudos apoiados pela Fapesp e conduzidos por pesquisadores ligados a diferentes universidades e instituições de pesquisa no país.


A adoção dessas práticas pode gerar uma economia para os agricultores brasileiros da ordem de mais de US$ 20 bilhões nas próximas décadas só com a redução do uso de fertilizantes fosfatados, estima Paulo Sérgio Pavinato, professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP).

Nos últimos dez anos, o consumo de fertilizantes fosfatados no Brasil aumentou 43,4% – e mais de 67% são importados de países do norte da África, principalmente do Marrocos.

“Manter a palha e restos da planta na superfície das lavouras entre as safras, como é feito no plantio direto, e promover a rotação de culturas, explorando o solo o tempo todo e não o deixando desnudo nunca, são formas de promover a ciclagem mais eficiente e aumentar a eficiência no aproveitamento pelas plantas de nutrientes como o fósforo”, diz Pavinato à Agência FAPESP.

De acordo com o pesquisador, fósforo – que é um dos três macronutrientes mais utilizados na adubação de lavouras no Brasil, atrás do nitrogênio e do potássio – é um dos fertilizantes minerais com menores índices de aproveitamento pelas culturas agrícolas nos solos brasileiros.

Isso porque os tipos de solos no Brasil e em outras regiões tropicais, mais argilosos, são ricos em óxidos de ferro e alumínio, que têm capacidade muito alta de se ligar quimicamente e reter fósforo. Dessa forma, grande parte desse fertilizante aplicado fica acumulado no solo em formas pouco ou não acessíveis às plantas.

“Nos últimos 20 anos, em média, a eficiência no aproveitamento do fósforo pelas plantas cultivadas no Brasil tem sido de 50%”, afirma Pavinato.

“Do total desse fertilizante adicionado na adubação, 50% são extraídos via colheita e os outros 50% restantes ficam retidos no solo. Por isso, é comum aplicar nas lavouras no país pelo menos mais do que o dobro da quantidade de fósforo de que a planta necessita”, explica.

Por meio de um projeto apoiado pela Fapesp, o pesquisador, em colaboração com colegas da Bangor University, do Reino Unido, fez um inventário do fósforo acumulado ou residual nos solos brasileiros a partir dos anos 1970, quando se começou a utilizar fertilizantes em larga escala no país e o mineral passou a ser acumulado no solo.

Os cálculos, baseados em estimativas de adições médias e de retiradas de fósforo pela absorção pelas culturas agrícolas indicaram que, desde os anos 1970, cerca de 33,4 milhões de toneladas do fertilizante foram acumuladas nos solos agrícolas brasileiros.

As áreas com maior tempo de cultivo, situadas em boa parte do Sudeste, nos Estados de São Paulo, Paraná e Minas Gerais, são as que apresentam os maiores estoques de fósforo no solo, apontaram os pesquisadores em artigo publicado na revista Scientific Reports.

“As regiões com áreas agrícolas mais novas, como as localizadas nos Estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e, mais recentemente, no Matopiba [área considerada a nova fronteira agrícola brasileira, compreendida por porções dos Estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia], têm bem menos fósforo acumulado em função do tempo de cultivo”, diz Pavinato.

“Mas, mesmo nesses Estados, há muito mais fósforo total no solo do que em regiões do Reino Unido, por exemplo”, compara.

Por meio da rotação de culturas, com o plantio de plantas de cobertura, como braquiária ou milheto após o cultivo da soja, por exemplo, é possível não só aumentar a eficiência no uso desse fósforo estocado no solo, como também aumentar a resistência da lavoura à seca, afirma Pavinato.

Isso porque com a implantação desse sistema as raízes das plantas têm maior capacidade de explorar um volume maior do solo, explica o pesquisador.

“Os produtores com sistema de produção bem implantado, que têm feito a rotação de culturas nos últimos anos, podem passar uma safra ou mais sem precisar adubar suas lavouras porque o solo já tem uma boa reserva de nutrientes, principalmente de fósforo”, diz.

“Já os produtores que seguem o sistema de plantio convencional vão sofrer muito mais em períodos de crise de fertilizantes, como agora, porque não têm reserva no solo”, compara.

Uso de plantas de cobertura

Em um estudo em andamento, também apoiado pela FAPESP, o pesquisador e colaboradores estão avaliando o uso de plantas de cobertura, como ervilhaca, nabo forrageiro, tremoço e azevém no inverno, antes do plantio de milho, no verão, para melhorar a exploração de fósforo no solo.

Para realizar os experimentos foram aplicados durante sete anos seguidos, entre 2008 e 2015, fosfatos solúvel e natural em áreas de cultivo de milho no Paraná com rotação com essas plantas de cobertura. Após esse período, essas áreas pararam de ser adubadas.

Resultados preliminares do estudo indicaram que, nos anos posteriores e com déficit hídrico, a safra de milho nessas áreas foi duas vezes maior do que a das que não receberam adubação fosfatada.

“As plantas de cobertura que promoveram maior produtividade do milho nessas áreas fosfatadas foram a aveia preta e a azevém. Essas gramíneas têm habilidade de ciclar mais nutrientes de maneira geral. Mas é importante ressaltar que essas respostas só podem ser obtidas em longo prazo”, sublinha Pavinato.

Fertilizantes organominerais

Um fertilizante organomineral desenvolvido por pesquisadores da Embrapa Solos também pode contribuir tanto para aumentar a disponibilidade de fósforo para cultivares agrícolas como também para aproveitar e gerar valor para um passivo ambiental.

Os pesquisadores da instituição desenvolveram ao longo dos últimos 11 anos um fertilizante organomineral fosfatado granulado a partir da “cama” de frango – material utilizado para forrar o piso dos galpões de granjas, composto por maravalha, palha de arroz, feno de capim e sabugo de milho triturado ou a serragem com as fezes, urina, restos de ração e penas de galinha.

Esse resíduo agrícola era usado como fonte de alimento suplementar para bovinos no Brasil, mas a utilização dele para essa finalidade passou a ser proibida no país a partir de 2004 com o surgimento do “mal da vaca louca”.

Já na agricultura, o uso desse material é consolidado, porém, sem recomendações técnicas específicas, pondera Joaquim José Frazão, professor do Instituto Federal de Roraima (IFRR).

“A falta de recomendações técnicas específicas tem causado o uso inadequado e aplicação superficial da cama de frango, com doses inadequadas, baixas respostas agronômicas e risco de contaminação do meio ambiente por nitrato, presente em grande quantidade no material”, afirma Frazão.

Uma vez que a cama de frango também apresenta teores variáveis de fósforo, os pesquisadores da Embrapa Solos, em parceria com Frazão, realizaram nos últimos anos diversos testes de misturas do material com fontes minerais a fim de enriquecê-lo com o mineral para aplicação como fertilizante.

Os resultados de testes de aplicação do fertilizante organomineral em casas de vegetação e em campo, nos municípios de Rio Verde e Goiânia, em Goiás, e em Piracicaba, no interior de São Paulo, durante o doutorado de Frazão, com Bolsa da FAPESP, indicaram que o produto tem eficiência agronômica comparável com as fontes minerais tradicionais, como o fosfato monoamônico (MAP) e o superfosfato triplo, já na primeira safra de culturas como a soja e o milho. O estudo foi publicado na revista Sustainability.

“Também observamos por meio de outros estudos que o produto tem efeito residual no solo”, afirma Frazão.

Como a liberação do fertilizante organomineral é mais lenta em comparação com as outras fontes de fósforo disponíveis, que são solúveis em água, o produto supre a demanda do macronutriente pela planta e, ao mesmo tempo, diminui os riscos de perda do mineral pelo processo de adsorção (fixação) pelos óxidos de ferro e alumínio, explica o pesquisador.

“Como os fertilizantes fosfatados tradicionais são solúveis em água, a liberação deles no solo após a aplicação é quase imediata. Já o organomineral que desenvolvemos tem liberação mais lenta e, dessa forma, é possível mantê-lo disponível no solo por mais tempo”, afirma Frazão.

De acordo com o pesquisador, a Embrapa Solos patenteou a tecnologia do processo de produção do fertilizante organomineral.

Além da cama de frango, podem ser usadas diversas outras fontes orgânicas para produzir o organomineral, como estercos de aves e bovinos e palha de arroz, ressalta Frazão.

“As respostas de eficiência agronômica do organomineral formulado com essas outras fontes, contudo, podem não ser iguais às do composto por cama de frango em razão da variação da composição química”, pondera.

Fertilizante orgânico

Outra fonte promissora para produção de fertilizante é um composto gerado a partir do lodo proveniente do tratamento do esgoto, apontam estudos conduzidos por pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Ilha Solteira.

Rico em matéria orgânica e fonte de macro e micronutrientes para as plantas, como nitrogênio, fósforo, cobre, ferro, manganês e zinco, o lodo de esgoto já era apontado como um potencial subproduto para aplicação como adubo na agricultura desde a década de 1980. A preocupação com o risco de o resíduo contaminar o solo e as plantas com metais pesados, além de carregar vírus e outros microrganismos patogênicos, porém, limitou a aplicação para essa finalidade, diz Thiago Nogueira, professor da Unesp e coordenador do estudo.

“Mesmo com a comprovação do efeito benéfico do uso do lodo de esgoto na agricultura, as legislações estaduais estabeleceram critérios que dificultaram a aplicação desse resíduo urbano. Uma quantidade muito pequena desse material tem sido usada em larga escala na agricultura não só no Estado de São Paulo, como em outras regiões do país”, afirma Nogueira.

Por meio de uma parceria com uma empresa em Jundiaí, os pesquisadores começaram a fazer a compostagem do lodo de esgoto para eliminar a carga de patógenos e diminuir os teores de metais a fim de viabilizar a aplicação do composto na agricultura.

Os pesquisadores estão avaliando agora o uso do material como fonte orgânica de nutrientes para solos da região do Cerrado, que são naturalmente muito pobres em nitrogênio, fósforo, boro, manganês e zinco, em culturas como arroz, feijão, soja, milho e cana-de-açúcar.

Resultados preliminares do estudo, realizado no âmbito do mestrado da pesquisadora Adrielle Rodrigues Prates, com bolsa da FAPESP, indicaram que a aplicação do composto aumentou os teores principalmente de cobre, manganês e zinco no solo e nas folhas da cultura da soja.

“Também já observamos um aumento de 67% na produtividade da soja e efeito residual da aplicação do composto com ganhos de produtividade da cultura do milho acima da média nacional e com valores similares aos resultados obtidos somente com a aplicação de fertilizantes minerais”, afirma Nogueira.

Segundo o pesquisador, ficou claro que o composto de lodo de esgoto aumentou a disponibilidade de nutrientes no solo, especialmente nitrogênio, fósforo e alguns micronutrientes, com elevação na produtividade das culturas.

Mais recentemente, outras pesquisas estão sendo desenvolvidas para conhecer melhor a associação de doses do composto de lodo de esgoto com plantas de cobertura cultivadas sob plantio direto no Cerrado, com ênfase no monitoramento da saúde do solo, explica Nogueira.

Microrganismos solubilizadores

Além do manejo, de variedades melhoradas de plantas e de fertilizantes mais eficientes, outra estratégia que tem sido implementada para melhorar o aproveitamento de nutrientes pelas plantas é a utilização de microrganismos solubilizadores, como bactérias e fungos.

Esses microrganismos têm o potencial de explorar e ajudar as plantas a acessar o fósforo não disponível no solo, por exemplo, explica Antônio Pedro da Rocha Camargo, colaborador do Centro de Pesquisa em Genômica Aplicada às Mudanças Climáticas (GCCRC) – um Centro de Pesquisa em Engenharia (CPE) constituído pela FAPESP e pela Embrapa na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

“Microrganismos podem ajudar as plantas a conseguir nutrientes de várias formas. Alguns dos mais conhecidos são as micorrizas, que são fungos que se associam à raiz da planta e aumentam a superfície de absorção. Mas também há bactérias que ajudam as plantas a pegar o nutriente que está no solo de uma forma que elas normalmente não conseguem absorver, como o fósforo insolúvel”, explica.

Durante seu doutorado, realizado com bolsa da FAPESP, o pesquisador investigou microrganismos associados às plantas nos campos rupestres.

Situados na região central do Brasil, os campos rupestres têm solo extremamente pobre em fósforo, em razão das condições geológicas, e muito ácido, mas, ainda assim, apresentam alta diversidade de espécies de plantas, a maior parte delas endêmica (que ocorre exclusivamente naquela região).

“Há anos tem sido estudada a fisiologia dessas plantas com o objetivo de entender como elas crescem naquele bioma”, diz Camargo.

O pesquisador e colaboradores constataram que o solo dos campos rupestres, apesar de muito pobres, também apresenta uma grande diversidade de microrganismos associados às plantas, principalmente bactérias, que também ocorrem exclusivamente naquela região.

Ao analisar esses microrganismos, eles observaram que bactérias encontradas nas proximidades da raiz das plantas apresentam maior número de genes associados à disponibilização de fósforo.

“Vimos que várias funções associadas à disponibilização de fósforo para as plantas estão enriquecidas nessas bactérias”, afirma Camargo.

Ao comparar o genoma das bactérias dos campos rupestres com o de outras evolutivamente próximas, encontradas em outros lugares, os pesquisadores também constataram que elas possuem mais genes associados à disponibilização de fósforo para as plantas.

“Isso mostra que as funções de disponibilização de fósforo para as plantas provavelmente estão sendo selecionadas naquele ambiente. As plantas podem liberar compostos que são nutritivos para as bactérias que solubilizam fósforo para recrutá-las e, dessa forma, obter o nutriente”, explica Camargo.

O objetivo final do estudo é permitir selecionar e cultivar essas bactérias em larga escala para produzir inóculos – cultura contendo uma ou mais espécies de microrganismo para aplicação em lavouras com o objetivo de aumentar a absorção de fósforo pelas cultivares agrícolas.

terça-feira, 22 de março de 2022

Dia Mundial da Água: Embrapa destaca ações para racionalizar uso na agricultura

 O Dia Mundial da Água, comemorado neste 22 de março, tem como objetivo colocar em discussão assuntos relacionados a este importantíssimo recurso natural, imprescindível para todos os seres vivos, incluindo a produção agrícola.

A data foi criada em 1992 pela Organização das Nações Unidas (ONU), e visa ampliar a discussão sobre esse tema. O equilíbrio e o futuro do planeta dependem da preservação da água e de seus ciclos. Entre os caminhos na busca por maior produtividade aliada à sustentabilidade, as boas práticas agrícolas surgem como solução de baixo custo para uso cada vez mais racional da água.

O chefe-geral da Embrapa Meio Ambiente, Marcelo Morandi, destaca algumas dessas práticas que favorecem a preservação da água.

“Na agricultura, uma das formas de preservar são os cuidados com a erosão do solo, investimento em técnicas de cobertura do solo, com sistema de plantio direto, sistema de curvas de nível para retenção de enxurradas. Também é válido destacar a preservação de Áreas de Proteção Permanente (APPS), nas bordas de rios e riachos”.

Ainda de acordo com Morandi, a racionalização no uso da água é importante, pois o recurso natural não é encontrado em abundância em todas as regiões brasileiras.

“No Brasil, as reservas de água doce não estão distribuídas corretamente. Na região Amazônica temos 68,5% da água disponível, enquanto na região Nordeste esse percentual chega a 3%. Além da disponibilidade global, tem a questão de que cada região tem sua característica do clima, em algumas áreas que chovem mais do que outras”, explica.

Fonte: Canal Rural

sexta-feira, 18 de março de 2022

Brasil cria a sua primeira cultivar de capim Brachiaria ruziziensis.

 O programa de melhoramento genético de forrageiras conduzido pela Embrapa desenvolveu a primeira cultivar de Urochloa ruziziensis ou Brachiaria ruziziensis, como o capim era denominado cientificamente (leia explicação no quadro abaixo). Essa cultivar foi desenvolvida para as condições de solo e clima no Brasil e recebeu o nome de BRS Integra por se destinar aos sistemas de integração lavoura, pecuária e florestas (ILPF).

Segundo o pesquisador da Embrapa Gado de Leite Fausto Souza Sobrinho, que conduziu os estudos, comparada à cultivar atualmente disponível no mercado (cv. Kennedy) a BRS Integra apresenta maior produção de forragem na entressafra, quando o capim está solteiro na área. “Esse diferencial, no período de seca, torna a cultivar mais indicada para a ILPF, podendo contribuir com o aumento de produtividade desses sistemas”, explica Souza Sobrinho.

Antes da BRS Integra, a cv. Kennedy era a cultivar de ruziziensis existente no mercado de sementes forrageiras. O problema é que ela não foi desenvolvida especificamente para as condições edafoclimáticas (solo e clima) brasileiras. Para o pesquisador, apesar de possuir boa adaptação às diferentes condições ambientais do País, a cultivar Kennedy apresenta menor produção de forragem se comparada a cultivares de outras espécies de braquiária como a brizantha ou a decumbens. “Isso acontece principalmente no inverno, durante a entressafra das lavouras, quando nos sistemas integrados de cultivo, as forrageiras se encontram sozinhas na área ou acompanhadas apenas pelo componente florestal”, explica Souza Sobrinho.


Ao manter a produtividade alta no inverno, a BRS Integra pode ser aproveitada tanto como forragem para alimentação do gado na entressafra, quanto como palhada para o próximo plantio das lavouras.

O cientista explica ainda que, embora a brizantha e a decumbens possuam maior área cultivada no País, a ruziziensis vem aumentando seu espaço com o incremento da ILPF. “A espécie tem sido muito utilizada nesses sistemas devido à sua melhor adaptação à sobressemeadura em relação às demais. O também pesquisador da Embrapa Alexandre Brighenti aponta outra vantagem. “A ruziziensis é mais sensível a herbicidas, demandando doses mais baixas na dessecação pré-semeadura de cultivos em sistemas de plantio direto.” Além disso, a produção de sementes da espécie é uniforme, pois só floresce uma vez por ano, tornando o seu controle mais fácil.


O novo nome da BrachiariaUrochloa

Originária da África, ela possui boa adaptabilidade a solos de baixa fertilidade e a diferentes climas e latitudes, além de apresentar agressividade na competição com plantas daninhas e proporcionar bom desempenho animal. Essas qualidades fizeram do gênero braquiária quase um sinônimo de pastagem. Cultivada em regiões tropicais, a gramínea possui uma centena de espécies. Além da ruziziensis, outras bastante conhecidas e utilizadas no Brasil são decumbens, brizantha e humidicola.

De um total 180 milhões de hectares de pastagens no País, 80% pertencem ao gênero Brachiaria. Ou pertenciam. Recentemente, os cientistas reclassificaram quase todas as braquiárias para o gênero Urochloa. A reclassificação segue critérios taxonômicos (normas de classificação) cuja função é organizar vegetais e animais, facilitando o estudo e a identificação dos organismos vivos. Dessa forma, cada planta ou animal ganha nome (gênero) e sobrenome (espécie), mas mudanças podem ocorrer para facilitar o trabalho dos cientistas.

Foi o que aconteceu com a Brachiaria. No entanto, por questões legais, desde a última reclassificação taxinômica, a nomenclatura científica para o “capim braquiária” passa a ser “Urochloa (sinonímia, Brachiaria)” ou “Brachiaria (sinonímia, Urochloa)”. A sorte é que, para o produtor, nada muda e a “brachiaria” pode continuar sendo chamada de braquiária, como fizemos nesta reportagem. O mesmo serve para as expressões idiomáticas e ninguém precisa “vazar na urochloa” se quiser sair rapidamente de algum lugar. “Vazar na braquiária” ainda é uma forma válida de se retirar.


Recomendações da Embrapa para o cultivo da BRS Integra

Composta por plantas vigorosas, de porte médio, com altura entre 80 cm a 110 cm, a BRS Integra possui boa capacidade de cobertura do solo e o crescimento tende a ser ereto. Suas folhas possuem o terço final arqueado e medem em média 25 cm (comprimento) e 1,5 cm (largura). A planta apresenta colmos finos e alta taxa de perfilhamento tanto basal como axilar (perfilhos aéreos). No campo experimental da Embrapa Gado de Leite, em Coronel Pacheco (MG), o florescimento ocorre nos meses de fevereiro e março e a maturação das sementes, em abril e maio. Comparativamente à cv. Kennedy, a produção de forragem total e palhada da nova cultivar no outono/inverno (período seco em boa parte do País) é maior. Indicada para o Bioma Mata Atlântica, a BRS Integra se adapta a solos de média a alta fertilidade, podendo ser cultivada desde o nível do mar até 1.800 metros de altitude.

Os pesquisadores recomendam evitar o plantio em áreas de várzeas úmidas ou sujeitas a alagamentos. Se a semeadura for exclusiva, ou seja, para a formação do pasto, o solo deve ser preparado de forma convencional, efetuando-se arações e gradagens, conforme a necessidade e condição do terreno. Na semeadura, é necessária atenção especial no controle de plantas daninhas para não comprometer o estabelecimento e a longevidade da pastagem. No caso de plantios consorciados, nos sistemas integrados de cultivo, a semeadura poderá ser realizada concomitantemente às lavouras. Outra forma é realizar o plantio, com um atraso de alguns dias em relação à lavoura, a fim de evitar ou reduzir a competição inicial com ela e, ainda, por meio da sobressemeadura próxima à colheita da lavoura.

- Calagem – deve ser realizada com antecedência mínima de 60 dias em relação à data prevista para a semeadura, com base nos resultados da análise de solo, visando alcançar 50% de saturação por bases, utilizando-se de calcário dolomítico, nas condições de baixo teor de Mg+2 aplicado antes da aração do solo, aumentando assim, a eficiência na correção da acidez.

- Adubação de estabelecimento ou de plantio – precisa ser baseada nos resultados da análise de solo. Nas condições tropicais, os maiores limitantes em relação à fertilidade do solo estão relacionados aos baixos teores de fósforo e à acidez dos solos. Sendo assim, recomenda-se apenas a aplicação de adubação fosfatada, na base de 100 kg/ha de P2O5, distribuídos no fundo dos sulcos, ou a lanço. A aplicação do potássio deverá ser realizada quando o teor de potássio trocável no solo for inferior a 50 mg/dm3, numa dose de 80 a 100 kg/ha de cloreto de potássio (KCl).

- Adubação de manutenção/cobertura – deve ser realizada 60 dias após a semeadura, sendo recomendada a aplicação de 200 kg de N e K2O e 50 kg de P2O5 por hectare/ano, fracionadas em três aplicações iguais, (início, meio e fim da época chuvosa). O adubo fosfatado poderá ser aplicado de uma única vez no início da estação chuvosa. As adubações devem ser realizadas ao longo da estação das águas, quando as condições de umidade do solo forem favoráveis.

- Semeadura - A semeadura pode ser realizada tanto com máquinas quanto a lanço, utilizando sementes de alta qualidade entre dois a dez quilos/ha de sementes puras viáveis.  Quando o propósito é a semeadura direta, visando apenas a produção de palhada, normalmente recomenda-se menores quantidades de sementes. Semeaduras à lanço requerem maiores quantidades de sementes, que devem ser aumentadas quando o objetivo for a formação e o estabelecimento rápido de uma pastagem.

Cigarrinhas-das-pastagens – A BRS Integra é suscetível às cigarrinhas-das-pastagens, assim como a cv. Kennedy.

 


O desenvolvimento da BRS Integra

O fato de só haver uma cultivar de ruziziensis disponível no mercado de sementes, sem informações detalhadas sobre seu potencial forrageiro, dificultava a expansão da área cultivada. “Associado ao aumento crescente da área cultivada com ruziziensis, o problema levou a Embrapa a pesquisar novas cultivares capazes de atender a demanda da pecuária brasileira”, conta Souza Sobrinho. Segundo ele, o desenvolvimento da espécie primou pela obtenção de cultivares de alta produtividade e boa qualidade da forragem. A possibilidade do uso em sistemas de ILPF, que se expandiram na última década, traçou o caminho do desenvolvimento da BRS Integra.

“O programa de melhoramento teve como estratégia a seleção recorrente fenotípica, que se baseia em ciclos de avaliação, identificação e seleção dos melhores indivíduos e sua recombinação para obtenção de novas populações melhoradas, ou seja, com frequências mais elevadas dos alelos desejáveis”, explica o pesquisador. A existência de variabilidade genética entre progênies ou plantas de ruziziensis para todas as características avaliadas, observada nos primeiros ciclos, tem impulsionado o programa de melhoramento genético da espécie e mostrado a possibilidade de seleção de genótipos superiores.

Ao fim do terceiro ciclo de seleção foram obtidas 14 populações melhoradas para avaliações posteriores. Esses grupos foram identificados basicamente pela superioridade em relação à produtividade e à qualidade da forragem. A população denominada "REC 2" se destacou nas avaliações posteriores, incluindo os ensaios para determinação do valor de cultivo e uso (VCU) sob corte, realizados entre os anos de 2013 e 2016. O material genético também foi testado sob pastejo seguindo as normas de VCU do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), nos anos de 2016 a 2018. Nesses ensaios de pastejo, a população "REC 2" mostrou-se semelhante à cultivar comercial (Kennedy) tanto em produtividade de forragem como em desempenho animal.

Semelhanças entre as duas cultivares também foram verificadas em ensaios comparativos da produtividade de leite de vacas mestiças. Nesse caso, embora a produtividade animal tenha sido semelhante, a BRS Integra confirmou os resultados obtidos nos ensaios de VCU sob corte, produzindo maiores quantidades de forragem e de folhas e menores quantidades de material morto na época seca do ano, além de apresentar melhor relação entre folhas e caules na maior parte do ano, comparado à Kennedy.

A população "REC 2", após confirmada sua superioridade nos ensaios de VCU, foi registrada no MAPA como nova cultivar sob o número 40794, em 29/04/2019, sendo denominada de U. ruziziensis “BRS Integra”.  Essa nova cultivar recebeu, junto ao MAPA, certificado de proteção de cultivares número 20210042 em 21/01/2021.

 

Rubens Neiva (MTb 5.445/MG)
Embrapa Gado de Leite

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sábado, 5 de março de 2022

Como enfrentar os desafios climáticos e aumentar a produtividade de grãos com o uso de inoculantes

O produtor rural brasileiro enfrenta diversos desafios climáticos ao longo da safra.  Ter uma plantação preparada para enfrentar longos períodos de escassez hídrica, por exemplo, pode reduzir os impactos sobre a produção.  

As soluções microbianas aprimoram a captação de nutrientes nas culturas e fazem, também, com que elas se tornem mais resilientes contra fatores geradores de estresse, tais como períodos de seca e calor. Essas soluções geram aumento nos rendimentos e oferecem diversos benefícios ambientais, já que, hoje, além de produtividade e lucro, o produtor rural deve também buscar meios mais sustentáveis para a sua produção. Estão disponíveis, por exemplo, linhagens de soja que são capazes de produzir o dobro da média nacional chegando a 6.000 kg/ha. A tecnologia e as novas formas de cultivar aumentaram notavelmente a produtividade.

Um exemplo de tecnologia que vem ganhando cada vez mais robustez no Brasil é o uso de inoculantes. De acordo com o último levantamento da ANPII – Associação Nacional dos Produtores e Importadores de Inoculantes, o Brasil produz, pelo menos, mais de 50 milhões de doses de inoculantes por ano, um recorde mundial, com um expressivo crescimento nos últimos anos. Isto significa a adoção plena da tecnologia por parte dos agricultores brasileiros, sempre atentos a técnicas que tragam maior rentabilidade em suas lavouras.

Os inoculantes são compostos por bactérias que auxiliam na fixação de nitrogênio na raiz. A aplicação dos produtos se faz nas sementes. Para que ocorra uma boa inoculação é preciso que cerca de 50 mil bactérias “grudem” em cada semente. Na aplicação de inoculantes líquidos é importante que o produtor verifique se toda a semente está recoberta com o produto. Por serem seres vivos exigem alguns cuidados no manuseio e no armazenamento, mas que valem a pena quando observamos todo o custo-benefício obtido. Além da redução de custos e do aumento da produtividade, os inoculantes minimizam o impacto no meio ambiente.

Um estudo publicado na International Journal of Life Cycle Assessment, uma das publicações científicas mais prestigiadas do mundo, apresentou os benefícios ambientais do Optimize PRO, um dos inoculantes mais utilizados no mundo. Foi constatado um aumento de 6% na produtividade, além de redução na emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE) que pode chegar a 4% por tonelada na produção de soja.

Se o Optimize PRO e o JumpStart, outra tecnologia analisada no estudo, fossem usados em toda a soja e milho na Argentina e no Brasil, seria possível reduzir em 38 milhões de toneladas as emissões de dióxido de carbono, o que equivale às emissões anuais de 16 milhões de automóveis.

É possível mudarmos o modo como a agricultura tradicional é feita hoje, proporcionando mais lucratividade e sustentabilidade. A adoção de inoculantes na produção dos grãos pode contribuir para um mundo mais sustentável e, claro, para o seu bolso, produtor. É um caminho sem volta, e que você deve estar pronto para trilhar.

Gilberto Seixas Maia

Diretor de Operações Comerciais LATAM da Novozymes BioAg, líder mundial em soluções biológicas para agricultura

Fonte: Revista Cultivar

8 de agosto é o Dia do Produtor Rural Sergipano

  Por Shis Vitória/Agência de Notícias Alese Pensando na importância que o agronegócio possui na cadeia produtiva e pela ligação com vários ...