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segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

Ferramenta da Embrapa identifica fatores que limitam a produtividade do solo

 Embrapa desenvolveu um método diagnóstico para avaliar o impacto do uso de tecnologias na fertilidade do solo. A ferramenta consegue identificar fatores que limitam a produtividade e afetam a estabilidade de produção no campo. A metodologia proposta foi validada em áreas agrícolas do Paraná, em parceria com a Cocamar Cooperativa Agroindustrial.

“Constatamos que os aspectos essenciais para aumentar a produtividade; garantir estabilidade de produção e reduzir os impactos ambientais decorrentes das atividades agrícolas estão relacionados à melhoria da fertilidade integral do solo (física, química e biológica), à cobertura permanente do solo e à adoção de diferentes práticas conservacionistas, como o terraceamento e o cultivo em nível, por exemplo”, explica o chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Soja, Alvadi Balbinot Júnior.

O gerente executivo técnico da Cocamar, Renato Watanabe, conta que esse trabalho procura mostrar que ações adequadas de manejo de solo trazem mais segurança aos agricultores e contribuem para melhorar a qualidade do meio ambiente como um todo. “Quando pensamos em uma agricultura tropical, pujante e capaz de alimentar o mundo, sabemos que ela está diretamente ligada à qualidade dos solos, o que promove aumento de produtividade e redução de custos”, destaca Watanabe. “A sustentabilidade de todo o sistema de produção passa pela capacidade de realização de um plantio direto de qualidade, algo que, infelizmente, foi ‘simplificado’ pelos produtores, devido a alguns fatores, perdendo a sua essência”, afirma.


FOTO: ESMAEL LOPES DOS SANTOS

Os indicadores propostos na metodologia são o índice de qualidade estrutural do solo (IQES), que é determinado por meio do Diagnóstico Rápido da Estrutura do Solo (DRES) e a taxa de infiltração estável de água no solo. “Uma grande vantagem é que o método pode ser reproduzido por cooperativas, órgãos de assistência técnica e empresas para fazer uma análise ampla da qualidade do solo, identificando gargalos que dificultam o aumento da produtividade, da estabilidade de produção face à ocorrência de adversidades climáticas e da rentabilidade nas diferentes regiões em que atuam”, afirma Balbinot

Metodologia

Para determinar o método, foram selecionadas 22 áreas agrícolas em 11 municípios do norte e noroeste do Paraná, sob Sistema de Plantio Direto (SPD), com diferentes modelos de produção, diversidade ou não de espécies vegetais e potencial de aporte de palha e raízes.

O método consegue fazer uma avaliação da propriedade a partir de duas frentes distintas. Em primeiro lugar, diagnosticar a qualidade do manejo e a fertilidade do solo (indicadores físicos e químicos) para identificar fatores relacionados ao solo que limitam a produtividade, a estabilidade de produção e a lucratividade. “Além disso, a metodologia consegue avaliar o impacto de modelos de produção, com maior diversidade de espécies vegetais e aporte de palha e raízes, sobre a fertilidade do solo”, detalha Balbinot

Para possibilitar as análises e comparações, as áreas foram classificadas em dois modelos de produção, adotado nas três safras que antecederam à amostragem. O modelo padrão caracteriza-se pelas sucessões milho segunda safra/soja e trigo/soja, sem cultivo de espécies vegetais para cobertura do solo. Por outro lado, o modelo aprimorado é aquele com maior diversidade de espécies vegetais ou maior potencial de produção e persistência de palha e raízes. “Vale destacar que a principal espécie de cobertura utilizada no modelo aprimorado foi a braquiária ruziziensis (Urochloa ruziziensis), solteira ou consorciada com o milho segunda safra”, diz o pesquisador.

Em busca do máximo potencial genético

De acordo com o pesquisador da Embapa Júlio Franchini, avaliações sobre a produtividade média da soja e do milho segunda safra, principais culturas agrícolas do Paraná, mostram que não atingem o potencial genético, principalmente, por falta de água para atender as necessidades das plantas. Em 16 safras (1999/2000 a 2014/2015), avaliadas no Paraná, Franchini estima que a ocorrência de secas ocasionou perdas de 20,8 milhões de toneladas de grãos de soja. “Há estudos mostrando que é de aproximadamente 85% a diferença entre a produtividade potencial e a observada na planta, devido à deficiência hídrica”, explica. “Isso significa que, mesmo em safras consideradas “normais” do ponto vista climático, a produtividade das culturas de grãos no Paraná tem sido limitada pela falta de água”, avalia o pesquisador.

Nesse sentido, Franchini destaca que o aumento da produtividade e a estabilidade de produção estão associados, em grande parte, à adoção de tecnologias que aumentem a disponibilidade de água às plantas. “Isso envolve a construção de um perfil de solo sem impedimentos ao crescimento radicular sejam eles físicos (compactação), químicos (acidez excessiva, com baixos teores de cálcio, fósforo e presença de alumínio tóxico) ou biológicos (fitonematoides e fungos fitopatogênicos), possibilitando assim um maior volume de solo explorado em busca de água, sobretudo nas camadas mais profundas”, explica Franchini.

Cuidados com o solo

A melhoria da estrutura do solo, além de favorecer o crescimento radicular, proporciona maior taxa de infiltração e armazenamento de água disponível às plantas, bem como otimiza os fluxos de água, oxigênio e nutrientes do solo para as raízes, explica o pesquisador Henrique Debiasi. “Tanto o crescimento das raízes quanto os fluxos e o armazenamento de água disponível são beneficiados pela cobertura do solo com palha”, ressalta.

Em clima tropical, de acordo com o pesquisador, a temperatura máxima das camadas superficiais do solo sem cobertura pode chegar a mais de 50ºC, o que paralisa o crescimento e o funcionamento das raízes. “Há trabalhos relatando que o máximo crescimento radicular e área foliar da soja aos 40 dias após a semeadura ocorreu com temperatura média do solo de 28 ºC. O aumento para 34ºC reduziu em cerca de 40% tanto o crescimento radicular quanto a área foliar das plantas”, relata Debiasi. “A cobertura com palha reduz as perdas de água por evaporação até o fechamento das entrelinhas da cultura, aumentando a disponibilidade hídrica às plantas em até 40% durante esse período”, frisa o cientista.

Fonte: Canal Rural

terça-feira, 11 de janeiro de 2022

O manejo agrícola como ferramenta para aumentar a matéria orgânica do solo

 


A matéria orgânica do solo é uma peça-chave para qualquer sistema agrícola produtivo. Ela serve como um termômetro do estado de saúde do solo, estando relacionada a diversos processos essenciais, que vão desde a fixação de carbono à ciclagem de nutrientes. Mas, nem sempre adicionar a matéria orgânica é suficiente para aumentar os seus teores no solo, já que outros fatores, como o manejo agrícola, exercem uma grande influência nessa relação.

A importância da matéria orgânica para o solo

A matéria orgânica (MO) é um constituinte chave do solo, pois ela é capaz de influenciar os seus diferentes componentes químicos, físicos e biológicos. Diego Pelizari explicou que esta influência pode ter um grande impacto na produtividade agrícola, já que ela está envolvida com diversos aspectos da qualidade do solo, como:

  • Fonte de energia e nutrientes para os microrganismos do solo;
  • Estrutura do solo (aeração e permeabilidade);
  • Retenção de água e nutrientes;
  • Mineralização de nutrientes

“Quando olhamos para o solo, nós temos uma fase sólida ou “geladeira”, onde a maior parte dos nutrientes se encontram aderidos nas partículas de solo e da matéria orgânica, e a solução do solo, que pode ser considerada o “prato de comida” da planta”, complementou ele.

Essa influência também se estende para além do solo. Diego Pelizari destacou que o incremento da matéria orgânica no solo pode ter uma contribuição significativa na mitigação dos efeitos das mudanças climáticas.

A primeira contribuição mais direta está relacionada à deposição de carbono no solo. Como as plantas são capazes de reter o carbono da atmosfera, a presença delas, seja na forma viva ou nos vários estágios de decomposição, resulta em um maior “estoque” de carbono no solo.

Para que esse carbono estocado seja retido no solo, é necessário haver a atuação dos microrganismos. Estes por sua vez são favorecidos pela presença de matéria orgânica no solo, já que ela é uma importante fonte de energia e nutrientes.

Diego Pelizari ressaltou como processos como a compostagem podem ajudar a incrementar a matéria orgânica e a biodiversidade do solo:

“Podemos favorecer o aumento da biodiversidade do solo com o uso da compostagem, cobertura morta, rotação de culturas, que melhoram a estrutura do solo, transferência de água e estocagem de carbono.”

Porém, o acúmulo a longo prazo do carbono no solo vai depender também de outros fatores, que podem ou não ser controlados pelo agricultor, como:

O que é matéria orgânica?

Segundo a Encyclopedia of Soil Science, a matéria orgânica pode ser definida como todos os derivados de materiais vegetais e animais incorporados ao solo ou dispostos sobre sua superfície, na forma viva ou nos vários estágios de decomposição, excluindo-se a parte aérea das plantas.

Diego Pelizari destacou que as principais constituintes de matéria orgânica em um agrossistema são:

“Dentro da fração solo, nós temos uma parte que é a matéria orgânica estável (húmus), que tem um período de permanência maior no solo, e a matéria orgânica prontamente decomponível, que está pronta para ser decomposta em curto prazo, além dos organismos vivos”, acrescentou ele.

Uma das formas de transformar a matéria orgânica prontamente decomponível em estável, visando prolongar o seu tempo de permanência no solo, é através da compostagem.

O processo de compostagem é uma técnica que envolve decomposição controlada de matéria orgânica rica em elementos nutritivos, como resíduos animais e vegetais, por meio da ação dos microrganismos.

Entre os benefícios da compostagem, Diego Pelizari ressaltou a disponibilização mais rápida dos nutrientes e a eliminação de possíveis contaminantes e sementes viáveis de plantas daninhas.

Então, adicionar compostos orgânicos no solo é suficiente para garantir o bom aproveitamento dos benefícios da matéria orgânica? Não, na maioria das vezes, é necessário controlar os diversos fatores que afetam a sua dinâmica do solo.

Como o manejo pode favorecer o uso eficiente da matéria orgânica do solo

Quando pensamos na matéria orgânica como fonte de nutrientes para plantas, os aspectos que mais precisam ser manejados são aqueles que interferem no processo de mineralização da matéria orgânica.

A mineralização nada mais é do que o processo de conversão de uma substância orgânica a inorgânica, que é a forma como os nutrientes são absorvidos pelas plantas.

Diego Pelizari pontuou que é possível favorecer a mineralização da matéria orgânica fornecendo, por exemplo, condições aeróbias, boa disponibilidade de água e faixas adequadas de temperatura e pH.

Condições estas que foram demonstradas por Shinsuke Agehara e Darryl D. Warncke no artigo Soil moisture and temperature effects on nitrogen release from organic nitrogen sources.

Por isso, Diego Pelizari mencionou ser imprescindível olhar de uma forma sistêmica para lavoura e entender que muitas vezes uma deficiência nutricional não está associada só com a deficiência de nutrientes, por exemplo.


Fonte: VERDE Blog

quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

Bacillus aryabhattai: conheça este microrganismo e seus benefícios para a agricultura

 


Nos últimos anos, a agricultura tem vivenciado um aumento significativo dos estudos relacionados à microbiota do solo e suas funções: o número de pesquisas em relação a eles cresceu praticamente 13 vezes em relação ao início dos anos 90. Esse aumento é justificado em grande parte pelo desenvolvimento de técnicas moleculares que propiciaram a constante descoberta de novas funções e benefícios que esses seres microscópicos promovem na agricultura, como por exemplo a espécie Bacillus aryabhattai. Conheça este microrganismo e seus benefícios para a agricultura!

O que é o Bacillus aryabhattai?

Bacillus aryabhattai, também conhecido como rainha da noite, é uma espécie de rizobactéria gram positiva, em formato de bastonete, que foi isolada e identificada pela primeira vez em 2009.

Descoberta que foi atribuída a S. Shibavi e outros pesquisadores autores do artigo Janibacter hoylei sp. nov., Bacillus isronensis sp. nov. and Bacillus aryabhattai sp. nov., isolated from cryotubes used for collecting air from the upper atmosphere.

                   Colonização das raízes das plantas pela rizobactéria Bacillus aryabhattai. (Fonte: PARK et al., 2017)

Desde então, diversas estirpes têm sido isoladas da rizosfera de vários lugares do mundo, incluindo o Brasil. No país, o Bacillus aryabhattai foi encontrado na rizosfera do mandacaru (Cereus jamacaru), importante cacto da região da Caatinga.

Mas, por que a bactéria rainha da noite tem atraído o interesse de muitos pesquisadores e agricultores?

O potencial dos benefícios do Bacillus aryabhattai na agricultura

O uso do Bacillus aryabhattai na agricultura tem um enorme potencial e isso se deve à diversa gama de benefícios que essa bactéria pode trazer para as plantas. Eles vão desde o aumento da resistência aos estresses abióticos, como a seca, à disponibilização de nutrientes.

1) Aumento da resistência a estresses abióticos

O local no qual a bactéria Bacillus aryabhattai foi isolada no Brasil já começa a levantar as primeiras evidências do seu potencial uso na agricultura.

Microrganismos isolados de áreas sob efeito de estresses, geralmente apresentam mecanismos que conferem resiliência às comunidades microbianas, que precisam prosperar mesmo em condições adversas. E esse é o caso da bactéria rainha da noite.

Segundo a Embrapa, quando as bactérias tolerantes à seca colonizam o sistema radicular das plantas sob estresse abiótico, elas produzem substâncias que hidratam as raízes, chamadas exopolissacarídeos.

Com as raízes mais hidradatas, o conteúdo relativo de água das plantas aumenta e elas conseguem lidar melhor com condições de estresse hídrico.

Esse efeito foi relatado, por exemplo, no estudo Potential of phosphate solubilizing bacillus strains for improving growth and nutrient uptake in mugbean and maize crops, de autoria de Maqshoof Ahmad e outros pesquisadores.

Após uma série de testes eles observaram que houve um incremento de 32% no conteúdo relativo de água da cultura do milho co-inoculada com B. aryabhattai S10 e outra espécie do gênero.

2) Melhoria da resistência a pragas e doenças

Além de ajudar as plantas a lidar melhor com os estresses hídricos, diversos estudos também mostram que cepas do Bacillus aryabhattai podem atuar como agentes de controle biológico de nematoides.

Um deles é o artigo On the potential of Bacillus aryabhattai KMT-4 against Meloidogyne javanica, de Sonam Antil e outros pesquisadores.

Nesse estudo, os pesquisadores analisaram a ação das bactérias da espécie Bacillus aryabhattai  no controle da infecção de plantas por um tipo de nematoide das galhas, e verificaram que a inoculação do Bacillus foi eficiente contra o patógeno.

Sonam Antil e seus colegas explicam que o Bacillus aryabhattai possui diversos mecanismos para controlar os nematoides, que vão desde a produção de enzimas para degradação da parede celular dos ovos, à competição por recursos da área.

Assim, em uma situação em que esses microrganismos colonizam o sistema radicular vegetal, esses mecanismos de controle auxiliam as plantas a lidarem de maneira mais eficiente com os agentes patogênicos.

3) Promoção do crescimento das plantas

Outro efeito da inoculação das plantas com o Bacillus aryabhattai observado por Sonam Antil e seus colegas no artigo On the potential of Bacillus aryabhattai KMT-4 against Meloidogyne javanica foi a melhoria do crescimento vegetal.

Alguns estudos apontam que o Bacillus aryabatthai promove a regulação e produção de hormônios  e reguladores vegetais, como o ácido abscísico (ABA) e o ácido jasmônico (AJ), o que ajuda no crescimento das plantas.

É o caso do trabalho Bacillus aryabhattai SRB02 tolerates oxidative and nitrosative stress and promotes the growth of soybean by modulating the production of phytohormones, no qual Yeon-Gyeong Park avaliaram o impacto da aplicação do Bacillus aryabatthai na cultura da soja.

Enquanto os hormônios e reguladores vegetais reduzem os efeitos dos estresses abióticos nas plantas, os mecanismos de promoção de crescimento vegetal envolvem:

Efeitos da inoculação da Bacillus aryabhattai em diferentes tratamentos na cultura da soja. (Fonte: PARK et al., 2017)


Mas, como o Bacillus aryabhattai ajuda a melhorar a disponibilização de nutrientes para as plantas?

4) Disponibilização de macro e micronutrientes

Os nutrientes são essenciais para as plantas, assim como os alimentos são para os seres humanos. São eles que participam de processos metabólicos e fisiológicos que fazem com que elas cresçam e produzam de forma adequada.

A maior parte dos nutrientes que as plantas usam para se desenvolver vem do solo. E os microrganismos benéficos como o Bacillus aryabhattai podem ajudar na disponibilização desses nutrientes para elas.

Estudos indicam o potencial dessa bactéria para melhorar a disponibilização tanto de macronutrientes quanto de micronutrientes.

– Macronutrientes

Os macronutrientes são aqueles que são exigidos em maior quantidade pelas plantas. São eles: nitrogênio, fósforo, potássio, além de cálcio, magnésio e enxofre.

Ainda no trabalho Potential of phosphate solubilizing bacillus strains for improving growth and nutrient uptake in mugbean and maize crops, Maqshoof Ahmad e seus colegas explicam que as bactérias do gênero Bacillus ajudam a disponibilizar macronutrientes como o fósforo através de diferentes mecanismos.

O primeiro deles é diminuindo o pH do meio. Depois, elas também produzem ácidos orgânicos como o ácido lático, ácido cítrico, ácido glucônico, ácido malônico e ácido succínico. Elas ainda produzem enzimas de fosfatase para ajudar nesse processo de disponibilização de fósforo.

Além do fósforo, Maqshoof Ahmad identificaram que o Bacillus aryabhattai foi capaz de melhorar a disponibilização de nitrogênio e potássio. E mais: em uma taxa superior a outra bactéria do mesmo gênero avaliada no estudo.

– Micronutrientes

Já os micronutrientes são aqueles que são essenciais para as plantas, mas em menores quantidades. São exemplos de micronutrientes: boro, ferro, zinco, níquel, manganês, cobre, molibdênio e cloro.

As substâncias produzidas pelo Bacillus aryabhattai também podem ajudar a disponibilizar alguns desses micronutrientes, como é o caso do zinco.

É o que escrevem Aketi Ramesh e outros estudiosos, no artigo Inoculation of zinc solubilizing Bacillus aryabhattai strains for improved growth, mobilization and biofortification of zinc in soybean and wheat cultivated in Vertisols of central India.

Os pesquisadores avaliaram como a presença do Bacillus aryabhattai impactou a concentração de zinco na rizosfera da soja e no trigo e descobriram que a bactéria aumentou os níveis do nutriente.

Dessa maneira, o uso do Bacillus aryabhattai pode ajudar a melhorar o manejo nutricional da lavoura. Mas, esse microrganismo ainda pode ajudar a agricultura de uma outra maneira.

5) Uso na biorremediação de poluentes

biorremediação de poluentes do agroecossistema é, a grosso modo, o processo através do qual os microrganismos do solo são utilizados para reduzir a concentração de substâncias poluentes no solo ou na água.

Estudos identificaram essa capacidade no Bacillus aryabhattai, como o realizado por Santanu Pailan, que observou o potencial da bactéria rainha da noite para degradação de inseticidas organofosforados, como o Paration.

Com tantos benefícios, como essa rizobactéria pode ser utilizada no campo?

A aplicação de Bacillus aryabhattai nas lavouras

inoculação consiste em uma das principais formas de introduzir e manejar determinada espécie de microrganismo do solo.

A inoculação nada mais é que a introdução de espécies de microrganismos em um ambiente, para que eles possam crescer junto com as plantas e formar relações com elas. A forma como ela é feita varia de acordo com o microrganismo utilizado e também o tipo de inoculante que funciona como veículo para o processo.

Dependendo da forma do produto, ele pode ser aplicado na semente ou nos sulcos onde as sementes irão ser plantadas, ou ainda, pode ser incorporado a outros insumos agrícolas, como os fertilizantes.

Assim, os microrganismos vão se desenvolver e coabitar junto com as plantas, estabelecendo suas interações simbióticas e passam a realizar seus processos biológicos que irão trazer benefícios mútuos.

Entretanto, vale-se ressaltar que não basta apenas introduzir o B. aryabhattai na sua lavoura, é preciso criar condições ótimas para o seu crescimento e desenvolvimento.

Como preservar os microrganismos do solo?

Para cuidar da vida no solo, é preciso que o agricultor se atente a todas as práticas agrícolas que possam alterar as propriedades do solo e interferir no desenvolvimento dos microrganismos.

Nesse sentido, é muito importante que sejam adotadas práticas agrícolas mais conservacionistas, que envolvam, por exemplo, o revolvimento mínimo do solo, a conservação e aumento do teor de matéria orgânica do solo e o uso reduzido de insumos agrícolas com elevado teor salino e de cloro.

Assim, a prática de uma agricultura mais sustentável é capaz de favorecer a vida no solo e proporcionar todos os benéficos que microrganismos, como o Bacillus aryabhattai, são capazes de proporcionar no campo!

Fonte: VERDE Blog

quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

Aplicação de calcário: conheça as vantagens e os riscos desta técnica agrícola.

 


Considerada como a técnica mais eficiente para correção de acidez nos solos, a aplicação do calcário vem sendo adotada desde o início do século XX e permanece até os dias de hoje uma etapa dos programas de manejo dos solos.

Mas corrigir a acidez do solo é a única função da aplicação de calcário? Que outras vantagens essa técnica traz e quais os riscos de uma aplicação incorreta?


Importância agrícola do calcário

Introduzido na década de 20 e consolidado na década de 60, o uso do calcário vem mostrando um protagonismo no mercado brasileiro agrícola de insumos agrícolas. Sucesso esse impulsionado pelos solos brasileiros naturalmente ácidos.

De origem sedimentar e constituído predominantemente de carbonato de cálcio, essa rocha possui inúmeras aplicações na indústria, desde a fabricação de tintas à produção de corretivos agrícolas para correção de acidez.

Solos com elevada acidez favorecem o aparecimento de elementos tóxicos e a indisponibilização de nutrientes essenciais às plantas. Esses problemas impulsionam a indústria de corretivos: as estimativas da Associação Brasileira dos Produtores de Calcário apontam que para cada tonelada de fertilizantes sejam utilizadas entre 1,5 a 2 toneladas de calcário agrícola.

Grande parte dessa demanda é produzida e absorvida regionalmente, com mais de 85% das rochas lavradas destinadas para o mercado interno.O custo dos corretivos também favorece esse cenário, por representar apenas 5% das despesas totais com a produção.



Os efeitos do calcário no solo

Quando aplicado no solo, o calcário entra em contato com a umidade e libera cátions e ânions. A proporção desses íons varia de acordo com o tipo de calcário aplicado, definindo também uma finalidade específica para cada variedade desse insumo:

  • No calcário calcítico predominam os íons de cálcio (Ca) em relação aos de magnésio, sendo indicado para suprir demandas de Ca do solo;
  • No calcário magnesiano existe um equilíbrio entre os teores de cálcio e magnésio, sendo indicado para manutenção da relação entre os dois elementos;
  • No calcário dolomítico predominam os íons de magnésio (Mg) em relação aos de cálcio, sendo indicado para suprir demandas de Mg pelo solo;
  • O calcário filler possui um uso ainda mais específico, sendo indicado para os sistemas de plantio direto por sua granulometria fina e alto poder de neutralização.

Esses íons serão responsáveis tanto pela reposição de nutrientes essenciais as plantas, quanto pela sua finalidade mais conhecida: a correção do solo. Essa correção acontece quando os ânions liberados reagem com os cátions de hidrogênio livres no solo, reduzindo a acidez do solo.

A correção da acidez promove um ambiente mais favorável a mineralização dos nutrientes presentes na matéria orgânica, transformando as formas orgânicas de nitrogênio e enxofre em formas inorgânicas, amônio e sulfato, respectivamente.

O mesmo mecanismo de correção da acidez se aplica à terceira finalidade do calcário: a neutralização de elementos potencialmente tóxicos, como alumínio e manganês. Isso cria um ambiente propício para o crescimento do sistema radicular em sua plenitude, estimulado pela presença do cálcio.

Com um sistema radicular mais desenvolvido, as plantas passam a ter uma maior resistência às secas e obtêm um aporte físico mais eficiente para absorver os nutrientes e a água, potencializando sua produtividade.

O calcário enquanto condicionador do solo, não afeta apenas as suas propriedades químicas. Ele também tem um papel essencial na estrutura do solo, reduzindo a  compactação através do mesmo mecanismo de neutralização dos cátions.

Essa alteração física se torna possível pois os cátions responsáveis pela acidez e toxidade nos solos ácidos são os principais agentes floculantes dos coloides. É o que explicam os pesquisadores M. Morelli e E.B. Ferreira, em seu artigo Efeito do carbonato de cálcio e do fosfato diamônico em propriedades eletroquímicas e físicas de um Latossolo, publicado na Revista Brasileira de Ciência do Solo.

Todas essas finalidades só alcançam o máximo de eficiência quando a aplicação do insumo é feita de forma correta e em quantidades adequadas para não gerar efeitos indesejados.

A calagem e os cuidados que devem ser tomados no uso dessa técnica

A calagem é a denominação atribuída à etapa de preparação do solo em que ocorre a aplicação de calcário. Ela é feita de maneiras diferentes, dependendo de fatores como o sistema de plantio.

No cultivo convencional o calcário será aplicado e incorporado no solo em profundidades de até 20cm. Já em sistemas de plantio direto será distribuído em superfície, com preferência para utilização do calcário filler.

A aplicação ocorre três meses antes do plantio, para garantir que o insumo atue de forma satisfatória. Mas, como o calcário depende de umidade para a realização do condicionamento do solo, devem ser evitados períodos de seca para aplicação do produto.

Um dos problemas mais recorrentes na fase de aplicação é a super calagem, ou seja, a aplicação do calcário acima dos níveis recomendados ocasionada pela má distribuição, incorporação ou dimensionamento do insumo.

Essa condição faz com que ocorra a mineralização excessiva da matéria orgânica, tornando-a muito mais vulnerável ao processo de lixiviação, que é quando os nutrientes se movem no perfil do solo, se perdendo para as camadas mais profundas.

Ademais, o pesquisador Márcio Veronese, em seu estudo A adubação fosfatada no sulco de plantio ameniza a intensidade dos sintomas de deficiência de manganês, identifica que o excesso de cálcio devido à realização de super calagem proporciona o aparecimento deficiência de manganês nas plantas.

Outro efeito relacionado com o excesso de cálcio é relatado pela pesquisadora Aline da Silva Sandim no estudo Disponibilidade de fósforo em função da aplicação de calcário e silicatos em solos oxídicos: a retrogradação do fósforo. O processo retrogradação faz com que os íons reajam com o cálcio e voltem a uma forma indisponível para as plantas.

Dessa forma, a calagem deve ser executada dentro das recomendações e especificações técnicas, a fim de gerar apenas benefícios a campo.

A calagem é uma boa técnica agrícola?

A calagem apresenta uma série de benefícios como a regulação de pH, neutralização de metais potencialmente tóxicos e fornecimento de nutrientes importantes para as plantas.

Benefícios esses limitados pela execução satisfatória da aplicação, em períodos do ano em que o solo ainda tenha certo nível de umidade e respeitando todas as recomendações inerentes ao processo.

Fonte: VERDE Blog

quarta-feira, 21 de outubro de 2020

Como o fósforo acumulado no solo pode chegar à planta

 

Melhor aproveitamento do fósforo pode gerar economia com fertilizantes de até US$ 20 bilhões nas próximas décadas.

Equilibrar o nível de fósforo (P) na lavoura é um dos desafios à produtividade atrelada à sustentabilidade agrícola. De acordo o professor Paulo Pavinato, do departamento de Ciência do Solo, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), o P é um dos nutrientes mais limitantes ao crescimento de plantas nos solos brasileiros. “Em geral, o problema não é a baixa concentração de P no solo, e sim, a baixa disponibilidade desse P às plantas. Grande parte (cerca de 70%) do P aplicado via fertilizantes (mineral ou orgânico) é acumulado no solo em formas pouco ou não acessíveis às plantas. Este P acumulado ou residual é conhecido como legacy P”.

Pavinato liderou um estudo, no qual verificou-se que desde os anos de 1960, cerca de 33,4 milhões de toneladas de P foram acumuladas nos solos agrícolas brasileiros. Segundo o estudo, essa quantia representa um acúmulo de 1,6 milhões de toneladas de P por ano nesta última década, e se seguirmos nesse ritmo serão mais de 100 milhões de toneladas acumuladas até 2050.

Manejo

Para os pesquisadores, a adoção de estratégias de manejo como calagem, sistema plantio direto com rotação de culturas, sistemas integrados, variedades melhoradas e inoculação de microorganismos solubilizadores de P podem proporcionar melhor aproveitamento desse P acumulado no solo. “Ações nesse sentido poderiam gerar uma economia de fertilizantes fosfatados na ordem de US$ 20 bilhões nas próximas décadas. Estes números chamam a atenção, e ilustram o enorme potencial que ainda temos para tornar a agricultura brasileira ainda mais eficiente, rentável e sustentável”, complementa o professor Maurício Cherubin, também do departamento de Ciência do Solo, um dos autores do estudo.

O artigo, intitulado Revealing soil legacy phosphorus to promote sustainable agriculture in Brazil, contou com a colaboração de pesquisadores da Bangor University – UK e pode ser acessado no link. A pesquisa contou com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.

Fonte: Grupo Cultivar 

segunda-feira, 19 de outubro de 2020

Qual a velocidade ideal para semeadura

 

Apesar dos avanços tecnológicos dos sistemas de distribuição de sementes, as falhas são comuns na maioria das lavouras, por conta do uso de velocidade inadequada do conjunto trator/semeadora.

A escolha da variedade foi feita, a área está pronta pra receber a semente, o trator com manutenção em dia, semente tratada e semeadora azeitada e regulada. É a hora de entrar na lavoura e dar início à próxima safra. A condição de trabalho é boa, sem umidade excessiva no solo, palha bem distribuída na superfície e mecanismos dosadores e de ataque ao solo bem calibrados. Então, vamos supor que erremos num fator crucial: a escolha da marcha do trator ou da velocidade de semeadura. Ao fazer esta escolha equivocada, colocamos em risco todos os bons fatores mencionados anteriormente, pois a velocidade de semeadura pode determinar simplesmente a qualidade da deposição de sementes (espaçamento e profundidade), a demanda por tração e o potencial erosivo da lavoura ali instalada.

Dentre os diversos fatores que afetam a qualidade do processo de semeadura direta está a velocidade de deslocamento. A principal questão está relacionada à demanda de trabalho por ocasião do plantio de grandes culturas, às quais o período recomendado para execução da atividade é restrito, determinado principalmente pelas condições climáticas, expressivamente as condições de umidade do solo e recomendações agronômicas de período de semeadura para cada cultura agrícola.

Aliar qualidade na semeadura com capacidade operacional capaz de suprir a demanda de trabalho na janela de semeadura é o principal ponto a ser equalizado. Velocidades mais elevadas aumentam a capacidade operacional do equipamento, o que reduz custos operacionais, mas podem comprometer o sucesso da semeadura. Diversos trabalhos vêm sendo conduzidos e em sua maioria atestam que a variabilidade na distribuição e falhas na emergência da cultura ocasionadas pela elevação da velocidade são causas de queda no rendimento.

Além da qualidade de deposição de sementes, por vezes tratada como “plantabilidade”, outros fatores intimamente relacionados à velocidade de semeadura são a uniformidade de profundidade de deposição de sementes - que tende a ser mais desuniforme em maiores velocidades -, a demanda por esforço de tração e a mobilização e revolvimento excessivos do solo.

Para semeadura de culturas com precisão são comumente utilizadas semeadoras que utilizam dosadores de sementes de disco alveolado ou pneumáticos de pressão negativa (vácuo). Com a evolução tecnológica, surgem no mercado alternativas para maximizar a individualização de sementes e aumentar a velocidade de semeadura. Hoje, existem no mercado mecanismos que prometem semear até a 16km/h sem perder qualidade de deposição. Obviamente tratam-se de condições específicas, não comuns a todas as lavouras e produtores.

É comum encontrar produtores ou técnicos que fazem experimentos dentro da propriedade, visando identificar até que ponto pode-se elevar a velocidade de semeadura. Mas como fazer esta avaliação? Normalmente utilizam-se critérios como: espaçamentos aceitáveis, duplos ou falhos, coeficiente de variação, índice de enchimento do dosador, redução no estande em relação ao esperado, entre outros.

Como avaliar a distribuição de sementes

De maneira geral, são considerados espaçamentos aceitáveis aqueles que ficam entre 0,5 e 1,5 veze o espaçamento teórico nominal. Por exemplo: se a densidade de semeadura desejada é de dez sementes por metro, o espaçamento entre sementes teórico é de 10cm. Então, serão considerados aceitáveis todos os espaçamentos que ficarem entre 5cm e 15cm. Aqueles que ficarem abaixo são considerados duplos, e acima de 15cm, falhos. A análise deve ser realizada em uma amostra representativa, recomendando-se não menos que 100 sementes ou, no exemplo acima, tomaríamos dez amostras de um metro cada. Para a cultura do milho, por exemplo, sendo semeado com semeadoras pneumáticas, o percentual de aceitáveis esperado deve ser próximo de 100. Por outro lado, para a cultura da soja semeada com semeadoras de disco alveolado horizontal, esperam-se valores mínimos de 60% de espaçamentos aceitáveis.

A comparação entre mecanismos dosadores de disco alveolado e pneumáticos é estudada com frequência. Autores e produtores têm verificado que o mecanismo dosador pneumático apresenta melhores resultados em comparação com dosadores de disco alveolado. Entretanto, os resultados são contraditórios, e por vezes mostram que os dosadores de disco alveolado não sofrem com a elevação da velocidade de deslocamento. A maioria dos estudos com semeadoras equipadas com estes tipos de mecanismos concentra-se na velocidade de deslocamento e não na velocidade periférica do disco. Deste ponto, pode-se dizer que quanto mais furos tiver o disco dosador, menor será a sua velocidade periférica e, teoricamente, melhor a distribuição de sementes.

Mas, aqui fica uma ressalva: de nada adianta termos um disco com mais furos se estes não forem adequados ao tamanho da semente. Cabe ao produtor, técnico ou operador selecionar o disco dosador que melhor se adapta àquela variedade. É comum encontrar no campo, discos trabalhando com anel corretor inadequado ou com tamanho do alvéolo muito grande ou muito pequeno.

Na Tabela 1 são mostrados os resultados de um experimento em que foram avaliados quatro mecanismos dosadores, dois pneumáticos e dois de disco alveolado em diferentes velocidades de semeadura. Na simulação da semeadura do milho, não houve diferença entre os dosadores para velocidades de semeadura de até 7,5km/h, embora um dos dosadores de disco alveolado tenha tido um desempenho sensivelmente inferior aos demais. Para a soja, os mecanismos dosadores pneumáticos apresentaram melhores resultados, sendo que os de disco alveolado não apresentaram diferenças significativas entre si, tendo desempenho ruim, independentemente da velocidade.

Em relação à velocidade periférica do disco, na semeadura do milho, para a velocidade periférica de 0,09m/s não houve diferença entre os quatro mecanismos dosadores de sementes, o que também aconteceu com 0,28m/s de velocidade periférica do disco. A diferença entre os mecanismos dosadores se mostrou mais acentuada na velocidade periférica de 0,38m/s, sendo que os percentuais de espaçamentos aceitáveis entre sementes de milho foram elevados, denotando boa regularidade de distribuição de sementes, mesmo nas maiores velocidades periféricas. O percentual de espaçamentos aceitáveis caiu de 92,8% para 67,5% em média para os quatro mecanismos dosadores.

Para a cultura da soja, ao se elevar a velocidade de semeadura, o sistema pneumático apresentou melhor desempenho em comparação ao sistema de disco alveolado horizontal. Esta queda mais acentuada na regularidade de distribuição dos dosadores de disco alveolado é devido à elevação da velocidade tangencial dos discos, causada pelo aumento da velocidade de deslocamento. Como a relação de transmissão entre o dosador e a roda motriz permanece a mesma, a velocidade tangencial do dosador aumenta na mesma proporção da velocidade de deslocamento, o que prejudica a individualização das sementes pelo mecanismo dosador. Em maiores velocidades de deslocamento, pode ocorrer decréscimo no índice de enchimento do mecanismo dosador de sementes.

Para a VP de 0,09m/s, não houve diferença entre os quatro mecanismos dosadores de sementes, o que também aconteceu com 0,28m/s de velocidade periférica do disco. Observando as médias da interação entre os fatores mecanismos dosadores e VPs do disco, nota-se que a variável percentual de espaçamentos aceitáveis reduziu em apenas 9% para o dosador DP1 e em 35% e 31% para os dosadores DDH1 e DDH2, respectivamente, o que ilustra uma maior capacidade de suportar maiores velocidades periféricas dos dosadores pneumáticos.

Esforço de tração e mobilização de solo

Sem dúvida, a principal preocupação “prática” do produtor – além, óbvio, de comprar uma boa máquina – é se o seu trator será capaz de puxar aquela semeadora. Esta também é uma preocupação do fabricante e, em função disso, é normal que os fabricantes superestimem a demanda de tração para que não ocorra o inconveniente do trator “apanhar” com aquela máquina. É comum encontrarmos no campo tratores com quase o dobro da potência necessária para aquela semeadora (Figura 3). Obviamente o fabricante faz esta estimativa considerando as piores condições possíveis, por isso é compreensível que a demanda seja estimada para mais.

A demanda de tração está intimamente relacionada à velocidade de semeadura. Ao aumentarmos a velocidade, para um mesmo esforço de tração, estamos elevando a demanda de potência. Diante do exposto, sempre que possível é recomendável optar por semeadoras um pouco maiores e trabalhar mais devagar. Obviamente obedecendo a recomendação do fabricante na relação trator/semeadora. Outro fator importante e determinante é a carga dos reservatórios de sementes e fertilizantes. Hoje em dia é comum optar por realizar a adubação em uma operação separada da semeadura. A ressalva fica por conta da “não mobilidade” de alguns fertilizantes que acabam, desta forma, se concentrando na camada superficial do solo. Outros fatores, não menos importantes, são o tipo de sulcador, a classificação do solo e o relevo da região, o tipo e a quantidade de pneus (simples ou duplos) e a lastragem adequada.

Outro ponto a considerar é que, quase que invariavelmente, acréscimos na velocidade de semeadura aumentam o volume de solo mobilizado e revolvido, o que acaba tornando a área mais suscetível a processos erosivos. Neste sentido, é importante que o produtor ou operador opte, sempre que possível, por realizar a semeadura em nível, evitando que a água escoe no interior do sulco e ganhe velocidade, aumentando o potencial erosivo.

Figura 1 - Efeito da velocidade periférica do disco na regularidade de distribuição de sementes de milho
Figura 1 - Efeito da velocidade periférica do disco na regularidade de distribuição de sementes de milho.
Figura 2 - Efeito da velocidade periférica do disco na regularidade de distribuição de sementes de soja; DP2: dosador pneumático; DDH2: dosador de disco alveolado
Figura 2 - Efeito da velocidade periférica do disco na regularidade de distribuição de sementes de soja; DP2: dosador pneumático; DDH2: dosador de disco alveolado.
Figura 3 - Potência específica (cv/linha) em 20 propriedades amostradas no Oeste do Rio Grande do Sul
Figura 3 - Potência específica (cv/linha) em 20 propriedades amostradas no Oeste do Rio Grande do Sul.

Opiniões finais

Diante do exposto, fica a dica: não se deve simplesmente elevar a velocidade de semeadura independentemente do mecanismo dosador, da condição de solo, do trator etc. Cada produtor deve ter ciência da sua condição operacional e então adequar a velocidade de trabalho à sua lavoura. Deficiências no contato solo/semente, recobrimento e excesso ou falta de compactação da semente podem ser ocasionados pela escolha equivocada da velocidade. Como dito anteriormente, a simples escolha equivocada “de marcha” pode trazer prejuízos consideráveis na instalação da lavoura, que, certamente, irão se refletir no desenvolvimento da cultura e na produtividade.

Velocidade de deslocamento do conjunto trator/semeadora interfere na qualidade da distribuição
Velocidade de deslocamento do conjunto trator/semeadora interfere na qualidade da distribuição.
Efeito da velocidade de semeadura no volume de solo revolvido e exposto: 6km/h (acima); 8km/h (centro) e 10km/h (abaixo)
Efeito da velocidade de semeadura no volume de solo revolvido e exposto: 6km/h (acima); 8km/h (centro) e 10km/h (abaixo).

Vilnei de Oliveira Dias, Sueli Kullmann, Vanessa Bassin Cogo, (Lamap/Unipampa Alegrete)

Fonte: Grupo Cultivar 

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