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segunda-feira, 28 de março de 2022

Novos insumos ajudam a reduzir dependência de fertilizantes minerais

 Plantio direto, rotação de culturas e o uso de insumos biológicos podem ajudar a diminuir o uso de fertilizantes minerais críticos

A implementação de estratégias mais sustentáveis de manejo do solo, como o plantio direto com a rotação de culturas e o uso de novos insumos biológicos à base de resíduos orgânicos ou de microrganismos, entre outras soluções, podem ajudar a aumentar a eficiência no aproveitamento e, consequentemente, diminuir o uso de fertilizantes minerais críticos para agricultura brasileira.

É o que indicam resultados de estudos apoiados pela Fapesp e conduzidos por pesquisadores ligados a diferentes universidades e instituições de pesquisa no país.


A adoção dessas práticas pode gerar uma economia para os agricultores brasileiros da ordem de mais de US$ 20 bilhões nas próximas décadas só com a redução do uso de fertilizantes fosfatados, estima Paulo Sérgio Pavinato, professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP).

Nos últimos dez anos, o consumo de fertilizantes fosfatados no Brasil aumentou 43,4% – e mais de 67% são importados de países do norte da África, principalmente do Marrocos.

“Manter a palha e restos da planta na superfície das lavouras entre as safras, como é feito no plantio direto, e promover a rotação de culturas, explorando o solo o tempo todo e não o deixando desnudo nunca, são formas de promover a ciclagem mais eficiente e aumentar a eficiência no aproveitamento pelas plantas de nutrientes como o fósforo”, diz Pavinato à Agência FAPESP.

De acordo com o pesquisador, fósforo – que é um dos três macronutrientes mais utilizados na adubação de lavouras no Brasil, atrás do nitrogênio e do potássio – é um dos fertilizantes minerais com menores índices de aproveitamento pelas culturas agrícolas nos solos brasileiros.

Isso porque os tipos de solos no Brasil e em outras regiões tropicais, mais argilosos, são ricos em óxidos de ferro e alumínio, que têm capacidade muito alta de se ligar quimicamente e reter fósforo. Dessa forma, grande parte desse fertilizante aplicado fica acumulado no solo em formas pouco ou não acessíveis às plantas.

“Nos últimos 20 anos, em média, a eficiência no aproveitamento do fósforo pelas plantas cultivadas no Brasil tem sido de 50%”, afirma Pavinato.

“Do total desse fertilizante adicionado na adubação, 50% são extraídos via colheita e os outros 50% restantes ficam retidos no solo. Por isso, é comum aplicar nas lavouras no país pelo menos mais do que o dobro da quantidade de fósforo de que a planta necessita”, explica.

Por meio de um projeto apoiado pela Fapesp, o pesquisador, em colaboração com colegas da Bangor University, do Reino Unido, fez um inventário do fósforo acumulado ou residual nos solos brasileiros a partir dos anos 1970, quando se começou a utilizar fertilizantes em larga escala no país e o mineral passou a ser acumulado no solo.

Os cálculos, baseados em estimativas de adições médias e de retiradas de fósforo pela absorção pelas culturas agrícolas indicaram que, desde os anos 1970, cerca de 33,4 milhões de toneladas do fertilizante foram acumuladas nos solos agrícolas brasileiros.

As áreas com maior tempo de cultivo, situadas em boa parte do Sudeste, nos Estados de São Paulo, Paraná e Minas Gerais, são as que apresentam os maiores estoques de fósforo no solo, apontaram os pesquisadores em artigo publicado na revista Scientific Reports.

“As regiões com áreas agrícolas mais novas, como as localizadas nos Estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e, mais recentemente, no Matopiba [área considerada a nova fronteira agrícola brasileira, compreendida por porções dos Estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia], têm bem menos fósforo acumulado em função do tempo de cultivo”, diz Pavinato.

“Mas, mesmo nesses Estados, há muito mais fósforo total no solo do que em regiões do Reino Unido, por exemplo”, compara.

Por meio da rotação de culturas, com o plantio de plantas de cobertura, como braquiária ou milheto após o cultivo da soja, por exemplo, é possível não só aumentar a eficiência no uso desse fósforo estocado no solo, como também aumentar a resistência da lavoura à seca, afirma Pavinato.

Isso porque com a implantação desse sistema as raízes das plantas têm maior capacidade de explorar um volume maior do solo, explica o pesquisador.

“Os produtores com sistema de produção bem implantado, que têm feito a rotação de culturas nos últimos anos, podem passar uma safra ou mais sem precisar adubar suas lavouras porque o solo já tem uma boa reserva de nutrientes, principalmente de fósforo”, diz.

“Já os produtores que seguem o sistema de plantio convencional vão sofrer muito mais em períodos de crise de fertilizantes, como agora, porque não têm reserva no solo”, compara.

Uso de plantas de cobertura

Em um estudo em andamento, também apoiado pela FAPESP, o pesquisador e colaboradores estão avaliando o uso de plantas de cobertura, como ervilhaca, nabo forrageiro, tremoço e azevém no inverno, antes do plantio de milho, no verão, para melhorar a exploração de fósforo no solo.

Para realizar os experimentos foram aplicados durante sete anos seguidos, entre 2008 e 2015, fosfatos solúvel e natural em áreas de cultivo de milho no Paraná com rotação com essas plantas de cobertura. Após esse período, essas áreas pararam de ser adubadas.

Resultados preliminares do estudo indicaram que, nos anos posteriores e com déficit hídrico, a safra de milho nessas áreas foi duas vezes maior do que a das que não receberam adubação fosfatada.

“As plantas de cobertura que promoveram maior produtividade do milho nessas áreas fosfatadas foram a aveia preta e a azevém. Essas gramíneas têm habilidade de ciclar mais nutrientes de maneira geral. Mas é importante ressaltar que essas respostas só podem ser obtidas em longo prazo”, sublinha Pavinato.

Fertilizantes organominerais

Um fertilizante organomineral desenvolvido por pesquisadores da Embrapa Solos também pode contribuir tanto para aumentar a disponibilidade de fósforo para cultivares agrícolas como também para aproveitar e gerar valor para um passivo ambiental.

Os pesquisadores da instituição desenvolveram ao longo dos últimos 11 anos um fertilizante organomineral fosfatado granulado a partir da “cama” de frango – material utilizado para forrar o piso dos galpões de granjas, composto por maravalha, palha de arroz, feno de capim e sabugo de milho triturado ou a serragem com as fezes, urina, restos de ração e penas de galinha.

Esse resíduo agrícola era usado como fonte de alimento suplementar para bovinos no Brasil, mas a utilização dele para essa finalidade passou a ser proibida no país a partir de 2004 com o surgimento do “mal da vaca louca”.

Já na agricultura, o uso desse material é consolidado, porém, sem recomendações técnicas específicas, pondera Joaquim José Frazão, professor do Instituto Federal de Roraima (IFRR).

“A falta de recomendações técnicas específicas tem causado o uso inadequado e aplicação superficial da cama de frango, com doses inadequadas, baixas respostas agronômicas e risco de contaminação do meio ambiente por nitrato, presente em grande quantidade no material”, afirma Frazão.

Uma vez que a cama de frango também apresenta teores variáveis de fósforo, os pesquisadores da Embrapa Solos, em parceria com Frazão, realizaram nos últimos anos diversos testes de misturas do material com fontes minerais a fim de enriquecê-lo com o mineral para aplicação como fertilizante.

Os resultados de testes de aplicação do fertilizante organomineral em casas de vegetação e em campo, nos municípios de Rio Verde e Goiânia, em Goiás, e em Piracicaba, no interior de São Paulo, durante o doutorado de Frazão, com Bolsa da FAPESP, indicaram que o produto tem eficiência agronômica comparável com as fontes minerais tradicionais, como o fosfato monoamônico (MAP) e o superfosfato triplo, já na primeira safra de culturas como a soja e o milho. O estudo foi publicado na revista Sustainability.

“Também observamos por meio de outros estudos que o produto tem efeito residual no solo”, afirma Frazão.

Como a liberação do fertilizante organomineral é mais lenta em comparação com as outras fontes de fósforo disponíveis, que são solúveis em água, o produto supre a demanda do macronutriente pela planta e, ao mesmo tempo, diminui os riscos de perda do mineral pelo processo de adsorção (fixação) pelos óxidos de ferro e alumínio, explica o pesquisador.

“Como os fertilizantes fosfatados tradicionais são solúveis em água, a liberação deles no solo após a aplicação é quase imediata. Já o organomineral que desenvolvemos tem liberação mais lenta e, dessa forma, é possível mantê-lo disponível no solo por mais tempo”, afirma Frazão.

De acordo com o pesquisador, a Embrapa Solos patenteou a tecnologia do processo de produção do fertilizante organomineral.

Além da cama de frango, podem ser usadas diversas outras fontes orgânicas para produzir o organomineral, como estercos de aves e bovinos e palha de arroz, ressalta Frazão.

“As respostas de eficiência agronômica do organomineral formulado com essas outras fontes, contudo, podem não ser iguais às do composto por cama de frango em razão da variação da composição química”, pondera.

Fertilizante orgânico

Outra fonte promissora para produção de fertilizante é um composto gerado a partir do lodo proveniente do tratamento do esgoto, apontam estudos conduzidos por pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Ilha Solteira.

Rico em matéria orgânica e fonte de macro e micronutrientes para as plantas, como nitrogênio, fósforo, cobre, ferro, manganês e zinco, o lodo de esgoto já era apontado como um potencial subproduto para aplicação como adubo na agricultura desde a década de 1980. A preocupação com o risco de o resíduo contaminar o solo e as plantas com metais pesados, além de carregar vírus e outros microrganismos patogênicos, porém, limitou a aplicação para essa finalidade, diz Thiago Nogueira, professor da Unesp e coordenador do estudo.

“Mesmo com a comprovação do efeito benéfico do uso do lodo de esgoto na agricultura, as legislações estaduais estabeleceram critérios que dificultaram a aplicação desse resíduo urbano. Uma quantidade muito pequena desse material tem sido usada em larga escala na agricultura não só no Estado de São Paulo, como em outras regiões do país”, afirma Nogueira.

Por meio de uma parceria com uma empresa em Jundiaí, os pesquisadores começaram a fazer a compostagem do lodo de esgoto para eliminar a carga de patógenos e diminuir os teores de metais a fim de viabilizar a aplicação do composto na agricultura.

Os pesquisadores estão avaliando agora o uso do material como fonte orgânica de nutrientes para solos da região do Cerrado, que são naturalmente muito pobres em nitrogênio, fósforo, boro, manganês e zinco, em culturas como arroz, feijão, soja, milho e cana-de-açúcar.

Resultados preliminares do estudo, realizado no âmbito do mestrado da pesquisadora Adrielle Rodrigues Prates, com bolsa da FAPESP, indicaram que a aplicação do composto aumentou os teores principalmente de cobre, manganês e zinco no solo e nas folhas da cultura da soja.

“Também já observamos um aumento de 67% na produtividade da soja e efeito residual da aplicação do composto com ganhos de produtividade da cultura do milho acima da média nacional e com valores similares aos resultados obtidos somente com a aplicação de fertilizantes minerais”, afirma Nogueira.

Segundo o pesquisador, ficou claro que o composto de lodo de esgoto aumentou a disponibilidade de nutrientes no solo, especialmente nitrogênio, fósforo e alguns micronutrientes, com elevação na produtividade das culturas.

Mais recentemente, outras pesquisas estão sendo desenvolvidas para conhecer melhor a associação de doses do composto de lodo de esgoto com plantas de cobertura cultivadas sob plantio direto no Cerrado, com ênfase no monitoramento da saúde do solo, explica Nogueira.

Microrganismos solubilizadores

Além do manejo, de variedades melhoradas de plantas e de fertilizantes mais eficientes, outra estratégia que tem sido implementada para melhorar o aproveitamento de nutrientes pelas plantas é a utilização de microrganismos solubilizadores, como bactérias e fungos.

Esses microrganismos têm o potencial de explorar e ajudar as plantas a acessar o fósforo não disponível no solo, por exemplo, explica Antônio Pedro da Rocha Camargo, colaborador do Centro de Pesquisa em Genômica Aplicada às Mudanças Climáticas (GCCRC) – um Centro de Pesquisa em Engenharia (CPE) constituído pela FAPESP e pela Embrapa na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

“Microrganismos podem ajudar as plantas a conseguir nutrientes de várias formas. Alguns dos mais conhecidos são as micorrizas, que são fungos que se associam à raiz da planta e aumentam a superfície de absorção. Mas também há bactérias que ajudam as plantas a pegar o nutriente que está no solo de uma forma que elas normalmente não conseguem absorver, como o fósforo insolúvel”, explica.

Durante seu doutorado, realizado com bolsa da FAPESP, o pesquisador investigou microrganismos associados às plantas nos campos rupestres.

Situados na região central do Brasil, os campos rupestres têm solo extremamente pobre em fósforo, em razão das condições geológicas, e muito ácido, mas, ainda assim, apresentam alta diversidade de espécies de plantas, a maior parte delas endêmica (que ocorre exclusivamente naquela região).

“Há anos tem sido estudada a fisiologia dessas plantas com o objetivo de entender como elas crescem naquele bioma”, diz Camargo.

O pesquisador e colaboradores constataram que o solo dos campos rupestres, apesar de muito pobres, também apresenta uma grande diversidade de microrganismos associados às plantas, principalmente bactérias, que também ocorrem exclusivamente naquela região.

Ao analisar esses microrganismos, eles observaram que bactérias encontradas nas proximidades da raiz das plantas apresentam maior número de genes associados à disponibilização de fósforo.

“Vimos que várias funções associadas à disponibilização de fósforo para as plantas estão enriquecidas nessas bactérias”, afirma Camargo.

Ao comparar o genoma das bactérias dos campos rupestres com o de outras evolutivamente próximas, encontradas em outros lugares, os pesquisadores também constataram que elas possuem mais genes associados à disponibilização de fósforo para as plantas.

“Isso mostra que as funções de disponibilização de fósforo para as plantas provavelmente estão sendo selecionadas naquele ambiente. As plantas podem liberar compostos que são nutritivos para as bactérias que solubilizam fósforo para recrutá-las e, dessa forma, obter o nutriente”, explica Camargo.

O objetivo final do estudo é permitir selecionar e cultivar essas bactérias em larga escala para produzir inóculos – cultura contendo uma ou mais espécies de microrganismo para aplicação em lavouras com o objetivo de aumentar a absorção de fósforo pelas cultivares agrícolas.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

Drones aplicam defensivos agrícolas de modo inteligente

Uso de defensivos biológicos aliado à tecnologia de aplicação inteligente traz mais sustentabilidade ao agronegócio



Duas empresas que nasceram com a proposta de tornar mais produtiva e sustentável a atividade do agronegócio, a Perfect Fligh e a Natutec Drone, marca global de drones da Koppert Biological Systems, empresa líder de proteção biológica de cultivos, anunciaram parceria para monitoramento da aplicação de bioinsumos. A proposta é que os produtores que utilizam macrobiológicos em suas propriedades tenham informações para melhorar a distribuição dos produtos em suas lavouras, aumentando sua eficiência e ampliando a produtividade.

Combater pragas e doenças com recursos da própria natureza tem crescido no agronegócio nos últimos anos, com a intensa evolução dos modelos de proteção do plantio. Sustentável e eficiente, este novo padrão rompe paradigmas e se alia às correntes cada vez mais fortes em favor da redução do uso de produtos químicos no controle de pragas e doenças.

Os bioinsumos colaboram ainda para a redução da resistência às moléculas químicas existentes, contribuindo para a criação de um ambiente mais supressivo e equilibrado. De acordo com o professor Santin Gravena, consultor da Koppert, a adoção do controle biológico no setor apresenta ao agricultor os chamados “inimigos naturais” e micro-organismos responsáveis por reduzir a incidência de pragas e doenças que acometem as plantas, bem como inoculantes que tornam as culturas mais resistentes, da raiz até as folhas.

Tecnologia

Para aumentar a eficiência da aplicação dos defensivos biológicos, a Koppert contratou, recentemente, os serviços da Perfect Flight - agtech brasileira voltada para inteligência de pulverização. A ideia é utilizar as soluções de monitoramento e rastreamento oferecidas pela startup para a elaboração de estratégias ainda mais eficazes no combate biológico às pragas e doenças.

“Faremos a gestão das liberações dos macrobiológicos e o principal serviço contratado foi a automatização do relatório que é entregue ao produtor, antes produzido em três dias e que nós entregaremos em até três minutos. Todas as análises, todos os dados cruzados com números e informações acessíveis para a tomada de decisão, estarão rapidamente na mão dos produtores”, explicou Paulo Villela, Gerente de Desenvolvimento de Negócios da Perfect Flight.

A empresa faz a leitura dinâmica de toda a área de aplicação do bioinsumo, além de assimilar também fatores externos como condições climáticas, proximidade de nascentes e regiões com a presença de animais, para determinar o melhor momento e o melhor padrão de aplicação. Ou seja, o produtor recebe uma análise completa para orientar, da forma mais eficaz, a proteção do plantio.

Essa análise evita a dispersão dos produtos para outras áreas e, consequentemente, diminui os gastos e protege o meio ambiente. Cada metro pode ser fundamental para as finanças e para os cuidados com a natureza.

Vinícius Lopes, gerente comercial de cana-de-açúcar da Koppert, explica que o objetivo é integrar a prestação de serviços com o conceito da companhia. “Queremos consolidar o compromisso de entregar ao agricultor brasileiro aplicações e relatórios de pós-aplicação que considerem o resultado e a eficiência de nossos produtos.”

Fonte: Agro Link

quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

Plantas ´conversam` com micróbios benéficos para afastar patógenos

 



Plantas de trigo se “comunicam” com microorganismos benéficos que envolvem suas raízes para terem acesso a mais nutrientes do solo e obterem maior proteção contra doenças fúngicas. É o que comprovaram pesquisadores da Embrapa Meio Ambiente e da Esalq/USP, em experimentos conduzidos ao longo de 2021 com o apoio da Fapesp.

Em busca de um manejo mais sustentável, agora os pesquisadores querem, com novos experimentos, entender os padrões e relações que se estabelecem entre esse microbioma, o solo e bactérias benéficas eventualmente inoculadas.

Sabendo que o microbioma da rizosfera fornece serviços ecológicos ao hospedeiro, incluindo nutrição e proteção contra doenças, cientistas buscaram descobrir se plantas de trigo mudariam o padrão da exsudação da raiz, para acessar os recursos fornecidos por esses microrganismos antagônicos, ante a infecção por um patógeno transmitido pelo solo, o fungo Bipolaris sorokiniana.

Para isso, testaram o impacto de três bactérias benéficas – StreptomycesPaenibacillus e Pseudomonas -, antagônicas ao patógeno, no início da doença, para entender como a planta hospedeira e os micróbios benéficos se comunicam para afastar o patógeno da rizosfera.

“Testamos a inoculação independente dos três isolados bacterianos em mudas de trigo inoculadas ou não com o fungo patógeno. O índice de severidade foi o mais alto (93%) em plantas inoculadas exclusivamente com o patógeno (tratamento controle). Em plantas inoculadas com a bactéria antagonista e com o patógeno, o índice de severidade variou de 50 a 62%, mostrando uma diminuição significativa na incidência da doença em comparação com o controle tratamento”, explica Helio Quevedo, da Escola Superior de Agricultura Luiz Queiroz, da Universidade de São Paulo (Esalq/USP).

“Usamos o isolamento bacteriano da rizosfera, seguido de triagem in vitro. Os inoculantes selecionados são capazes de solubilizar fósforo, para fixar o nitrogênio e para produzir ácido indol acético”, diz o cientista.

Diversidade microbioma na proteção de plantas

Em outro estudo, os cientistas buscaram avaliar a diversidade do microbioma da rizosfera e seu impacto na proteção da planta de trigo inoculada com o patógeno de raiz Bipolaris sorokiniana e com um inoculante bacteriano antagonista – Pseudomonas.

Utilizando uma técnica chamada “diluição à extinção”, os pesquisadores “diluíram” a diversidade microbiana de um solo natural e, além do solo natural, usaram tratamentos com um gradiente de solo diluído e também autoclavado.

A inoculação com Pseudomonas resultou em maior altura de planta e massa seca de raiz, principalmente em tratamentos com o solo natural para a altura, mostrando o potencial de promoção do crescimento deste inoculante. Este inoculante também promoveu a proteção da planta nos tratamentos onde o patógeno foi introduzido.

Rodrigo Mendes, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente, explica que o microbioma da rizosfera oferece à planta hospedeira funções benéficas, incluindo absorção de nutrientes, tolerância ao estresse abiótico e defesa contra doenças transmitidas pelo solo.

Por exemplo, durante uma invasão de patógeno fúngico do sistema radicular, famílias bacterianas específicas e com certas funções são enriquecidas na rizosfera e ajudam a prevenir a infecção das plantas pelo patógeno.

Conforme Caroline Nishisaka, da Esalq, o índice de gravidade da doença foi maior em todos os tratamentos que receberam o fungo patógeno Bipolaris sorokiniana, principalmente no solo mais “diluído”, mostrando que é mais destrutivo em solos com baixa diversidade microbiana, onde o inoculante antagonista também é mais eficaz na proteção a planta.

O próximo passo será analisar o impacto da invasão de fungos e bactérias benéficas na montagem das comunidades bacterianas e fúngicas da rizosfera para entender os padrões e correlações entre a estrutura do microbioma da rizosfera, com o solo, a diversidade do microbioma e o estabelecimento do inoculante benéfico.

Os trabalhos foram apresentados no III Simposio Internacional “Avances en el mundo de Microbiomas”, da Universidad San Francisco de Quito, em outubro de 2021.

O projeto de pesquisa, coordenado por Rodrigo Mendes, é financiado pela Fapesp, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, por meio do auxílio regular e pela concessão da bolsa de doutorado a Caroline Nishisaka. (com informações da assessoria de imprensa).


Fonte: AG EVOLUTION 

sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

Agricultura de precisão: entenda como ela pode otimizar a adubação potássica



A agricultura de precisão pode se tornar uma importante ferramenta no planejamento e tomada de decisão do manejo nutricional da lavoura, especialmente, de nutrientes que são exigidos em grandes quantidades pelas culturas, como o potássio. Entenda mais sobre o que é a agricultura de precisão e como ela pode otimizar a adubação potássica!

O que é a agricultura de precisão?

A agricultura de precisão é uma ciência dentro da chamada agricultura 4.0 ou agricultura digital, que se dedica a estudar e desenvolver sistemas de gerenciamento agrícola que considerem as especificidades espaciais e temporais de cada ponto dentro de uma propriedade rural.

O manejo dessa variabilidade espacial e temporal dentro de um sistema de produção busca proporcionar o uso mais racional dos insumos agrícolas, proporcionando a redução das perdas e do impacto ambiental, além de melhorar a rentabilidade da lavoura.

Esse processo se dá de uma forma cíclica, que se inicia com a coleta dos dados, análises e interpretação das informações obtidas com o uso de tecnologias de informação, gerando as recomendações que serão aplicadas no campo e, posteriormente, culminando na avaliação dos resultados para que o ciclo mais uma vez se reinicie.

Washington Luiz, sócio fundador e administrador da Agrospeed, ainda ressalta que quanto mais ciclos vão passando, mais assertivas e precisas vão ficando cada uma dessas etapas.

Apesar do surgimento do termo ainda não ter completado meio século, as diversas constatações e observações científicas que levaram a sua criação datam desde o início do século XX.

Porém, foi somente no final da década de 1980 que surgiram os primeiros mapas de produtividade e as primeiras adubações automatizadas à taxa variável, na Europa e nos Estados Unidos, respectivamente.

O uso dessas novas tecnologias se tornou uma das bases que consolidaram a criação do Congresso Internacional de Agricultura de Precisão (ICPA) e posteriormente a Sociedade Internacional de Agricultura de Precisão (ISPA).

Uma década mais tarde, em 1990, a agricultura de precisão chegou ao Brasil com a importação de máquinas agrícolas com capacidade de fazer o mapeamento das propriedades agrícolas, especialmente de colheitadeiras equipadas com monitores de produtividade de grãos máquinas agrícolas.

As primeiras máquinas nacionais aplicadoras para taxas variáveis de granulados e pós foram fabricadas no início dos anos 2000, impulsionando o movimento brasileiro para a agricultura de precisão e diversas outras iniciativas, como:

  • Primeiro simpósio sobre agricultura de Precisão, realizado na Universidade de São Paulo, Campus Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz;
  • Primeiro Simpósio Internacional de Agricultura de Precisão (SIAP), realizado pela Universidade Federal de Viçosa (UFV);
  • Congresso Brasileiro de Agricultura de Precisão (ConBAP), realizado pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ/USP);
  • Criação da Comissão Brasileira de Agricultura de Precisão, um órgão consultivo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) oficializado em 2012.

Hoje, tecnologias da agricultura de precisão, como o Sistema Global de Navegação por Satélite (GNSS), o sensoriamento remoto orbital, o Sistema de Informação Geográfica, o geoprocessamento e a aerofotogrametria, compõem um mercado com uma taxa de crescimento anual composta de mais de 10% e que podem atingir a marca de quase 9,5 bilhões de dólares em 2024.

Dados estes que foram apresentados pelo relatório Global Markets for Precision Farming, publicado pela BCC Research.

Mas, como esse aquecido setor que vem conquistando o mercado global e nacional pode potencializar os resultados obtidos com a adubação potássica nas lavouras?

A agricultura de precisão e a adubação potássica

A aplicação da agricultura de precisão possibilita uma abordagem mais inteligente dos processos envolvidos na produção agrícola, uma vez que ela está fundamentada no fato de que as lavouras não são uniformes no espaço nem no tempo.

Um exemplo claro dessa discrepância pode ser encontrado no artigo Fertilização potássica analisada economicamente com ferramentas de agricultura de precisão. Nesse estudo, Diego Schmidt Schossler e outros pesquisadores constataram uma expressiva variabilidade espacial dos teores de potássio do solo, com um coeficiente de variação mais de 20% nas duas safras, o que justificou o manejo localizado.




Mapa revelando a grande variabilidade espacial dos teores de potássio no solo. (Fonte: SCHOSSLER et al., 2011)

A criação dessa diferenciação espacial e temporal na coleta e tratamento de dados para o manejo cultural, permite um uso cada vez mais racional e otimizado de insumos agrícolas.

Isso porque o entendimento dos níveis de fertilidade do solo em cada parte da propriedade se torna mais aprofundado, permitindo cálculos cada vez mais precisos da quantidade de nutrientes que, consequentemente, reduzem as perdas por excesso de aplicação e desbalanceamento nutricional.

É o que notam os pesquisadores Rodolfo Bongiovanni e James Lowenberg-DeBoer, no artigo Precision agriculture and sustainability.

Ainda no artigo Fertilização potássica analisada economicamente com ferramentas de agricultura de precisão, Diego Schmidt Schossler e seus colegas pesquisadores conseguiram reduzir a 65% a aplicação em relação à exportação com potássio em áreas com teores acima do teor crítico da cultura da soja para obter a melhor relação custo/benefício.

Mas, será que são só os teores de potássio no solo que permitem um manejo mais otimizado da adubação potássica? Não, outro recurso que vem sendo muito utilizado pelos agricultores é o índice de vegetação com diferença normalizada, também conhecido por NDVI.

O NDVI é capaz de determinar o índice de vegetação ou vigor vegetativo de uma lavoura, através da mensuração da reflectância das folhas. Em condições adequadas, a refletância das folhas na faixa do espectro visível e alta reflectância no infravermelho próximo é menor do que daquelas submetidas à condições de estresses, como a falta de nutrientes por exemplo.

Logo, é possível orientar a adubação potássica através do índice de NDVI e torná-la mais eficiente.

No estudo Sensing development of a soybean canopy under p or k nutritional stress, Martin M. Navarro concluiu que houve uma correlação positiva entre NDVI com potássio foliar nos estádios iniciais de desenvolvimento da soja, sendo o início do estádio reprodutivo o ponto em que o NDVI foi mais sensível à deficiência de potássio.

Mas, para alcançar uma recomendação de adubação potássica otimizada com o uso das tecnologias da agricultura de precisão é preciso se atentar a representatividade e interpretação dos dados.

A importância do uso correto das tecnologias da agricultura de precisão para otimizar a adubação potássica

Dra. Roberta Nogueirol, pós-doutora em Fitotecnia e Bioquímica de Plantas pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ-USP), ressalta que a recomendação de insumos mais assertiva parte do cuidado com a qualidade no uso das tecnologias da agricultura de precisão:

“Devemos ter cuidado em todo o processo para termos uma recomendação de insumos mais assertiva, desde a confecção da grade amostral à recomendação em si. Isso porque o manejo da fertilidade do solo depende de uma amostragem representativa e da interpretação correta dos dados obtidos, para que se possa tomar as decisões acertadas na condução da lavoura.”

Ela explica que uma amostra de solo, por exemplo, vai representar uma quantidade de solo aproximadamente 4 milhões de vezes maior, se for levado em consideração que os laboratórios utilizam apenas 5 cm3 de solo para cada determinação química.

Por isso, aspectos que vão desde o treinamento à escolha da metodologia correta para análise do solo são tão importantes para otimizar a adubação potássica através do uso das tecnologias da agricultura de precisão.


Fonte: VERDE Blog

segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

Adubação racional: Como adubar em ano de altas de fertilizantes?

 


Aumentos nos custos mundiais de energia, desvalorização do real em relação ao dólar, maior carga tributária sobre os fertilizantes imposta pela China, ameaças de embargos de alguns países produtores de fertilizantes como a Bielorrúsia e aumento da demanda mundial por fertilizantes. Pronto, temos o cenário perfeito para uma natural, e significativa elevação nos preços de fertilizantes que chegam ao produtor rural. Tão natural quanto o comportamento dos preços é o raciocínio dos agricultores: “É hora de otimizar o uso do insumo!”. Raciocínio fácil, decisão difícil. Como adubar em ano de altas de fertilizantes?

O primeiro passo é ajustar o alvo e definir o objetivo. Nesse sentido, a busca do agricultor deve ser em realizar a adubação que traga a maior rentabilidade e não a máxima produtividade. Fertilizantes não somente garantem a produção, como também potencializam os ganhos em sacas por hectare. No entanto, o custo e o volume de fertilizantes para o agricultor aumentar sua produtividade de 80 para 90 sc/ha é significativamente maior do que elevar de 70 para 80 sc/ha. Em ambos os casos, o incremento é de 10 sc/ha porém, os investimentos não acompanham a mesma proporção. Seguindo essa lógica, também conhecida como lei dos incrementos decrescentes é que os agricultores devem estabelecer a expectativa de produtividade bem como a adubação, necessária para o atingimento da mesma.

O segundo ponto de atenção é desconfiar de recomendações extremas com grandes restrições de uso de fertilizantes para 100% da área. Existe uma falsa ideia de que nos últimos anos foi criado um bônus de fertilidade, visto que não houve redução nas quantidades adubadas. Ao serem analisados mais de 1000 campos de pesquisas internas da Mosaic (dados não publicados) observa-se que, nos últimos 3 anos o agricultor adicionou menor quantidade de nutrientes do que foi exportado pelas colheitas dessas safras. Ou seja, o balanço é negativo, não foi criado o bônus que poderia ser utilizado em reduções na adubação para a safra corrente. Somado a isso, grande parte desses campos analisados apresentaram teores de nutrientes da análise de solo com valores baixos, muito baixos e, médios. Portanto, o ideal é seguir recomendações técnicas regionalizadas, pautadas em análise da fertilidade do solo e curvas de resposta relacionando adubação e produtividade.

O terceiro e último ponto é investir em tecnologia. Em primeira vista parece contraditório essa abordagem em anos de crise. Contudo, optar por insumos de maior desenvolvimento tecnológico contribui não só para o aumento da produtividade, como principalmente para o aumento da eficiência agronômica. Isso passa pelo material genético escolhido, defensivos e também para os fertilizantes. A Mosaic traz em seu portfólio fertilizantes de eficiência superior que, garantem a nutrição das plantas e maximizam a rentabilidade do produtor.

Em anos desafiadores como este, onde os custos de insumos impactam duramente no bolso do produtor, o sucesso é alcançado no detalhe, no capricho, na análise minuciosa de cada talhão e, assim, definir com critérios técnicos qual o melhor caminho. O cenário de alta é o mesmo para todos. Porém, as reações são diferentes: algumas aleatórias e emocionais e outras criteriosas e racionais; com isso, a recomendação é seguir a segunda opção. Consulte um agrônomo, faça análise de solo, defina com a maior precisão possível as expectativas de produtividade que trarão a máxima rentabilidade considerando custo dos fertilizantes, invista em tecnologia, fuja de recomendações extremas e, fique de olho nos resultados de pesquisas da sua região.


Fonte: Grupo Cultivar

segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

Inovações tecnológicas e tendências que devem movimentar o agronegócio em 2022

 Sabemos que o agronegócio é um dos pilares da economia brasileira. No primeiro semestre de 2021, o PIB do setor teve um crescimento de 9,81% em relação ao mesmo período de 2020, um montante equivalente a R$ 223 bilhões - segundo apontam os cálculos realizados pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, em parceria com a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil). Quando analisamos no detalhe, observamos ainda que a agricultura despontou em relação a pecuária, principalmente devido ao alto custo dos insumos requisitados por esse ramo.

Em um cenário de desafios, altos custos e instabilidades climáticas que exercem impactos relevantes para o setor, a tecnologia mais uma vez tem desempenhado papel importante - e até fundamental - para incrementar a produção. Por isso, abaixo destaco quatro temas que devem estar no radar do setor do agronegócio em 2022:

Agricultura de precisão

No mercado já há uma série de soluções robustas, que atendem desde o planejamento da distribuição dos insumos até a preparação da propriedade para recebê-los, o que é conhecido como agricultura de precisão.

Essa metodologia de produção não é novidade, ela se fundamenta no uso de tecnologias que visam facilitar e modernizar as propriedades rurais e possui uma gestão baseada na coleta de dados, reunindo e processando uma série de informações e características da área produtiva. Num segundo momento, há ainda o planejamento do gerenciamento, em que são fornecidas estratégias e diretrizes para melhorar a gestão dos insumos, com base em padrões e requisitos estabelecidos pelo próprio produtor - aqui podem ser aplicados diferentes sistemas e soluções, incluindo Inteligência Artificial para a análise dos dados. E, por fim, a agricultura de precisão ainda pode prever a aplicação dos insumos de forma automática e com maior rigor técnico. Tudo isso pode ser um verdadeiro impulsionador da Agricultura 4.0 no Brasil.

Tecnologia 5G

A chegada da quinta geração de rede móvel certamente causará uma das maiores transformações no campo, permitindo uma maior transmissão de dados, de forma rápida e com maior alcance. Ainda devido ao custo operacional ser mais baixo que o da tecnologia 4G, o 5G possibilita a implementação de torres de transmissão em áreas mais afastadas, proporcionando maior conectividade às propriedades rurais. Para termos a dimensão do impacto que essa tecnologia trará para o agronegócio, o Atlas do Espaço Rural Brasileiro, publicado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), aponta que dos 5,07 milhões de propriedades rurais, 3,64 milhões ainda operam off-line.

Ainda que a implementação do 5G ainda esteja em processo de acontecer, tendo em vista os leilões de espaço e outras condições necessárias, estudos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) estimam que com a ampliação de 25% da conexão no campo, haverá um aumento de 6,3% no valor bruto da produção (VBP). Isso será possível porque o 5G melhora e impulsiona a adoção de dispositivos de IoT (Internet das Coisas), viabilizando a utilização de sensores e equipamentos para monitorar as safras e os animais; assim como ampliar o uso de drones, conectados à sistemas e softwares de processamento; e outras tecnologias complementares.

Marketplace no agro

Outra tendência que deve marcar o próximo ano é o uso do marketplace no agronegócio. Essas plataformas de venda digital se consolidaram bastante nos últimos meses, principalmente durante a pandemia, facilitando a comercialização de diversos produtos online, de forma rápida e dinâmica. Para o agronegócio, não é diferente.

Os marketplaces agrícolas conectam produtores rurais a distribuidores e compradores de produtos específicos, potencializando as vendas e o escoamento da produção rural. Esse tipo de venda digital também permite o crescimento de alcance dos pequenos produtores rurais, viabilizando a inserção deles em um grande cenário de maior exposição, maiores negociações e com baixo custo de operacionalização.

Agenda ESG

Pauta importante em diversos setores da economia, a agenda ESG ganha destaque no agronegócio. Dentre os vieses da sustentabilidade, a preocupação com os gases do efeito estufa ganha um novo patamar com o crédito de carbono. Os créditos de carbono têm servido como moeda para os negócios, potencializando um mercado multimilionário àqueles players que ainda não conseguiram diminuir seu impacto na emissão de gases.

O mercado de crédito de carbono ainda precisa ter regras mais claras, mas isso deve ser resolvido em breve, pois já há países o abordando como uma "nova commodity" global. Segundo um levantamento da Bayer, a área ocupada pela agropecuária no Brasil é responsável por 500 milhões de toneladas de carbono equivalente (tCO2eq) que, convertidos em dinheiro, correspondem a US﹩5 bilhões. Nesse cenário, pesquisas e aplicação de tecnologias servem de base para a substituição e o aprimoramento de técnicas de cultivo e agropecuária, a fim de reduzir o uso de combustíveis e biomassas não-renováveis por biomassas renováveis.

As previsões e projeções para o agronegócio no próximo ano são várias, mas o fato é que ele deve se manter como uma grande força motriz da economia nacional. Tendo isso em mente, vale ficar ligado em estudos, tendências e inovações que estão sendo inclusive incentivados por iniciativas públicas e privadas, assim como os investimentos feitos em tecnologias e soluções. Os recursos e a tecnologia estão aí para apoiar o avanço do Brasil na jornada da Agricultura 4.0.

Fonte: Grupo Cultivar 

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