AEmbrapae a Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa) desenvolveram oMonitora Oeste, um sistema digital gratuito que envia emite alertas sobre o avanço dedoenças e pragasao celular do produtor.
Sistema combina equipes a campo e 44 armadilhas georreferenciadas. (foto – Fabiano Perina)
Entre elas, estão a ferrugem asiática e a mancha de ramulária, que atacam lavouras de algodão e soja, nas propriedades rurais do oeste baiano. Estas enfermidades podem gerar perdas estimadas em 30% na cotonicultura, e de até 80%, na sojicultura.
Desenvolvida ao longo de dois anos, a tecnologia está disponível para navegação gratuita em smartphone (Android e IOS) e em plataforma web. Ao cadastrar-se, o usuário passa a receber informações sobre os focos e as condições climáticas favoráveis para a proliferação das doenças e para a dispersão dos esporos na região.
Dentro do aplicativo, o usuário encontrará sete funcionalidades: ocorrências e alertas; gráfico de ocorrências; mapa de ocorrências; armadilhas; mapa de armadilhas; favorabilidade e agrometeorologia.
A tecnologia possibilita a aplicação de filtros, como espécie (doença), municípios, núcleos regionais e safra. A versão para Web traz ainda mais recursos, como o tipo de área em que a ocorrência foi registrada, a sobreposição de camadas e a geração e exportação de mapas em alta resolução.
Para o pesquisador da Embrapa Territorial Julio Bogiani, líder da equipe que desenvolveu o produto, o Monitora Oeste permitirá elevar a eficiência de controle das doenças, com a possibilidade de redução de custos e de impacto ambiental pelo menor número de aplicações de defensivos agrícolas.
Ele explica que, atualmente, as aplicações dos fungicidas são calendarizadas. Em cada safra, são realizadas de oito a dez aplicações, com intervalos de 15 dias, período de duração residual do fungicida.
“O sistema dá aos produtores as melhores condições para a tomada de decisão de abrir mão ou de utilizar os defensivos agrícolas na época certa e na dose correta. Com o direcionamento dos seus gastos, eles alcançarão uma economia muito boa”, afirma o cientista.
A Abapa levará a tecnologia aos seus associados. Na visão de Luiz Carlos Bergamaschi, presidente da associação, o Monitora Oeste possui os elementos necessários para o incremento da produtividade do agricultor baiano.
“A mancha de ramulária e a ferrugem da soja são potencialmente devastadoras, quando fora de controle, e de rápida disseminação. Ter a informação precisa e atualizada permite traçar estratégias mais eficazes de controle, com sustentabilidade. Isso traz maior rentabilidade e se alinha à nossa busca diária por sustentabilidade econômica, ambiental e social”, disse.
O app e o WebGIS
No WebGIS o usuário encontrará mais filtros de pesquisa, como estágio e tipo de área onde se levantou o dado. Poderá ainda identificar se os dados provêm da coleta de plantas voluntárias. Pela plataforma Web da Embrapa, também há a possibilidade de baixar as imagens em alta resolução e realizar a sobreposição de camadas.
Os alertas emitidos pelo Monitora Oeste estão organizados em três níveis: ocorrências de doenças, condições climáticas favoráveis para as ocorrências e condições climáticas favoráveis para a dispersão de esporos no ar.
O primeiro nível mostra onde foram identificadas plantas infectadas. Os dados são expressos em mapas e gráficos. O levantamento das informações em campo segue o método tradicional de observação, com o monitoramento realizado por uma rede de colaboradores já atuante na região.
O sistema também reúne dados da presença de esporos na região a partir de 44 armadilhas georreferenciadas, distribuídas pelos núcleos regionais. Quanto mais pontos de coletas, maior a precisão das informações.
As equipes são formadas por produtores locais, técnicos da Abapa, da Embrapa e de parceiros, que percorrem as lavouras dos municípios e dos núcleos regionais do oeste baiano, e verificam se há a presença de doenças nas plantas.
Os outros alertas
Outro nível de alerta enviado pelo Monitora Oeste aponta se as condições climáticas estão favoráveis para o surgimento e para o desenvolvimento das doenças.
O filtro “favorabilidade” mostra sobre o mapa se existe alto ou baixo risco de proliferação dos agentes causadores da mancha de ramulária e da ferrugem asiática pelas plantações de acordo com as condições do clima.
Para esse nível de alerta, o aplicativo utiliza o banco de dados das estações meteorológicas do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), com atualização diária e em tempo real.
Dentro do sistema, os mapas das armadilhas são sobrepostos ao mapa da favorabilidade climática, facilitando ao usuário compreender o risco de disseminação.
Além dos dados de alerta, o Monitora Oeste traz vários índices agrometeorológicos da região: albedo, biomassa, NDVI, evapotranspiração e produtividade da água. O produtor poderá fazer cruzamentos de camadas para obter informações estratégicas de seu talhão. (com informações da assessoria de imprensa).
A agricultura de precisão pode se tornar uma importante ferramenta no planejamento e tomada de decisão do manejo nutricional da lavoura, especialmente, de nutrientes que são exigidos em grandes quantidades pelas culturas, como o potássio. Entenda mais sobre o que é a agricultura de precisão e como ela pode otimizar a adubação potássica!
O que é a agricultura de precisão?
A agricultura de precisão é uma ciência dentro da chamada agricultura 4.0 ou agricultura digital, que se dedica a estudar e desenvolver sistemas de gerenciamento agrícola que considerem as especificidades espaciais e temporais de cada ponto dentro de uma propriedade rural.
O manejo dessa variabilidade espacial e temporal dentro de um sistema de produção busca proporcionar o uso mais racional dos insumos agrícolas, proporcionando a redução das perdas e do impacto ambiental, além de melhorar a rentabilidade da lavoura.
Esse processo se dá de uma forma cíclica, que se inicia com a coleta dos dados, análises e interpretação das informações obtidas com o uso de tecnologias de informação, gerando as recomendações que serão aplicadas no campo e, posteriormente, culminando na avaliação dos resultados para que o ciclo mais uma vez se reinicie.
Washington Luiz, sócio fundador e administrador da Agrospeed, ainda ressalta que quanto mais ciclos vão passando, mais assertivas e precisas vão ficando cada uma dessas etapas.
Apesar do surgimento do termo ainda não ter completado meio século, as diversas constatações e observações científicas que levaram a sua criação datam desde o início do século XX.
Porém, foi somente no final da década de 1980 que surgiram os primeiros mapas de produtividade e as primeiras adubações automatizadas à taxa variável, na Europa e nos Estados Unidos, respectivamente.
O uso dessas novas tecnologias se tornou uma das bases que consolidaram a criação do Congresso Internacional de Agricultura de Precisão (ICPA) e posteriormente a Sociedade Internacional de Agricultura de Precisão (ISPA).
Uma década mais tarde, em 1990, a agricultura de precisão chegou ao Brasil com a importação de máquinas agrícolas com capacidade de fazer o mapeamento das propriedades agrícolas, especialmente de colheitadeiras equipadas com monitores de produtividade de grãos máquinas agrícolas.
As primeiras máquinas nacionais aplicadoras para taxas variáveis de granulados e pós foram fabricadas no início dos anos 2000, impulsionando o movimento brasileiro para a agricultura de precisão e diversas outras iniciativas, como:
Primeiro simpósio sobre agricultura de Precisão, realizado na Universidade de São Paulo, Campus Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz;
Primeiro Simpósio Internacional de Agricultura de Precisão (SIAP), realizado pela Universidade Federal de Viçosa (UFV);
Congresso Brasileiro de Agricultura de Precisão (ConBAP), realizado pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ/USP);
Criação da Comissão Brasileira de Agricultura de Precisão, um órgão consultivo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) oficializado em 2012.
Hoje, tecnologias da agricultura de precisão, como o Sistema Global de Navegação por Satélite (GNSS), o sensoriamento remoto orbital, o Sistema de Informação Geográfica, o geoprocessamento e a aerofotogrametria, compõem um mercado com uma taxa de crescimento anual composta de mais de 10% e que podem atingir a marca de quase 9,5 bilhões de dólares em 2024.
Dados estes que foram apresentados pelo relatório Global Markets for Precision Farming, publicado pela BCC Research.
Mas, como esse aquecido setor que vem conquistando o mercado global e nacional pode potencializar os resultados obtidos com a adubação potássica nas lavouras?
A agricultura de precisão e a adubação potássica
A aplicação da agricultura de precisão possibilita uma abordagem mais inteligente dos processos envolvidos na produção agrícola, uma vez que ela está fundamentada no fato de que as lavouras não são uniformes no espaço nem no tempo.
Um exemplo claro dessa discrepância pode ser encontrado no artigo Fertilização potássica analisada economicamente com ferramentas de agricultura de precisão. Nesse estudo, Diego Schmidt Schossler e outros pesquisadores constataram uma expressiva variabilidade espacial dos teores de potássio do solo, com um coeficiente de variação mais de 20% nas duas safras, o que justificou o manejo localizado.
Mapa revelando a grande variabilidade espacial dos teores de potássio no solo. (Fonte: SCHOSSLER et al., 2011)
A criação dessa diferenciação espacial e temporal na coleta e tratamento de dados para o manejo cultural, permite um uso cada vez mais racional e otimizado de insumos agrícolas.
Isso porque o entendimento dos níveis de fertilidade do solo em cada parte da propriedade se torna mais aprofundado, permitindo cálculos cada vez mais precisos da quantidade de nutrientes que, consequentemente, reduzem as perdas por excesso de aplicação e desbalanceamento nutricional.
É o que notam os pesquisadores Rodolfo Bongiovanni e James Lowenberg-DeBoer, no artigo Precision agriculture and sustainability.
Ainda no artigo Fertilização potássica analisada economicamente com ferramentas de agricultura de precisão, Diego Schmidt Schossler e seus colegas pesquisadores conseguiram reduzir a 65% a aplicação em relação à exportação com potássio em áreas com teores acima do teor crítico da cultura da soja para obter a melhor relação custo/benefício.
Mas, será que são só os teores de potássio no solo que permitem um manejo mais otimizado da adubação potássica? Não, outro recurso que vem sendo muito utilizado pelos agricultores é o índice de vegetação com diferença normalizada, também conhecido por NDVI.
O NDVI é capaz de determinar o índice de vegetação ou vigor vegetativo de uma lavoura, através da mensuração da reflectância das folhas. Em condições adequadas, a refletância das folhas na faixa do espectro visível e alta reflectância no infravermelho próximo é menor do que daquelas submetidas à condições de estresses, como a falta de nutrientes por exemplo.
Logo, é possível orientar a adubação potássica através do índice de NDVI e torná-la mais eficiente.
No estudo Sensing development of a soybean canopy under p or k nutritional stress, Martin M. Navarro concluiu que houve uma correlação positiva entre NDVI com potássio foliar nos estádios iniciais de desenvolvimento da soja, sendo o início do estádio reprodutivo o ponto em que o NDVI foi mais sensível à deficiência de potássio.
Mas, para alcançar uma recomendação de adubação potássica otimizada com o uso das tecnologias da agricultura de precisão é preciso se atentar a representatividade e interpretação dos dados.
A importância do uso correto das tecnologias da agricultura de precisão para otimizar a adubação potássica
A Dra. Roberta Nogueirol, pós-doutora em Fitotecnia e Bioquímica de Plantas pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ-USP), ressalta que a recomendação de insumos mais assertiva parte do cuidado com a qualidade no uso das tecnologias da agricultura de precisão:
“Devemos ter cuidado em todo o processo para termos uma recomendação de insumos mais assertiva, desde a confecção da grade amostral à recomendação em si. Isso porque o manejo da fertilidade do solo depende de uma amostragem representativa e da interpretação correta dos dados obtidos, para que se possa tomar as decisões acertadas na condução da lavoura.”
Ela explica que uma amostra de solo, por exemplo, vai representar uma quantidade de solo aproximadamente 4 milhões de vezes maior, se for levado em consideração que os laboratórios utilizam apenas 5 cm3 de solo para cada determinação química.
Por isso, aspectos que vão desde o treinamento à escolha da metodologia correta para análise do solo são tão importantes para otimizar a adubação potássica através do uso das tecnologias da agricultura de precisão.
Laser que avalia amostras de solo pode ser ferramenta importante tanto para estudos quanto para evolução do mercado de carbono no Brasil
Amostras de solo antes de serem prensadas em forma de pastilhas para análise.
(Fonte: AGLIBS)
A mesma ferramenta utilizada para investigar o solo de Marte é usada aqui no Brasil para mensurar o sequestro de carbono. A tecnologia LIBS (Laser Induced Breakdown Spectroscopy), que consiste em avaliar amostras de elementos químicos a partir do uso do laser, foi aprimorada pela startup Agrorobótica para ser utilizada na agricultura.
De acordo com a empresa, a leitura dos espectros de luz é feita por um computador, que os registra e processa. Cada tipo de solo tem características específicas, como se fosse uma impressão digital.
Em seguida, um software de inteligência artificial desenvolvido pela Agrorobótica, chamado AGLIBS, faz a leitura e associa a informação com características físicas e químicas dos solos.
“Com a utilização da tecnologia AGLIBS, conseguimos, em um primeiro momento, medir de forma precisa e em larga escala o carbono estocado no solo para, depois, negociar junto com o agricultor os créditos de carbono no mercado”, explica Fábio Angelis, sócio fundador e CEO da empresa.
COMO FUNCIONA?
Amostras de solo antes de serem prensadas em forma de pastilhas para análise.
(Fonte: AGLIBS)
O processo é formado por três etapas. O primeiro é a coleta georreferenciada de amostras no campo, seguido do encaminhamento ao laboratório da startup em São Carlos (SP) para uso do software, que quantifica e qualifica o carbono e nutrientes no solo e folhas.
A partir disso, o próximo passo é a obtenção do resultado, uma vez que os teores de carbono no solo viram um mapa que permite a certificação de carbono ou recomendações de manejo.
Segundo Angelis, a empresa produz um laudo completo da amostra do solo em menos de um dia, enquanto outras técnicas chegam a durar 15 dias ou mais. Desta forma, há capacidade de analisar mais de 500 amostras de solo diariamente. A agilidade é resultado de um trabalho híbrido entre a força humana e a digitalização de processos.
De lá para cá, alguns aportes aceleraram o desempenho da startup. Sem revelar o custo ao produtor e o volume de carbono já estocado proveniente do trabalho da empresa, Angelis conta que a Agrorobótica está presente em 14 Estados e, atualmente, mais de 400 agricultores utilizam a tecnologia.
Tudo é feito em parceria com a Embrapa Instrumentação, já que as duas partes assinaram um convênio de inovação aberta em 2015 - o desenvolvimento e a transferência dessa tecnologia ao mercado são feitos em conjunto e a Embrapa recebe royalties pelas descobertas.
"O solo é a terceira maior reserva de carbono na biosfera. A participação do setor agrícola brasileiro neste mercado em ascensão oferece a possibilidade de uma monetização e uma renda extra ao agricultor", destaca Fábio Angelis, sócio fundador e CEO da empresa.
Apesar dos avanços tecnológicos dos sistemas de distribuição de sementes, as falhas são comuns na maioria das lavouras, por conta do uso de velocidade inadequada do conjunto trator/semeadora.
A escolha da variedade foi feita, a área está pronta pra receber a semente, o trator com manutenção em dia, semente tratada e semeadora azeitada e regulada. É a hora de entrar na lavoura e dar início à próxima safra. A condição de trabalho é boa, sem umidade excessiva no solo, palha bem distribuída na superfície e mecanismos dosadores e de ataque ao solo bem calibrados. Então, vamos supor que erremos num fator crucial: a escolha da marcha do trator ou da velocidade de semeadura. Ao fazer esta escolha equivocada, colocamos em risco todos os bons fatores mencionados anteriormente, pois a velocidade de semeadura pode determinar simplesmente a qualidade da deposição de sementes (espaçamento e profundidade), a demanda por tração e o potencial erosivo da lavoura ali instalada.
Dentre os diversos fatores que afetam a qualidade do processo de semeadura direta está a velocidade de deslocamento. A principal questão está relacionada à demanda de trabalho por ocasião do plantio de grandes culturas, às quais o período recomendado para execução da atividade é restrito, determinado principalmente pelas condições climáticas, expressivamente as condições de umidade do solo e recomendações agronômicas de período de semeadura para cada cultura agrícola.
Aliar qualidade na semeadura com capacidade operacional capaz de suprir a demanda de trabalho na janela de semeadura é o principal ponto a ser equalizado. Velocidades mais elevadas aumentam a capacidade operacional do equipamento, o que reduz custos operacionais, mas podem comprometer o sucesso da semeadura. Diversos trabalhos vêm sendo conduzidos e em sua maioria atestam que a variabilidade na distribuição e falhas na emergência da cultura ocasionadas pela elevação da velocidade são causas de queda no rendimento.
Além da qualidade de deposição de sementes, por vezes tratada como “plantabilidade”, outros fatores intimamente relacionados à velocidade de semeadura são a uniformidade de profundidade de deposição de sementes - que tende a ser mais desuniforme em maiores velocidades -, a demanda por esforço de tração e a mobilização e revolvimento excessivos do solo.
Para semeadura de culturas com precisão são comumente utilizadas semeadoras que utilizam dosadores de sementes de disco alveolado ou pneumáticos de pressão negativa (vácuo). Com a evolução tecnológica, surgem no mercado alternativas para maximizar a individualização de sementes e aumentar a velocidade de semeadura. Hoje, existem no mercado mecanismos que prometem semear até a 16km/h sem perder qualidade de deposição. Obviamente tratam-se de condições específicas, não comuns a todas as lavouras e produtores.
É comum encontrar produtores ou técnicos que fazem experimentos dentro da propriedade, visando identificar até que ponto pode-se elevar a velocidade de semeadura. Mas como fazer esta avaliação? Normalmente utilizam-se critérios como: espaçamentos aceitáveis, duplos ou falhos, coeficiente de variação, índice de enchimento do dosador, redução no estande em relação ao esperado, entre outros.
Como avaliar a distribuição de sementes
De maneira geral, são considerados espaçamentos aceitáveis aqueles que ficam entre 0,5 e 1,5 veze o espaçamento teórico nominal. Por exemplo: se a densidade de semeadura desejada é de dez sementes por metro, o espaçamento entre sementes teórico é de 10cm. Então, serão considerados aceitáveis todos os espaçamentos que ficarem entre 5cm e 15cm. Aqueles que ficarem abaixo são considerados duplos, e acima de 15cm, falhos. A análise deve ser realizada em uma amostra representativa, recomendando-se não menos que 100 sementes ou, no exemplo acima, tomaríamos dez amostras de um metro cada. Para a cultura do milho, por exemplo, sendo semeado com semeadoras pneumáticas, o percentual de aceitáveis esperado deve ser próximo de 100. Por outro lado, para a cultura da soja semeada com semeadoras de disco alveolado horizontal, esperam-se valores mínimos de 60% de espaçamentos aceitáveis.
A comparação entre mecanismos dosadores de disco alveolado e pneumáticos é estudada com frequência. Autores e produtores têm verificado que o mecanismo dosador pneumático apresenta melhores resultados em comparação com dosadores de disco alveolado. Entretanto, os resultados são contraditórios, e por vezes mostram que os dosadores de disco alveolado não sofrem com a elevação da velocidade de deslocamento. A maioria dos estudos com semeadoras equipadas com estes tipos de mecanismos concentra-se na velocidade de deslocamento e não na velocidade periférica do disco. Deste ponto, pode-se dizer que quanto mais furos tiver o disco dosador, menor será a sua velocidade periférica e, teoricamente, melhor a distribuição de sementes.
Mas, aqui fica uma ressalva: de nada adianta termos um disco com mais furos se estes não forem adequados ao tamanho da semente. Cabe ao produtor, técnico ou operador selecionar o disco dosador que melhor se adapta àquela variedade. É comum encontrar no campo, discos trabalhando com anel corretor inadequado ou com tamanho do alvéolo muito grande ou muito pequeno.
Na Tabela 1 são mostrados os resultados de um experimento em que foram avaliados quatro mecanismos dosadores, dois pneumáticos e dois de disco alveolado em diferentes velocidades de semeadura. Na simulação da semeadura do milho, não houve diferença entre os dosadores para velocidades de semeadura de até 7,5km/h, embora um dos dosadores de disco alveolado tenha tido um desempenho sensivelmente inferior aos demais. Para a soja, os mecanismos dosadores pneumáticos apresentaram melhores resultados, sendo que os de disco alveolado não apresentaram diferenças significativas entre si, tendo desempenho ruim, independentemente da velocidade.
Em relação à velocidade periférica do disco, na semeadura do milho, para a velocidade periférica de 0,09m/s não houve diferença entre os quatro mecanismos dosadores de sementes, o que também aconteceu com 0,28m/s de velocidade periférica do disco. A diferença entre os mecanismos dosadores se mostrou mais acentuada na velocidade periférica de 0,38m/s, sendo que os percentuais de espaçamentos aceitáveis entre sementes de milho foram elevados, denotando boa regularidade de distribuição de sementes, mesmo nas maiores velocidades periféricas. O percentual de espaçamentos aceitáveis caiu de 92,8% para 67,5% em média para os quatro mecanismos dosadores.
Para a cultura da soja, ao se elevar a velocidade de semeadura, o sistema pneumático apresentou melhor desempenho em comparação ao sistema de disco alveolado horizontal. Esta queda mais acentuada na regularidade de distribuição dos dosadores de disco alveolado é devido à elevação da velocidade tangencial dos discos, causada pelo aumento da velocidade de deslocamento. Como a relação de transmissão entre o dosador e a roda motriz permanece a mesma, a velocidade tangencial do dosador aumenta na mesma proporção da velocidade de deslocamento, o que prejudica a individualização das sementes pelo mecanismo dosador. Em maiores velocidades de deslocamento, pode ocorrer decréscimo no índice de enchimento do mecanismo dosador de sementes.
Para a VP de 0,09m/s, não houve diferença entre os quatro mecanismos dosadores de sementes, o que também aconteceu com 0,28m/s de velocidade periférica do disco. Observando as médias da interação entre os fatores mecanismos dosadores e VPs do disco, nota-se que a variável percentual de espaçamentos aceitáveis reduziu em apenas 9% para o dosador DP1 e em 35% e 31% para os dosadores DDH1 e DDH2, respectivamente, o que ilustra uma maior capacidade de suportar maiores velocidades periféricas dos dosadores pneumáticos.
Esforço de tração e mobilização de solo
Sem dúvida, a principal preocupação “prática” do produtor – além, óbvio, de comprar uma boa máquina – é se o seu trator será capaz de puxar aquela semeadora. Esta também é uma preocupação do fabricante e, em função disso, é normal que os fabricantes superestimem a demanda de tração para que não ocorra o inconveniente do trator “apanhar” com aquela máquina. É comum encontrarmos no campo tratores com quase o dobro da potência necessária para aquela semeadora (Figura 3). Obviamente o fabricante faz esta estimativa considerando as piores condições possíveis, por isso é compreensível que a demanda seja estimada para mais.
A demanda de tração está intimamente relacionada à velocidade de semeadura. Ao aumentarmos a velocidade, para um mesmo esforço de tração, estamos elevando a demanda de potência. Diante do exposto, sempre que possível é recomendável optar por semeadoras um pouco maiores e trabalhar mais devagar. Obviamente obedecendo a recomendação do fabricante na relação trator/semeadora. Outro fator importante e determinante é a carga dos reservatórios de sementes e fertilizantes. Hoje em dia é comum optar por realizar a adubação em uma operação separada da semeadura. A ressalva fica por conta da “não mobilidade” de alguns fertilizantes que acabam, desta forma, se concentrando na camada superficial do solo. Outros fatores, não menos importantes, são o tipo de sulcador, a classificação do solo e o relevo da região, o tipo e a quantidade de pneus (simples ou duplos) e a lastragem adequada.
Outro ponto a considerar é que, quase que invariavelmente, acréscimos na velocidade de semeadura aumentam o volume de solo mobilizado e revolvido, o que acaba tornando a área mais suscetível a processos erosivos. Neste sentido, é importante que o produtor ou operador opte, sempre que possível, por realizar a semeadura em nível, evitando que a água escoe no interior do sulco e ganhe velocidade, aumentando o potencial erosivo.
Opiniões finais
Diante do exposto, fica a dica: não se deve simplesmente elevar a velocidade de semeadura independentemente do mecanismo dosador, da condição de solo, do trator etc. Cada produtor deve ter ciência da sua condição operacional e então adequar a velocidade de trabalho à sua lavoura. Deficiências no contato solo/semente, recobrimento e excesso ou falta de compactação da semente podem ser ocasionados pela escolha equivocada da velocidade. Como dito anteriormente, a simples escolha equivocada “de marcha” pode trazer prejuízos consideráveis na instalação da lavoura, que, certamente, irão se refletir no desenvolvimento da cultura e na produtividade.
Voltada para a produção no polo de fruticultura irrigada do Vale do São Francisco, a uva exibe coloração branca, sabor neutro e agradável. - Foto: Fernanda Birolo
A Embrapa Semiárido (Petrolina, PE) apresenta a cultivar de uva de mesa BRS Tainá, a primeira totalmente desenvolvida no Nordeste Brasileiro. Voltada para a produção no polo de fruticultura irrigada do Vale do São Francisco, a uva exibe coloração branca, sabor neutro e agradável, além de ser uma variedade sem semente, uma das mais importantes características exigidas pelo mercado.
A nova cultivar será apresentada no dia 21 de outubro, às 19h30, em Dia de Campo on-line transmitido pelo canal da Embrapa no Youtube. O evento é aberto ao público e contará com a palestra da pesquisadora Patrícia Coelho de Souza Leão, responsável pela condução dos trabalhos de melhoramento de uva na região. Também contará com o depoimento de produtores que têm áreas experimentais da uva em suas propriedades.
Proveniente do cruzamento realizado em 2004 entre as cultivares internacionais Sugraone e Marroo Seedless, que fazem parte do Banco Ativo de Germoplasma da Embrapa Semiárido, a BRS Tainá é o resultado de um intenso esforço para disponibilizar aos produtores de uva do Vale uma cultivar branca sem os altos custos de licenciamento de plantio, os chamados royalties, comum nas variedades estrangeiras, explica Patrícia.
A cultivar faz parte do programa de melhoramento genético da Embrapa, denominado ‘Uvas do Brasil’, sendo a primeira variedade de uva com todas as etapas de melhoramento genético, desde o cruzamento até a validação, realizadas pela Embrapa nas condições ambientais tropicais semiáridas.
O plano de lançamento da BRS Tainá encontra-se em fase de seu licenciamento para viveiristas (acesse o edital) e em breve estará disponível para os produtores.
Principais características
As características da nova variedade fazem jus ao nome de batismo. ‘Tainá’, de raiz indígena Tupi-Guarani, é uma homenagem ao Brasil, um nome feminino, forte e que remete às origens do nosso país, comenta Patrícia. Trata-se de uma planta vigorosa, com produtividade média estimada no Submédio do Vale do São Francisco 25 toneladas por hectare por ciclo de produção.
O período desde a poda até a colheita está em torno de 110 dias, com pequenas variações ao longo do ano, em função das condições climáticas. Os cachos da BRS Tainá apresentam tamanho médio, com peso de 270 gramas e medindo cerca de 15 x 10 centímetros.
A nova cultivar se destaca ainda por apresentar características desejáveis em uvas para o consumo in natura, como crocância, bagas firmes, com boa aderência ao pedicelo e traços minúsculos e imperceptíveis de sementes. O sabor é neutro e agradável, com uma relação equilibrada entre açúcares e acidez. É uma opção promissora e com grande potencial para se destacar no mercado de uvas de mesa brancas sem sementes.
As tecnologias presentes nas colhedoras de grãos podem proporcionar ganhos em eficiência, porém entender o seu funcionamento e dominar ajustes e calibrações é fundamental.
A mecanização da colheita das lavouras evoluiu muito, no entanto ainda não atingiu seu máximo. Algumas culturas ainda requerem considerável avanço tecnológico para que se viabilize a colheita mecanizada, para tanto a colheita de grãos já avançou consideravelmente e o agricultor tem acesso a soluções de diferentes formas e níveis tecnológicos para a colheita mecanizada (Molin, 2010).
No sistema de produção de grãos vigente no Brasil, sem o preparo convencional do solo, a colheita passou a ser, na maioria dos casos, a operação mais cara, e a colhedora, a máquina mais complexa e com maior custo de aquisição. No nosso ambiente de cultivos do Centro-Sul do Brasil, em que boa parte das lavouras agrícolas permite duas safras por ano (verão e inverno ou safra e safrinha), o agricultor possui maior otimização da utilização das máquinas contribuindo para diluir o custo do capital das colhedoras.
A colhedora é uma máquina projetada e construída especialmente para colher e trilhar diferentes espécies de grãos de várias culturas agrícolas (Portella, 2000).
SISTEMAS QUE COMPÕEM AS COLHEDORAS DE GRÃOS
A colhedora de grãos deve ser analisada e entendida pelos sistemas que a compõem, que são sistema de corte (ou despiga), alimentação, trilha, separação, limpeza, transporte e armazenamento (Molin, 2010). A Figura 1 demonstra os sistemas que compõem as colhedoras de grãos.
SISTEMA DE CORTE OU ARRANQUIO (DESPIGA)
As plataformas de corte de colhedoras podem ser de dois tipos básicos, as rígidas e as flexíveis. As plataformas rígidas não possuem sensores embutidos, visto não manterem contato com o solo, e são empregadas na colheita de culturas de corte alto, como, por exemplo, trigo, arroz, milho e outras (Conte, 2013).
Já plataformas flexíveis são capazes de executar movimentos de subida, descida e inclinação, a fim de reproduzirem a topografia do terreno onde atuam. Estas plataformas de corte flexíveis são empregadas principalmente para colheita de leguminosas (fabaceae), as quais podem executar o corte rente ao solo e possuem sensores destinados a analisar a altura da plataforma em relação ao solo, que são posicionados nas laterais esquerda e direita (Molin, 2010). Os principais benefícios das plataformas flexíveis são que trabalham nas mais variadas irregularidades do solo e oferecem alta produtividade, mesmo em condições adversas.
No caso de plataforma segadora (trigo, arroz, soja, cevada), o componente principal é o molinete, responsável por conduzir as plantas em pé até a barra de corte, que faz o corte (ABNT, 1987).
A plataforma para colheita de milho e girassol é dividida em unidades despigadoras – uma para cada fileira de plantas, sendo variável pelo tamanho da plataforma e do espaçamento entre linhas. Os componentes principais são os rolos despigadores, responsáveis por puxar o pé de milho ou girassol para baixo, e as espigas ou capítulos, de maior diâmetro que estes, serão barradas e arrancadas por dois delimitadores, dispostos acima dos rolos (ABNT, 1987). As espigas ou capítulos são então carregadas pelas correntes transportadoras até a plataforma e daí levadas ao centro da máquina por meio de um caracol transportador.
O sistema de corte e o de alimentação se complementam, sendo o primeiro dedicado à ceifa ou arranquio e estão associados à plataforma.
SISTEMA DE ALIMENTAÇÃO
A condução após o corte ou arranquio do produto pode ser realizada de duas maneiras, através do caracol transportador ou da esteira tipo “draper” (ABNT, 1987).
O caracol transportador leva o produto já cortado até o centro e o conduz ao elevador de alimentação ou canal alimentador.
Recentemente, o caracol vem sendo gradativamente substituído por um transportador tipo esteira draper, em função do aumento da largura da plataforma e, portanto, da distância de transporte até o centro da máquina (Conte, 2013).
A plataforma draper promove um ritmo maior na colheita, com uma alimentação mais suave e constante, a debulha torna-se mais eficiente e os custos de manutenção reduzem-se significativamente. Sem o triângulo de estrangulamento, o material colhido não debulha, não embucha, nem trava a plataforma e flui uniformemente com a massa de grãos para dentro da máquina. Tendo assim como benefícios a colheita mais rápida, eficiente, com maior rendimento e economia de combustível (Molin, 2010).
Após, o material deve ser levado ao elevador de alimentação, onde ele entrega o produto ao sistema de trilha, de fluxo radial ou axial.
SISTEMA DE TRILHA
Tem a função de destacar os grãos dos restos de cultura (caule, espigas, vagem, panículas e folhas). É composto basicamente de cilindro e côncavo (ABNT, 1987).
O cilindro de trilha é composto de barras estriadas dispostas sobre uma estrutura metálica em forma de cilindro. Tem a função de exercer ações mecânicas de impacto, compressão e atrito, por esfregamento, sobre o material que está sendo introduzido entre ele e o côncavo, causando a trilha.
O côncavo tem a forma aparente de uma calha tendendo a envolver o cilindro de trilha. É composto de barras estriadas unidas por estrutura metálica, que toma forma de uma grelha que permite a filtração de sementes, vagens e fragmentos de vagens e de hastes.
Desde muito tempo existiram muitas variações construtivas nas trilhadoras, que ultimamente convergiram para dois formatos – a trilha de fluxo radial ou tangencial e a trilha de fluxo axial (Molin, 2010).
Na trilha de fluxo radial, o produto passa uma única vez entre uma parte móvel – o rotor – e uma parte fixa, o côncavo.
Na trilha de fluxo axial, o produto gira entre o rotor e o cilindro separador, entrando em uma extremidade e saindo na outra. Como a trilha tem que ser completa, obviamente, o sistema em fluxo radial precisa ser mais abrupto, pois o produto fica exposto ao atrito e ao impacto por um contato tangencial de poucos graus. Já no sistema com fluxo axial, há mais tempo para a trilha, pois o produto fica exposto por algumas voltas.
Colhedoras com fluxo axial são mais eficientes em termos de perdas e danos aos grãos, além de permitirem maior alimentação para um mesmo porte de máquina, se comparadas com as de fluxo radial (Camolese et al, 2015; Cassia et al, 2015).
O material não filtrado através do côncavo é dirigido ao sistema de separação.
Após passar pelo sistema de trilha, o material restante é composto por um aglomerado com palha inteira e triturada, grãos debulhados e não debulhados e materiais estranhos. Isso mostra que ainda há a necessidade de se separar o grão dos demais materiais. Essa separação começa a ser feita na grade do côncavo, nas grades do cilindro e nos saca-palhas.
O sistema de separação é composto da extensão regulável do côncavo, batedor, cortinas retardadoras e saca-palhas (ABNT, 1987).
O sistema de separação desmembra o fluxo na máquina entre o grão sujo de palhiço, que segue para o sistema de limpeza, e o fluxo de palha, que segue para a traseira, até ser jogado para fora da máquina. Na trilha de fluxo axial a separação acontece entre o rotor e o cilindro separador, no mesmo corpo do sistema de trilha. No caso de fluxo radial, a trilha é totalmente independente do sistema de separação e esta é composta pelo saca-palhas (Faganello et al, 2015).
SISTEMA DE LIMPEZA
Após passar pelo sistema de trilha e separação, grãos e impurezas devem ser levados ao sistema de limpeza da máquina.
O sistema de limpeza é composto por um dispositivo denominado de bandeja de alimentação (“bandejão”), e os mecanismos de limpeza são a peneira superior, a peneira inferior e o ventilador (ABNT, 1987).
Enquanto os grãos caem por gravidade ao passar pela primeira peneira, chegarão à peneira inferior e serão atingidos por uma corrente de vento horizontal gerada pelo ventilador, que transporta o palhiço para fora da máquina. Os grãos limpos são recolhidos pelo escorregador de grãos limpos, no fundo da máquina (abaixo da peneira inferior) e levados via helicoide transportadora para o elevador de grãos limpos (Molina, 2014).
Sobre a peneira superior ficarão retidos materiais maiores que a sua abertura. Esse material é, por exemplo, parte de uma vagem de soja que contém grãos. Se ele seguir o caminho do palhiço, será jogado fora pela traseira da máquina, e isso não é desejável. Assim, todas as máquinas que possuem as peneiras têm na sua parte final um elemento denominado de extensão de retrilha da peneira superior. Nesse trecho da peneira é feita a regulagem de abertura para que esse material caia, pelo escorregador da retrilha, e seja recuperado e redirecionado para a retrilha (trilhado novamente) (Molin, 2010).
Existem basicamente dois tipos de sistema de retrilha nas máquinas de mercado. A retrilha independente é realizada na parte posterior da máquina, próximo às peneiras, e é composta por uma pequena unidade de trilha, normalmente por impacto. A outra opção é da retrilha integrada, que é realizada na trilha principal, e para isso a máquina deve dispor de um elevador dedicado, denominado de elevador da retrilha, que recebe esse material e o entrega na entrada da trilha, na parte anterior da máquina.
Manejar a colheita significa mover os grãos trilhados, separados e limpos para o tanque graneleiro e deste tanque para um vagão ou caminhão. Todavia, a retrilha é outra fase do manejo dos grãos que deve ser também incluída (Nunes, 2016).
Entre os componentes de manejo destacam-se o elevador de grãos limpos, o elevador de carregamento do tanque graneleiro, todos os condutores helicoidais, incluindo os de material não trilhado e limpo, o tanque graneleiro e o condutor helicoidal de descarga do graneleiro (ABNT, 1987).
Depois de limpo, o condutor helicoidal de grãos limpos entrega o material ao elevador de grãos, que os leva para o condutor superior de grãos limpos ou para o condutor que carrega o tanque grane1eiro na parte superior da máquina. Este tanque armazenará os grãos temporariamente, e quando estiver cheio, o operador descarrega esses grãos para uma carreta graneleira ou caminhão por meio do tubo de descarga, que é uma grande helicoide transportadora.
Sensores de produtividade e de umidade de grãos podem ser instalados no topo do elevador-transportador de grãos para estimativa de tais parâmetros vinculado com Global Navigation Satellite System (GNSS) para espacialização e verificação da variabilidade dos mesmos. Os sensores mais comuns são de impacto e de infravermelho, sendo necessária calibração prévia. (Molin, 2010).
CONTROLADORES E GNSS EMBARCADOS
O tipo de controlador mais utilizado em máquinas agrícolas é o baseado na realimentação (“feedback”). Realimentação é o processo em que a variável a ser controlada é medida e usada a influenciar o valor da própria variável (Dias et al, 1998).
Os controladores são acoplados em um sistema de navegação por satélite, o qual possui a capacidade de oferecer posicionamento em qualquer ponto da superfície terrestre, adotando-se a nomenclatura de GNSS.
GPS diferencial (DGPS - Differential Global Positioning System) é uma evolução do GPS, que provê uma melhoria significativa na precisão da localização. Da precisão nominal de 15 metros obtida com o GPS para cerca de 10cm nas melhores implementações do DGPS (Molin, 2010).
O Real Time Kinematic (RTK) é uma técnica que se baseia na medição de fase da onda portadora dos sinais dos satélites (ao invés das informações transmitidas por estes sinais), a qual é corrigida através de dados de correção enviados por uma estação de referência, permitindo-se obter uma acurácia decerca de 0.02-0.2 metro (Molin, 2010).
TELEMETRIA E INTERNET DAS COISAS (IoT)
Telemetria é uma tecnologia que permite a medição e a comunicação de informações de interesse do operador ou desenvolvedor de sistemas.
Telemetria possui origem grega (“tele” é remoto e “metron” significa medida), entrou na agricultura há cerca de cinco anos e ganha cada dia mais aplicação na tecnologia embarcada nas máquinas agrícolas no Brasil, tanto em grandes como médios produtores de grãos, cana, entre outros.
A telemetria é o mais recente passo da agricultura de precisão (AP). Remotamente, é possível acompanhar tudo que acontece no campo. O produtor pode visualizar on-line todos os parâmetros do veículo e pode entrar em contato com o operador quase instantaneamente para fazer as correções necessárias, entre outras atividades.
Internet das coisas (em inglês Internet of Things, IoT) é um conceito que se refere à interconexão digital de objetos cotidianos com ainternet, conexão dos objetos mais do que das pessoas, sendo fundamental na confecção de plataformas digitais.
A telemetria integrada a outras ferramentas da agricultura de precisão acopladas às máquinas, como mapas de produtividade, monitor de colheita, barra de luz (sistema de navegação), piloto automático e aplicadores de taxa variável, ajuda o produtor ou gestor a fazer uma radiografia da lavoura, a fim de definir ações para melhorar o desempenho das operações, aumentando a produção e a produtividade e gerando uma redução de custos (Globo Rural, 2017).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para cada funcionalidade, sistema ou tecnologia embarcada em colhedoras de grãos é necessário conhecimento para otimizar a funcionalidade.
Entender o funcionamento, dominar ajustes e calibrações em colhedoras de grãos proporcionam melhores resultados no trabalho de colheita, bem como a eficiência da operação.
Novas tecnologias na agricultura, e principalmente em colhedoras agrícolas de grãos, podem proporcionar ganhos em eficiência e conhecimento, diminuindo mão de obra e custos.
Classes de colhedoras de grãos
A classificação de colhedoras de grãos de acordo com a potência do motor segue de acordo com a AEM (Association of Equipment Manufacturers).