Mostrando postagens com marcador Engenharia Agronômica. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Engenharia Agronômica. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 6 de abril de 2022

Manejo preventivo da ferrugem na soja

 A soja é um dos carros-chefes da balança comercial do agro brasileiro e a cultura de maior importância econômica para o país, com uma área plantada de 38,3 milhões de hectares espalhados de Norte a Sul do Brasil. As dimensões da sua importância são, no entanto, proporcionais ao desafio de manter a lavoura saudável da semeadura à colheita. Mais do que nunca, os sojicultores têm sido demandados a redobrar a atenção no manejo agrícola em função da incidência de doenças nas plantas.

A mais temida delas é a ferrugem asiática, causada por um fungo que provoca a desfolha da planta, acarretando perdas superiores a US$ 2 bilhões por ano/safra. “Esta é a estimativa do custo ferrugem, que engloba tanto o prejuízo (queda de produtividade) que ela causa, quanto o gasto para se realizar o controle da doença”, explica o pesquisador Rafael Soares, da Embrapa.

O custo da doença para o Brasil é tão alto que a Embrapa montou e coordena o Consórcio Antiferrugem. Trata-se de um projeto que congrega empresas públicas e privadas, que monitoram os locais de incidência do fungo. Toda ocorrência é notificada no site da iniciativa, como forma de alertar o produtor em quais localidades a doença já apareceu. “Neste ano, detectamos em 11 estados, mas como a semeadura atrasou em várias regiões e o início do ano foi mais seco, a ferrugem asiática não está causando epidemias fortes”, diz Soares.

Mesmo assim, o produtor não pode descuidar. O uso incorreto de defensivos agrícolas ou uso contínuo do mesmo princípio ativo é um dos principais fatores para o surgimento de populações resistentes do fungo. No médio prazo, isso acarreta perda de eficácia das moléculas utilizadas nesses defensivos, trazendo prejuízos ao agricultor.

No Brasil, as condições tropicais tornam a situação ainda mais preocupante, já que elas favorecem a propagação de pragas e doenças, o que agrava o cenário de aumento da resistência aos fungicidas usados na lavoura. “Uma forma de proteger e manter o controle nesta conjuntura é fazer uma aplicação combinada de diferentes modos de ação para combater o fungo”, diz Ximena de Souza Vilela, gerente de Produtos Fungicidas da IHARA. Com base nesse conceito, a indústria de defensivos tem ido além do desenvolvimento de produtos com alta tecnologia, passando a investir também na pesquisa e recomendação do melhor manejo.


Compondo o robusto portfólio que a IHARA possui para a cultura da soja, Fusão EC é um fungicida específico, que age de forma sistêmica, proporcionando alta performance no controle da ferrugem e manchas foliares da soja, tem versatilidade de uso, podendoser usado em qualquer fase da cultura, além de ter alta velocidade de absorção e baixo risco de perda por chuva, além de possuir registro para as principais culturas sucessoras da soja, como: milho, algodão, trigo, feijão, entre outras. Em 2021, Fusão EC alcançou a liderança em performance no segmento de produtos strobi mixno Consórcio de Rede de Ferrugem, sendo o fungicidaque mais cresce em performance no cenário atual.

A estratégia de Fusão EC visa fortalecer a defesa da lavoura na batalha contra várias doenças que afetam a produtividade da soja.

A comunidade científica recomenda que os fungicidas sejam usados de forma preventiva, porque a eficácia diminui quando a doença já está estabelecida, comprometendo a produtividade. “O ideal é o produtor iniciar as aplicações antes do fechamento da lavoura (fase entre o final do ciclo vegetativo e início do reprodutivo), quando as gotas de produto conseguem alcançar as folhas da parte inferior da planta, por onde a maioria das doenças começa a infecção”, explica Ximena. “É fundamental que o intervalo entre uma aplicação e outra não ultrapasse 14 dias, já o número de aplicações vai depender das condições climáticas e pressão da doença em cada região. Todavia, o recomendável atualmente é que se faça pelo menos três”, acrescenta.

“A incidência e severidade das doenças varia de acordo com a região. Por isso, é essencial o produtor observar quais problemas são, historicamente, mais recorrentes na sua localidade, além de estarem sempre atentos às condições climáticas em cada safra”, finaliza Ximena.

Fonte:
 IHARA

segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

Inovações tecnológicas e tendências que devem movimentar o agronegócio em 2022

 Sabemos que o agronegócio é um dos pilares da economia brasileira. No primeiro semestre de 2021, o PIB do setor teve um crescimento de 9,81% em relação ao mesmo período de 2020, um montante equivalente a R$ 223 bilhões - segundo apontam os cálculos realizados pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, em parceria com a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil). Quando analisamos no detalhe, observamos ainda que a agricultura despontou em relação a pecuária, principalmente devido ao alto custo dos insumos requisitados por esse ramo.

Em um cenário de desafios, altos custos e instabilidades climáticas que exercem impactos relevantes para o setor, a tecnologia mais uma vez tem desempenhado papel importante - e até fundamental - para incrementar a produção. Por isso, abaixo destaco quatro temas que devem estar no radar do setor do agronegócio em 2022:

Agricultura de precisão

No mercado já há uma série de soluções robustas, que atendem desde o planejamento da distribuição dos insumos até a preparação da propriedade para recebê-los, o que é conhecido como agricultura de precisão.

Essa metodologia de produção não é novidade, ela se fundamenta no uso de tecnologias que visam facilitar e modernizar as propriedades rurais e possui uma gestão baseada na coleta de dados, reunindo e processando uma série de informações e características da área produtiva. Num segundo momento, há ainda o planejamento do gerenciamento, em que são fornecidas estratégias e diretrizes para melhorar a gestão dos insumos, com base em padrões e requisitos estabelecidos pelo próprio produtor - aqui podem ser aplicados diferentes sistemas e soluções, incluindo Inteligência Artificial para a análise dos dados. E, por fim, a agricultura de precisão ainda pode prever a aplicação dos insumos de forma automática e com maior rigor técnico. Tudo isso pode ser um verdadeiro impulsionador da Agricultura 4.0 no Brasil.

Tecnologia 5G

A chegada da quinta geração de rede móvel certamente causará uma das maiores transformações no campo, permitindo uma maior transmissão de dados, de forma rápida e com maior alcance. Ainda devido ao custo operacional ser mais baixo que o da tecnologia 4G, o 5G possibilita a implementação de torres de transmissão em áreas mais afastadas, proporcionando maior conectividade às propriedades rurais. Para termos a dimensão do impacto que essa tecnologia trará para o agronegócio, o Atlas do Espaço Rural Brasileiro, publicado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), aponta que dos 5,07 milhões de propriedades rurais, 3,64 milhões ainda operam off-line.

Ainda que a implementação do 5G ainda esteja em processo de acontecer, tendo em vista os leilões de espaço e outras condições necessárias, estudos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) estimam que com a ampliação de 25% da conexão no campo, haverá um aumento de 6,3% no valor bruto da produção (VBP). Isso será possível porque o 5G melhora e impulsiona a adoção de dispositivos de IoT (Internet das Coisas), viabilizando a utilização de sensores e equipamentos para monitorar as safras e os animais; assim como ampliar o uso de drones, conectados à sistemas e softwares de processamento; e outras tecnologias complementares.

Marketplace no agro

Outra tendência que deve marcar o próximo ano é o uso do marketplace no agronegócio. Essas plataformas de venda digital se consolidaram bastante nos últimos meses, principalmente durante a pandemia, facilitando a comercialização de diversos produtos online, de forma rápida e dinâmica. Para o agronegócio, não é diferente.

Os marketplaces agrícolas conectam produtores rurais a distribuidores e compradores de produtos específicos, potencializando as vendas e o escoamento da produção rural. Esse tipo de venda digital também permite o crescimento de alcance dos pequenos produtores rurais, viabilizando a inserção deles em um grande cenário de maior exposição, maiores negociações e com baixo custo de operacionalização.

Agenda ESG

Pauta importante em diversos setores da economia, a agenda ESG ganha destaque no agronegócio. Dentre os vieses da sustentabilidade, a preocupação com os gases do efeito estufa ganha um novo patamar com o crédito de carbono. Os créditos de carbono têm servido como moeda para os negócios, potencializando um mercado multimilionário àqueles players que ainda não conseguiram diminuir seu impacto na emissão de gases.

O mercado de crédito de carbono ainda precisa ter regras mais claras, mas isso deve ser resolvido em breve, pois já há países o abordando como uma "nova commodity" global. Segundo um levantamento da Bayer, a área ocupada pela agropecuária no Brasil é responsável por 500 milhões de toneladas de carbono equivalente (tCO2eq) que, convertidos em dinheiro, correspondem a US﹩5 bilhões. Nesse cenário, pesquisas e aplicação de tecnologias servem de base para a substituição e o aprimoramento de técnicas de cultivo e agropecuária, a fim de reduzir o uso de combustíveis e biomassas não-renováveis por biomassas renováveis.

As previsões e projeções para o agronegócio no próximo ano são várias, mas o fato é que ele deve se manter como uma grande força motriz da economia nacional. Tendo isso em mente, vale ficar ligado em estudos, tendências e inovações que estão sendo inclusive incentivados por iniciativas públicas e privadas, assim como os investimentos feitos em tecnologias e soluções. Os recursos e a tecnologia estão aí para apoiar o avanço do Brasil na jornada da Agricultura 4.0.

Fonte: Grupo Cultivar 

quarta-feira, 21 de outubro de 2020

Como o fósforo acumulado no solo pode chegar à planta

 

Melhor aproveitamento do fósforo pode gerar economia com fertilizantes de até US$ 20 bilhões nas próximas décadas.

Equilibrar o nível de fósforo (P) na lavoura é um dos desafios à produtividade atrelada à sustentabilidade agrícola. De acordo o professor Paulo Pavinato, do departamento de Ciência do Solo, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), o P é um dos nutrientes mais limitantes ao crescimento de plantas nos solos brasileiros. “Em geral, o problema não é a baixa concentração de P no solo, e sim, a baixa disponibilidade desse P às plantas. Grande parte (cerca de 70%) do P aplicado via fertilizantes (mineral ou orgânico) é acumulado no solo em formas pouco ou não acessíveis às plantas. Este P acumulado ou residual é conhecido como legacy P”.

Pavinato liderou um estudo, no qual verificou-se que desde os anos de 1960, cerca de 33,4 milhões de toneladas de P foram acumuladas nos solos agrícolas brasileiros. Segundo o estudo, essa quantia representa um acúmulo de 1,6 milhões de toneladas de P por ano nesta última década, e se seguirmos nesse ritmo serão mais de 100 milhões de toneladas acumuladas até 2050.

Manejo

Para os pesquisadores, a adoção de estratégias de manejo como calagem, sistema plantio direto com rotação de culturas, sistemas integrados, variedades melhoradas e inoculação de microorganismos solubilizadores de P podem proporcionar melhor aproveitamento desse P acumulado no solo. “Ações nesse sentido poderiam gerar uma economia de fertilizantes fosfatados na ordem de US$ 20 bilhões nas próximas décadas. Estes números chamam a atenção, e ilustram o enorme potencial que ainda temos para tornar a agricultura brasileira ainda mais eficiente, rentável e sustentável”, complementa o professor Maurício Cherubin, também do departamento de Ciência do Solo, um dos autores do estudo.

O artigo, intitulado Revealing soil legacy phosphorus to promote sustainable agriculture in Brazil, contou com a colaboração de pesquisadores da Bangor University – UK e pode ser acessado no link. A pesquisa contou com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.

Fonte: Grupo Cultivar 

segunda-feira, 19 de outubro de 2020

Qual a velocidade ideal para semeadura

 

Apesar dos avanços tecnológicos dos sistemas de distribuição de sementes, as falhas são comuns na maioria das lavouras, por conta do uso de velocidade inadequada do conjunto trator/semeadora.

A escolha da variedade foi feita, a área está pronta pra receber a semente, o trator com manutenção em dia, semente tratada e semeadora azeitada e regulada. É a hora de entrar na lavoura e dar início à próxima safra. A condição de trabalho é boa, sem umidade excessiva no solo, palha bem distribuída na superfície e mecanismos dosadores e de ataque ao solo bem calibrados. Então, vamos supor que erremos num fator crucial: a escolha da marcha do trator ou da velocidade de semeadura. Ao fazer esta escolha equivocada, colocamos em risco todos os bons fatores mencionados anteriormente, pois a velocidade de semeadura pode determinar simplesmente a qualidade da deposição de sementes (espaçamento e profundidade), a demanda por tração e o potencial erosivo da lavoura ali instalada.

Dentre os diversos fatores que afetam a qualidade do processo de semeadura direta está a velocidade de deslocamento. A principal questão está relacionada à demanda de trabalho por ocasião do plantio de grandes culturas, às quais o período recomendado para execução da atividade é restrito, determinado principalmente pelas condições climáticas, expressivamente as condições de umidade do solo e recomendações agronômicas de período de semeadura para cada cultura agrícola.

Aliar qualidade na semeadura com capacidade operacional capaz de suprir a demanda de trabalho na janela de semeadura é o principal ponto a ser equalizado. Velocidades mais elevadas aumentam a capacidade operacional do equipamento, o que reduz custos operacionais, mas podem comprometer o sucesso da semeadura. Diversos trabalhos vêm sendo conduzidos e em sua maioria atestam que a variabilidade na distribuição e falhas na emergência da cultura ocasionadas pela elevação da velocidade são causas de queda no rendimento.

Além da qualidade de deposição de sementes, por vezes tratada como “plantabilidade”, outros fatores intimamente relacionados à velocidade de semeadura são a uniformidade de profundidade de deposição de sementes - que tende a ser mais desuniforme em maiores velocidades -, a demanda por esforço de tração e a mobilização e revolvimento excessivos do solo.

Para semeadura de culturas com precisão são comumente utilizadas semeadoras que utilizam dosadores de sementes de disco alveolado ou pneumáticos de pressão negativa (vácuo). Com a evolução tecnológica, surgem no mercado alternativas para maximizar a individualização de sementes e aumentar a velocidade de semeadura. Hoje, existem no mercado mecanismos que prometem semear até a 16km/h sem perder qualidade de deposição. Obviamente tratam-se de condições específicas, não comuns a todas as lavouras e produtores.

É comum encontrar produtores ou técnicos que fazem experimentos dentro da propriedade, visando identificar até que ponto pode-se elevar a velocidade de semeadura. Mas como fazer esta avaliação? Normalmente utilizam-se critérios como: espaçamentos aceitáveis, duplos ou falhos, coeficiente de variação, índice de enchimento do dosador, redução no estande em relação ao esperado, entre outros.

Como avaliar a distribuição de sementes

De maneira geral, são considerados espaçamentos aceitáveis aqueles que ficam entre 0,5 e 1,5 veze o espaçamento teórico nominal. Por exemplo: se a densidade de semeadura desejada é de dez sementes por metro, o espaçamento entre sementes teórico é de 10cm. Então, serão considerados aceitáveis todos os espaçamentos que ficarem entre 5cm e 15cm. Aqueles que ficarem abaixo são considerados duplos, e acima de 15cm, falhos. A análise deve ser realizada em uma amostra representativa, recomendando-se não menos que 100 sementes ou, no exemplo acima, tomaríamos dez amostras de um metro cada. Para a cultura do milho, por exemplo, sendo semeado com semeadoras pneumáticas, o percentual de aceitáveis esperado deve ser próximo de 100. Por outro lado, para a cultura da soja semeada com semeadoras de disco alveolado horizontal, esperam-se valores mínimos de 60% de espaçamentos aceitáveis.

A comparação entre mecanismos dosadores de disco alveolado e pneumáticos é estudada com frequência. Autores e produtores têm verificado que o mecanismo dosador pneumático apresenta melhores resultados em comparação com dosadores de disco alveolado. Entretanto, os resultados são contraditórios, e por vezes mostram que os dosadores de disco alveolado não sofrem com a elevação da velocidade de deslocamento. A maioria dos estudos com semeadoras equipadas com estes tipos de mecanismos concentra-se na velocidade de deslocamento e não na velocidade periférica do disco. Deste ponto, pode-se dizer que quanto mais furos tiver o disco dosador, menor será a sua velocidade periférica e, teoricamente, melhor a distribuição de sementes.

Mas, aqui fica uma ressalva: de nada adianta termos um disco com mais furos se estes não forem adequados ao tamanho da semente. Cabe ao produtor, técnico ou operador selecionar o disco dosador que melhor se adapta àquela variedade. É comum encontrar no campo, discos trabalhando com anel corretor inadequado ou com tamanho do alvéolo muito grande ou muito pequeno.

Na Tabela 1 são mostrados os resultados de um experimento em que foram avaliados quatro mecanismos dosadores, dois pneumáticos e dois de disco alveolado em diferentes velocidades de semeadura. Na simulação da semeadura do milho, não houve diferença entre os dosadores para velocidades de semeadura de até 7,5km/h, embora um dos dosadores de disco alveolado tenha tido um desempenho sensivelmente inferior aos demais. Para a soja, os mecanismos dosadores pneumáticos apresentaram melhores resultados, sendo que os de disco alveolado não apresentaram diferenças significativas entre si, tendo desempenho ruim, independentemente da velocidade.

Em relação à velocidade periférica do disco, na semeadura do milho, para a velocidade periférica de 0,09m/s não houve diferença entre os quatro mecanismos dosadores de sementes, o que também aconteceu com 0,28m/s de velocidade periférica do disco. A diferença entre os mecanismos dosadores se mostrou mais acentuada na velocidade periférica de 0,38m/s, sendo que os percentuais de espaçamentos aceitáveis entre sementes de milho foram elevados, denotando boa regularidade de distribuição de sementes, mesmo nas maiores velocidades periféricas. O percentual de espaçamentos aceitáveis caiu de 92,8% para 67,5% em média para os quatro mecanismos dosadores.

Para a cultura da soja, ao se elevar a velocidade de semeadura, o sistema pneumático apresentou melhor desempenho em comparação ao sistema de disco alveolado horizontal. Esta queda mais acentuada na regularidade de distribuição dos dosadores de disco alveolado é devido à elevação da velocidade tangencial dos discos, causada pelo aumento da velocidade de deslocamento. Como a relação de transmissão entre o dosador e a roda motriz permanece a mesma, a velocidade tangencial do dosador aumenta na mesma proporção da velocidade de deslocamento, o que prejudica a individualização das sementes pelo mecanismo dosador. Em maiores velocidades de deslocamento, pode ocorrer decréscimo no índice de enchimento do mecanismo dosador de sementes.

Para a VP de 0,09m/s, não houve diferença entre os quatro mecanismos dosadores de sementes, o que também aconteceu com 0,28m/s de velocidade periférica do disco. Observando as médias da interação entre os fatores mecanismos dosadores e VPs do disco, nota-se que a variável percentual de espaçamentos aceitáveis reduziu em apenas 9% para o dosador DP1 e em 35% e 31% para os dosadores DDH1 e DDH2, respectivamente, o que ilustra uma maior capacidade de suportar maiores velocidades periféricas dos dosadores pneumáticos.

Esforço de tração e mobilização de solo

Sem dúvida, a principal preocupação “prática” do produtor – além, óbvio, de comprar uma boa máquina – é se o seu trator será capaz de puxar aquela semeadora. Esta também é uma preocupação do fabricante e, em função disso, é normal que os fabricantes superestimem a demanda de tração para que não ocorra o inconveniente do trator “apanhar” com aquela máquina. É comum encontrarmos no campo tratores com quase o dobro da potência necessária para aquela semeadora (Figura 3). Obviamente o fabricante faz esta estimativa considerando as piores condições possíveis, por isso é compreensível que a demanda seja estimada para mais.

A demanda de tração está intimamente relacionada à velocidade de semeadura. Ao aumentarmos a velocidade, para um mesmo esforço de tração, estamos elevando a demanda de potência. Diante do exposto, sempre que possível é recomendável optar por semeadoras um pouco maiores e trabalhar mais devagar. Obviamente obedecendo a recomendação do fabricante na relação trator/semeadora. Outro fator importante e determinante é a carga dos reservatórios de sementes e fertilizantes. Hoje em dia é comum optar por realizar a adubação em uma operação separada da semeadura. A ressalva fica por conta da “não mobilidade” de alguns fertilizantes que acabam, desta forma, se concentrando na camada superficial do solo. Outros fatores, não menos importantes, são o tipo de sulcador, a classificação do solo e o relevo da região, o tipo e a quantidade de pneus (simples ou duplos) e a lastragem adequada.

Outro ponto a considerar é que, quase que invariavelmente, acréscimos na velocidade de semeadura aumentam o volume de solo mobilizado e revolvido, o que acaba tornando a área mais suscetível a processos erosivos. Neste sentido, é importante que o produtor ou operador opte, sempre que possível, por realizar a semeadura em nível, evitando que a água escoe no interior do sulco e ganhe velocidade, aumentando o potencial erosivo.

Figura 1 - Efeito da velocidade periférica do disco na regularidade de distribuição de sementes de milho
Figura 1 - Efeito da velocidade periférica do disco na regularidade de distribuição de sementes de milho.
Figura 2 - Efeito da velocidade periférica do disco na regularidade de distribuição de sementes de soja; DP2: dosador pneumático; DDH2: dosador de disco alveolado
Figura 2 - Efeito da velocidade periférica do disco na regularidade de distribuição de sementes de soja; DP2: dosador pneumático; DDH2: dosador de disco alveolado.
Figura 3 - Potência específica (cv/linha) em 20 propriedades amostradas no Oeste do Rio Grande do Sul
Figura 3 - Potência específica (cv/linha) em 20 propriedades amostradas no Oeste do Rio Grande do Sul.

Opiniões finais

Diante do exposto, fica a dica: não se deve simplesmente elevar a velocidade de semeadura independentemente do mecanismo dosador, da condição de solo, do trator etc. Cada produtor deve ter ciência da sua condição operacional e então adequar a velocidade de trabalho à sua lavoura. Deficiências no contato solo/semente, recobrimento e excesso ou falta de compactação da semente podem ser ocasionados pela escolha equivocada da velocidade. Como dito anteriormente, a simples escolha equivocada “de marcha” pode trazer prejuízos consideráveis na instalação da lavoura, que, certamente, irão se refletir no desenvolvimento da cultura e na produtividade.

Velocidade de deslocamento do conjunto trator/semeadora interfere na qualidade da distribuição
Velocidade de deslocamento do conjunto trator/semeadora interfere na qualidade da distribuição.
Efeito da velocidade de semeadura no volume de solo revolvido e exposto: 6km/h (acima); 8km/h (centro) e 10km/h (abaixo)
Efeito da velocidade de semeadura no volume de solo revolvido e exposto: 6km/h (acima); 8km/h (centro) e 10km/h (abaixo).

Vilnei de Oliveira Dias, Sueli Kullmann, Vanessa Bassin Cogo, (Lamap/Unipampa Alegrete)

Fonte: Grupo Cultivar 

sexta-feira, 16 de outubro de 2020

Sergipe deverá ter maior safra de milho dos últimos 10 anos, segundo IBGE

 Seagri comemora resultado, que mantém Sergipe como 4º maior produtor do Nordeste

Dados do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), publicado pelo IBGE no último dia 8 de outubro, mantém a estimativa de 847.797 toneladas de milho para a safra 2020 em Sergipe. De acordo com a Secretaria de Estado da Agricultura (Seagri), se a previsão se confirmar, será a maior safra dos últimos de 10 anos, representando um aumento de 29,9% da produção em relação ao ano passado. O recorde também será contabilizado no rendimento médio de 5.509 kg/ha, que significa maior produtividade. A área colhida (154.893 ha) também será 11,8% maior que o ano passado.


De acordo com o secretário de Estado da Agricultura, André Luiz Bomfim, o resultado engrandece a agropecuária sergipana, colocando o estado como o 4º maior em produção (depois de Bahia, Piauí e Maranhão); e o 1º em rendimento médio (produtividade) na região Nordeste. “Mesmo em período de pandemia da Covid-19, o setor mostra sua força. Além das excelentes condições climáticas que favoreceram o plantio de milho, a força do trabalhador sergipano, as políticas públicas e incentivos concedidos pelo governo de Sergipe contribuíram para o resultado”, avalia.

André Bomfim destaca que os incentivos têm alcançado grandes, médios e pequenos produtores. “Para os grandes e médios produtores que comercializam grãos para atacadistas, o governo reduziu ICMS de 12% para 2% nas operações comerciais internas e interestaduais. Destaco o serviço importante de assistência técnica e extensão rural feito pela Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro). Outro incentivo é a distribuição de 34,8 toneladas de sementes de milho, para agricultores familiares residentes nos municípios maiores produtores do Sertão e Agreste sergipanos, este ano, adquiridas através de parcerias com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), com o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) e com a empresa Di Solo, distribuidora de sementes certificadas. Importante dizerque parte do milho produzido pelo pequeno e médio agricultor vai para alimentação animal, fortalecendo ainda mais a bacia leiteira no estado e criando uma sinergia importante entre os setores agrícola e pecuário”, explica o secretário.

A redução da alíquota do ICMS do milho em grãos está trazendo resultados positivos tanto para a arrecadação do Estado quanto para agricultores, como Ana Celma, do assentamento São Jorge, em Porto da Folha. “O governo deu esse incentivo e enviou as sementes de milho crioula. Nós complementamos com uma semente que já tínhamos e plantamos 15 tarefas. Se fosse colher todo, daria de 20 a 25 sacas por tarefa, mas como vamos tirar apenas uma parte para a semente do próximo ano, a maior parte vai para ração dos animais, porque aqui trabalhamos com gado de leite. Está aqui a prova do nosso trabalho e da ajuda do governo, o resultado da colheita trazendo dois benefícios, a semente que selecionamos das melhores espigas e guardamos para a safra do próximo ano e, a ração para os animais, uma ração natural, de baixo custo e boa qualidade”, conta.

O agricultor Pedro Ferreira mora no Jacinto Ferreira, no município de Carira, e também celebra a estimativa da safra. Ele não abriu mão de utilizar a produção de milho para garantir uma reserva alimentar para seu rebanho. “Recebi as sementes doadas pelo governo e completei as minhas 20 tarefas com o plantio de milho. Aqui a gente tritura o milho com a palha e faz a silagem para alimentar nossos bichinhos”, conta. Carira está entre os municípios maiores produtores do grão, segundo o acompanhamento conjuntural da cultura do milho realizado pela Emdagro. Também se destacam os municípios de Simão Dias e Frei Paulo. Em 2019, Simão Dias produziu 186 mil toneladas, Carira 138 mil e Frei Paulo 72 mil. A soma dos três municípios representa 60% do total de grãos de milho produzidos em Sergipe na safra anual.

Fonte: Seagri

quinta-feira, 15 de outubro de 2020

Importância da lubrificação das correntes de máquinas e implementos agrícolas

 

Manter as correntes de máquinas e implementos agrícolas lubrificadas é uma necessidade e, muitas vezes, também um desafio.

A manutenção das correntes de acionamento em equipamentos móveis e industriais constitui um particular desafio em face da severidade da condição de serviço a que estes elementos de máquinas são expostos. Os ambientes em que as correntes operam podem ser extremamente poeirentos e úmidos e a força centrífuga a que são submetidas torna extremamente difícil a sua lubrificação.

Antes de abordar as diferentes formas de lubrificação de correntes, nunca é demais mencionar que a lubrificação de correntes com graxa é um método que deve ser evitado devido à ineficácia.

Um dos métodos mais usuais de se lubrificar correntes é manualmente e utilizando-se pincel, brocha ou almotolia. Estes métodos de lubrificação, porém, não são dos mais satisfatórios, pois os intervalos podem ser muito espaçados e irregulares. Além disso, os pinos e as buchas não são lubrificados de forma eficiente e a limpeza (remoção de material particulado sólido abrasivo) é deficiente. Mas existem diversas alternativas à lubrificação manual de correntes de maquinários móveis ou industriais por pincel, brocha ou almotolia, como veremos a seguir.

COPO CONTA-GOTAS

O método de lubrificar com copo conta-gotas é relativamente eficaz, por propiciar a lubrificação e a remoção de material particulado sólido abrasivo (limpeza) continuadas das correntes, reduzindo assim a necessidade das constantes e, nem sempre possíveis, intervenções do mecânico-lubrificador, como no caso da lubrificação manual com pincel ou almotolia. Existem no mercado copos conta-gotas de variadas capacidades volumétricas, que possibilitam a reposição programada do óleo lubrificante com o maquinário em operação, obviamente levando-se em conta questões de segurança, de forma a disponibilizar a lubrificação e a limpeza contínua das correntes.

A lubrificação por copo conta-gotas tem o benefício adicional de se poder ajustar a quantidade despachada de lubrificante, através de parafuso de ajuste, conforme a condição de serviço, e pode ser bem utilizado em equipamentos com regime de operação contínuo ou intermitente.

COPO COM MECHA OU COPO LUBRIFICADOR COM ESCOVA

Estes métodos proporcionam lubrificação e remoção de material particulado sólido abrasivo (limpeza) das correntes de forma contínua, apresentando o inconveniente, porém, de não ser possível efetuar a regulagem do fluxo de óleo lubrificante e a interrupção da lubrificação quando da paralisação do maquinário, sendo necessário um monitoramento mais frequente do nível de óleo lubrificante. Este método de lubrificação tem maior aplicação em maquinários com regime de operação contínuo.

LUBRIFICAÇÃO POR BANHO DE ÓLEO

Neste método, os pinos e as buchas das correntes são lubrificados de forma eficaz e contínua por óleo lubrificante contido em cárter, havendo, também, menor deposição de material particulado sólido abrasivo (limpeza), apresentando boa aplicação em maquinários com regime de operação contínuo ou intermitente.

SISTEMA AUTOMATIZADO

Conforme a necessidade de confiabilidade e disponibilidade do maquinário, a lubrificação de correntes pode ser realizada por meio sistema de lubrificação automatizado. Este método é bastante eficiente, visto dar ao mecânico-lubrificador mais tempo para outras atividades necessárias. A lubrificação de correntes por sistema de lubrificação automatizado necessita, porém, de maiores investimentos em componentes e estudos técnicos mais detalhados. Como exemplo, podemos citar bomba de óleo lubrificante, sistema de temporização do fluxo de óleo lubrificante etc.

A recomendação para lubrificação de correntes de acionamento de equipamentos móveis ou industriais é que o processo deve ser realizado de forma contínua e regular, de maneira que a película lubrificante possa ser satisfatória entre os pinos e as buchas e haja a mínima deposição de material particulado sólido abrasivo (limpeza). Fato é que a lubrificação de correntes em maquinários móveis e industriais muitas vezes é negligenciada, sendo o maior custo não o da corrente em si, mas o do maquinário indisponível. Vale a pena pensar sobre esta questão, muitas vezes de fácil resolução.

Lubrificação manual por almotolia ou pincel
Lubrificação manual por almotolia ou pincel.
Correntes, muitas vezes, operam em ambientes com poeira e umidade
Correntes, muitas vezes, operam em ambientes com poeira e umidade.
Banho de óleo: pinos e buchas bem lubrificados e limpos
Banho de óleo: pinos e buchas bem lubrificados e limpos.
Copo conta-gotas com ajuste de fluxo
Copo conta-gotas com ajuste de fluxo.
Copo com mecha e lubrificador com escova
Copo com mecha e lubrificador com escova.

Marcos Lobo, Petrobras

Fonte: Grupo Cultivar 

quarta-feira, 14 de outubro de 2020

Embrapa apresenta primeira cultivar de uva 100% Nordestina

Voltada para a produção no polo de fruticultura irrigada do Vale do São Francisco, a uva exibe coloração branca, sabor neutro e agradável. - Foto: Fernanda Birolo

 Embrapa Semiárido (Petrolina, PE) apresenta a cultivar de uva de mesa BRS Tainá, a primeira totalmente desenvolvida no Nordeste Brasileiro. Voltada para a produção no polo de fruticultura irrigada do Vale do São Francisco, a uva exibe coloração branca, sabor neutro e agradável, além de ser uma variedade sem semente, uma das mais importantes características exigidas pelo mercado.

A nova cultivar será apresentada no dia 21 de outubro, às 19h30, em Dia de Campo on-line transmitido pelo canal da Embrapa no Youtube. O evento é aberto ao público e contará com a palestra da pesquisadora Patrícia Coelho de Souza Leão, responsável pela condução dos trabalhos de melhoramento de uva na região. Também contará com o depoimento de produtores que têm áreas experimentais da uva em suas propriedades.

Proveniente do cruzamento realizado em 2004 entre as cultivares internacionais Sugraone e Marroo Seedless, que fazem  parte  do Banco Ativo de Germoplasma da Embrapa Semiárido, a BRS Tainá é o resultado de um intenso esforço para disponibilizar aos produtores de uva do Vale uma cultivar branca sem os altos custos de licenciamento de plantio, os chamados royalties, comum nas variedades estrangeiras, explica Patrícia.

A cultivar faz parte do programa de melhoramento genético da Embrapa, denominado ‘Uvas do Brasil’, sendo a primeira variedade de uva com todas as etapas de melhoramento genético, desde o cruzamento até a validação, realizadas pela Embrapa nas condições ambientais tropicais semiáridas. 

O plano de lançamento da BRS Tainá encontra-se em fase de seu licenciamento para viveiristas (acesse o edital) e em breve estará disponível para os produtores.

Principais características 

As características da nova variedade fazem jus ao nome de batismo. ‘Tainá’, de raiz indígena Tupi-Guarani, é uma homenagem ao Brasil, um nome feminino, forte e que remete às origens do nosso país, comenta Patrícia. Trata-se de uma planta vigorosa, com produtividade média estimada no Submédio do Vale do São Francisco 25 toneladas por hectare por ciclo de produção.

O período desde a poda até a colheita está em torno de 110 dias, com pequenas variações ao longo do ano, em função das condições climáticas. Os cachos da BRS Tainá apresentam tamanho médio, com peso de 270 gramas e medindo cerca de 15 x 10 centímetros.

A nova cultivar se destaca ainda por apresentar características desejáveis em uvas para o consumo in natura, como crocância, bagas firmes, com boa aderência ao pedicelo e traços minúsculos e imperceptíveis de sementes. O sabor é neutro e agradável, com uma relação equilibrada entre açúcares e acidez. É uma opção promissora e com grande potencial para se destacar no mercado de uvas de mesa brancas sem sementes.

Apresentação da cultivar de uva de mesa BRS Tainá 

Data: 21/10/2020 

Horário: 19h30 

Link: youtube.com/embrapa

Fonte: Grupo Cultivar

Quais os sistemas e tecnologias presentes nas colhedoras de grãos

 

As tecnologias presentes nas colhedoras de grãos podem proporcionar ganhos em eficiência, porém entender o seu funcionamento e dominar ajustes e calibrações é fundamental.

A mecanização da colheita das lavouras evoluiu muito, no entanto ainda não atingiu seu máximo. Algumas culturas ainda requerem considerável avanço tecnológico para que se viabilize a colheita mecanizada, para tanto a colheita de grãos já avançou consideravelmente e o agricultor tem acesso a soluções de diferentes formas e níveis tecnológicos para a colheita mecanizada (Molin, 2010).

No sistema de produção de grãos vigente no Brasil, sem o preparo convencional do solo, a colheita passou a ser, na maioria dos casos, a operação mais cara, e a colhedora, a máquina mais complexa e com maior custo de aquisição. No nosso ambiente de cultivos do Centro-Sul do Brasil, em que boa parte das lavouras agrícolas permite duas safras por ano (verão e inverno ou safra e safrinha), o agricultor possui maior otimização da utilização das máquinas contribuindo para diluir o custo do capital das colhedoras.

A colhedora é uma máquina projetada e construída especialmente para colher e trilhar diferentes espécies de grãos de várias culturas agrícolas (Portella, 2000).

SISTEMAS QUE COMPÕEM AS COLHEDORAS DE GRÃOS

A colhedora de grãos deve ser analisada e entendida pelos sistemas que a compõem, que são sistema de corte (ou despiga), alimentação, trilha, separação, limpeza, transporte e armazenamento (Molin, 2010). A Figura 1 demonstra os sistemas que compõem as colhedoras de grãos.

Figura 1 - Representação dos sistemas ativos das colhedoras de grãos. Fonte: Conte, O
Figura 1 - Representação dos sistemas ativos das colhedoras de grãos. Fonte: Conte, O

SISTEMA DE CORTE OU ARRANQUIO (DESPIGA)

As plataformas de corte de colhedoras podem ser de dois tipos básicos, as rígidas e as flexíveis. As plataformas rígidas não possuem sensores embutidos, visto não manterem contato com o solo, e são empregadas na colheita de culturas de corte alto, como, por exemplo, trigo, arroz, milho e outras (Conte, 2013).

Já plataformas flexíveis são capazes de executar movimentos de subida, descida e inclinação, a fim de reproduzirem a topografia do terreno onde atuam. Estas plataformas de corte flexíveis são empregadas principalmente para colheita de leguminosas (fabaceae), as quais podem executar o corte rente ao solo e possuem sensores destinados a analisar a altura da plataforma em relação ao solo, que são posicionados nas laterais esquerda e direita (Molin, 2010). Os principais benefícios das plataformas flexíveis são que trabalham nas mais variadas irregularidades do solo e oferecem alta produtividade, mesmo em condições adversas.

No caso de plataforma segadora (trigo, arroz, soja, cevada), o componente principal é o molinete, responsável por conduzir as plantas em pé até a barra de corte, que faz o corte (ABNT, 1987).

A plataforma para colheita de milho e girassol é dividida em unidades despigadoras – uma para cada fileira de plantas, sendo variável pelo tamanho da plataforma e do espaçamento entre linhas. Os componentes principais são os rolos despigadores, responsáveis por puxar o pé de milho ou girassol para baixo, e as espigas ou capítulos, de maior diâmetro que estes, serão barradas e arrancadas por dois delimitadores, dispostos acima dos rolos (ABNT, 1987). As espigas ou capítulos são então carregadas pelas correntes transportadoras até a plataforma e daí levadas ao centro da máquina por meio de um caracol transportador.

O sistema de corte e o de alimentação se complementam, sendo o primeiro dedicado à ceifa ou arranquio e estão associados à plataforma.

Sistemas de trilha e separação e rotor axial
Sistemas de trilha e separação rotor axial.
Sistemas de trilha e separação rotor axial
Sistemas de trilha e separação rotor axial.
Sistemas de trilha e separação saca-palhas
Sistemas de trilha e separação saca-palhas.
Sistemas de trilha e separação híbrido
Sistemas de trilha e separação híbrido.

SISTEMA DE ALIMENTAÇÃO

A condução após o corte ou arranquio do produto pode ser realizada de duas maneiras, através do caracol transportador ou da esteira tipo “draper” (ABNT, 1987).

O caracol transportador leva o produto já cortado até o centro e o conduz ao elevador de alimentação ou canal alimentador.

Recentemente, o caracol vem sendo gradativamente substituído por um transportador tipo esteira draper, em função do aumento da largura da plataforma e, portanto, da distância de transporte até o centro da máquina (Conte, 2013).

A plataforma draper promove um ritmo maior na colheita, com uma alimentação mais suave e constante, a debulha torna-se mais eficiente e os custos de manutenção reduzem-se significativamente. Sem o triângulo de estrangulamento, o material colhido não debulha, não embucha, nem trava a plataforma e flui uniformemente com a massa de grãos para dentro da máquina. Tendo assim como benefícios a colheita mais rápida, eficiente, com maior rendimento e economia de combustível (Molin, 2010).

Após, o material deve ser levado ao elevador de alimentação, onde ele entrega o produto ao sistema de trilha, de fluxo radial ou axial.

SISTEMA DE TRILHA

Tem a função de destacar os grãos dos restos de cultura (caule, espigas, vagem, panículas e folhas). É composto basicamente de cilindro e côncavo (ABNT, 1987).

O cilindro de trilha é composto de barras estriadas dispostas sobre uma estrutura metálica em forma de cilindro. Tem a função de exercer ações mecânicas de impacto, compressão e atrito, por esfregamento, sobre o material que está sendo introduzido entre ele e o côncavo, causando a trilha.

O côncavo tem a forma aparente de uma calha tendendo a envolver o cilindro de trilha. É composto de barras estriadas unidas por estrutura metálica, que toma forma de uma grelha que permite a filtração de sementes, vagens e fragmentos de vagens e de hastes.

Desde muito tempo existiram muitas variações construtivas nas trilhadoras, que ultimamente convergiram para dois formatos – a trilha de fluxo radial ou tangencial e a trilha de fluxo axial (Molin, 2010).

Na trilha de fluxo radial, o produto passa uma única vez entre uma parte móvel – o rotor – e uma parte fixa, o côncavo.

Na trilha de fluxo axial, o produto gira entre o rotor e o cilindro separador, entrando em uma extremidade e saindo na outra. Como a trilha tem que ser completa, obviamente, o sistema em fluxo radial precisa ser mais abrupto, pois o produto fica exposto ao atrito e ao impacto por um contato tangencial de poucos graus. Já no sistema com fluxo axial, há mais tempo para a trilha, pois o produto fica exposto por algumas voltas.

Colhedoras com fluxo axial são mais eficientes em termos de perdas e danos aos grãos, além de permitirem maior alimentação para um mesmo porte de máquina, se comparadas com as de fluxo radial (Camolese et al, 2015; Cassia et al, 2015).

O material não filtrado através do côncavo é dirigido ao sistema de separação.

Diferentes tipos de plataformas de caracol
Diferentes tipos de plataformas de caracol.
Diferentes tipos de plataformas draper, que permitem maior flexibilização e leitura do terreno.
Diferentes tipos de plataformas draper, que permitem maior flexibilização e leitura do terreno.
Diferentes tipos de plataformas draper, que permitem maior flexibilização e leitura do terreno.
Diferentes tipos de plataformas draper, que permitem maior flexibilização e leitura do terreno.

SISTEMA DE SEPARAÇÃO

Após passar pelo sistema de trilha, o material restante é composto por um aglomerado com palha inteira e triturada, grãos debulhados e não debulhados e materiais estranhos. Isso mostra que ainda há a necessidade de se separar o grão dos demais materiais. Essa separação começa a ser feita na grade do côncavo, nas grades do cilindro e nos saca-palhas.

O sistema de separação é composto da extensão regulável do côncavo, batedor, cortinas retardadoras e saca-palhas (ABNT, 1987).

O sistema de separação desmembra o fluxo na máquina entre o grão sujo de palhiço, que segue para o sistema de limpeza, e o fluxo de palha, que segue para a traseira, até ser jogado para fora da máquina. Na trilha de fluxo axial a separação acontece entre o rotor e o cilindro separador, no mesmo corpo do sistema de trilha. No caso de fluxo radial, a trilha é totalmente independente do sistema de separação e esta é composta pelo saca-palhas (Faganello et al, 2015).

SISTEMA DE LIMPEZA

Após passar pelo sistema de trilha e separação, grãos e impurezas devem ser levados ao sistema de limpeza da máquina.

O sistema de limpeza é composto por um dispositivo denominado de bandeja de alimentação (“bandejão”), e os mecanismos de limpeza são a peneira superior, a peneira inferior e o ventilador (ABNT, 1987).

Enquanto os grãos caem por gravidade ao passar pela primeira peneira, chegarão à peneira inferior e serão atingidos por uma corrente de vento horizontal gerada pelo ventilador, que transporta o palhiço para fora da máquina. Os grãos limpos são recolhidos pelo escorregador de grãos limpos, no fundo da máquina (abaixo da peneira inferior) e levados via helicoide transportadora para o elevador de grãos limpos (Molina, 2014).

Sobre a peneira superior ficarão retidos materiais maiores que a sua abertura. Esse material é, por exemplo, parte de uma vagem de soja que contém grãos. Se ele seguir o caminho do palhiço, será jogado fora pela traseira da máquina, e isso não é desejável. Assim, todas as máquinas que possuem as peneiras têm na sua parte final um elemento denominado de extensão de retrilha da peneira superior. Nesse trecho da peneira é feita a regulagem de abertura para que esse material caia, pelo escorregador da retrilha, e seja recuperado e redirecionado para a retrilha (trilhado novamente) (Molin, 2010).

Existem basicamente dois tipos de sistema de retrilha nas máquinas de mercado. A retrilha independente é realizada na parte posterior da máquina, próximo às peneiras, e é composta por uma pequena unidade de trilha, normalmente por impacto. A outra opção é da retrilha integrada, que é realizada na trilha principal, e para isso a máquina deve dispor de um elevador dedicado, denominado de elevador da retrilha, que recebe esse material e o entrega na entrada da trilha, na parte anterior da máquina.

Monitores com as principais informações de colheita e funcionamento da colhedora estão presentes em praticamente todos os modelos
Monitores com as principais informações de colheita e funcionamento da colhedora estão presentes em praticamente todos os modelos.
Com a telemetria, é possível  acompanhar todo o processo da colheita a distância
Com a telemetria, é possível acompanhar todo o processo da colheita a distância.

SISTEMA DE TRANSPORTE E ARMAZENAMENTO

Manejar a colheita significa mover os grãos trilhados, separados e limpos para o tanque graneleiro e deste tanque para um vagão ou caminhão. Todavia, a retrilha é outra fase do manejo dos grãos que deve ser também incluída (Nunes, 2016).

Entre os componentes de manejo destacam-se o elevador de grãos limpos, o elevador de carregamento do tanque graneleiro, todos os condutores helicoidais, incluindo os de material não trilhado e limpo, o tanque graneleiro e o condutor helicoidal de descarga do graneleiro (ABNT, 1987).

Depois de limpo, o condutor helicoidal de grãos limpos entrega o material ao elevador de grãos, que os leva para o condutor superior de grãos limpos ou para o condutor que carrega o tanque grane1eiro na parte superior da máquina. Este tanque armazenará os grãos temporariamente, e quando estiver cheio, o operador descarrega esses grãos para uma carreta graneleira ou caminhão por meio do tubo de descarga, que é uma grande helicoide transportadora.

Sensores de produtividade e de umidade de grãos podem ser instalados no topo do elevador-transportador de grãos para estimativa de tais parâmetros vinculado com Global Navigation Satellite System (GNSS) para espacialização e verificação da variabilidade dos mesmos. Os sensores mais comuns são de impacto e de infravermelho, sendo necessária calibração prévia. (Molin, 2010).

CONTROLADORES E GNSS EMBARCADOS

O tipo de controlador mais utilizado em máquinas agrícolas é o baseado na realimentação (“feedback”). Realimentação é o processo em que a variável a ser controlada é medida e usada a influenciar o valor da própria variável (Dias et al, 1998).

Os controladores são acoplados em um sistema de navegação por satélite, o qual possui a capacidade de oferecer posicionamento em qualquer ponto da superfície terrestre, adotando-se a nomenclatura de GNSS.

GPS diferencial (DGPS - Differential Global Positioning System) é uma evolução do GPS, que provê uma melhoria significativa na precisão da localização. Da precisão nominal de 15 metros obtida com o GPS para cerca de 10cm nas melhores implementações do DGPS (Molin, 2010).

O Real Time Kinematic (RTK) é uma técnica que se baseia na medição de fase da onda portadora dos sinais dos satélites (ao invés das informações transmitidas por estes sinais), a qual é corrigida através de dados de correção enviados por uma estação de referência, permitindo-se obter uma acurácia decerca de 0.02-0.2 metro (Molin, 2010).

TELEMETRIA E INTERNET DAS COISAS (IoT)

Telemetria é uma tecnologia que permite a medição e a comunicação de informações de interesse do operador ou desenvolvedor de sistemas.

Telemetria possui origem grega (“tele” é remoto e “metron” significa medida), entrou na agricultura há cerca de cinco anos e ganha cada dia mais aplicação na tecnologia embarcada nas máquinas agrícolas no Brasil, tanto em grandes como médios produtores de grãos, cana, entre outros.

A telemetria é o mais recente passo da agricultura de precisão (AP). Remotamente, é possível acompanhar tudo que acontece no campo. O produtor pode visualizar on-line todos os parâmetros do veículo e pode entrar em contato com o operador quase instantaneamente para fazer as correções necessárias, entre outras atividades.

Internet das coisas (em inglês Internet of Things, IoT) é um conceito que se refere à interconexão digital de objetos cotidianos com ainternet, conexão dos objetos mais do que das pessoas, sendo fundamental na confecção de plataformas digitais.

A telemetria integrada a outras ferramentas da agricultura de precisão acopladas às máquinas, como mapas de produtividade, monitor de colheita, barra de luz (sistema de navegação), piloto automático e aplicadores de taxa variável, ajuda o produtor ou gestor a fazer uma radiografia da lavoura, a fim de definir ações para melhorar o desempenho das operações, aumentando a produção e a produtividade e gerando uma redução de custos (Globo Rural, 2017). 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para cada funcionalidade, sistema ou tecnologia embarcada em colhedoras de grãos é necessário conhecimento para otimizar a funcionalidade.

Entender o funcionamento, dominar ajustes e calibrações em colhedoras de grãos proporcionam melhores resultados no trabalho de colheita, bem como a eficiência da operação.

Novas tecnologias na agricultura, e principalmente em colhedoras agrícolas de grãos, podem proporcionar ganhos em eficiência e conhecimento, diminuindo mão de obra e custos.

Classes de colhedoras de grãos

A classificação de colhedoras de grãos de acordo com a potência do motor segue de acordo com a AEM (Association of Equipment Manufacturers).

•Classe 3 < 161 HP.

•Classe 4 = 161 - 200 HP. Exemplos: MF5650, BC4550, TC5070, JD 1175;

•Classe 5 = 201 - 254 HP. Exemplos: S550, CR5080;

•Classe 6 = 255 - 294 HP. Exemplos: BC6500, AFS2799, S660, CR6080;

•Classe 7 = 295 - 354 HP. Exemplos: MF9790, BC7500, AFX7230, S670;

•Classe 8 = 355 - 474 HP. Exemplos: MF9895, BC8800, CR9080

•Classe 9 = 475 - 594 HP. Exemplos: CR9090, S690.

Luan Pierre Pott, Airton dos Santos Alonço, Henrique Eguilhor Rodrigues, Gessieli Possebon, Mayara Torres Mendonça, Rômulo Bock, Wagner Alexandre Silveira da Cruz, Ítala Thaísa Padilha Dubal e Tiago Rodrigo Francetto, UFSM

Fonte: Grupo Cultivar

8 de agosto é o Dia do Produtor Rural Sergipano

  Por Shis Vitória/Agência de Notícias Alese Pensando na importância que o agronegócio possui na cadeia produtiva e pela ligação com vários ...