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segunda-feira, 18 de abril de 2022

Embrapa promove testes para elevar produtividade de forrageiras no Semiárido

 Pesquisa desenvolvida pela Embrapa em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), com experimentos nos nove estados da região Nordeste e na região norte de Minas Gerais, evidenciou benefícios de se diversificar a oferta de plantas forrageiras no Semiárido brasileiro. O projeto Forrageiras para o Semiárido, ao longo de três anos de atividade, mostrou resultados de produtividade e resiliência de espécies forrageiras testadas em 12 diferentes unidades de referência tecnológica (URTs).

No projeto, foram testadas 26 espécies, entre gramíneas perenes, gramíneas anuais, cactáceas e lenhosas. Entre as gramíneas perenes, os capins Buffel Aridus, Massai e BRS Tamani apresentaram melhor desempenho médio, com produtividade variando entre 15 e 20 toneladas de matéria seca por hectare a cada ano e resistência para formação de pastos.

Entre as gramíneas anuais, usadas para compor reserva alimentar em forma de silagem, o sorgo BRS Ponta Negra produziu forragem para encher dois silos de 40 toneladas, em unidades onde a precipitação média foi de 600 mm anuais – uma silagem suficiente para ser fornecida a um rebanho de sete vacas durante 180 dias. O milheto BRS 1501, por sua vez, teve bom desempenho em condições ainda mais adversas: em regiões com precipitações anuais abaixo de 400 mm, ele chegou a produzir 18 toneladas de massa verde, reserva capaz de alimentar um rebanho de 33 cabras durante 180 dias.

Nas espécies lenhosas, usadas para compor bancos de proteína, leucena e gliricídia tiveram produtividade de 3 toneladas de matéria seca por ano. Já nas cactáceas, além de boa produtividade, os experimentos mostraram capacidade de resiliência: 99% dos materiais testados sobreviveram a condições adversas no Semiárido durante os três anos de projeto.

De acordo com a pesquisadora Ana Clara Cavalcante, chefe-geral da Embrapa Caprinos e Ovinos (CE), todos esses indicadores são muito positivos, especialmente porque foram obtidos em condições de sequeiro – em locais com precipitação acumulada média menor que 600 mm por ano e onde as plantas forrageiras contam somente com água das chuvas como recurso hídrico – semelhantes à realidade da maioria dos produtores rurais no Semiárido brasileiro.

“Essa resposta tem essa magnitude porque foi utilizada tecnologia em práticas que permitem manter mais água de chuva no solo e na planta. A implantação de espécies lenhosas fez uso de hidrogel (quando adicionado às mudas, serve como uma reserva de água em períodos de estiagem). Para cactáceas, tivemos o uso de técnica de plantio em camaleão, que evita o contato direto da planta com a água e, ao mesmo tempo, permite o acúmulo de água no solo entre as linhas de palma”, destaca a pesquisadora.

Forrageiras adaptadas a realidades locais

Os experimentos nas 12 unidades de referência tecnológicas evidenciaram que é necessário observar com atenção as realidades locais, pois o Semiárido brasileiro não é homogêneo, apresentando diversidade de condições ambientais em suas regiões. “As espécies avaliadas, materiais provenientes dos programas de melhoramento vegetal da Embrapa e de parceiros, foram testadas em diversos ambientes e comprovaram que determinadas características genéticas se manifestam melhor em condições específicas de solo e precipitação”, frisa a pesquisadora.

Com os trabalhos nas URTs, é possível indicar forrageiras mais adaptadas a realidades locais para implementação nas propriedades rurais, como alternativas para compor o cardápio forrageiro. Na URT em Tenório (PB), os testes indicaram bons resultados para espécies como o sorgo Ponta Negra e a cactácea Orelha de Elefante Mexicana (26,6 toneladas MS/hectare/ano).

“São resultados muito significativos. É perfeitamente possível alcançar produtividades até maiores. Nas visitas feitas à URT, em dias de campo ou a partir de lives, os produtores começaram a ver a importância da diversidade de plantas na propriedade, pois, com planejamento, obedecendo as janelas de plantio, e observando as culturas mais resistentes é perfeitamente possível ter várias opções de forragens na propriedade”, avalia Humberto Gonçalves, licenciado em Ciências Agrárias e técnico do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural da Paraíba (Senar/PB) que acompanhou os trabalhos na URT.

Já na URT de Montes Claros (MG), região do Semiárido mineiro, tiveram destaque, em termos de produtividade, o sorgo BRS 658 (24 toneladas de MS/hectare/ano), o capim Andropogon (10 toneladas MS/hectare/ano) e também a Orelha de Elefante Mexicana (19 toneladas MS/hectare/ano). Segundo a engenheira agrônoma Inez Silva, técnica do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Administração Regional de Minas Gerais (Senar/MG) que acompanhou os experimentos, são indicadores positivos para uma região com chuvas escassas e mal distribuídas, com longos períodos de estiagem e altas temperaturas. Esse desempenho traz, segundo ela, boas opções para a diversificação da oferta de forragem em âmbito local.

“A diversificação de forrageiras ajuda a minimizar os riscos. Com o melhor aproveitamento de cada grupo de plantas, cujas potencialidades se somam e permitem a autonomia dos produtores no processo de produção do alimento, conseguimos uma contribuição mais relevante para viabilizar a pecuária em qualquer sistema de produção do Semiárido, independentemente do tamanho da propriedade”, afirma Inez.

Cooperação técnica

Para a continuidade do projeto Forrageiras para o Semiárido nos próximos três anos, foi firmada uma cooperação técnica entre a Embrapa e a CNA que iniciou em novembro de 2021 uma nova fase, com futura participação de animais em novas URTs. Lá, está sendo estudada a capacidade de resiliência de plantas forrageiras sob condições de pastejo de ovinos, bovinos de corte e novilhas de leite.

Nas URT’s da primeira fase do projeto, já instaladas, será iniciada uma nova etapa de estudos onde serão inseridos materiais inéditos para avaliação. Essas forrageiras serão selecionadas pelas equipes da Embrapa e técnicos do Senar/CNA. Também nessa segunda fase do projeto, as opções do cardápio forrageiro serão incluídas em um módulo do aplicativo Orçamento Forrageiro, para ajudar os produtores do Semiárido na escolha das espécies mais adequadas às suas condições climáticas.

Fonte: Canal Rural 


sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

Nutrição do solo eleva qualidade e rentabilidade das lavouras de hortifrúti

 A produção de frutas, legumes e verduras exige cuidados e produtos específicos para impulsionar os resultados no campo. Para atender às necessidades dos hortifruticultores, a Mosaic Fertilizantes, uma das maiores produtoras de fosfatados e potássio combinados, desenvolveu uma solução com fórmula exclusiva de alta tecnologia, dentro da Linha Performa, que melhora a eficiência operacional com os mais altos níveis de produtividade.

Com formulação com macro e micronutrientes em concentrações ideais para atender as mais variadas culturas de hortifrúti, o Performa HF possui o melhor das tecnologias da companhia – MicroEssentials, Aspire e K-Mag. A solução nutricional da Mosaic Fertilizantes tem o diferencial do equilíbrio e sinergia entre os nutrientes e uniformidade, proporcionando alto rendimento operacional e distribuição eficaz em campo.

A presença do Fósforo e Magnésio de alta eficiência e solubilidade, a disponibilidade imediata e gradual de Boro e Enxofre e o suprimento de Potássio com menor aporte de Cloro, fornecem nutrição balanceada e na quantidade adequada durante todo o ciclo da cultura. Como resultado dessa nutrição avançada, as plantações de hortifrúti apresentam melhor enraizamento e arranque inicial, melhor desenvolvimento vegetativo, aumento do ‘pegamento’ da florada e não agride a microbiota do solo, proporcionando culturas mais vigorosas e produtivas.

Evento reúne produtores de hortifrúti

Empenhada em disseminar conhecimentos acerca da adubação de qualidade e com o compromisso de gerar soluções sustentáveis para o aumento da rentabilidade das lavouras, a Mosaic Fertilizantes realizou um evento on-line para cerca de 150 produtores rurais de HF (frutas, legumes e verduras) de todo o Brasil.

Além das características técnicas e benefícios do produto exclusivo Performa HF, os agricultores tiveram a oportunidade de obter informações sobre como a dinâmica dos nutrientes no solo interfere na nutrição das plantas, sustentabilidade, comercialização de produtos e informações sobre como aumentar a produtividade nas lavouras.


Fonte: Canal Rural

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

Fazendas verticais triplicarão mercado até 2026, diz estudo

 As fazendas verticais vão mais que triplicar seu mercado de US$ 3,1 bilhões em 2021 para US$ 9,7 bilhões em 2026, segundo pesquisa divulgada pela consultoria MarketandMarkets.

fazenda verticalApesar da redução em 2020, por conta da Covid-19, que afetou várias iniciativas com interrupções logísticas e a diminuição da demanda, o setor começou a se recuperar já no final de 2021.

A crescente conscientização sobre higiene e segurança, com o conceito de low touch economy (ou economia de baixo contato), também aumenta a demanda pela agricultura vertical e seus produtos, afirma o relatório.

Entre os sistemas de produção nas fazendas verticais, alguns se destacam como a hidroponia e a aeroponia, assim como os tipos de instalação/estrutura que podem ser contêineres ou, mesmo, construções.

Apesar de menos comuns, a pecuária também tem exemplos de produção em fazendas verticais. É o caso da fazenda vertical mais alta do mundo para suínos, inaugurada na China no ano passado. O prédio tem 26 andares, fica na província de Hubei e iniciou a produção em setembro.

Hidroponia x aeroponia

O sistema hidropônico é amplamente utilizado por produtores comerciais. É mais fácil de configurar, custa menos do que outros modelos e tem maior retorno sobre o investimento (ROI).

Comparando os investimentos necessários para configurar uma instalação hidropônica e aeropônica do mesmo tamanho, a aeropônica requer um investimento inicial maior.

Além disso, o modelo hidropônico otimiza o consumo de água com o mínimo de desperdício, tornando o método de cultivo altamente eficiente neste aspecto, dizem os pesquisadores.

O relatório também enfatiza que a quantidade de nutrientes a ser entregue às plantas pode ser controlada de forma eficaz por meio da hidroponia, possibilitando o controle sobre o processo em fatores como a velocidade de crescimento e o tamanho das plantas.

“Além disso, em caso de queda de energia, a hidroponia permite que as sobrevivam por muito tempo já que o meio de cultivo continua fornecendo água e nutrientes, ao contrário da aeroponia, onde as plantas podem morrer em poucas horas”, dizem os pesquisadores.

Contêineres x construções

Foto de ThisIsEngineering no PexelsDe acordo com a MarketsandMarkets, o mercado agrícola vertical é dominado principalmente pelo segmento de fazendas verticais baseadas em construção, visto que as empresas líderes do mercado estão envolvidas neste tipo de agricultura.

Fazendas verticais em edifícios geram melhor receita por metro quadrado do que fazendas verticais em contêineres, já que as primeiras usam menos capital e incorrem em despesas operacionais mais baixas para a mesma área.

As fazendas verticais baseadas em contêineres de transporte são ideais para atender a pequenas bases de consumidores, uma vez que as safras são cultivadas em espaços limitados, tornando-se ineficaz e caro para servir uma base de consumidores maior.

No entanto, o relatório afirma que o mercado de fazendas verticais em contêineres provavelmente registrará uma taxa de crescimento mais alta, pois é uma solução pronta para uso. Isso ajudará a atender à crescente demanda por produtos frescos e de alta qualidade de forma mais rápida.

“As fazendas verticais baseadas em contêineres são flexíveis, fáceis de operar e portáteis. Consequentemente, espera-se que a crescente demanda por produtos frescos crie notáveis ​​oportunidades de crescimento para este segmento nos próximos anos”, afirma o relatório.

Ásia-Pacífico lidera

Na Ásia-Pacífico, as empresas envolvidas na agricultura vertical estão investindo e expandindo suas operações. O relatório menciona a empresa agritech Sustenir Agriculture (Cingapura), que lançou uma instalação agrícola vertical hidropônica de 30.000 metros quadrados em Tuen Mun, Hong Kong, em novembro de 2019.

Hong Kong é um país densamente povoado com disponibilidade limitada de terras para cultivo. A produção da agricultura convencional não é suficiente para atender a demanda local e, portanto, o país depende muito de produtos importados.

Singapura é um caso semelhante. Diminuir a dependência de alimentos importados e reduzir o desperdício de alimentos no processo de transporte, cultivar localmente uma quantidade significativa de alimentos, em espaço limitado, é a solução oferecida pela agricultura vertical, resultando na expansão das fazendas por empresas da região, conclui o relatório.

Fonte: AG EVOLUTION (https://agevolution.canalrural.com.br/fazendas-verticais-triplicarao-mercado-ate-2026-diz-estudo/)

quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

Plantas ´conversam` com micróbios benéficos para afastar patógenos

 



Plantas de trigo se “comunicam” com microorganismos benéficos que envolvem suas raízes para terem acesso a mais nutrientes do solo e obterem maior proteção contra doenças fúngicas. É o que comprovaram pesquisadores da Embrapa Meio Ambiente e da Esalq/USP, em experimentos conduzidos ao longo de 2021 com o apoio da Fapesp.

Em busca de um manejo mais sustentável, agora os pesquisadores querem, com novos experimentos, entender os padrões e relações que se estabelecem entre esse microbioma, o solo e bactérias benéficas eventualmente inoculadas.

Sabendo que o microbioma da rizosfera fornece serviços ecológicos ao hospedeiro, incluindo nutrição e proteção contra doenças, cientistas buscaram descobrir se plantas de trigo mudariam o padrão da exsudação da raiz, para acessar os recursos fornecidos por esses microrganismos antagônicos, ante a infecção por um patógeno transmitido pelo solo, o fungo Bipolaris sorokiniana.

Para isso, testaram o impacto de três bactérias benéficas – StreptomycesPaenibacillus e Pseudomonas -, antagônicas ao patógeno, no início da doença, para entender como a planta hospedeira e os micróbios benéficos se comunicam para afastar o patógeno da rizosfera.

“Testamos a inoculação independente dos três isolados bacterianos em mudas de trigo inoculadas ou não com o fungo patógeno. O índice de severidade foi o mais alto (93%) em plantas inoculadas exclusivamente com o patógeno (tratamento controle). Em plantas inoculadas com a bactéria antagonista e com o patógeno, o índice de severidade variou de 50 a 62%, mostrando uma diminuição significativa na incidência da doença em comparação com o controle tratamento”, explica Helio Quevedo, da Escola Superior de Agricultura Luiz Queiroz, da Universidade de São Paulo (Esalq/USP).

“Usamos o isolamento bacteriano da rizosfera, seguido de triagem in vitro. Os inoculantes selecionados são capazes de solubilizar fósforo, para fixar o nitrogênio e para produzir ácido indol acético”, diz o cientista.

Diversidade microbioma na proteção de plantas

Em outro estudo, os cientistas buscaram avaliar a diversidade do microbioma da rizosfera e seu impacto na proteção da planta de trigo inoculada com o patógeno de raiz Bipolaris sorokiniana e com um inoculante bacteriano antagonista – Pseudomonas.

Utilizando uma técnica chamada “diluição à extinção”, os pesquisadores “diluíram” a diversidade microbiana de um solo natural e, além do solo natural, usaram tratamentos com um gradiente de solo diluído e também autoclavado.

A inoculação com Pseudomonas resultou em maior altura de planta e massa seca de raiz, principalmente em tratamentos com o solo natural para a altura, mostrando o potencial de promoção do crescimento deste inoculante. Este inoculante também promoveu a proteção da planta nos tratamentos onde o patógeno foi introduzido.

Rodrigo Mendes, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente, explica que o microbioma da rizosfera oferece à planta hospedeira funções benéficas, incluindo absorção de nutrientes, tolerância ao estresse abiótico e defesa contra doenças transmitidas pelo solo.

Por exemplo, durante uma invasão de patógeno fúngico do sistema radicular, famílias bacterianas específicas e com certas funções são enriquecidas na rizosfera e ajudam a prevenir a infecção das plantas pelo patógeno.

Conforme Caroline Nishisaka, da Esalq, o índice de gravidade da doença foi maior em todos os tratamentos que receberam o fungo patógeno Bipolaris sorokiniana, principalmente no solo mais “diluído”, mostrando que é mais destrutivo em solos com baixa diversidade microbiana, onde o inoculante antagonista também é mais eficaz na proteção a planta.

O próximo passo será analisar o impacto da invasão de fungos e bactérias benéficas na montagem das comunidades bacterianas e fúngicas da rizosfera para entender os padrões e correlações entre a estrutura do microbioma da rizosfera, com o solo, a diversidade do microbioma e o estabelecimento do inoculante benéfico.

Os trabalhos foram apresentados no III Simposio Internacional “Avances en el mundo de Microbiomas”, da Universidad San Francisco de Quito, em outubro de 2021.

O projeto de pesquisa, coordenado por Rodrigo Mendes, é financiado pela Fapesp, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, por meio do auxílio regular e pela concessão da bolsa de doutorado a Caroline Nishisaka. (com informações da assessoria de imprensa).


Fonte: AG EVOLUTION 

sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

Agricultura de precisão: entenda como ela pode otimizar a adubação potássica



A agricultura de precisão pode se tornar uma importante ferramenta no planejamento e tomada de decisão do manejo nutricional da lavoura, especialmente, de nutrientes que são exigidos em grandes quantidades pelas culturas, como o potássio. Entenda mais sobre o que é a agricultura de precisão e como ela pode otimizar a adubação potássica!

O que é a agricultura de precisão?

A agricultura de precisão é uma ciência dentro da chamada agricultura 4.0 ou agricultura digital, que se dedica a estudar e desenvolver sistemas de gerenciamento agrícola que considerem as especificidades espaciais e temporais de cada ponto dentro de uma propriedade rural.

O manejo dessa variabilidade espacial e temporal dentro de um sistema de produção busca proporcionar o uso mais racional dos insumos agrícolas, proporcionando a redução das perdas e do impacto ambiental, além de melhorar a rentabilidade da lavoura.

Esse processo se dá de uma forma cíclica, que se inicia com a coleta dos dados, análises e interpretação das informações obtidas com o uso de tecnologias de informação, gerando as recomendações que serão aplicadas no campo e, posteriormente, culminando na avaliação dos resultados para que o ciclo mais uma vez se reinicie.

Washington Luiz, sócio fundador e administrador da Agrospeed, ainda ressalta que quanto mais ciclos vão passando, mais assertivas e precisas vão ficando cada uma dessas etapas.

Apesar do surgimento do termo ainda não ter completado meio século, as diversas constatações e observações científicas que levaram a sua criação datam desde o início do século XX.

Porém, foi somente no final da década de 1980 que surgiram os primeiros mapas de produtividade e as primeiras adubações automatizadas à taxa variável, na Europa e nos Estados Unidos, respectivamente.

O uso dessas novas tecnologias se tornou uma das bases que consolidaram a criação do Congresso Internacional de Agricultura de Precisão (ICPA) e posteriormente a Sociedade Internacional de Agricultura de Precisão (ISPA).

Uma década mais tarde, em 1990, a agricultura de precisão chegou ao Brasil com a importação de máquinas agrícolas com capacidade de fazer o mapeamento das propriedades agrícolas, especialmente de colheitadeiras equipadas com monitores de produtividade de grãos máquinas agrícolas.

As primeiras máquinas nacionais aplicadoras para taxas variáveis de granulados e pós foram fabricadas no início dos anos 2000, impulsionando o movimento brasileiro para a agricultura de precisão e diversas outras iniciativas, como:

  • Primeiro simpósio sobre agricultura de Precisão, realizado na Universidade de São Paulo, Campus Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz;
  • Primeiro Simpósio Internacional de Agricultura de Precisão (SIAP), realizado pela Universidade Federal de Viçosa (UFV);
  • Congresso Brasileiro de Agricultura de Precisão (ConBAP), realizado pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ/USP);
  • Criação da Comissão Brasileira de Agricultura de Precisão, um órgão consultivo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) oficializado em 2012.

Hoje, tecnologias da agricultura de precisão, como o Sistema Global de Navegação por Satélite (GNSS), o sensoriamento remoto orbital, o Sistema de Informação Geográfica, o geoprocessamento e a aerofotogrametria, compõem um mercado com uma taxa de crescimento anual composta de mais de 10% e que podem atingir a marca de quase 9,5 bilhões de dólares em 2024.

Dados estes que foram apresentados pelo relatório Global Markets for Precision Farming, publicado pela BCC Research.

Mas, como esse aquecido setor que vem conquistando o mercado global e nacional pode potencializar os resultados obtidos com a adubação potássica nas lavouras?

A agricultura de precisão e a adubação potássica

A aplicação da agricultura de precisão possibilita uma abordagem mais inteligente dos processos envolvidos na produção agrícola, uma vez que ela está fundamentada no fato de que as lavouras não são uniformes no espaço nem no tempo.

Um exemplo claro dessa discrepância pode ser encontrado no artigo Fertilização potássica analisada economicamente com ferramentas de agricultura de precisão. Nesse estudo, Diego Schmidt Schossler e outros pesquisadores constataram uma expressiva variabilidade espacial dos teores de potássio do solo, com um coeficiente de variação mais de 20% nas duas safras, o que justificou o manejo localizado.




Mapa revelando a grande variabilidade espacial dos teores de potássio no solo. (Fonte: SCHOSSLER et al., 2011)

A criação dessa diferenciação espacial e temporal na coleta e tratamento de dados para o manejo cultural, permite um uso cada vez mais racional e otimizado de insumos agrícolas.

Isso porque o entendimento dos níveis de fertilidade do solo em cada parte da propriedade se torna mais aprofundado, permitindo cálculos cada vez mais precisos da quantidade de nutrientes que, consequentemente, reduzem as perdas por excesso de aplicação e desbalanceamento nutricional.

É o que notam os pesquisadores Rodolfo Bongiovanni e James Lowenberg-DeBoer, no artigo Precision agriculture and sustainability.

Ainda no artigo Fertilização potássica analisada economicamente com ferramentas de agricultura de precisão, Diego Schmidt Schossler e seus colegas pesquisadores conseguiram reduzir a 65% a aplicação em relação à exportação com potássio em áreas com teores acima do teor crítico da cultura da soja para obter a melhor relação custo/benefício.

Mas, será que são só os teores de potássio no solo que permitem um manejo mais otimizado da adubação potássica? Não, outro recurso que vem sendo muito utilizado pelos agricultores é o índice de vegetação com diferença normalizada, também conhecido por NDVI.

O NDVI é capaz de determinar o índice de vegetação ou vigor vegetativo de uma lavoura, através da mensuração da reflectância das folhas. Em condições adequadas, a refletância das folhas na faixa do espectro visível e alta reflectância no infravermelho próximo é menor do que daquelas submetidas à condições de estresses, como a falta de nutrientes por exemplo.

Logo, é possível orientar a adubação potássica através do índice de NDVI e torná-la mais eficiente.

No estudo Sensing development of a soybean canopy under p or k nutritional stress, Martin M. Navarro concluiu que houve uma correlação positiva entre NDVI com potássio foliar nos estádios iniciais de desenvolvimento da soja, sendo o início do estádio reprodutivo o ponto em que o NDVI foi mais sensível à deficiência de potássio.

Mas, para alcançar uma recomendação de adubação potássica otimizada com o uso das tecnologias da agricultura de precisão é preciso se atentar a representatividade e interpretação dos dados.

A importância do uso correto das tecnologias da agricultura de precisão para otimizar a adubação potássica

Dra. Roberta Nogueirol, pós-doutora em Fitotecnia e Bioquímica de Plantas pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ-USP), ressalta que a recomendação de insumos mais assertiva parte do cuidado com a qualidade no uso das tecnologias da agricultura de precisão:

“Devemos ter cuidado em todo o processo para termos uma recomendação de insumos mais assertiva, desde a confecção da grade amostral à recomendação em si. Isso porque o manejo da fertilidade do solo depende de uma amostragem representativa e da interpretação correta dos dados obtidos, para que se possa tomar as decisões acertadas na condução da lavoura.”

Ela explica que uma amostra de solo, por exemplo, vai representar uma quantidade de solo aproximadamente 4 milhões de vezes maior, se for levado em consideração que os laboratórios utilizam apenas 5 cm3 de solo para cada determinação química.

Por isso, aspectos que vão desde o treinamento à escolha da metodologia correta para análise do solo são tão importantes para otimizar a adubação potássica através do uso das tecnologias da agricultura de precisão.


Fonte: VERDE Blog

segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

Adubação racional: Como adubar em ano de altas de fertilizantes?

 


Aumentos nos custos mundiais de energia, desvalorização do real em relação ao dólar, maior carga tributária sobre os fertilizantes imposta pela China, ameaças de embargos de alguns países produtores de fertilizantes como a Bielorrúsia e aumento da demanda mundial por fertilizantes. Pronto, temos o cenário perfeito para uma natural, e significativa elevação nos preços de fertilizantes que chegam ao produtor rural. Tão natural quanto o comportamento dos preços é o raciocínio dos agricultores: “É hora de otimizar o uso do insumo!”. Raciocínio fácil, decisão difícil. Como adubar em ano de altas de fertilizantes?

O primeiro passo é ajustar o alvo e definir o objetivo. Nesse sentido, a busca do agricultor deve ser em realizar a adubação que traga a maior rentabilidade e não a máxima produtividade. Fertilizantes não somente garantem a produção, como também potencializam os ganhos em sacas por hectare. No entanto, o custo e o volume de fertilizantes para o agricultor aumentar sua produtividade de 80 para 90 sc/ha é significativamente maior do que elevar de 70 para 80 sc/ha. Em ambos os casos, o incremento é de 10 sc/ha porém, os investimentos não acompanham a mesma proporção. Seguindo essa lógica, também conhecida como lei dos incrementos decrescentes é que os agricultores devem estabelecer a expectativa de produtividade bem como a adubação, necessária para o atingimento da mesma.

O segundo ponto de atenção é desconfiar de recomendações extremas com grandes restrições de uso de fertilizantes para 100% da área. Existe uma falsa ideia de que nos últimos anos foi criado um bônus de fertilidade, visto que não houve redução nas quantidades adubadas. Ao serem analisados mais de 1000 campos de pesquisas internas da Mosaic (dados não publicados) observa-se que, nos últimos 3 anos o agricultor adicionou menor quantidade de nutrientes do que foi exportado pelas colheitas dessas safras. Ou seja, o balanço é negativo, não foi criado o bônus que poderia ser utilizado em reduções na adubação para a safra corrente. Somado a isso, grande parte desses campos analisados apresentaram teores de nutrientes da análise de solo com valores baixos, muito baixos e, médios. Portanto, o ideal é seguir recomendações técnicas regionalizadas, pautadas em análise da fertilidade do solo e curvas de resposta relacionando adubação e produtividade.

O terceiro e último ponto é investir em tecnologia. Em primeira vista parece contraditório essa abordagem em anos de crise. Contudo, optar por insumos de maior desenvolvimento tecnológico contribui não só para o aumento da produtividade, como principalmente para o aumento da eficiência agronômica. Isso passa pelo material genético escolhido, defensivos e também para os fertilizantes. A Mosaic traz em seu portfólio fertilizantes de eficiência superior que, garantem a nutrição das plantas e maximizam a rentabilidade do produtor.

Em anos desafiadores como este, onde os custos de insumos impactam duramente no bolso do produtor, o sucesso é alcançado no detalhe, no capricho, na análise minuciosa de cada talhão e, assim, definir com critérios técnicos qual o melhor caminho. O cenário de alta é o mesmo para todos. Porém, as reações são diferentes: algumas aleatórias e emocionais e outras criteriosas e racionais; com isso, a recomendação é seguir a segunda opção. Consulte um agrônomo, faça análise de solo, defina com a maior precisão possível as expectativas de produtividade que trarão a máxima rentabilidade considerando custo dos fertilizantes, invista em tecnologia, fuja de recomendações extremas e, fique de olho nos resultados de pesquisas da sua região.


Fonte: Grupo Cultivar

terça-feira, 11 de janeiro de 2022

O manejo agrícola como ferramenta para aumentar a matéria orgânica do solo

 


A matéria orgânica do solo é uma peça-chave para qualquer sistema agrícola produtivo. Ela serve como um termômetro do estado de saúde do solo, estando relacionada a diversos processos essenciais, que vão desde a fixação de carbono à ciclagem de nutrientes. Mas, nem sempre adicionar a matéria orgânica é suficiente para aumentar os seus teores no solo, já que outros fatores, como o manejo agrícola, exercem uma grande influência nessa relação.

A importância da matéria orgânica para o solo

A matéria orgânica (MO) é um constituinte chave do solo, pois ela é capaz de influenciar os seus diferentes componentes químicos, físicos e biológicos. Diego Pelizari explicou que esta influência pode ter um grande impacto na produtividade agrícola, já que ela está envolvida com diversos aspectos da qualidade do solo, como:

  • Fonte de energia e nutrientes para os microrganismos do solo;
  • Estrutura do solo (aeração e permeabilidade);
  • Retenção de água e nutrientes;
  • Mineralização de nutrientes

“Quando olhamos para o solo, nós temos uma fase sólida ou “geladeira”, onde a maior parte dos nutrientes se encontram aderidos nas partículas de solo e da matéria orgânica, e a solução do solo, que pode ser considerada o “prato de comida” da planta”, complementou ele.

Essa influência também se estende para além do solo. Diego Pelizari destacou que o incremento da matéria orgânica no solo pode ter uma contribuição significativa na mitigação dos efeitos das mudanças climáticas.

A primeira contribuição mais direta está relacionada à deposição de carbono no solo. Como as plantas são capazes de reter o carbono da atmosfera, a presença delas, seja na forma viva ou nos vários estágios de decomposição, resulta em um maior “estoque” de carbono no solo.

Para que esse carbono estocado seja retido no solo, é necessário haver a atuação dos microrganismos. Estes por sua vez são favorecidos pela presença de matéria orgânica no solo, já que ela é uma importante fonte de energia e nutrientes.

Diego Pelizari ressaltou como processos como a compostagem podem ajudar a incrementar a matéria orgânica e a biodiversidade do solo:

“Podemos favorecer o aumento da biodiversidade do solo com o uso da compostagem, cobertura morta, rotação de culturas, que melhoram a estrutura do solo, transferência de água e estocagem de carbono.”

Porém, o acúmulo a longo prazo do carbono no solo vai depender também de outros fatores, que podem ou não ser controlados pelo agricultor, como:

O que é matéria orgânica?

Segundo a Encyclopedia of Soil Science, a matéria orgânica pode ser definida como todos os derivados de materiais vegetais e animais incorporados ao solo ou dispostos sobre sua superfície, na forma viva ou nos vários estágios de decomposição, excluindo-se a parte aérea das plantas.

Diego Pelizari destacou que as principais constituintes de matéria orgânica em um agrossistema são:

“Dentro da fração solo, nós temos uma parte que é a matéria orgânica estável (húmus), que tem um período de permanência maior no solo, e a matéria orgânica prontamente decomponível, que está pronta para ser decomposta em curto prazo, além dos organismos vivos”, acrescentou ele.

Uma das formas de transformar a matéria orgânica prontamente decomponível em estável, visando prolongar o seu tempo de permanência no solo, é através da compostagem.

O processo de compostagem é uma técnica que envolve decomposição controlada de matéria orgânica rica em elementos nutritivos, como resíduos animais e vegetais, por meio da ação dos microrganismos.

Entre os benefícios da compostagem, Diego Pelizari ressaltou a disponibilização mais rápida dos nutrientes e a eliminação de possíveis contaminantes e sementes viáveis de plantas daninhas.

Então, adicionar compostos orgânicos no solo é suficiente para garantir o bom aproveitamento dos benefícios da matéria orgânica? Não, na maioria das vezes, é necessário controlar os diversos fatores que afetam a sua dinâmica do solo.

Como o manejo pode favorecer o uso eficiente da matéria orgânica do solo

Quando pensamos na matéria orgânica como fonte de nutrientes para plantas, os aspectos que mais precisam ser manejados são aqueles que interferem no processo de mineralização da matéria orgânica.

A mineralização nada mais é do que o processo de conversão de uma substância orgânica a inorgânica, que é a forma como os nutrientes são absorvidos pelas plantas.

Diego Pelizari pontuou que é possível favorecer a mineralização da matéria orgânica fornecendo, por exemplo, condições aeróbias, boa disponibilidade de água e faixas adequadas de temperatura e pH.

Condições estas que foram demonstradas por Shinsuke Agehara e Darryl D. Warncke no artigo Soil moisture and temperature effects on nitrogen release from organic nitrogen sources.

Por isso, Diego Pelizari mencionou ser imprescindível olhar de uma forma sistêmica para lavoura e entender que muitas vezes uma deficiência nutricional não está associada só com a deficiência de nutrientes, por exemplo.


Fonte: VERDE Blog

8 de agosto é o Dia do Produtor Rural Sergipano

  Por Shis Vitória/Agência de Notícias Alese Pensando na importância que o agronegócio possui na cadeia produtiva e pela ligação com vários ...