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sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Técnicas para boa germinação das sementes de alface

 

Técnica amplamente utilizada em sementes de alface, priming apresenta vantagens e limitações. Resultado positivo depende de fatores como espécie, genótipo, lote, vigor e características fisiológicas do material genético.

O cultivo de alface é realizado durante o ano inteiro, em diferentes regiões brasileiras. Com o mercado crescente, as empresas sementeiras priorizam o desenvolvimento de variedades cada vez mais adaptadas para os diferentes climas, já que as sementes de alface apresentam alta sensibilidade às temperaturas elevadas, o que pode ocasionar problemas na germinação.

Em condições de altas temperaturas (acima de 30°C), durante a fase inicial da germinação de sementes de alface pode ocorrer a termoinibição, que consiste em um estado temporário onde a germinação é inibida, mas o processo poderá ocorrer, uma vez que a temperatura volte a um nível adequado. É, portanto, um fenômeno reversível. Contudo, caso a condição de temperatura elevada permaneça, a germinação será totalmente impedida, ocorrendo assim a termodormência. Este processo leva desde a irregularidade na germinação, resultando em estandes não uniformes, até a completa perda da produção no viveiro.

O processo de germinação de sementes é dividido em três fases. Inicia-se com a absorção de água (Fase I) e prossegue com a ativação de diversos processos metabólicos (Fase II), que possibilitam o crescimento da plântula (Fase III), evento observado através da emissão da radícula. A irregularidade na germinação de sementes foi observada desde o início da atividade agrícola e a hidratação antes da semeadura é uma técnica que já era utilizada por produtores na Roma Antiga. 

Corte de semente de alface peletizada - Semente (S), material de revestimento (R).
Corte de semente de alface peletizada - Semente (S), material de revestimento (R).

Seguindo-se o conhecimento adquirido sobre a germinação de sementes e os fatores que afetam o processo, foi desenvolvida a técnica denominada priming. De maneira geral, consiste em induzir o processo de germinação, interrompendo-o antes da fase III, através da redução da umidade das sementes. O priming é utilizado há muito tempo por empresas de sementes e tem sido constantemente aprimorado com o desenvolvimento de técnicas específicas que, além de permitirem a germinação rápida e uniforme,  aumentam o vigor e o desempenho das plantas, tanto na fase de produção de mudas como no campo. Companhias do setor desenvolvem processos específicos, de acordo com o objetivo do priming, como, por exemplo, ampliar a faixa de temperatura de germinação em alface. Estes processos são patenteados pelas empresas e, portanto, suas características e seus procedimentos não são divulgados. Durante o priming, podem ocorrer aumento do número de aquaporinas (poros que permitem a passagem da água), acúmulo de substâncias osmoticamente ativas (aumentam a pressão osmótica nos tecidos, gerando gradiente que promove a entrada de água) e surgimento de proteínas específicas de resposta ao estresse. Estes fatores podem facilitar a entrada de água na semente e favorecer a germinação futura. Além disso, alterações moleculares e nas estruturas internas das sementes também contribuem para o sucesso da germinação após o priming. Foi observado que sementes submetidas ao priming apresentaram antecipação dos processos de degradação do endosperma, em comparação às sementes não tratadas, sendo este um dos fatores envolvidos na resposta positiva das sementes ao tratamento. 

O priming consiste em uma técnica, na qual a hidratação das sementes permite que processos metabólicos, comumente ativados na fase inicial da germinação, ocorram até um determinado momento em que a tolerância à dessecação ainda não seja perdida. Este pré-tratamento, denominado embebição controlada, ocorre na fase de beneficiamento das sementes e é realizado antes de processos como a peletização.

Existem diversas metodologias para a aplicação desta técnica, que deve ser adaptada de acordo com o objetivo, uma vez que um resultado positivo será dependente da espécie, do genótipo, do lote, do vigor e das características fisiológicas das sementes.

O priming tem como principal objetivo permitir uma emergência rápida e homogênea. No entanto, são relatadas a redução de índices da foto e termoinibição e maior amplitude tolerável da temperatura para a germinação, condições que levam a uma maior capacidade de competição com plantas daninhas e até mesmo certa tolerância a patógenos.

Emergência irregular decorrente da falha na germinação em condições de elevada temperatura.
Emergência irregular decorrente da falha na germinação em condições de elevada temperatura.

Hidro-priming, osmo-priming e termo-priming são as técnicas mais estudadas, de acordo com levantamentos da literatura científica. O hidro-priming consiste na imersão das sementes em água, que é seguida pela secagem. Essa embebição ocorre em faixas de temperaturas de até 20ºC e, em alguns casos, é aerada, um fator adicional que pode levar a um melhor estabelecimento das plantas, quando em condições de limitação hídrica. Para sementes cujas características físicas do tegumento permitem rápida hidratação, a imersão não é recomendada, pois leva à perda de nutrientes, o que inviabiliza o uso posterior. O tratamento alternativo para estes casos é a exposição das sementes a condições de alta umidade, onde a velocidade de hidratação será reduzida.

Osmo-priming consiste na imersão das sementes em soluções que apresentam um baixo potencial hídrico, como soluções de açúcares, que permitem um controle da velocidade de hidratação. Como o potencial hídrico da solução é baixo, não há completa hidratação. Assim, mesmo ocorrendo a indução dos eventos pré-germinativos, a limitação hídrica não permite a completa germinação. Podem ser utilizados na solução de priming: polietilenoglicol (PEG), glicerol, sorbitol ou manitol. Após o procedimento, as sementes são secas ao ar. Além da melhora de índices germinativos, o osmo-priming maximiza o desempenho, quando a plântula é exposta a estresse salino. 

Protusão da radícula em sementes de alface - etapa final do processo de germinação.
Protusão da radícula em sementes de alface - etapa final do processo de germinação.

Termo-priming consiste em expor as sementes a faixas de temperaturas adequadas para a germinação da espécie durante a fase de hidratação. Esta técnica pode melhorar as condições germinativas, quando as sementes tratadas são expostas a condições de estresse ambiental, reduzindo, por exemplo, a termoinibição. Sementes de cultivares de alface termosensíveis apresentaram termoinibição sob temperatura de 36ºC, porém quando as sementes foram submetidas ao processo de termo-priming, a germinação foi elevada a níveis aceitáveis.

Além das técnicas já citadas, são mencionadas na literatura diversas outras de priming que promovem tolerância ou previnem certas condições, como ataque de micro-organismos (quimio-priming), e incluem o uso de micro-organismos benéficos (bio-priming) ou de reguladores de crescimento (hormo-priming). Estas técnicas diferenciam-se da inoculação, por exemplo, uma vez que nela os defensivos, micro-organismos e reguladores de crescimento são aplicados na superfície das sementes a seco, enquanto durante o priming estes aditivos encontram-se na solução de hidratação.

As diversas vantagens e ganhos da utilização de sementes tratadas com priming, como a sincronização da germinação, a aceleração do desenvolvimento, a melhor eficiência da utilização de nutrientes do solo, a resistência a estresses como o salino, térmico, hídrico e bióticos são amplamente reconhecidas. No entanto, existem algumas limitações para o uso do priming e neste sentido podem ser destacados alguns pontos como o fato de que o tratamento ótimo varia amplamente entre as espécies, cultivares e lotes. Assim, é requerido bastante tempo e investimentos para identificar quais os tratamentos de priming que atuam na superação de alguma condição específica. Outros riscos incluem ainda a contaminação por micro-organismos durante a embebição na solução e danos causados pela rápida dessecação para alcançar o status de hidratação da semente anterior ao priming. A maior limitação da técnica está no tempo de viabilidade das sementes que foram tratadas, que é significativamente reduzido quando comparado a sementes que não foram submetidas ao priming.

De acordo com informações oferecidas por empresas de sementes que atuam no Brasil, praticamente todas as sementes peletizadas que fazem parte do catálogo profissional de cultivares de alface foram submetidas a processos de priming. O avanço das técnicas de priming é importante, pois objetiva superar problemas que são comumente enfrentados na rotina do produtor de mudas.

Sementes de alface sem revestimento (acima) e peletizadas (abaixo).
Sementes de alface sem revestimento (acima) e peletizadas (abaixo).

A alface

A alface (Lactuca sativa L.) é a folhosa de maior importância econômica do Brasil. Segundo a Associação Brasileira do Comércio de Sementes e Mudas (ABCSem) é a terceira hortaliça em maior número de produção, sendo a folhosa mais consumida pelos brasileiros. A espécie, que é rica em vitaminas e auxilia no emagrecimento, é utilizada principalmente in natura, em saladas frescas. Nos últimos anos, a produção da alface no cenário nacional teve um aumento significativo para suprir seu consumo cada vez maior e a procura no mercado de minimamente processados e atender, principalmente, as redes de fast-food.

Michael Henriques Pereira, Rita de Kassia Guarnier da Silva e Cláudia Lopes Prins, Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF)

Fonte:Grupo Cultivar 

quarta-feira, 29 de julho de 2020

Controle biológico em hortaliças e frutas contribui para manejo de pragas e não deixa resíduos

Biotrop apresenta soluções para o manejo natural dos sistemas agrícolas que aumentam o poder nutricional e realizam o biocontrole de pragas e doenças, contribuindo para uma agricultura mais sustentável.

A produção de frutas, legumes e verduras (FLV) é uma atividade extremamente importante para a agricultura brasileira, responsável por cerca de 13 milhões de empregos diretos e indiretos. Entre as hortaliças, o cultivo é altamente diversificado sendo a agricultura familiar responsável por mais da metade do que é produzido. Já nas frutas, o Brasil tem grande destaque estabelecido como terceiro maior produtor mundial, com cerca de 45 milhões de toneladas ao ano. Segundo a Embrapa, deste total 65% são consumidas internamente e 35% são destinadas ao mercado externo.

Para atender as demandas e especificações principalmente da exportação - que melhor remunera, mas que ao mesmo tempo é mais exigente - é preciso entregar um produto impecável no sabor e aparência, com especial atenção ao LMR (limite máximo de resíduos), ponto de atenção para todos os agricultores, cada vez mais demandado pelos supermercados e consumidores. A missão não é nada fácil, afinal é necessário um controle efetivo de pragas e doenças, além de manejo nutricional eficiente nas propriedades, sem deixar resíduos nos produtos.

Para ajudar os produtores nesse árduo objetivo, uma das ferramentas mais eficientes para reduzir ou zerar os resíduos é o uso de biológicos e naturais. De acordo com Cassiano Forner, pesquisador da Biotrop, empresa que desenvolve soluções biológicas e naturais para a agricultura, este manejo consiste na utilização de organismos capazes de manter a sanidade das lavouras e proteger as culturas em FLV de patógenos (doenças), nematoides ou insetos que podem lhes causar danos.

Ainda segundo o especialista, o controle biológico hoje é uma ferramenta extremamente importante, pois nesse tipo de produção é muito alta a incidência de doença e pragas. “Temos presenciado excelentes resultados de produtividade e rentabilidade com o uso de biológico em FLV. Além disso, os nossos produtos não geram riscos aos humanos, às plantas e nem ao meio ambiente”, diz Forner.

Soluções eficientes no controle biológico

O controle biológico apresenta-se como uma ferramenta aos agricultores  que contribui principalmente por sua utilização não deixar resíduos nos alimentos, com destaque aos consumidos in natura.

Hoje como soluções ao mercado, a Biotrop oferece uma gama de ferramentas para auxiliar os agricultores. De acordo com Fábio Scudeler, gerente de inovação e tecnologia da empresa, hoje há disponível aos produtores de FLV diversos produtos. Por exemplo, o Biofree, promotor de crescimento que é inoculante composto pela combinação de Pseudomonas fluroscens e Azospirillum brasilense. “O produto é capaz de aumentar a eficiência da nutrição vegetal, reequilibrar a biologia do solo e assim elevar a produtividade das culturas. Tem ainda como diferencial promover a biodisponibilização de nutrientes”, destaca.

A empresa também já coloca à disposição os seus dois pré-lançamentos que estão chegando ao mercado. Um deles é Furatrop, um bionematicida e biofungicida composto por uma cepa no manejo de nematoides, produzido com a tecnologia Haya, de origem japonesa, que acelera a ativação das bactérias no solo, melhorando a performance do produto e a rentabilidade da lavoura.

Outro destaque é o Bioexos, um extrato botânico de fonte nobre para o manejo de insetos. Ele se fundamenta nos compostos da Azadirachta indica, planta conhecida por sua ação inseticida e utilizada há séculos em diversos países. A formulação do Bioexos é superior e permite resultados destacados para o produtor.

“Também indicamos todos os produtos da linha de bioativadores aos produtores de FLV. Temos um portfólio bastante interessante e em breve teremos muito mais novidades, pois há muitas soluções aguardando registros junto ao Mapa”, finaliza Scudeler.

Fonte: Grupo Cultivar 

quarta-feira, 24 de junho de 2020

Projeto colaborativo oferece tecnologia para o cultivo de hortaliças

Intitulado de Fazenda Urbana, o sistema desenvolvido é resultado de uma parceria envolvendo startup e multinacional.

A Fazenda Urbana é um projeto colaborativo da startup BeGreen, em parceria com a EMBRAPII (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial) e o Sebrae, que prova que inovação e conceitos da indústria 4.0 podem contribuir diretamente no incentivo à sustentabilidade e alimentação saudável. Trata-se de um sistema de aquaponia e aeroponia desenvolvido pela Unidade EMBRAPII - SENAI Cimatec e instalado na fábrica da multinacional Mercedes-Benz, em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista. As hortaliças livres de agrotóxicos abastecem os restaurantes da empresa e também podem ser compradas pelos funcionários.

Diversos experimentos técnico-científicos foram conduzidos no laboratório de testes pela equipe técnica do projeto até chegar ao protótipo. Com a inovação, os produtores conseguem controlar temperatura, luminosidade, umidade e acidez da água da Fazenda Urbana, tudo em tempo real, por meio de um aplicativo. O resultado deste processo é o aumento em até quatro vezes a produção de alfaces e a redução do ciclo do cultivo em 40% na comparação ao método convencional.

"O propósito final deste projeto está bastante alinhado com os objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU (Organização das Nações Unidas). O sistema foi conduzido por um modelo de financiamento ágil e desburocratizado integrado entre EMBRAPII e Sebrae. É um grande passo que permite a união entre grandes e pequenas empresas" afirma Daniel Motta, Gerente de Tecnologia e Inovação da Unidade EMBRAPII, SENAI Cimatec.

Segundo a startup Begreen, a inovação no ramo de aquaponia e aeroponia, ou seja, técnicas de cultivo sem necessidade de solo, traz como principais benefícios o aumento da produtividade, otimização de tempo de produção, redução de despesas com logística, uma vez que a produção pode ser realizada dentro de centros urbanos, e menor demanda por insumos como água e agrotóxicos, contribuindo assim para uma produção mais limpa. O protótipo de aeroponia vertical com a utilização de LED, agregados aos conceitos da Indústria 4.0, demonstrou potencial real de produção para o comércio em larga escala e em curto espaço de tempo.

Inovação em startups e pequenas empresas

Este é mais um projeto EMBRAPII em parceria com o Sebrae para alavancar ideias inovadoras de pequenos empreendedores buscando potencializar a competitividade de suas empresas no mercado. No modelo convencional da EMBRAPII são financiados até 1/3 do valor dos projetos inovadores da indústria brasileira com recursos não reembolsáveis, além de colocar à disposição para seu desenvolvimento as Unidades EMBRAPII, renomados centros de pesquisa credenciados pela instituição. No modelo específico que inclui o Sebrae, os empreendedores recebem o complemento de suas contrapartidas financeiras nos projetos compartilhando os riscos e contribuindo para sua viabilização.

Fonte: MAPA

terça-feira, 16 de junho de 2020

Mapa registra defensivos agrícolas bioquímicos inéditos de baixa toxicidade

Dois produtos registrados foram classificados no menor grau de toxicidade existente pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). – Foto: Wenderson Araujo/CNA

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) publicou nesta terça-feira (16/06) o registro de dois defensivos agrícolas bioquímicos inéditos. Os dois produtos foram classificados no menor grau de toxicidade existente pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Em 2020, já foram registrados 26 produtos biológicos.

Um dos defensivos registrados hoje, à base de Cerevisane, é um produto bioquímico derivado de um agente biológico de baixo impacto, que pode ser utilizado como indutor de resistência contra a ferrugem da soja. Outro produto, também de baixo impacto, feito de um extrato da alga Laminaria digitata, é um fungicida bioquímico que será utilizado em hortaliças (alface, tomate e cebola) e frutas (morango e uva).

Defensivos Genéricos e biológicos

Ato n° 36do Departamento de Sanidade Vegetal e Insumos Agrícolas da Secretaria de Defesa Agropecuária, publicado nesta terça-feira no Diário Oficial da União, também traz o registro de 25 produtos formulados que utilizam ingredientes ativos já registrados anteriormente no país. Entre eles, estão três defensivos biológicos.

O primeiro é formulado à base de Beauveria bassiana para o controle de mosca branca, moleque da bananeira, ácaro rajado e cigarrinha do milho em qualquer cultura onde essas pragas venham a ser encontradas.

Outro produto biológico registrado é à base de Chrysodeixis includens, utilizado como fungicida biológico para diversas doenças fúngicas de solo que atacam os cultivos brasileiros. Também foi registrado o produto biológico que utiliza Beauveria bassiana e Metarhizium anisoplae para o controle de percevejo marrom e cigarrinha das pastagens em qualquer cultura onde forem encontradas.

O registro de defensivos genéricos é importante para diminuir a concentração do mercado e aumentar a concorrência, o que resulta em um comércio mais justo e em menores custos de produção para a agricultura brasileira.

Sustentabilidade

Os produtos que utilizam agentes de controle biológicos ou bioquímicos na sua formulação são alternativas de controle para os agricultores no combate às pragas, ao mesmo tempo que contribuem para o aumento da sustentabilidade da agricultura nacional.

O Mapa segue comprometido em estimular o uso de produtos biológicos e microbiológicos por parte dos agricultores. Uma das ações desenvolvidas consiste na priorização das análises de produtos de baixo impacto para que aumente o número de registro desses produtos, o que gera menor concentração de mercado, preços mais competitivos e maior acesso dos agricultores aos produtos de baixo impacto.

Recentemente, também foi lançado o Programa Nacional de Bioinsumos, para incentivar a utilização de recursos biológicos na agropecuária brasileira. 

Fonte: Grupo Cultivar

segunda-feira, 1 de junho de 2020

Produção de alface crespa em plantio direto

Sistema proporciona menor infestação de ervas daninhas, maior capacidade de reter água no solo e redução da luminosidade do sol em uma cultura pouco tolerante a altas temperaturas.






As hortaliças possuem uma grande representatividade no cenário nacional agropecuário. Uma cultura que se destaca é a alface (Lactuca sativa), hortaliça com produção de folhas cuja área plantada é estimada em torno de 35 mil hectares (1 hectare equivale a 10.000 m2). Dados de Costa e Sala (2005) dão conta de que este mercado, desde a produção de sementes à comercialização em feiras e grandes redes de supermercados, está na casa dos dois milhões de dólares por ano.
As cultivares que possuem maior aceitação na mesa do consumidor brasileiro são do grupo crespa, que lidera o ranking, com um nicho de mercado que possui uma fatia com mais de dois terços (2/3) da cadeia. Americana e lisa possuem de 10% a 15%, respectivamente.
Sua estrutura fisiológica depende de recursos imediatos, com uso de fertilizantes tanto de solo como foliar, pois possuem baixa duração no período vegetativo. Seu florescimento é rápido e com grande capacidade de produção de sementes, além de possuir alto número de folhas e massa da planta. Estes fatores estão relacionados ao fotoperíodo e principalmente à temperatura. Autores citam que temperaturas acima de 20ºC podem causar pendoamento precoce, tornando inservível a planta para o consumo.
Como este mercado está em franca expansão, muitas empresas têm utilizado seus departamentos de pesquisas para aprimorar e desenvolver novas cultivares, com adaptabilidades a climas específicos.
Um dos problemas encontrados pelos produtores reside no fato de que as hortaliças, na maioria das vezes, são plantas suscetíveis ao sol, ou seja, não são tolerantes a altas temperaturas, por isso o uso de produção em áreas cobertas. Outros fatores que impedem o produtor de obter altas produções é a incidência de ervas daninhas e a baixa retenção de água para as raízes.
Com um clima propício, o Paraná tem uma vasta área de produção de hortaliças e é o terceiro maior produtor do Brasil. Trabalhos como de Trintin (2001), Rodrigues et al (2004), Sereia et al (2002) apresentaram grande importância para a agropecuária estadual, movimentando grandes volumes de dinheiro. Um salto na representatividade do estado reside na adesão ao plantio na palha de grandes culturas, como a soja e o milho, que posteriormente pode abranger outras culturas.
O plantio na palha é conhecido como sistema de plantio direto, que consiste em uma cadeia de operações tanto no solo, como na planta, que traz muitos benefícios para o desenvolvimento geral das culturas. Um dos princípios para que o SPD possa ter eficácia é a cobertura do solo, evitando assim diversos problemas no transcorrer do desenvolvimento das plantas, como as infestações de daninhas, a redução do peso e velocidade das gotas de chuva, o aumento na liberação da matéria orgânica por completo no solo, dentre outros fatores.
Esta união de fatores melhora o sistema completo dos atributos físicos, químicos e biológicos do solo. Alguns autores, como Alvarenga et al (2001), deixaram claro que a palhada sobre o solo é fundamental para que o SPD possa ter eficácia e aumento na eficiência do desenvolvimento do solo e da planta. Esta palhada cria um ambiente favorável às condições físicas, químicas e biológicas do solo, contribuindo para o controle de plantas daninhas, a estabilização da produção e a recuperação ou manutenção da qualidade do solo. Diversas são as variedades de plantas que podem atuar como cobertura do solo (palhada).
Em geral, as leguminosas são preferidas, além de ser consideradas adubos verdes, por possuir alto poder de aproveitamento do nitrogênio atmosférico. Possuem também um sistema de raízes profundas (pivotantes), além de uma relação C/N alta, que resulta em uma decomposição rápida e eficiente. Contudo, plantas de outras famílias podem ser utilizadas com essa finalidade, principalmente se o objetivo for a manutenção da cobertura do solo, e não a incorporação de resíduos.
Segundo Igue (1984), as gramíneas (monocotiledôneas), por possuírem raízes axiais ou chamadas cabeleiras, têm maior área de atuação no solo, o que melhora a estrutura física, aumentando a porosidade e a desagregação das partículas específicas, uma grande aliada para a rotação de culturas leguminosas. A relação C/N mais elevada dessa família implica maior permanência dos resíduos no solo, favorecendo o estabelecimento da cobertura. Do Norte ao Sul do País há plantas que estão completamente adaptadas para este fim, como o sorgo.
O sorgo (Sorghum bicolor L. Moench) é uma planta com características xerofílicas, que além da sua baixa exigência em termos de riqueza mineral do solo, apresenta tolerância/resistência aos fatores abióticos, como estresse hídrico e salinidade. O sorgo é uma planta C4, ou seja, possui altas taxas fotossintéticas. A grande maioria dos materiais genéticos de sorgo requer temperaturas superiores a 21ºC para um bom crescimento e desenvolvimento (Magalhães, 2003).
Tabosa et al (2002) ressaltam o cultivo de plantas xerófilas no semiárido nordestino como meta fundamental para o aproveitamento dessa região, tendo em vista as suas adversidades climáticas. Considerando-se esse aspecto, e aquele relacionado aos diferentes sistemas de produção, prevalecentes na região, infere-se que é de interesse o desenvolvimento de um programa de avaliação de variedades e híbridos de sorgo, com o objetivo de subsidiar os agricultores na escolha de materiais de melhor adaptação, e que sejam portadores de atributos agronômicos desejáveis.
O cultivo do sorgo vem aumentando sua importância na região Nordeste, principalmente nas áreas com ocorrências frequentes de deficiência hídrica, devido às suas características de resistência à seca e substituto do milho na alimentação animal em rações balanceadas para bovinos, suínos e aves (Pitombeira et al, 2004).

Experimento

Com o objetivo de avaliar a produção da alface crespa com a utilização do sistema de plantio direto na palha de sorgo, um experimento foi conduzido em condições de campo, no período de setembro a outubro de 2019, no Colégio Agrícola Estadual Adroaldo Augusto Colombo (CAEAAC - PR), no município de Palotina, Paraná, com altitude de 240m, Latitude Sul 24°47’16” e Longitude Oeste 53°43’29”, região Oeste do Paraná, no Sul do Brasil. Através da análise de solo retirado do local do experimento constatou-se ausência de necessidade de correção ou mesmo de aplicação de fertilizante de solo. O resultado da análise de solo pode ser observado na Figura 1.
O solo da região é classificado como Latossolo Vermelho eutrófico de textura muito argilosa.
Apesar dos resultados (Figura 1), foram aplicados 20kg/ha de “esterco de boi curtido” (compostagem), cinco dias antes do plantio do sorgo, como fonte de matéria orgânica e oferta de nutrientes (principal função da liberação de matéria orgânica para melhora dos processos químicos, biológicos e físicos). A incorporação ocorreu nos canteiros por meio de enxadas, através de trabalho manual.
O híbrido de sorgo utilizado foi o Agroeste (AS4639), com a semeadura a lanço, sendo aplicado em 1m2, 10g de sementes. A função exclusiva do sorgo foi de produção de palhada (cobertura do solo) para o plantio da alface cultivar Crespa. Quando o sorgo estava em ponto de maturação, as plantas foram picadas com um facão simples, deixando o caule (talo) com uma altura de 10cm do solo. Foram utilizadas as folhagens e a frutificação para cobertura do solo. As mudas de alface cultivar Crespa foram adquiridas em uma casa agropecuária da mesma cidade. Nos canteiros onde foram colocadas as testemunhas não houve semeadura do sorgo ou de qualquer outro tipo de cobertura do solo.
O transplantio ocorreu no mesmo dia da compra das mudas, no mês de setembro de 2019. O espaçamento utilizado no plantio da alface foi de 0,20m x 0,20m (espaçamento entre plantas e espaçamento entre linhas), com uma área de planta de 0,04m2, conforme Figura 2.
Os tratos culturais da alface incluíram irrigação quando necessário. Foi utilizado um aspersor (Microaspersor Rotativo Bailarina de estaca de 60cm com microtubo 1m), ligado uma vez ao dia. Também foi realizada uma adubação simples de cobertura do 5-10-10, em uma dosagem 50g/m2. Ambos os manejos foram realizados tanto nos canteiros do tratamento como na testemunha.
No experimento foi aplicado o delineamento em blocos casualizados (DBC) (Figura 3).
Figura 3 - Disponibilização do modelo estatístico do experimento no campo, DBC do plantio da alface cultivar Crespa sobre a palhada de sorgo, Palotina, 2019
Figura 3 - Disponibilização do modelo estatístico do experimento no campo, DBC do plantio da alface cultivar Crespa sobre a palhada de sorgo, Palotina, 2019
A metodologia usada neste trabalho foi descrita e adaptada por Resende et al (2003), avaliando número de folhas viáveis para consumo, massa fresca da parte aérea e massa seca da parte aérea (g). Os dados foram submetidos à análise de variância e comparados pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade, com auxílio do programa estatístico Action. Para os gráficos foi usado o Origin 6.0. Foi também aplicada neste experimento a análise de regressão.
A Figura 3 exibe os resultados de número de folhas, massa fresca e massa seca de parte aérea da alface cultivar Crespa no sistema com plantio direto com o uso de sorgo como palhada. Houve um aumento nas variáveis apresentadas do tratamento em relação à testemunha. Isso pode ser decorrente de uma menor infestação de ervas daninhas, maior capacidade de reter água no solo e principalmente redução da luminosidade do sol. Menezes e Mozena (2004), em um trabalho, utilizando diversas fitomassas, inclusive o sorgo, apresentaram resultados satisfatórios em relação à melhora na estruturação do solo.
A massa fresca de parte aérea é um indicador importante para a produção de alface. Na Figura 3 é possível observar que a MFPA do tratamento obteve um incremento de 3,5g por planta, em uma área em que o produtor possui 10.000 plantas 35.000g, ou seja, 35kg a mais na produção. Reforçando estes valores significativos com o uso do SPD, Duarte Junior et al (2009), ao avaliarem a infestação de ervas daninhas na cultura da cana-de-açúcar, conseguiram obter respostas de produtividades acima de 25% em relação ao plantio convencional.
Oliveira et al (2006) analisaram a viabilidade do SPD na alface cultivar Vera utilizando gramíneas e forrageiras, mas não obtiveram a mesma resposta, no plantio direto em relação ao convencional. Ao contrário do que ocorreu nesta pesquisa, em que NF, MFPA e MSPA registraram diferenças significativas qualitativas e quantitativas, estatisticamente.
O número de folhas e a massa fresca de parte aérea no SPD mostraram resultados satisfatórios em relação ao sistema convencional. Esses dados podem ser relacionados com a menor concorrência da alface em relação às ervas daninhas. Girardello et al (2017) trabalharam com alface no Rio Grande do Sul, com sistema de transição de cultivo convencional e direto com algumas leguminosas e gramíneas e obtiveram maior resultado de massa fresca e altura de planta quando analisados trabalhos em sistema de transição. 
A Figura 4 apresenta as curvas e suas respectivas equações de regressão, aplicados no modelo de número de folhas, massa fresca e seca de parte aérea da alface cultivar Crespa no município de Palotina, Paraná.
Figura 4 - Curvas e equações de regressão polinomiais aplicadas no modelo estatístico, no sistema de plantio direto com uso da palhada de sorgo e convencional na alface cultivar Crespa, Palotina, PR
Figura 4 - Curvas e equações de regressão polinomiais aplicadas no modelo estatístico, no sistema de plantio direto com uso da palhada de sorgo e convencional na alface cultivar Crespa, Palotina, PR
Figura 4 - Curvas e equações de regressão polinomiais aplicadas no modelo estatístico, no sistema de plantio direto com uso da palhada de sorgo e convencional na alface cultivar Crespa, Palotina, PR
Figura 4 - Curvas e equações de regressão polinomiais aplicadas no modelo estatístico, no sistema de plantio direto com uso da palhada de sorgo e convencional na alface cultivar Crespa, Palotina, PR
Figura 4 - Curvas e equações de regressão polinomiais aplicadas no modelo estatístico, no sistema de plantio direto com uso da palhada de sorgo e convencional na alface cultivar Crespa, Palotina, PR
Figura 4 - Curvas e equações de regressão polinomiais aplicadas no modelo estatístico, no sistema de plantio direto com uso da palhada de sorgo e convencional na alface cultivar Crespa, Palotina, PR
Consideradas as variáveis de plantio direto e convencional, observa-se na Figura 4.a, que a MFPA do tratamento sempre esteve acima dos pontos da testemunha (sistema de plantio convencional). O mesmo se verifica nas figuras subsequentes (4.b e 4.c), onde as linhas de tendências do tratamento são maiores que a testemunha, mesmo observando os pontos de máxima e mínima no início e no final da tendência.
O experimento apresentou grande eficiência nas questões relacionadas a número de folhas, massa fresca e seca de parte aérea da alface, com incrementos nos resultados finais, que podem vir a melhorar a rentabilidade final do empresário rural.
Foi observado, sem aplicação de dados estatísticos, que no canteiro em que foi semeado o sorgo, a infestação da principal erva daninha da região, a tiririca (Cyperus rotundus), teve redução significativa na germinação. Este resultado pode estar relacionado à menor incidência de raios solares, o que dificulta para a planta produzir o metabolismo da fotossíntese. 
Emmanuel Zullo Godinho, CAEAAC; Fernando de Lima Canepele, USP; Helio Vagner Gasparotto, Unesp
Fonte: Grupo Cultivar 

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