Lamentando profundamente a recente tensão entre Rússia e Ucrânia, que levou a operações de guerra, o Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) alerta para o risco do aumento de preços e de escassez de fertilizantes, elementos essenciais para a agricultura brasileira, tendo em vista a elevada dependência que o Brasil tem na importação de potássio, tanto da Rússia como da Ucrânia.
Levantamento da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) mostra que os preços pagos pelo agronegócio brasileiro aumentaram até 5,8% em apenas uma semana. Há que se considerar, também, que restrições à agricultura brasileira podem impactar o fornecimento de alimentos produzidos no Brasil para o mundo, com destaque para a China.
Potência ascendente do agronegócio, com participações crescentes nas exportações de alguns dos principais produtos do setor comercializados no mundo, o Brasil depende cada vez mais de insumos importados para fomentar sua produção agropecuária e atender às demandas externa e doméstica por commodities, alimentos processados e biocombustíveis.
O déficit na balança comercial brasileira de fertilizantes é função não apenas da demanda aquecida do setor agrícola nacional, mas também da estrutura de produção e da deficiência de insumos domésticos. O setor envolve altas economias de escala e, embora o país tenha potencialidades, não conta com o nível adequado de investimentos.
Há ainda muitos desafios a serem superados no país para se obter a independência no se refere à produção nacional de fertilizantes, que passam pela: i) articulação de políticas públicas e privadas, visando ampliar o investimento em pesquisa geológica focado na descoberta de depósitos de fosfato e principalmente potássio; ii) isonomia tributária entre o produto nacional e o importado, pois hoje a importação é mais vantajosa do ponto de vista tributário; iii) harmonização de alíquotas de ICMS, que se aplicada, promoveria um ambiente concorrencial equilibrado entre os produtos nacionais e os de origem estrangeira, tema encaminhado pelo Convênio 100 do Conselho Nacional de Política Fazendária (CONFAZ), mas que precisa ser endereçado em definitivo.
No que se refere às oportunidades já existentes no Brasil, merece destaque o Projeto Silvinita, no estado do Amazonas, que tem elevado potencial para reduzir a dependência externa do potássio, cuja implementação vem sendo buscada há vários anos. No entanto, ainda enfrenta desafios para seu licenciamento, que poderiam ser equacionados no plano interno nacional, por meio de sua priorização como elemento estratégico para a soberania nacional.
Nesse contexto, visando a busca de soluções para o avanço do Projeto Silvinita, 0 IBRAM sugere ao Governo Federal a criação de um grupo de trabalho no âmbito da Casa Civil da Presidência, envolvendo a empresa Potássio Brasil, o Governo do Amazonas, Secretaria de Assuntos Estratégicos, IBAMA, FUNAI, Agência Nacional de Mineração, Serviço Geológico do Brasil, Petrobras, Comissões de Agricultura da Câmara e Senado, e o próprio IBRAM. Este GT traria um novo contorno ao GT criado na Secretaria de Assuntos Estratégicos em 2021 e também teria a incumbência de promover a expansão da produção nacional dos insumos necessários ao atendimento da demanda por fertilizantes. O IBRAM está à disposição das autoridades e da sociedade brasileira para dar andamento a esta proposta.
Sabemos que o agronegócio é um dos pilares da economia brasileira. No primeiro semestre de 2021, o PIB do setor teve um crescimento de 9,81% em relação ao mesmo período de 2020, um montante equivalente a R$ 223 bilhões - segundo apontam os cálculos realizados pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, em parceria com a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil). Quando analisamos no detalhe, observamos ainda que a agricultura despontou em relação a pecuária, principalmente devido ao alto custo dos insumos requisitados por esse ramo.
Em um cenário de desafios, altos custos e instabilidades climáticas que exercem impactos relevantes para o setor, a tecnologia mais uma vez tem desempenhado papel importante - e até fundamental - para incrementar a produção. Por isso, abaixo destaco quatro temas que devem estar no radar do setor do agronegócio em 2022:
Agricultura de precisão
No mercado já há uma série de soluções robustas, que atendem desde o planejamento da distribuição dos insumos até a preparação da propriedade para recebê-los, o que é conhecido como agricultura de precisão.
Essa metodologia de produção não é novidade, ela se fundamenta no uso de tecnologias que visam facilitar e modernizar as propriedades rurais e possui uma gestão baseada na coleta de dados, reunindo e processando uma série de informações e características da área produtiva. Num segundo momento, há ainda o planejamento do gerenciamento, em que são fornecidas estratégias e diretrizes para melhorar a gestão dos insumos, com base em padrões e requisitos estabelecidos pelo próprio produtor - aqui podem ser aplicados diferentes sistemas e soluções, incluindo Inteligência Artificial para a análise dos dados. E, por fim, a agricultura de precisão ainda pode prever a aplicação dos insumos de forma automática e com maior rigor técnico. Tudo isso pode ser um verdadeiro impulsionador da Agricultura 4.0 no Brasil.
Tecnologia 5G
A chegada da quinta geração de rede móvel certamente causará uma das maiores transformações no campo, permitindo uma maior transmissão de dados, de forma rápida e com maior alcance. Ainda devido ao custo operacional ser mais baixo que o da tecnologia 4G, o 5G possibilita a implementação de torres de transmissão em áreas mais afastadas, proporcionando maior conectividade às propriedades rurais. Para termos a dimensão do impacto que essa tecnologia trará para o agronegócio, o Atlas do Espaço Rural Brasileiro, publicado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), aponta que dos 5,07 milhões de propriedades rurais, 3,64 milhões ainda operam off-line.
Ainda que a implementação do 5G ainda esteja em processo de acontecer, tendo em vista os leilões de espaço e outras condições necessárias, estudos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) estimam que com a ampliação de 25% da conexão no campo, haverá um aumento de 6,3% no valor bruto da produção (VBP). Isso será possível porque o 5G melhora e impulsiona a adoção de dispositivos de IoT (Internet das Coisas), viabilizando a utilização de sensores e equipamentos para monitorar as safras e os animais; assim como ampliar o uso de drones, conectados à sistemas e softwares de processamento; e outras tecnologias complementares.
Marketplace no agro
Outra tendência que deve marcar o próximo ano é o uso do marketplace no agronegócio. Essas plataformas de venda digital se consolidaram bastante nos últimos meses, principalmente durante a pandemia, facilitando a comercialização de diversos produtos online, de forma rápida e dinâmica. Para o agronegócio, não é diferente.
Os marketplaces agrícolas conectam produtores rurais a distribuidores e compradores de produtos específicos, potencializando as vendas e o escoamento da produção rural. Esse tipo de venda digital também permite o crescimento de alcance dos pequenos produtores rurais, viabilizando a inserção deles em um grande cenário de maior exposição, maiores negociações e com baixo custo de operacionalização.
Agenda ESG
Pauta importante em diversos setores da economia, a agenda ESG ganha destaque no agronegócio. Dentre os vieses da sustentabilidade, a preocupação com os gases do efeito estufa ganha um novo patamar com o crédito de carbono. Os créditos de carbono têm servido como moeda para os negócios, potencializando um mercado multimilionário àqueles players que ainda não conseguiram diminuir seu impacto na emissão de gases.
O mercado de crédito de carbono ainda precisa ter regras mais claras, mas isso deve ser resolvido em breve, pois já há países o abordando como uma "nova commodity" global. Segundo um levantamento da Bayer, a área ocupada pela agropecuária no Brasil é responsável por 500 milhões de toneladas de carbono equivalente (tCO2eq) que, convertidos em dinheiro, correspondem a US﹩5 bilhões. Nesse cenário, pesquisas e aplicação de tecnologias servem de base para a substituição e o aprimoramento de técnicas de cultivo e agropecuária, a fim de reduzir o uso de combustíveis e biomassas não-renováveis por biomassas renováveis.
As previsões e projeções para o agronegócio no próximo ano são várias, mas o fato é que ele deve se manter como uma grande força motriz da economia nacional. Tendo isso em mente, vale ficar ligado em estudos, tendências e inovações que estão sendo inclusive incentivados por iniciativas públicas e privadas, assim como os investimentos feitos em tecnologias e soluções. Os recursos e a tecnologia estão aí para apoiar o avanço do Brasil na jornada da Agricultura 4.0.
Um dos cultivos de maior importância econômica, cultural e social, o feijão está difundido por todo território brasileiro, sendo o terceiro grão mais plantado (em ha), atrás apenas da soja e do milho. Independente da variedade ou cultivar, o cultivo de feijão é conhecido por sua complexidade de manejo, especialmente em regiões de agricultura intensiva, com temperaturas amenas e elevada umidade relativa do ar, fato que favorece o desenvolvimento de doenças na cultura.
Considerada uma cultura sensível a pragas, doenças e condições ambientais, certos cuidados são necessários na fase de implantação da lavoura de feijão para a obtenção de altas produtividades do grão. Fatores como clima, fertilidade do solo, cultivar, hábito de crescimento, sistema de produção e resistência a pragas e doenças devem ser levados em consideração no início da implantação da lavoura.
O cuidado com todos esses pontos são fundamentais para garantir um adequado estande de plantas, estabelecimento da lavoura e rentabilidade do cultivo, contudo, tanto pragas quanto doenças devem receber atenção especial durante o ciclo de desenvolvimento do feijoeiro. Independente da época de semeadura do feijão, 1ª safra 2ª safra ou 3ª safra deve-se estabelecer certos cuidados nos estádios iniciais da lavoura.
Condições de elevada umidade do solo além de prejudicar o estabelecimento da lavoura favorecem o desenvolvimento de doenças fúngicas a exemplo da Fusariose. Popularmente conhecida como Podridão-radicular-seca (Fusarium solani) essa doença causa lesões no colo da planta, podendo causar destruição das raízes primárias impossibilitando a absorção de água e nutrientes do solo, refletindo na morte de plantas e redução do estande (Wendland; Lobo Junior; Faria, 2018) .
Figura 1. Sintomas típicos de Podridão-radicular-seca (Fusarium solani) nas raízes de feijoeiro-comum.
Foto: Murillo Lobo Junior
Doenças como a Antracnose (Colletotrichum lindemuthianum), e a Podridão-radicular de Rhizoctonia solani também são comuns em algumas áreas de produção do feijão nos estádios iniciais do estabelecimento da cultura. No caso da Antracnose, o patógeno é capaz de infectar as sementes, provocando sintomas como a formação de pequenas lesões escuras nos cotilédones e lesões superficiais ou deprimidas no hipocótilo. Já a Rhizoctonia solani, quando a infecção ocorre no estágio de plântula, o fungo produz lesões deprimidas de forma irregular, com a cor castanho-avermelhada na base do caule, que resultam em morte de boa parte do sistema radicular e/ou tombamento das plântulas (Wendland; Lobo Junior; Faria, 2018).
Dentre as possíveis práticas de manejo para controle dessas doenças, podemos destacar o uso de sementes certificadas (livre de patógenos e de boa qualidade física, fisiológica, genética e sanitária), a semeadura e implantação da cultura em áreas bem drenadas, a boa e velha rotação de culturas e principalmente, o tratamento de sementes com fungicidas específicos para o controle dessas doenças.
Figura 2. Sintomas de Antracnose em plântulas de feijoeiro-comum.
Foto: Adriane Wendland
Além da alta suscetibilidade a doenças, pragas iniciais também são problema para o cultivo de feijão. Insetos como o Gorgulho-do-solo (Teratopactus nodicollis); coros, lagarta-rosca (Agrotis ipsilon); Lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus), Spodoptera (Spodoptera frugiperda) e larva-alfinete (Diabrotica speciosa) podem causar sérios danos a plântulas de feijão. Os danos variam em função das pragas, mas pode ocorrer desde destruição das raízes da plântula a seu corte a nível do solo.
Figura 3. Danos de Spodoptera frugiperda em plântulas de feijão.
Foto: Eliane D. Quintela
Dentre as principais consequências do ataque de pragas no início do desenvolvimento da cultura podemos destacar a redução do estande de plantas, implicando diretamente no número de plantas por metro quadrado. Além dessas, outra praga que causa sérios danos a cultura é a Mosca-branca (Bemisia tabaci). Considerada uma praga sugadora, seus principais danos não estão relacionados a sucção de seiva das plantas, mas sim a transmissão do vírus do mosaico-dourado “Bean Golden mosaic virus” e mais recentemente observado o carlavírus “Cowpea mild mottle virus”. Os danos são mais significativos quanto mais jovem a planta for infectada pelos vírus, podendo ocorrer perda total da produção (Quintela & Barbosa, 2015).
Assim como para o controle de doenças de início de ciclo do feijão, o tratamento de sementes exerce significativo efeito para o controle de pragas iniciais, sendo assim, deve-se aliar ao tratamento de sementes com fungicidas, inseticidas para controle dessas pragas. Além do uso desses produtos no tratamento de sementes, é fundamental atentar para a qualidade desse tratamento.
Além de todos esses cuidados citados anteriormente (sementes de qualidade, tratamento de sementes, controle de pragas e doenças…), deve-se atentar para a profundidade de semeadura e distribuição de sementes para o cultivo do feijão, utilizando populações adequadas, com base nas recomendações técnicas da empresa detentora da tecnologia (produtora da semente). Elevadas profundidades de semeadura podem dificultar a emergência das plantas de feijão, retardando o estabelecimento da lavoura. A recomendação geral é utilizar 3 a 4 cm de profundidade em solos argilosos ou com umidade adequada, e, 5 a 6 cm em solos arenosos, em virtude da evaporação (perda) de água mais rápida, especialmente em sistemas sem palha na superfície. Em plantio realizado com solo frio, deve-se optar por profundidade de 3 a 4 cm (Comissão Técnica Sul-Brasileira de Feijão, 2012).
Figura 4. Emergência de plântula de feijão.
Fonte: Agroclima by Climatempo
Outro fato importante sobre o cultivo de feijão, deve-se atentar para o manejo e controle de plantas daninhas, uma das principais estratégias é realizar a implantação da lavoura “no limpo”, especialmente se tratando de lavouras sob sistema de plantio direto. A estratégia favorece o estabelecimento da cultura, antes que ocorra mato competição com plantas daninhas, mas atenção, é essencial identificar as principais espécies de daninhas presentes na área de cultivo, visando determinar o período ideal para controle delas sem que ocorram interferências na produtividade do feijoeiro.
No sistema plantio direto, o uso abundante de palhada residual auxilia no controle de plantas daninhas, atuando especialmente nos fluxos de emergência de espécies fotoblásticas positivas, as quais necessitam de luz para emergir. Como visto anteriormente, uma série de fatores podem intervir no estabelecimento da lavoura de feijão, sendo assim o cuidado com a lavoura nos estádios iniciais do seu desenvolvimento é indispensável para a obtenção de adequadas populações de plantas e boa produtividade da lavoura.
Melhor aproveitamento do fósforo pode gerar economia com fertilizantes de até US$ 20 bilhões nas próximas décadas.
Equilibrar o nível de fósforo (P) na lavoura é um dos desafios à produtividade atrelada à sustentabilidade agrícola. De acordo o professor Paulo Pavinato, do departamento de Ciência do Solo, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), o P é um dos nutrientes mais limitantes ao crescimento de plantas nos solos brasileiros. “Em geral, o problema não é a baixa concentração de P no solo, e sim, a baixa disponibilidade desse P às plantas. Grande parte (cerca de 70%) do P aplicado via fertilizantes (mineral ou orgânico) é acumulado no solo em formas pouco ou não acessíveis às plantas. Este P acumulado ou residual é conhecido como legacy P”.
Pavinato liderou um estudo, no qual verificou-se que desde os anos de 1960, cerca de 33,4 milhões de toneladas de P foram acumuladas nos solos agrícolas brasileiros. Segundo o estudo, essa quantia representa um acúmulo de 1,6 milhões de toneladas de P por ano nesta última década, e se seguirmos nesse ritmo serão mais de 100 milhões de toneladas acumuladas até 2050.
Manejo
Para os pesquisadores, a adoção de estratégias de manejo como calagem, sistema plantio direto com rotação de culturas, sistemas integrados, variedades melhoradas e inoculação de microorganismos solubilizadores de P podem proporcionar melhor aproveitamento desse P acumulado no solo. “Ações nesse sentido poderiam gerar uma economia de fertilizantes fosfatados na ordem de US$ 20 bilhões nas próximas décadas. Estes números chamam a atenção, e ilustram o enorme potencial que ainda temos para tornar a agricultura brasileira ainda mais eficiente, rentável e sustentável”, complementa o professor Maurício Cherubin, também do departamento de Ciência do Solo, um dos autores do estudo.
O artigo, intitulado Revealing soil legacy phosphorus to promote sustainable agriculture in Brazil, contou com a colaboração de pesquisadores da Bangor University – UK e pode ser acessado no link. A pesquisa contou com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.
As minor crops são culturas importantes pois estão presentes nas mesas dos cidadãos do mundo todo, sendo muitas vezes culturas de alto valor agregado, como frutas, hortaliças, leguminosas e outras. - Foto: Wenderson Araujo/CNA
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), aprovou a extensão de uso de mais 17 defensivos agrícolas para as culturas de suporte fitossanitário insuficiente (CSFI), também conhecidas como minor crops (pequenas culturas). A autorização foi publicada no Diário Oficial da União desta terça-feira, 20 de outubro, no Ato n° 58 do Departamento de Sanidade Vegetal e Insumos Agrícolas da Secretaria de Defesa Agropecuária.
Para as culturas do amendoim, ervilha, feijões, grão-de-bico e lentilha são seis extrapolações de uso de diferentes ingredientes ativos - cloridrato de cartape, lambda-cialotrina e diafentiurom e as misturas de dinotefuram com piriproxifem, azoxistrobina com mancozebe, e lambda-cialotrina com clorantraniliprole -, porém são ingredientes que já tinham registro de pelo menos uma dessas culturas.
O produto à base de Boscalida foi o que teve o maior número de inclusões de culturas em sua recomendação de uso, que conforme o agrupamento das CSFI, vai desde as frutas de casca não comestível, passando pelo grupo das frutas que possuem casca comestível, o das raízes e tubérculos, o das hortaliças folhosas e ervas aromáticas, até o grupo das leguminosas e oleaginosas.
As culturas das hortaliças folhosas, além do produto já citado, foram contempladas com um fungicida que é uma mistura de fluxapiroxade com piraclostrobina para controle, principalmente, de mancha preta (Alternaria brassicae) e mal das folhas (Septoria lactucae). Outras pequenas culturas também tiveram a recomendação de uso incluída nesse produto.
Nas culturas de milheto e sorgo foram incluídos produtos à base de carfentrazona-etílica e da mistura de clorantraniliprole com lambda-cialotrina. Já as culturas de batata-doce, batata-yacon, beterraba, cará, gengibre, inhame, mandioca, mandioquinha-salsa, nabo e rabanete foram contempladas com a extrapolação de uso de um produto à base de clorotalonil.
A cultura da melancia ganhou um inseticida à base de teflubenzurom para controle de broca dos frutos (Diaphania nitidalis) e lagarta mede-palmo (Trichoplusia ni). Já para a uva foi um à base de lambda−cialotrina.
Um produto cujo ingrediente ativo é captana que já era recomendado para cebola, pêssego e uva teve mais alvos biológicos incluídos em sua indicação de uso dessas culturas. O mesmo aconteceu com um produto à base de glufosinato – sal de amônio para a cultura da cevada. As frutas ameixa, cacau, nectarina, pera, pêssego, seringueira e uva que já possuem o uso do Glifosato autorizado, agora contam com mais um produto comercial com esse princípio ativo.
Também foram incluídas na liberação de uso as CSFI que não são de uso alimentar. Neste caso, as plantas ornamentais foram contempladas com um produto à base de lambda-cialotrina com clorantraniliprole e a Duboisia, que é uma planta de uso medicinal da qual é extraído o princípio ativo do medicamento conhecido como ‘Buscopan’, teve a inclusão de dois produtos, sendo um à base de Clorotalonil e outro à base de fipronil.
Segurança
Com as extensões aprovadas hoje, os produtores dessas culturas agora poderão utilizar esses produtos conhecendo as doses corretas para proteger seus cultivos e com a garantia de que esses alimentos serão seguros para o consumo. Recentemente, o Mapa já havia aprovado a extensão de uso de três defensivos agrícolas para as culturas minor crops.
Por serem plantadas em áreas menores em comparação às grandes culturas, como soja e milho, as minor crops não apresentam atratividade econômica para a pesquisa privada no desenvolvimento e recomendação de pesticidas, o que dificulta a disponibilidade de produtos para o controle de pragas, sendo um problema para os agricultores dessas culturas. Entretanto, são culturas importantes pois estão presentes nas mesas dos cidadãos do mundo todo, sendo muitas vezes culturas de alto valor agregado, como frutas, hortaliças, leguminosas e outras.
A extensão de uso de defensivos agrícolas para as culturas de suporte fitossanitário insuficiente é o resultado de uma política governamental e ações em parceria com a academia, produtores rurais e indústria.
O Ato publicado também traz diversas alterações de pós-registro dos defensivos agrícolas já registrados.
Apesar dos avanços tecnológicos dos sistemas de distribuição de sementes, as falhas são comuns na maioria das lavouras, por conta do uso de velocidade inadequada do conjunto trator/semeadora.
A escolha da variedade foi feita, a área está pronta pra receber a semente, o trator com manutenção em dia, semente tratada e semeadora azeitada e regulada. É a hora de entrar na lavoura e dar início à próxima safra. A condição de trabalho é boa, sem umidade excessiva no solo, palha bem distribuída na superfície e mecanismos dosadores e de ataque ao solo bem calibrados. Então, vamos supor que erremos num fator crucial: a escolha da marcha do trator ou da velocidade de semeadura. Ao fazer esta escolha equivocada, colocamos em risco todos os bons fatores mencionados anteriormente, pois a velocidade de semeadura pode determinar simplesmente a qualidade da deposição de sementes (espaçamento e profundidade), a demanda por tração e o potencial erosivo da lavoura ali instalada.
Dentre os diversos fatores que afetam a qualidade do processo de semeadura direta está a velocidade de deslocamento. A principal questão está relacionada à demanda de trabalho por ocasião do plantio de grandes culturas, às quais o período recomendado para execução da atividade é restrito, determinado principalmente pelas condições climáticas, expressivamente as condições de umidade do solo e recomendações agronômicas de período de semeadura para cada cultura agrícola.
Aliar qualidade na semeadura com capacidade operacional capaz de suprir a demanda de trabalho na janela de semeadura é o principal ponto a ser equalizado. Velocidades mais elevadas aumentam a capacidade operacional do equipamento, o que reduz custos operacionais, mas podem comprometer o sucesso da semeadura. Diversos trabalhos vêm sendo conduzidos e em sua maioria atestam que a variabilidade na distribuição e falhas na emergência da cultura ocasionadas pela elevação da velocidade são causas de queda no rendimento.
Além da qualidade de deposição de sementes, por vezes tratada como “plantabilidade”, outros fatores intimamente relacionados à velocidade de semeadura são a uniformidade de profundidade de deposição de sementes - que tende a ser mais desuniforme em maiores velocidades -, a demanda por esforço de tração e a mobilização e revolvimento excessivos do solo.
Para semeadura de culturas com precisão são comumente utilizadas semeadoras que utilizam dosadores de sementes de disco alveolado ou pneumáticos de pressão negativa (vácuo). Com a evolução tecnológica, surgem no mercado alternativas para maximizar a individualização de sementes e aumentar a velocidade de semeadura. Hoje, existem no mercado mecanismos que prometem semear até a 16km/h sem perder qualidade de deposição. Obviamente tratam-se de condições específicas, não comuns a todas as lavouras e produtores.
É comum encontrar produtores ou técnicos que fazem experimentos dentro da propriedade, visando identificar até que ponto pode-se elevar a velocidade de semeadura. Mas como fazer esta avaliação? Normalmente utilizam-se critérios como: espaçamentos aceitáveis, duplos ou falhos, coeficiente de variação, índice de enchimento do dosador, redução no estande em relação ao esperado, entre outros.
Como avaliar a distribuição de sementes
De maneira geral, são considerados espaçamentos aceitáveis aqueles que ficam entre 0,5 e 1,5 veze o espaçamento teórico nominal. Por exemplo: se a densidade de semeadura desejada é de dez sementes por metro, o espaçamento entre sementes teórico é de 10cm. Então, serão considerados aceitáveis todos os espaçamentos que ficarem entre 5cm e 15cm. Aqueles que ficarem abaixo são considerados duplos, e acima de 15cm, falhos. A análise deve ser realizada em uma amostra representativa, recomendando-se não menos que 100 sementes ou, no exemplo acima, tomaríamos dez amostras de um metro cada. Para a cultura do milho, por exemplo, sendo semeado com semeadoras pneumáticas, o percentual de aceitáveis esperado deve ser próximo de 100. Por outro lado, para a cultura da soja semeada com semeadoras de disco alveolado horizontal, esperam-se valores mínimos de 60% de espaçamentos aceitáveis.
A comparação entre mecanismos dosadores de disco alveolado e pneumáticos é estudada com frequência. Autores e produtores têm verificado que o mecanismo dosador pneumático apresenta melhores resultados em comparação com dosadores de disco alveolado. Entretanto, os resultados são contraditórios, e por vezes mostram que os dosadores de disco alveolado não sofrem com a elevação da velocidade de deslocamento. A maioria dos estudos com semeadoras equipadas com estes tipos de mecanismos concentra-se na velocidade de deslocamento e não na velocidade periférica do disco. Deste ponto, pode-se dizer que quanto mais furos tiver o disco dosador, menor será a sua velocidade periférica e, teoricamente, melhor a distribuição de sementes.
Mas, aqui fica uma ressalva: de nada adianta termos um disco com mais furos se estes não forem adequados ao tamanho da semente. Cabe ao produtor, técnico ou operador selecionar o disco dosador que melhor se adapta àquela variedade. É comum encontrar no campo, discos trabalhando com anel corretor inadequado ou com tamanho do alvéolo muito grande ou muito pequeno.
Na Tabela 1 são mostrados os resultados de um experimento em que foram avaliados quatro mecanismos dosadores, dois pneumáticos e dois de disco alveolado em diferentes velocidades de semeadura. Na simulação da semeadura do milho, não houve diferença entre os dosadores para velocidades de semeadura de até 7,5km/h, embora um dos dosadores de disco alveolado tenha tido um desempenho sensivelmente inferior aos demais. Para a soja, os mecanismos dosadores pneumáticos apresentaram melhores resultados, sendo que os de disco alveolado não apresentaram diferenças significativas entre si, tendo desempenho ruim, independentemente da velocidade.
Em relação à velocidade periférica do disco, na semeadura do milho, para a velocidade periférica de 0,09m/s não houve diferença entre os quatro mecanismos dosadores de sementes, o que também aconteceu com 0,28m/s de velocidade periférica do disco. A diferença entre os mecanismos dosadores se mostrou mais acentuada na velocidade periférica de 0,38m/s, sendo que os percentuais de espaçamentos aceitáveis entre sementes de milho foram elevados, denotando boa regularidade de distribuição de sementes, mesmo nas maiores velocidades periféricas. O percentual de espaçamentos aceitáveis caiu de 92,8% para 67,5% em média para os quatro mecanismos dosadores.
Para a cultura da soja, ao se elevar a velocidade de semeadura, o sistema pneumático apresentou melhor desempenho em comparação ao sistema de disco alveolado horizontal. Esta queda mais acentuada na regularidade de distribuição dos dosadores de disco alveolado é devido à elevação da velocidade tangencial dos discos, causada pelo aumento da velocidade de deslocamento. Como a relação de transmissão entre o dosador e a roda motriz permanece a mesma, a velocidade tangencial do dosador aumenta na mesma proporção da velocidade de deslocamento, o que prejudica a individualização das sementes pelo mecanismo dosador. Em maiores velocidades de deslocamento, pode ocorrer decréscimo no índice de enchimento do mecanismo dosador de sementes.
Para a VP de 0,09m/s, não houve diferença entre os quatro mecanismos dosadores de sementes, o que também aconteceu com 0,28m/s de velocidade periférica do disco. Observando as médias da interação entre os fatores mecanismos dosadores e VPs do disco, nota-se que a variável percentual de espaçamentos aceitáveis reduziu em apenas 9% para o dosador DP1 e em 35% e 31% para os dosadores DDH1 e DDH2, respectivamente, o que ilustra uma maior capacidade de suportar maiores velocidades periféricas dos dosadores pneumáticos.
Esforço de tração e mobilização de solo
Sem dúvida, a principal preocupação “prática” do produtor – além, óbvio, de comprar uma boa máquina – é se o seu trator será capaz de puxar aquela semeadora. Esta também é uma preocupação do fabricante e, em função disso, é normal que os fabricantes superestimem a demanda de tração para que não ocorra o inconveniente do trator “apanhar” com aquela máquina. É comum encontrarmos no campo tratores com quase o dobro da potência necessária para aquela semeadora (Figura 3). Obviamente o fabricante faz esta estimativa considerando as piores condições possíveis, por isso é compreensível que a demanda seja estimada para mais.
A demanda de tração está intimamente relacionada à velocidade de semeadura. Ao aumentarmos a velocidade, para um mesmo esforço de tração, estamos elevando a demanda de potência. Diante do exposto, sempre que possível é recomendável optar por semeadoras um pouco maiores e trabalhar mais devagar. Obviamente obedecendo a recomendação do fabricante na relação trator/semeadora. Outro fator importante e determinante é a carga dos reservatórios de sementes e fertilizantes. Hoje em dia é comum optar por realizar a adubação em uma operação separada da semeadura. A ressalva fica por conta da “não mobilidade” de alguns fertilizantes que acabam, desta forma, se concentrando na camada superficial do solo. Outros fatores, não menos importantes, são o tipo de sulcador, a classificação do solo e o relevo da região, o tipo e a quantidade de pneus (simples ou duplos) e a lastragem adequada.
Outro ponto a considerar é que, quase que invariavelmente, acréscimos na velocidade de semeadura aumentam o volume de solo mobilizado e revolvido, o que acaba tornando a área mais suscetível a processos erosivos. Neste sentido, é importante que o produtor ou operador opte, sempre que possível, por realizar a semeadura em nível, evitando que a água escoe no interior do sulco e ganhe velocidade, aumentando o potencial erosivo.
Opiniões finais
Diante do exposto, fica a dica: não se deve simplesmente elevar a velocidade de semeadura independentemente do mecanismo dosador, da condição de solo, do trator etc. Cada produtor deve ter ciência da sua condição operacional e então adequar a velocidade de trabalho à sua lavoura. Deficiências no contato solo/semente, recobrimento e excesso ou falta de compactação da semente podem ser ocasionados pela escolha equivocada da velocidade. Como dito anteriormente, a simples escolha equivocada “de marcha” pode trazer prejuízos consideráveis na instalação da lavoura, que, certamente, irão se refletir no desenvolvimento da cultura e na produtividade.
Tecnologias também apoiam do planejamento à comercialização da safra. - Foto: Wenderson Araujo/CNA
A Companhia Nacional de Abastecimento divulgou o primeiro levantamento da Safra 2020/21. A entidade estima que cerca de 268,7 milhões de toneladas de grãos serão colhidos, 11 milhões a mais que a última safra. O estudo aponta também o aumento da área cultivada, a expectativa é que cerca de 66,8 milhões de hectares sejam plantados neste ano, cerca de 879 mil hectares a mais que a última safra.
Um dos fatores que contribui para o alcance destes números é a transformação digital no campo. Produtores rurais investem cada vez mais na agricultura digital, que promove inovação no agronegócio, com tecnologias que elevam a produtividade e proporcionam um maior controle sobre a gestão e produção de cultivos, quase que em tempo real.
Tecnologias apoiam do planejamento à comercialização da safra
A transformação digital pode ser aplicada em todas as etapas da cadeia agrícola e no campo ela vem sendo um grande apoio para um melhor gerenciamento de fazendas. O produtor rural quer crescer de acordo com as expectativas da Conab e para isso ele busca soluções tecnológicas que o apoiam no planejamento agrícola, gestão financeira e controle de custos. O agricultor está buscando controle operacional da sua fazenda em softwares, desenvolvidos exclusivamente para o agronegócio e que levam tecnologia ao campo.
O Grupo Siagri, empresa que desenvolve tecnologia para o campo. Os softwares da companhia gerenciam mais de 1,7 milhão de hectares no Brasil e o diretor de serviços da empresa, Eduardo Purcena, avalia que os mais de 40 mil usuários podem ter ganhos efetivos, como a otimização de processos e fácil acesso a indicadores estratégicos. A solução permite que o produtor rural controle desde a compra de insumos até a comercialização dos grãos colhidos.
“A transformação digital foi capaz de levar ao campo controle administrativo e operacional da fazenda, que é um negócio importante e precisa de uma gestão completa. O agricultor além de rentabilidade quer também controle fiscal, financeiro e conformidade com as legislações como o Livro Caixa do Produtor Rural. Graças a inovação tecnológica, as empresas como o Grupo Siagri vêm proporcionando isso ao produtor rural”, avalia Purcena.
Transformação digital: monitoramento em tempo real
Além do controle operacional da fazenda, a transformação digital é uma importante aliada no monitoramento da propriedade rural. Eduardo Purcena conta que o acompanhamento da lavoura pode ser um desafio para o agricultor e graças a tecnologia ele vem sendo superado. “O ERP do Grupo Siagri destinado à gestão de fazendas permite que o produtor rural acompanhe em tempo real o andamento dos seus cultivos. Por talhão, o agricultor consegue visualizar as aplicações feitas na lavoura. Isso ajuda no controle dos insumos e na tomada de decisões na fazenda.