A soja é um dos carros-chefes da balança comercial do agro brasileiro e a cultura de maior importância econômica para o país, com uma área plantada de 38,3 milhões de hectares espalhados de Norte a Sul do Brasil. As dimensões da sua importância são, no entanto, proporcionais ao desafio de manter a lavoura saudável da semeadura à colheita. Mais do que nunca, os sojicultores têm sido demandados a redobrar a atenção no manejo agrícola em função da incidência de doenças nas plantas.
A mais temida delas é a ferrugem asiática, causada por um fungo que provoca a desfolha da planta, acarretando perdas superiores a US$ 2 bilhões por ano/safra. “Esta é a estimativa do custo ferrugem, que engloba tanto o prejuízo (queda de produtividade) que ela causa, quanto o gasto para se realizar o controle da doença”, explica o pesquisador Rafael Soares, da Embrapa.
O custo da doença para o Brasil é tão alto que a Embrapa montou e coordena o Consórcio Antiferrugem. Trata-se de um projeto que congrega empresas públicas e privadas, que monitoram os locais de incidência do fungo. Toda ocorrência é notificada no site da iniciativa, como forma de alertar o produtor em quais localidades a doença já apareceu. “Neste ano, detectamos em 11 estados, mas como a semeadura atrasou em várias regiões e o início do ano foi mais seco, a ferrugem asiática não está causando epidemias fortes”, diz Soares.
Mesmo assim, o produtor não pode descuidar. O uso incorreto de defensivos agrícolas ou uso contínuo do mesmo princípio ativo é um dos principais fatores para o surgimento de populações resistentes do fungo. No médio prazo, isso acarreta perda de eficácia das moléculas utilizadas nesses defensivos, trazendo prejuízos ao agricultor.
No Brasil, as condições tropicais tornam a situação ainda mais preocupante, já que elas favorecem a propagação de pragas e doenças, o que agrava o cenário de aumento da resistência aos fungicidas usados na lavoura. “Uma forma de proteger e manter o controle nesta conjuntura é fazer uma aplicação combinada de diferentes modos de ação para combater o fungo”, diz Ximena de Souza Vilela, gerente de Produtos Fungicidas da IHARA. Com base nesse conceito, a indústria de defensivos tem ido além do desenvolvimento de produtos com alta tecnologia, passando a investir também na pesquisa e recomendação do melhor manejo.
Compondo o robusto portfólio que a IHARA possui para a cultura da soja, Fusão EC é um fungicida específico, que age de forma sistêmica, proporcionando alta performance no controle da ferrugem e manchas foliares da soja, tem versatilidade de uso, podendoser usado em qualquer fase da cultura, além de ter alta velocidade de absorção e baixo risco de perda por chuva, além de possuir registro para as principais culturas sucessoras da soja, como: milho, algodão, trigo, feijão, entre outras. Em 2021, Fusão EC alcançou a liderança em performance no segmento de produtos strobi mixno Consórcio de Rede de Ferrugem, sendo o fungicidaque mais cresce em performance no cenário atual.
A estratégia de Fusão EC visa fortalecer a defesa da lavoura na batalha contra várias doenças que afetam a produtividade da soja.
A comunidade científica recomenda que os fungicidas sejam usados de forma preventiva, porque a eficácia diminui quando a doença já está estabelecida, comprometendo a produtividade. “O ideal é o produtor iniciar as aplicações antes do fechamento da lavoura (fase entre o final do ciclo vegetativo e início do reprodutivo), quando as gotas de produto conseguem alcançar as folhas da parte inferior da planta, por onde a maioria das doenças começa a infecção”, explica Ximena. “É fundamental que o intervalo entre uma aplicação e outra não ultrapasse 14 dias, já o número de aplicações vai depender das condições climáticas e pressão da doença em cada região. Todavia, o recomendável atualmente é que se faça pelo menos três”, acrescenta.
“A incidência e severidade das doenças varia de acordo com a região. Por isso, é essencial o produtor observar quais problemas são, historicamente, mais recorrentes na sua localidade, além de estarem sempre atentos às condições climáticas em cada safra”, finaliza Ximena.
Lamentando profundamente a recente tensão entre Rússia e Ucrânia, que levou a operações de guerra, o Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) alerta para o risco do aumento de preços e de escassez de fertilizantes, elementos essenciais para a agricultura brasileira, tendo em vista a elevada dependência que o Brasil tem na importação de potássio, tanto da Rússia como da Ucrânia.
Levantamento da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) mostra que os preços pagos pelo agronegócio brasileiro aumentaram até 5,8% em apenas uma semana. Há que se considerar, também, que restrições à agricultura brasileira podem impactar o fornecimento de alimentos produzidos no Brasil para o mundo, com destaque para a China.
Potência ascendente do agronegócio, com participações crescentes nas exportações de alguns dos principais produtos do setor comercializados no mundo, o Brasil depende cada vez mais de insumos importados para fomentar sua produção agropecuária e atender às demandas externa e doméstica por commodities, alimentos processados e biocombustíveis.
O déficit na balança comercial brasileira de fertilizantes é função não apenas da demanda aquecida do setor agrícola nacional, mas também da estrutura de produção e da deficiência de insumos domésticos. O setor envolve altas economias de escala e, embora o país tenha potencialidades, não conta com o nível adequado de investimentos.
Há ainda muitos desafios a serem superados no país para se obter a independência no se refere à produção nacional de fertilizantes, que passam pela: i) articulação de políticas públicas e privadas, visando ampliar o investimento em pesquisa geológica focado na descoberta de depósitos de fosfato e principalmente potássio; ii) isonomia tributária entre o produto nacional e o importado, pois hoje a importação é mais vantajosa do ponto de vista tributário; iii) harmonização de alíquotas de ICMS, que se aplicada, promoveria um ambiente concorrencial equilibrado entre os produtos nacionais e os de origem estrangeira, tema encaminhado pelo Convênio 100 do Conselho Nacional de Política Fazendária (CONFAZ), mas que precisa ser endereçado em definitivo.
No que se refere às oportunidades já existentes no Brasil, merece destaque o Projeto Silvinita, no estado do Amazonas, que tem elevado potencial para reduzir a dependência externa do potássio, cuja implementação vem sendo buscada há vários anos. No entanto, ainda enfrenta desafios para seu licenciamento, que poderiam ser equacionados no plano interno nacional, por meio de sua priorização como elemento estratégico para a soberania nacional.
Nesse contexto, visando a busca de soluções para o avanço do Projeto Silvinita, 0 IBRAM sugere ao Governo Federal a criação de um grupo de trabalho no âmbito da Casa Civil da Presidência, envolvendo a empresa Potássio Brasil, o Governo do Amazonas, Secretaria de Assuntos Estratégicos, IBAMA, FUNAI, Agência Nacional de Mineração, Serviço Geológico do Brasil, Petrobras, Comissões de Agricultura da Câmara e Senado, e o próprio IBRAM. Este GT traria um novo contorno ao GT criado na Secretaria de Assuntos Estratégicos em 2021 e também teria a incumbência de promover a expansão da produção nacional dos insumos necessários ao atendimento da demanda por fertilizantes. O IBRAM está à disposição das autoridades e da sociedade brasileira para dar andamento a esta proposta.
As minor crops são culturas importantes pois estão presentes nas mesas dos cidadãos do mundo todo, sendo muitas vezes culturas de alto valor agregado, como frutas, hortaliças, leguminosas e outras. - Foto: Wenderson Araujo/CNA
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), aprovou a extensão de uso de mais 17 defensivos agrícolas para as culturas de suporte fitossanitário insuficiente (CSFI), também conhecidas como minor crops (pequenas culturas). A autorização foi publicada no Diário Oficial da União desta terça-feira, 20 de outubro, no Ato n° 58 do Departamento de Sanidade Vegetal e Insumos Agrícolas da Secretaria de Defesa Agropecuária.
Para as culturas do amendoim, ervilha, feijões, grão-de-bico e lentilha são seis extrapolações de uso de diferentes ingredientes ativos - cloridrato de cartape, lambda-cialotrina e diafentiurom e as misturas de dinotefuram com piriproxifem, azoxistrobina com mancozebe, e lambda-cialotrina com clorantraniliprole -, porém são ingredientes que já tinham registro de pelo menos uma dessas culturas.
O produto à base de Boscalida foi o que teve o maior número de inclusões de culturas em sua recomendação de uso, que conforme o agrupamento das CSFI, vai desde as frutas de casca não comestível, passando pelo grupo das frutas que possuem casca comestível, o das raízes e tubérculos, o das hortaliças folhosas e ervas aromáticas, até o grupo das leguminosas e oleaginosas.
As culturas das hortaliças folhosas, além do produto já citado, foram contempladas com um fungicida que é uma mistura de fluxapiroxade com piraclostrobina para controle, principalmente, de mancha preta (Alternaria brassicae) e mal das folhas (Septoria lactucae). Outras pequenas culturas também tiveram a recomendação de uso incluída nesse produto.
Nas culturas de milheto e sorgo foram incluídos produtos à base de carfentrazona-etílica e da mistura de clorantraniliprole com lambda-cialotrina. Já as culturas de batata-doce, batata-yacon, beterraba, cará, gengibre, inhame, mandioca, mandioquinha-salsa, nabo e rabanete foram contempladas com a extrapolação de uso de um produto à base de clorotalonil.
A cultura da melancia ganhou um inseticida à base de teflubenzurom para controle de broca dos frutos (Diaphania nitidalis) e lagarta mede-palmo (Trichoplusia ni). Já para a uva foi um à base de lambda−cialotrina.
Um produto cujo ingrediente ativo é captana que já era recomendado para cebola, pêssego e uva teve mais alvos biológicos incluídos em sua indicação de uso dessas culturas. O mesmo aconteceu com um produto à base de glufosinato – sal de amônio para a cultura da cevada. As frutas ameixa, cacau, nectarina, pera, pêssego, seringueira e uva que já possuem o uso do Glifosato autorizado, agora contam com mais um produto comercial com esse princípio ativo.
Também foram incluídas na liberação de uso as CSFI que não são de uso alimentar. Neste caso, as plantas ornamentais foram contempladas com um produto à base de lambda-cialotrina com clorantraniliprole e a Duboisia, que é uma planta de uso medicinal da qual é extraído o princípio ativo do medicamento conhecido como ‘Buscopan’, teve a inclusão de dois produtos, sendo um à base de Clorotalonil e outro à base de fipronil.
Segurança
Com as extensões aprovadas hoje, os produtores dessas culturas agora poderão utilizar esses produtos conhecendo as doses corretas para proteger seus cultivos e com a garantia de que esses alimentos serão seguros para o consumo. Recentemente, o Mapa já havia aprovado a extensão de uso de três defensivos agrícolas para as culturas minor crops.
Por serem plantadas em áreas menores em comparação às grandes culturas, como soja e milho, as minor crops não apresentam atratividade econômica para a pesquisa privada no desenvolvimento e recomendação de pesticidas, o que dificulta a disponibilidade de produtos para o controle de pragas, sendo um problema para os agricultores dessas culturas. Entretanto, são culturas importantes pois estão presentes nas mesas dos cidadãos do mundo todo, sendo muitas vezes culturas de alto valor agregado, como frutas, hortaliças, leguminosas e outras.
A extensão de uso de defensivos agrícolas para as culturas de suporte fitossanitário insuficiente é o resultado de uma política governamental e ações em parceria com a academia, produtores rurais e indústria.
O Ato publicado também traz diversas alterações de pós-registro dos defensivos agrícolas já registrados.
A Epagri ajudou uma família de agricultores familiares a construir equipamento para receber dejetos de 30 vacas; investimento deve se pagar em um ano e meio
Biodigestor. Foto: Epagri
Com ajuda da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), uma família de agricultores familiares do município de Laurentino (SC) construiu um biodigestor de baixa custo. O biogás produzido é usado no fogão e para aquecer a água da sala de ordenha e da residência.
Só no primeiro mês, Ademar e Zenilde Nunes Luiz economizaram R$ 260 com a nova fonte de energia: R$ 100 pela lenha que deixou de usar no fogão; R$ 120 com o gás que antes era necessário para aquecer a água na sala de ordena; e R$ 40 com energia elétrica antes gasta pelo chuveiro. Com essa economia, o investimento de R$ 4,5 mil será pago em um ano e meio.
“Além disso, o esterco fermentado no biodigestor é passado para uma esterqueira para depois ser utilizado nas lavouras e pastagens, reduzindo a necessidade de adubação química e os custos da produção”, conta o extensionista rural Osnei Muniz, responsável pelo projeto do biodigestor. Ele afirma que a iniciativa pode vir a dar mais lucro aos produtores com a venda futura de créditos de carbono no mercado internacional, conforme o protocolo de Quioto.
O sistema não gerou apenas economia para os agricultores, como também impactou diretamente a sustentabilidade da propriedade rural: ao dar o destino correto aos resíduos, baixou o consumo de adubos, reduziu-se a exploração de matas nativas para lenha e impediram-se a emissão dos gases de efeito estufa e a contaminação do solo e da água.
A tecnologia é simples e de baixo custo. Segundo Muniz, o sistema comprovou que os dejetos produzidos mensalmente por uma vaca são suficientes para a família economizar aproximadamente 1,5 botijão de gás.
Na propriedade da família Luiz foi construído um sistema para utilizar esterco de 30 vacas, que, para isso, conta com um biodigestor com capacidade de 90 m³ e uma esterqueira com capacidade para 60 m³ de esterco. O projeto foi iniciado em 2009 e ampliado em 2014.
O extensionista explica que para definir o tamanho do sistema em cada propriedade é necessário fazer o cálculo para 60 dias de esterco curtindo no biodigestor. Considerando que uma vaca produz uma média de 50 kg de esterco (esterco, urina e água) por dia e que o produtor rural possui 30 animais, os dejetos diários ficam em 1,5 mil kg (1,3 m3); totalizando, em 60 dias, 90 m3, que deverá ser o tamanho do tanque. A esterqueira é dimensionada da mesma forma.
O que foi necessário para construir o biodigestor?
Descrição (quantidade)
Pedra ardósia 2m x 0,5m x 0,8mm (70)
Sacos de cimento (5)
Areia (1 metro)
Cano PVC esgoto 100 mm (5 barras)
Joelho de PVC esgoto 100 mm (2)
Troncos de eucalipto de 20 a 30cm de diâmetro (4)
Lona encerada de caminhão 8m x 11m (88 m²)
Barra de ferro 5/16 – 200 m
Flange de água 40 mm (1)
Mão de obra (5 dias)
Passo a passo para a construção
O biodigestor deve respeitar uma distância mínima de três metros da criação. O importante é que não fique muito longe, para facilitar o despejo dos dejetos.
Definindo isso, o primeiro passo é escavar o buraco para construção do tanque. Na propriedade do casal Luiz, foram 9 metros de comprimento por 6 de largura e 2 de profundidade, feito com pedra ardósia e com uma cinta de concreto para fixar. Na profundidade, o tanque afunilou 70 cm para facilitar que a lona assentasse sem alcançar o fundo e nem as tubulações de entrada e saída de esterco.
Em seguida vem a tubulação de entrada dos dejetos e de saída de biofertilizante. Nos dois casos a tubulação tem as mesmas especificações: a diferença é que o de entrada tem cerca de um metro de profundidade a mais e conta com um joelho para jogar o esterco ao fundo. Na saída ele é um pouco mais alto e possui um vaso comunicante com a esterqueira, que vai receber o esterco já fermentado e que vai servir de fertilizante. Por se tratar de um vaso comunicante, a saída do esterco é espontânea.
O próximo passo foi instalar a lona. Ela não é fixa: flutua dentro no tanque e deve descer, no máximo, 50 cm adentro. A lona deve ter dois metros a mais na largura e no comprimento do tanque. Para ajustá-la, Muniz utilizou quatro troncos de eucalipto de 30 cm de diâmetro. O tamanho dos troncos foi calculado para ter 20 cm a menos que a largura e o comprimento do tanque.
Funcionamento do biodigestor
O biodigestor pode ser alimentado todos os dias. O extensionista, porém, sugere deixar o esterco em uma caixa de decantação por dois dias antes de levá-lo ao biodigestor, para que se decantem a pedra e a areia que possam existir no material, evitando estragar o equipamento que vai espalhar o biofertilizante.
À medida que o biogás é produzido, vai ocupando o espaço do tanque, fazendo com que a lona pareça um balão: ela sobe ou desce conforme a quantidade de gás. Por isso a saída do gás fica localizada em cima da lona. Essa saída pode ser feita com tubulação de 30 a 40 mm em PVC, para melhor segurança e para aumentar o volume na queima, pois não se trata de um gás sob pressão.
Foto: Epagri
O biogás, quando produzido no verão, pode gerar o acúmulo de água dentro da tubulação de gás. Por isso é necessário instalar um dreno para retirar o líquido. A solução encontrada por Muniz foi instalar torneiras nas partes mais baixas para captar essa água. Ao ser produzido, o gás é canalizado para a sala de ordenha e para o fogão da cozinha. Nesse fogão foi instalada uma serpentina para aquecer a água, que vai para um boiler (estrutura para manter a água aquecida) e dali é distribuída para a torneira da cozinha e para o chuveiro. Fonte: Grupo Cultivar
Com a publicação, 2020 soma 60 produtos de baixo impacto registrados. Esse é o maior número de registros de produtos desse perfil em um mesmo ano. - Foto: Wenderson Araujo/CNA
O Ato n° 55 do Departamento de Sanidade Vegetal e Insumos Agrícolas da Secretaria de Defesa Agropecuária, publicado nesta quarta-feira, 23 de setembro, no Diário Oficial da União, traz o registro de 31 defensivos agrícolas formulados. A publicação divulga quais foram os produtos formulados que foram registrados e efetivamente estarão disponíveis para uso pelos agricultores.
Todos os produtos utilizam ingredientes ativos já registrados anteriormente no país. "Os novos registros são importantes pois diminuem a concentração do mercado de defensivos e aumentam a concorrência. Isso acaba resultando em um comércio mais justo e em menores custos de produção para a agricultura brasileira", explica o coordenador-geral de Agrotóxicos e Afins, Bruno Breitenbach.
Dos produtos registrados hoje, quatro deles são compostos por microrganismos como a Beauveria bassiana, o Bacillus thuringiensis, o Metarhizium anisopliae e o vírus Spodoptera frugiperda multiplenucleopolyhedrovirus que são agente biológicos de controle de pragas que atacam os cultivos brasileiros. Os produtos poderão ser utilizados em qualquer cultura em que forem encontradas as pragas para as quais esses agentes biológicos possuem recomendação de controle. Dois desses produtos poderão ser utilizados nas produções orgânicas certificadas.
Com a publicação, 2020 soma 60 produtos de baixo impacto registrados. Esse é o maior número de registros de produtos desse perfil em um mesmo ano.
Os produtos que utilizam agentes de controle biológicos são alternativas de controle para os agricultores no combate às pragas, ao mesmo tempo que contribuem para o aumento da sustentabilidade da agricultura nacional.
Do total de produtos registrados e divulgados hoje, alguns contém mais de um ingrediente ativo. A maioria dos ingredientes ativos registrados já têm registros nos Estados Unidos, na Europa e na Austrália.
Todos os produtos registrados foram analisados e aprovados pelos órgãos responsáveis pela saúde, meio ambiente e agricultura, de acordo com critérios científicos e alinhados às melhores práticas internacionais.
O uso do sistema de navegação global por satélites na agricultura possibilita um grande salto no modo de conduzir as culturas.
O instrumento mais antigo criado para ajudar o homem na localização e navegação foi a bússola, no século 11. Essa criação chinesa foi um marco para a navegação marítima. Outro momento muito importante para o desenvolvimento das técnicas de navegação foi durante a Segunda Guerra Mundial, quando o homem ampliou muito seu domínio sobre as ondas via rádio, desenvolvendo a radionavegação, porém os sistemas de localização dessa época ainda não permitiam obter o posicionamento global e mudanças no relevo ou interferências eletrônicas prejudicavam sua exatidão.
Após a criação de diversas tecnologias, surgiram na década de 1970 os primeiros sistemas de posicionamento por satélites com cobertura global, denominados de GNSS (Global Navigation Satellite Systems – Sistemas de Navegação Global por Satélites). O primeiro destes foi o Navstar GPS, ou apenas GPS (Global Positioning System - Sistema de Posicionamento Global), sistema americano, que por ser o primeiro e mais famoso, erroneamente utilizamos o termo GPS para descrever qualquer GNSS. Além do sistema americano, também na década de 1970, surgiu o sistema russo denominado Glonass (atualmente operante) e na década de 2000, o Galileo, da União Europeia, e o chinês BeiDou, ambos em fase final de desenvolvimento.
O GNSS é composto, de maneira geral, por três segmentos: 1) segmento espacial, composto por diversos satélites em órbita na Terra; 2) estações de controle em solo para monitoramento das órbitas dos satélites e seus relógios internos (atômicos), corrigindo ao menos duas vezes ao dia quaisquer divergências; e 3) segmento de usuários, o qual é composto pelos receptores usados para as mais diversas funções. Esses receptores têm a função de decodificar as informações oriundas dos satélites e, por meio de cálculos, fornecer a localização do usuário. Altamente difundidos, os equipamentos GNSS são muito utilizados na agricultura para a navegação a um determinado ponto na lavoura, gestão remota de máquinas, piloto automático e inúmeras outras funções.
FUNCIONAMENTO
No caso do sistema GPS, os satélites emitem ondas de rádio chamadas bandas “L1” e “L2”, de frequências 1.575,42MHz e 1.227,60MHz, respectivamente. A banda L1 é portadora dos códigos de “Aquisição grosseira” (Coarse Acquisition – C/A) e “Preciso” (Precise - P), enquanto L2 traz apenas o código “Preciso” (P). Ambas as bandas são moduladas de forma binária, contendo informações do satélite e o momento exato que foram emitidas, determinado pelos seus relógios atômicos internos. O receptor, com essas informações, calcula o tempo (t) que a onda demorou para chegar até sua antena receptora. Conhecendo a velocidade dessas ondas (c), a da luz, podemos calcular a distância (d) entre o receptor e o satélite (d = c * t).
Com a distância e a posição do satélite no espaço, forma-se uma esfera imaginária de raio R1, assim como visto na Figura 1, a qual o receptor pode estar em relação ao satélite. Com um segundo satélite tem-se outra esfera de raio R2 e então a intersecção das esferas R1 e R2 forma uma circunferência de possível posição do receptor. Adicionando um terceiro satélite, sua respectiva esfera R3 intercepta a circunferência, gerando dois pontos possíveis. Por fim, com um quarto satélite e sua esfera R4, encontra-se uma única posição onde o usuário deve estar, determinando assim sua longitude, latitude e altitude.
Cabe ressaltar que quanto mais afastados entre si os satélites, melhor a qualidade da triangulação realizada. A precisão associada a tal distanciamento é chamada de DOP (Dilution of Precision – Diluição da Precisão), podendo ser expressada de diferentes formas, como a HDOP que diz respeito à diluição da precisão horizontal, a VDOP relativa à precisão vertical e a PDOP, correspondente à precisão nas três dimensões.
EXATIDÃO NO POSICIONAMENTO
A exatidão da localização depende do receptor, pela qualidade de sua fabricação, pelo código digital que é utilizado, podendo ser somente (C/A) ou (C/A) junto de (P), além de seu uso, militar ou civil. Há ainda fatores que causam erros no posicionamento como a perda ou a degradação do sinal, erro nos relógios e desvio dos satélites de suas órbitas. A Ionosfera e a Troposfera, camadas da Atmosfera, possuem partículas carregadas eletricamente e partículas de água, respectivamente. Quando a onda de rádio encontra essas, sofre redução em sua velocidade, levando a erro no posicionamento.
O erro nos relógios faz com que haja um equívoco no cálculo do tempo percorrido pela onda, gerando uma distância satélite-receptor incorreta. As forças gravitacionais da Lua e do Sol “puxam” os satélites, desviando-os de sua órbita planejada; fatores esses que causam um erro no posicionamento de, segundo o governo americano, 3m horizontais e 5m verticais para receptores C/A, desconsiderando erros do próprio receptor. Por fim, edifícios e montanhas refletem as ondas e causam os mais variados erros no posicionamento, entretanto para a agricultura não costumam ser um problema, mas árvores, rios e lagos, sim.
CORREÇÃO DE SINAIS
Em diversas operações agrícolas, como no direcionamento de máquinas, receptores comuns (código C/A), com erros de 3m (horizontais) no posicionamento, são indesejados. Por isso empregam-se receptores mais precisos que utilizam as duas frequências, L1(C/A e P) e L2(P), garantindo precisão submétrica e, se submetidos à correção diferencial de sinal, podem chegar a exatidão na ordem de 2cm a 3cm. A correção diferencial costuma ser empregada nos sistemas de piloto automático, principalmente, garantindo com que a máquina passe no local correto, evitando problemas como alteração do espaçamento entre linhas de semeadura, pisoteio de linhas de plantio, falhas de aplicação, entre outros.
O sistema mais famoso de correção é o RTK (Real-Time Kinematic), o qual utiliza uma antena móvel (denominada “base”), colocada em coordenadas conhecidas (marco geodésico ou estação móvel), a qual sintoniza os mesmos satélites do receptor e compara as coordenadas conhecidas com as calculadas pelo GNSS, enviando os dados de erro ao receptor (chamado de rover), o que aumenta sua exatidão na estimativa de sua posição no terreno. Geralmente essa informação de correção é transmitida por link de comunicação via rádio, o qual apresenta limitação de distância de 20km em visada direta.
Contudo, para reduzir problemas de comunicação devido ao relevo acidentado ou distâncias maiores entre base e rover, é possível a utilização de repetidores de sinal de rádio. Porém, ressalva importante é que quanto mais distante a base estiver do rover, menor será a eficiência do sistema de correção, uma vez que as condições atmosféricas e climáticas podem variar significativamente entre a posição da base e do rover, assim como diferentes satélites serem sintonizados por eles.
Sistema semelhante de correção de sinal pode utilizar satélites geoestacionários para transmitir a informação de correção da posição ao invés de um link de rádio, tecnologia esta que recebe o nome genérico de SBAS (Satellite based augmentation system). Esse tipo de correção é geralmente provido por empresas que comercializam receptores GNSS e podem ou não cobrar algum valor para liberar o código de correção nos diversos níveis disponíveis. A principal vantagem, nesse caso, é que o usuário (agricultor) não precisa se preocupar com a manutenção das bases de referência do RTK.
Aplicações de GNSS na agricultura
O GNSS é componente essencial das tecnologias para direcionamento de máquinas agrícolas comercialmente disponíveis, isto é, barra de luz e piloto automático. As barras de luzes apareceram em 1995 na aviação agrícola, principalmente para a aplicação de agroquímicos. Esse sistema consiste em um receptor GNSS que usa a definição de uma linha de trabalho a partir de uma primeira passada e da largura de trabalho da máquina, definindo, assim, linhas paralelas a serem seguidas pelo operador da máquina. Para tal, as luzes de uma barra de LEDs (daí o nome barra de luz) se acendem conforme a máquina desvia das linhas programadas, indicando ao operador a direção a se tomar para corrigir a trajetória. Tal sistema é muito utilizado em adubadoras a lanço e pulverizadores.
Tecnologia mais exata que a barra de luz é o direcionamento de máquinas por meio do sistema de piloto automático, uma vez que não depende do operador para direcionar a máquina durante a operação na lavoura. Esse controle pode ser feito por atuadores eletro-hidráulicos diretamente nas rodas, por um motor na coluna de direção ou mesmo por atrito, onde um motor encostado no volante rotaciona o mesmo. Com isso, o operador da máquina pode monitorar as outras funções e os ajustes da máquina, geralmente tomando o controle apenas nas manobras de cabeceira.
No âmbito da agricultura de precisão, o GNSS tem papel fundamental. Um exemplo disso é no monitoramento da produtividade das culturas. Em conjunto a sensores acoplados nas colhedoras, o GNSS permite georreferenciar a produção da cultura ao longo das áreas, permitindo a confecção de mapas de produtividade como o da Figura 2. Essa informação é importante para a identificação dos fatores limitantes à produção das plantas e pode ter papel fundamental na tomada de decisão de manejo localizado seguindo os preceitos da agricultura de precisão.
Outro grande uso de GNSS na agricultura de precisão é a amostragem georreferenciada de plantas, pragas ou solo. Ou seja, a coleta de amostras, geralmente em grade, ilustrada na Figura 3, as quais possuem localização definida por GNSS, possibilitando, para o caso da amostragem de solos, a geração de mapas de fertilidade do solo e, assim, a adubação em doses variadas.
João Vítor Fiolo Pozzuto, Joaquim Pedro de Lima, Thiago Luis Brasco, Lucas Rios do Amaral, FEAGRI/UNICAMP
Levantamento da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR) aponta que a potência instalada total da fonte solar fotovoltaica, somando as grandes usinas solares e pequenos sistemas em residências, comércios, indústrias, produtores rurais e prédios públicos, já ultrapassa a soma das usinas termelétricas à carvão mineral e nucleares no Brasil.
De acordo com mapeamento da entidade, são 5.763,5 megawatts (MW) de potência da fonte solar, ante um total de 5.586,8 MW de termelétricas movidas a carvão mineral e nucleares. “Com isso, a potência total solar ultrapassa em quase 4% a destas termelétricas, baseadas em recursos não-renováveis e com maiores impactos ambientais ao longo de todo o seu ciclo de vida”, comenta o presidente do Conselho de Administração da ABSOLAR, Ronaldo Koloszuk.
No agregado entre as aplicações de pequeno, médio e grande porte, o mercado solar fotovoltaico brasileiro já trouxe mais de R$ 30 bilhões em investimentos privados ao País. Destes, R$ 15,52 bilhões foram aplicados em usinas de grande porte, em especial nas regiões Nordeste e Sudeste, gerando energia para milhares de brasileiros pelo Sistema Interligado Nacional. A outra parcela, de R$ 14,59 bilhões, foi fruto de investimentos diretos de pessoas, empresas, produtores rurais e governos, em pequenos e médios sistemas, espalhados por todas as regiões do País. Ao todo, são 2.928,0 MW em empreendimentos de grande porte e 2.835,5 MW nos sistemas em telhados, fachadas e pequenos terrenos.
Para o CEO da ABSOLAR, Rodrigo Sauaia, o Brasil é uma nação solar por natureza, com condições privilegiadas para se tornar uma liderança mundial na área. “A energia solar fotovoltaica reduz o custo de energia elétrica da população, aumenta a competitividade das empresas e desafoga o orçamento do poder público, beneficiando pequenos, médios e grandes consumidores do País”, diz Sauaia. Absolar
Um dos principais eventos sobre maquinário agrícola e tecnologia do país, o 12º Simpósio SAE BRASIL de Máquinas Agrícolas, será realizado dia 7 de outubro, das 8h30 às 17h, em formato digital.
O simpósio, que visa compartilhar conhecimentos e promover novas tecnologias no agronegócio brasileiro, terá uma mostra virtual de produtos e serviços de empresas ligadas ao setor, como Aperam, Braslux, CNH, Hella Sinalsul, Jacto, Perkins, Produttare e Timken.
A abertura será com palestra do Presidente da CNH Industrial para América do Sul, Vilmar Firtarol, nomeado o chairperson do evento. Além disso, a ocasião também contará com a participação de vários nomes relevantes dos setores de agronegócio e tecnologia, que debaterão as perspectivas e os desafios do mercado de máquinas agrícolas.
O evento será estruturado em três eixos: o primeiro dedicado às perspectivas agroeconômicas e à visão dos principais fabricantes em relação ao mercado atual e ao próximo ciclo agrícola; o segundo às tecnologias, com destaque para os avanços em agricultura digital e eletrificação de máquinas, e, por fim, o terceiro, que será um debate vocacionado abordando aplicação de máquinas e implementos agrícolas no cultivo de cana-de-açúcar, grãos, fruticultura e pecuária.
O setor sucroenergético será central na sessão “Debates vocacionados: Os Avanços tecnológicos em Cana de Açúcar e Fruticultura – Inovação e Tendências no Cultivo Mecanizado da Cana-de-Açúcar”, com a participação de Gilberto José Ribeiro Alves, diretor de engenharia e desenvolvimento de colhedora de cana da CNH Industrial para América do Sul, Alexandre Vinícius de Assis, diretor de vendas Valtra da AGCO, e Alan Holzmann, diretor de estratégia da Volvo Trucks Latin America, com mediação de Alfred Szwarc, diretor da ADS Tecnologia e Desenvolvimento Sustentável.
Os interessados devem se inscrever através do link: https://saebrasil.org.br/eventos/12o-simposio-sae-brasil-de-maquinas-agricolas-secao-porto-alegre/
Como manejar de modo adequado a mancha marrom de alternaria, doença que provoca severos danos e leva à depreciação dos frutos de citros.
A mancha marrom de alternaria (MMA), doença causada pelo fungo Alternaria alternata f. sp. Citri, possui grande importância econômica em todas as regiões produtoras de citros. O fungo ataca algumas cultivares de tangerina e seus híbridos (Fr:Fr.), incluindo Ponkan (Citrus reticulata) e Murcott (C. reticulata x C. sinesis), mais plantadas no mundo. O fungo penetra, principalmente, em folhas e frutos. A doença causa desfolha, seca dos ramos, queda prematura e depreciação dos frutos. Sua evolução provoca necrose dos tecidos infectados, em decorrência de uma substância tóxica liberada pelo agente causal, chamada ACT.
Os sintomas são facilmente visualizados em todos os órgãos afetados: folhas, frutos e galhos de plantas. Inicialmente, aparecem pequenas lesões circulares e ovais, de coloração marrom ou preta. As folhas mais novas são mais sensíveis à ação do fungo. Em folhas maduras as lesões são quase sempre rodeadas por um halo amarelo, próximas às nervuras em ambos os lados. Mudanças climáticas, como altas temperaturas e umidade relativa do ar, podem favorecer a evolução da doença, provocando a queda de folhas e murcha de galhos novos, e seca de ponteiros em brotações novas. Em frutos maduros, as lesões têm aparência corticosa e saliente, e dependendo da severidade do ataque, os frutos podem apresentar sabor podre, perdendo o valor comercial.
A transmissão da doença ocorre em locais onde há período chuvoso coincidente com altas temperaturas no Verão. Porém, a transmissão também pode se dar em condições de clima seco, mas com ocorrência de orvalho pela manhã e presença de ventos.
O controle da mancha marrom de alternaria requer a adoção de uma ou mais táticas empregadas no Manejo Integrado de Doenças. Dentre as práticas culturais estão utilização de mudas sadias e certificadas; uso de cultivares resistentes e/ou tolerantes, utilizadas de acordo com a adaptação à região de cultivo (grupo Satsuma, por exemplo). Recomenda-se evitar plantios adensados, optando-se por espaçamentos maiores, para facilitar a circulação do ar e evitar o acúmulo de umidade, pois quando o espaçamento entre plantas é menor, cria-se um ambiente mais úmido entre as copas, o que, associado a altas temperaturas, favorece o desenvolvimento da doença. Cuidados com a adubação são requeridos, principalmente a nitrogenada, que induz um grande crescimento vegetativo e as brotações novas mais sensíveis ao ataque do fungo, o que favorecerá sua multiplicação, dificultado o controle da doença. Esta prática deve ser evitada, principalmente em associação com podas.
Deve-se adotar o uso de irrigação localizada, por proporcionar alta umidade de forma concentrada e direta, em um pequeno volume de solo, não atingindo a copa e, consequentemente, não proporcionando condições favoráveis à multiplicação e à disseminação do fungo. Também, faz-se necessário evitar regiões de baixada, pois tendem a acumular umidade por períodos mais longos, proporcionando condições para a multiplicação do fungo. Essas áreas devem ser reservadas para cultivares resistentes ao fungo.
Em pomares já instalados recomenda-se a poda para retirada de ramos secos e mortos, na redução e na eliminação de possíveis focos do fungo, além de permitir a entrada de sol na copa das árvores, promovendo arejamento e redução da umidade. Em conjunto, é recomendada ainda a aplicação de produtos com ação fungicida protetora, como produtos à base de cobre ou enxofre; e eliminação de restos culturais, como folhas e galhos infestados que caem no solo, na maioria das vezes como consequência da doença.
O controle químico da mancha marrom de alternaria é indicado em épocas críticas favoráveis à doença, como no início das brotações, no florescimento e na frutificação. Recomenda-se o uso de produtos registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), mediante receituário agronômico e, preferencialmente, com supervisão de um profissional qualificado.
Em certos casos, devem ser realizadas muitas aplicações, em decorrência da dificuldade no controle da doença, o que, além de elevar o custo de produção, pode trazer riscos à saúde humana e ao ambiente. Além de aumentar substancialmente a possibilidade de surgir variações dos fungos resistentes aos produtos aplicados repetidamente na lavoura. Produtos à base de cobre podem ser utilizados tanto em plantios convencionais, quanto em agricultura orgânica, diante da menor toxidez ao ambiente e ao homem. Porém, aplicações repetidas com alta concentração de cobre podem causar fitotoxidez à planta, provocando sintoma característico de “queimaduras em folhas”, sendo mais comum em épocas mais quentes do ano.
Para maior eficiência no controle da doença pelo controle químico recomenda-se programar previamente as aplicações de fungicidas, para fazer a alternância de princípios ativos, utilizando-se, sempre que possível, fungicidas com mais de um modo de ação, quando sistêmicos, alternados com fungicidas protetores, evitando-se desta forma o aparecimento de resistência do fungo. Devido às chuvas e ao aumento do tamanho dos frutos, aplicações adicionais podem ser necessárias.
Atualmente em cultivares suscetíveis, o controle é baseado na aplicação de fungicidas preventivos e sistêmicos. Durante o período crítico de infecção, as pulverizações devem ser realizadas para proteger órgãos suscetíveis. Dependendo do clima e da suscetibilidade da cultivar, recomenda-se entre quatro e dez pulverizadores de fungicidas por ano para produzir frutos de qualidade para o mercado fresco. Nas cultivares suscetíveis, as aplicações foliares com fungicidas de cobre devem ser realizadas a cada dez-15 dias em períodos de alta suscetibilidade. Apesar deste grande número de pulverizações, o controle da doença nem sempre é satisfatório.
Os fungicidas sistêmicos triazóis, estrobilurinas e o protetor iprodione já possuem casos registrados de A. alternata resistentes em plantas de citros e seus híbridos, em vários países, reforçando a importância de manejar a doença utilizando-se práticas culturais.
No Brasil, populações do fungo resistentes às estrobilurinas, um dos grupos mais eficazes e o mais utilizado no país para o controle da doença, já foram identificadas em pomares de tangerina no estado de São Paulo. A descoberta, por pesquisadores do Fundecitrus, Instituto Biológico (IB) e Escola Superior de Agricultura “Luiz Queiroz” (Esalq/USP), indica perda da eficiência das estrobilurinas e a necessidade de mudanças no controle da doença.
Pesquisadores destas instituições recomendam o uso de fungicidas à base de cobre e triazóis. Fungicidas à base de cobre devem ser usados preventivamente e com intervalos mais curtos, com a redução do número de aplicações com estrobilurinas e a rotação, alternância ou misturas de grupos químicos de fungicidas no controle das diferentes doenças causadas por fungos ao longo da safra.
Umas das principais estratégias para o controle da doença tem sido a busca por cultivares resistentes à doença. Uma opção é a cultivar Fremont (C. clementina x C. reticulata), que não apresenta sintomas quando inoculada com o patógeno. Com exceção de limão mexicano (Citrus aurantifolia), as cultivares de limão e lima são consideradas tolerantes ao patógeno.
Também métodos de controle alternativo vêm sendo estudados por diversas instituições no país, e demonstraram que o uso de extratos vegetais, como os extratos de angico branco (Anadenanthera colubrina), goiaba (Psidium guajava) e melão-de-são-Caetano (Momordica charantia) e o uso de agentes biológicos como Bacillus subtilis (isolados de folhas e flores de citros do estado de São Paulo) foram eficientes no controle da mancha marrom em frutos de tangerina. Estes trabalhos demonstram a possibilidade de se implementar estes métodos de controle no manejo da mancha marrom de alternaria, contribuindo para a diminuição do uso de produtos químicos, bem como para prevenir o surgimento de populações resistentes do fungo.
Citrus no Brasil
A citricultura é uma das mais importantes atividades agrícolas do Brasil. Além da laranja, que é o principal produto desta cadeia, a atividade ainda contempla a tangerina, a lima ácida e o limão. A área plantada chega a aproximadamente 2,9 milhões de hectares, produzindo aproximadamente 14,9 milhões de toneladas, com valor bruto da produção alcançado de R$ 14,8 bilhões em 2019.
O Brasil é o maior produtor mundial, gerando empregos diretos e indiretos na zona rural, sendo responsável por mais de 80% das exportações mundiais de suco de laranja e mais de 30% de toda a produção mundial da fruta. Estima-se que a safra 2020/21 seja 25,6% (caixas produzidas) menor que a anterior, principalmente por conta da redução significativa do número de frutos por árvore, devido ao aumento do consumo das reservas nutricionais e ao clima. Altas temperaturas entre os meses de setembro e outubro de 2019 prejudicaram a formação dos frutos recém-formados. Porém, além das condições climáticas, as doenças causadas por micro-organismos ganham destaque na diminuição da produção de citros.
Mônica Danielly de Mello Oliveira, Investigadora visitante do Instituto Mediterrâneo para a Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento, Universidade de Évora
Visto como um dos custos mais altos na implementação de uma lavoura, o projeto de irrigação deve observar diversos requisitos que podem auxiliar na diminuição do valor de implementação
A agricultura irrigada, em geral, é o sonho de consumo da maioria dos agricultores, simplesmente porque pode tornar suas culturas independentes da sazonalidade e relativa imprevisibilidade das chuvas e, assim, assegurar uma produtividade compensadora. Entretanto, um impasse ocorre ao solicitar um orçamento a uma empresa especializada, pois há consenso generalizado em admitir que a irrigação represente o insumo mais oneroso aplicado na produção agrícola. Por essa razão, antes de se envolver com a possibilidade de contratação de um projeto, várias providências podem ser tomadas com o objetivo de reduzir custos fixos e variáveis, contribuindo assim para evidenciar a viabilidade econômica desse importante recurso tecnológico.
VOLUME DE ÁGUA NECESSÁRIO E VAZÃO REQUERIDA
A primeira providência que antecede um projeto de irrigação consiste em avaliar se os recursos hídricos da propriedade são satisfatórios, em termos de quantidade e qualidade, para satisfazer a demanda hídrica das culturas que serão desenvolvidas nas áreas pretendidas. Para tanto, basta executar um cálculo que, apesar de simples, requer uma estimativa responsável da demanda hídrica das culturas de interesse, para o período e o local onde a irrigação será executada. Em geral, os valores usuais adotados no dimensionamento de projetos variam entre 3mm/dia e 6mm/dia, sendo que os menores valores prevalecem nos meses com temperaturas mais baixas e menor incidência de radiação solar. Deve-se observar, entretanto, que o estádio de desenvolvimento das culturas deve ser considerado no manejo das irrigações, para racionalizar a aplicação de água, limitada pelos valores máximos de demanda previamente adotados no dimensionamento.
Assim, identificando-se um valor representativo de demanda hídrica, pode-se calcular o volume de água necessário em função da área a ser cultivada. Por exemplo, sendo a demanda hídrica da cultura (D) estimada em 4mm/d (que representa 4 litros por m2 de área cultivada por dia) e a área (A) 10 hectares, o volume de água necessário (V) será:
V = 10 × D × A = 10 × 4 × 10 = 400m3/dia
O número 10 nessa equação é apenas um fator para ajustar as unidades dimensionais utilizadas. Convém observar nesse exemplo, que cada milímetro incluído na equação corresponde a 100m3 de água por dia para uma área de apenas 10 hectares. Portanto, trata-se de um número que deve ser adotado com muito critério, pois deverá interferir em todo dimensionamento hidráulico e, consequentemente, no custo do projeto.
Em condições de escassez hídrica, existem alternativas que, mesmo admitindo dotações inferiores às necessárias, podem proporcionar produtividades satisfatórias e resultados econômicos compensadores. Essas alternativas são amplamente reconhecidas e estão identificadas por “irrigação deficitária” no contexto da agricultura irrigada.
Agora, pode-se calcular a vazão requerida (Q). Para tanto, basta fornecer o período diário de irrigação (T) em horas, e uma estimativa da eficiência de aplicação de água do sistema de irrigação a ser adotado. É importante observar que quanto maior o período diário de operação, menor será a vazão requerida, com inúmeras vantagens no dimensionamento, como a menor potência do conjunto motor e bomba hidráulica e do transformador, menor diâmetro das tubulações e acessórios ou menor perda de carga hidráulica nas tubulações e acessórios, menor capacidade dos dispositivos de segurança operacional etc. Por outro lado, a eficiência de aplicação de água, em geral, depende do sistema de irrigação considerado.
Porém, a demanda atual da sociedade por melhores desempenhos dos sistemas de irrigação praticamente não admite eficiência inferior a 80%. Esse número significa que a cada 100m3 de água aplicada, 80m3 serão aproveitados pela cultura e 20m3 serão perdidos por percolação, escoamento superficial ou evaporação, isoladamente ou em conjunto. Alguns sistemas automatizados, bem dimensionados e operados, podem atingir 85% até 90% de eficiência. Outros, negligenciados, não conseguem ultrapassar 50%. Convém salientar que não existe um sistema de irrigação ideal, capaz de operar com uma eficiência absoluta, ou seja, sem perdas de água. Em resumo, adotando-se um período operacional diário (T) de 20h e uma eficiência (E) de 80%, convertida para decimal (80/100 = 0,8) na seguinte equação, resulta: Q = V/(T × E) = 400/(20 × 0,8) = 25m3/h.
Caso o período operacional seja reduzido para 10h/dia, a vazão requerida será duplicada (50m3/h) com os inconvenientes já mencionados. A condição necessária para viabilizar a operação noturna consiste apenas em se disponibilizar dispositivos capazes de assegurar a condição operacional, que estão disponíveis a um custo relativamente reduzido.
Uma alternativa acessível em projetos de irrigação para culturas anuais consiste em se adotar uma capacidade de bombeamento inferior à demanda hídrica durante o período crítico de exigência da cultura. A proposta seria utilizar o solo como um reservatório de água disponível, cuja capacidade poderia suprir a demanda deficitária durante aquele período. Essa alternativa está graficamente representada a seguir.
Assim, por exemplo, assumindo-se que a demanda hídrica média durante o período crítico esteja avaliada em 4mm/dia e adotando-se uma capacidade de bombeamento de 3,2mm/dia (20% de redução) pode-se concluir que existe uma demanda deficitária de 0,8mm/dia. Assumindo-se que a capacidade de água disponível no solo seja 32mm, um valor característico para a maioria dos solos classificados para irrigação, pode-se afirmar que esse valor poderia complementar a demanda hídrica da cultura durante 40 dias (32mm/0,8mm/dia = 40 dias). A amplitude desse intervalo deve, necessariamente, incluir o período crítico de exigência hídrica da cultura. A condição necessária nessa proposta é a reposição da capacidade de água disponível ao solo, através de chuva ou irrigação, nos períodos antecedentes, nos quais a demanda hídrica é inferior à capacidade de bombeamento adotada no projeto.
Verificada a quantidade, resta avaliar a qualidade da água face às exigências do sistema de irrigação pretendido. Nesse caso, a exigência de melhor qualidade da água é direcionada aos sistemas de irrigação localizada, microaspersão e gotejamento, principalmente este último, em função da reduzida dimensão dos condutos existentes nos gotejadores. Nesses sistemas, a exigência de um eficiente sistema de filtragem da água é mandatória. Além disso, a presença de concentrações excessivas de sais solúveis ou águas ferruginosas também requer cuidados especiais para evitar problemas de precipitação e deposição nos gotejadores, causando sua obstrução parcial ou total, uma condição muito difícil de ser revertida, e quase sempre determinando o descarte de todo equipamento comprometido.
Os sistemas por aspersão e superfície são menos dependentes da qualidade física e biológica da água. Na maior parte das instalações, apenas um crivo instalado na entrada da tubulação de sucção pode ser suficiente para evitar que os aspersores ou orifícios e sifões sejam obstruídos, simplesmente porque apresentam orifícios com maior diâmetro.
DIMENSÕES E FORMA DA ÁREA A SER IRRIGADA
Exceto no sistema por aspersão pivô central, cuja área é total ou parcialmente circular, a maioria dos sistemas de irrigação é favorecida em áreas retangulares. Nessas áreas, tanto o dimensionamento quanto o manejo das irrigações são facilitados. Muitas vezes é aconselhável descartar formas irregulares que podem dificultar o dimensionamento, encarecer o projeto e dificultar o manejo das irrigações.
A definição das dimensões das áreas deve também considerar as características do sistema de irrigação. Assim, por exemplo, uma tubulação de PVC DN 40, especificado para esgotamento sanitário, com 37,6mm de diâmetro interno, é capaz de abastecer simultaneamente 12 aspersores espaçados de 12m, com vazão média de 500L/h, o que corresponde a 1.728m2 de área efetiva irrigada. Admitindo-se outra linha lateral abastecida pela mesma linha de derivação, totaliza-se 288m de faixa irrigada com 3.456m2. Essa alternativa diminui o número de registros no início das linhas laterais e favorece a operação do sistema. Portanto, ao explorar a capacidade de condução de água da tubulação para definir as dimensões das áreas irrigadas, sempre ocorrerá uma redução nos custos de investimento e operacionais nos projetos de irrigação.
Existem situações particulares em irrigação por superfície nas quais a forma das áreas irrigadas é determinada pela topografia do terreno, predominantemente plana. A estrutura ou tubulação responsável pela dotação de água percorre um gradiente muito reduzido ou nulo, distribuindo a água que se movimenta pela ação gravitacional na superfície do solo. Nessas condições, em geral, a água não constitui um fator limitante ao dimensionamento e manejo das irrigações.
CONSUMO DE ENERGIA
Raramente um sistema de irrigação opera sem consumir energia. Em geral, os mananciais mais utilizados, representados por reservatórios, riachos ou rios, localizam-se nas cotas mais reduzidas das propriedades, requerendo uma ação de recalque para disponibilizá-los em cotas mais elevadas nas áreas irrigadas. Alguns sistemas consomem grandes quantidades de energia, notadamente quando envolvem acentuados desníveis entre o manancial e as áreas irrigadas e operam com pressões elevadas. Nesse caso, a relação é diretamente proporcional, ou seja, quanto maior a altura manométrica requerida no bombeamento, maior será o consumo de energia.
Existem várias alternativas para reduzir o consumo de energia em irrigação. Em primeiro lugar, priorizar áreas que estejam próximas e com um pequeno desnível em relação ao manancial. A condição ideal seria localizar o recurso hídrico no centro geométrico da área irrigada. O sucesso do sistema pivô central iniciou-se quando foi possível retirar água de aquíferos subterrâneos no ponto central da área, ou ponto do pivô, para abastecer o equipamento.
Em segundo lugar, quando possível, optar por sistemas de irrigação por superfície, que não dependem de pressurização no processo de distribuição de água na área irrigada. Em seguida, considerar a opção por sistemas de irrigação localizada, principalmente o gotejamento, utilizando microtubos spaghetti como emissores pontuais. Microtubos com 1,5mm de diâmetro interno podem operar, em muitas condições, com cargas manométricas inferiores a 2m, o que poderia dispensar a pressurização por bombeamento, além de serem menos suscetíveis à obstrução que os gotejadores comerciais. Sendo aspersão, considerar a opção por aspersores com bocal único e diâmetro reduzido. Essas condições, além de reduzir a pressurização, oferecendo menor especificação na classe de pressão nominal dos tubos, diminuem a vazão nas tubulações que constituem as linhas laterais, favorecendo a redução do diâmetro e da perda de carga hidráulica, permitindo maiores comprimentos dessas tubulações.
CONDIÇÕES TOPOGRÁFICAS
A topografia da superfície desempenha um importante papel na economia e até mesmo na viabilidade de um projeto de irrigação. O aumento do gradiente topográfico acentua o rigor no dimensionamento exigindo, em sistemas pressurizados, um maior número de controladores de pressão. Em irrigação por sulcos, o aumento da declividade transversal acentua o risco de transbordamento da água, predispondo ao surgimento de processos erosivos superficiais, difíceis de serem corrigidos. Por essas razões, gradientes transversais acima de 10% praticamente inviabilizam a irrigação por sulcos.
Uma topografia desuniforme também dificulta o dimensionamento e o manejo das irrigações, encarecendo os projetos. A condição ideal seria a manutenção de gradientes topográficos reduzidos em todas as direções, caracterizando uma condição relativamente plana e uniforme.
FERTIRRIGAÇÃO
Não há justificativa para um sistema de irrigação criteriosamente dimensionado prescindir da aplicação de fertilizantes hidrossolúveis juntamente com a água. A premissa de uma distribuição de água satisfatória na área irrigada resume a condição necessária para a incorporação desses fertilizantes no processo de aplicação. A estratégia de se incorporar com frequência quantidades suficientes de fertilizantes, tornando-os prontamente disponíveis ao sistema radicular das plantas cultivadas, é um importante benefício adicional que deve ser incorporado aos projetos de irrigação.
Cabe destacar a reconhecida versatilidade de fertirrigação em sistemas de irrigação por superfície, que podem aplicar, com sucesso, até fertilizantes orgânicos, praticamente impedidos ou limitados em outros sistemas de irrigação, tornando-os então prioritários em sistemas de produção orgânica.
CONCLUSÕES
Em resumo, deve-se admitir a dificuldade em se encontrar as condições integradas que favorecem a economia dos projetos de irrigação. Assim, à medida que as condições se afastam daquelas mais favoráveis, os custos de investimento e operacionais serão inevitavelmente ampliados, justificando a opção por culturas mais valorizadas, capazes de tornar o empreendimento economicamente compensador. Em algumas situações, pode ser recomendável iniciar a irrigação nas condições mais favoráveis, objetivando acumular recursos financeiros para custear a incorporação futura das áreas com maiores restrições à agricultura irrigada.