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sexta-feira, 7 de agosto de 2020

Polinização pode aumentar a produtividade de culturas de grande importância agrícola no Brasil

Tema foi debatido em live com a participação da ministra Tereza Cristina
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A flor de um cafeeiro sendo polinizada por uma abelha - Foto: iStock/Mapa

A ministra Tereza Cristina (Agricultura, Pecuária e Abastecimento) participou nesta quinta-feira (6) da live Mulheres no Agronegócio Sustentável através do Processo de Polinização com Abelhas, promovido pela Associação Brasileira de Exportadores de Mel (Abemel). No encontro, foi debatida a importância da polinização para aumentar a produção em culturas de grande relevância agrícola no Brasil, como soja e café. 

A ministra destacou que o Brasil pode trabalhar para aumentar sua atuação nesse setor. “Pela nossa dimensão, diversidade das culturas e pelo nosso clima, poderíamos ter uma atuação muito mais efetiva nesse setor. A polinização ser usada como bioinsumo é uma coisa nova temos um espaço enorme para trabalhar mais esse assunto”, disse.

Para a presidente da Abemel, Andressa Berretta, as abelhas podem ser um importante bioinsumo para o agronegócio brasileiro. “As abelhas podem ser essenciais como políticas públicas para ajudar a criar a consciência de como podemos evitar a geração de carbono para o ambiente, o consumo de água só usando as abelhas como insumo para aumentar a produção”.  

A diretora-executiva da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), Vanusia Nogueira, ressaltou que, além do aumento da produtividade proporcionado pelo uso de polinizadores na cultura do café, a prática possibilita a redução do uso de outros recursos e pode alavancar o valor agregado do produto. “Esse aumento de produtividade fica totalmente em linha com tudo o que o agro brasileiro tem defendido e buscado mostrar para o mundo: que nós temos uma agricultura extremamente sustentável e que podemos aumentar a produtividade, o nível de alimentos que entregamos para o mundo sem necessariamente aumentar as áreas que precisamos para fazer isso”, disse.

Segundo ela, os primeiros testes com polinizadores na cultura do café têm  gerado resultados promissores. “Os produtores já estão animados em se engajar nesse processo a partir da próxima florada, em setembro”, concluiu. Dados da Startup Agrobee referentes à safra 2019/2020 mostraram um aumento médio de 20% na cultura de café que teve a polinização assistida e inteligente promovida pela empresa.  

A sócia fundadora da iniciativa Pretaterra, Paula Costa, falou sobre a importância de alavancar no Brasil o sistema de pagamentos por serviços ecossistêmicos dentro dos sistemas produtivos. A ministra concordou que é preciso avançar neste tema e convidou as participantes da live para a elaboração de uma proposta no Mapa.

A ministra também comentou sobre o Selo Arte para produtos artesanais provenientes da apicultura e meliponicultura (mel, própolis ecera), que deve ser regulamentado em breve pelo Mapa. O selo permite que os produtos artesanais de origem animal sejam comercializados em todo o território nacional.

Valor econômico

O serviço ecossistêmico prestado pelos animais polinizadores à agricultura brasileira contribuiu com um valor econômico estimado de R$ 43 bilhões em 2018. A estimativa se refere aos valores que seriam gastos pelos agricultores caso os polinizadores não contribuíssem para a produção de alimentos. A soja responde por 60% do valor estimado, seguida pelo café (12%), laranja (5%) e maçã (4%).  

Os dados são do Relatório Temático sobre Polinização, Polinizadores e Produção de Alimento no Brasil, fruto da parceria entre a Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos e a Rede Brasileira de Interações Planta-Polinizador. Segundo o estudo, a intervenção de polinizadores em cultivos de café favorece um aumento de 30% no rendimento desse cultivo. 

As abelhas são o grupo de polinizadores mais abundante na agricultura, pois visitam mais de 90% dos 107 principais cultivos agrícolas já estudados no mundo. 

Produção e exportação de mel

A produção de mel no Brasil foi de 42,35 mil toneladas em 2018, com valor de produção de R$ 502,84 milhões. A Região Sul é responsável por 38,9% do total produzido, e a Região Nordeste, 33,6%. Os dados são da Pesquisa da Pecuária Municipal, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

Em 2019, o Brasil exportou 30 mil toneladas de mel natural, com valor de US$ 68,3 milhões. Em 2020, as exportações subiram 35,7%, em comparação ao primeiro semestre de 2019. 

Os Estados Unidos são responsáveis por 78% das aquisições de mel do Brasil, em valor. Em 2019, foram exportados para o país 24,1 mil toneladas de mel, com US$ 54,2 milhões. O segundo país importador é a Alemanha, com 1,8 mil toneladas e US$ 4,7 milhões em valor. 

Em 2019, o Kuwait abriu o mercado de mel para o Brasil. Desde 2016, era aguardada a autorização pelo país árabe.

Fonte: MAPA

domingo, 2 de agosto de 2020

Embrapa abre inscrições para 6 cursos gratuitos de capacitação a distância

Todo o conteúdo dos cursos foram elaborados pelas equipes técnicas da empresa e possuem linguagem adaptada para o ensino a distância
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Foto: Agência IBGE Notícias

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) está disponibilizando cinco novos cursos gratuitos de capacitação a distância. Todo o conteúdo dos cursos foram elaborados pelas equipes técnicas da empresa e possuem linguagem adaptada para o ensino a distância e para o curso específico. Os programas compreendem diversas cadeias produtivas. Confira:

Objetivos: Conhecer a biologia das abelhas sem ferrão; conhecer e aprimorar as técnicas de manejo dessas abelhas; possibilitar a pessoas interessadas na criação a iniciarem sua atividade, seja como forma de lazer ou como fonte de renda; sanar dúvidas relacionadas à biologia e ao manejo dessas abelhas.

Público: Pessoas que estão iniciando a atividade de criação de abelhas.

Período de realização: O participante terá 30 dias para conclusão do curso, após a inscrição.

Carga horária: 12 horas.

InscriçõesAbertas (clique para acessar)

 

Objetivos: Identificar as características e condições mais propícias da água, do solo, da luminosidade e dos nutrientes para produção de horta; reconhecer as principais pragas e doenças que afetam as hortas; conhecer formas e recipientes interessantes e potencialmente seguros para a construção de um mini canteiro.

Público: Cidadãos e cidadãs em ambientes urbanos.

Período de realização: O participante terá 30 dias para conclusão do curso, após a inscrição.

Carga horária: 12 horas.

InscriçõesAbertas

Objetivos: Conceituar Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC); reconhecer a importância das PANCs; listar as etapas do sistema de produção de diversas hortaliças PANC; identificar estratégias eficazes de controle de pragas e doenças em PANC; identificar as características nutricionais de diversas hortaliças PANC; conhecer receitas para introduzir as hortaliças PANC na dieta familiar

Público: Público geral interessado na produção de PANC em quintais, varandas e pequenos estabelecimentos rurais.

Período de realização: O participante terá 30 dias para conclusão do curso, após a inscrição.

Carga horária: 12 horas.

InscriçõesAbertas, mas ATENÇÃO, vagas limitadas!

 

Objetivos: Conhecer os princípios e a operacionalização do Manejo Integrado de Pragas – MIP; identificar as principais pragas que infestam o cultivo do pimentão; reconhecer os principais inimigos naturais; distinguir as formas de controle biológico para o manejo de pragas na cultura do pimentão; combinar formas de controle eficazes para o manejo integrado de pragas do pimentão; tirar dúvidas sobre o cultivo do pimentão.

Público: Agentes de ATER, produtores rurais, consultores em HF, estudantes de curso técnico profissional, de graduação e pós-graduação em Agronomia, Fitossanidade e Entomologia.

Período de realização: O participante terá 30 dias para conclusão do curso, após a inscrição.

Carga horária: 10 horas.

InscriçõesAbertas (até 11 de agosto de 2020)

 

Objetivos: Ao final desta capacitação online espera-se que os participantes sejam capazes de entender o significado dos termos ‘empreender’ e ‘empreendedorismo’; relatar a evolução do conceito de empreendedorismo; caracterizar o comportamento do empreendedor; definir empreendedorismo; conceituar gestão; descrever a importância da gestão para o empreendimento; explicar as funções gerenciais de planejamento, organização, direção e controle; conceituar modelo de negócio; assinalar a importância do modelo de negócio para empreendedorismo; entender o modelo Canvas e seus elementos integrantes.

Público: Estudantes e agentes multiplicadores, em especial, aqueles vinculados aos serviços de assistência técnica e extensão rural pública e privada, atuantes no segmento da agricultura de base familiar ecológica.

Período de realização: O participante terá 30 dias para conclusão do curso, após a inscrição.

Carga horária: 08 horas.

InscriçõesAbertas

 

Objetivos: Identificar e reconhecer os diferentes estágios de degradação das pastagens; diferenciar os processos de recuperação e renovação de pastagens para propor estratégias planejadas e definidas a partir de critérios técnicos; analisar, propor recomendações e escolher as melhores técnicas e manejos em razão da escolha da espécie forrageira.

Público: Produtores rurais, técnicos, estudantes e demais profissionais atuantes no setor agropecuário.

Período de realização: O participante terá 30 dias para conclusão do curso, após a inscrição.

Carga horária: 15 horas.

Inscrições: Abertas

Fonte: Canal Rural 

sexta-feira, 31 de julho de 2020

Consórcio realiza sequenciamento genético de abelha sem ferrão nativa

Espécie dócil conhecida como marmelada tem todas as operárias estéreis e apresentou sequências de genes encontradas em outras abelhas sociais, mostrando conservação de características ancestrais.

Um consórcio de pesquisadores de seis universidades brasileiras, financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pela FAPESP, sequenciou o genoma da Frieseomelitta varia, abelha sem ferrão nativa do Brasil conhecida como marmelada. O resultado aumenta a compreensão sobre a evolução destas abelhas e abre caminho para o melhoramento de espécies com potencial de uso comercial.

Os resultados foram publicados na BMC Genomics por pesquisadores das universidades de São Paulo (USP), Estadual Paulista (Unesp), Federal de São Carlos (UFSCar), Federal de Alfenas (UFAL), Federal do Vale do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) e Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).

“Escolhemos uma espécie para realizar esse projeto-piloto, a fim de testar nossa capacidade de sequenciar um genoma inteiro. Essa é uma espécie emblemática, uma vez que suas operárias são completamente estéreis. É uma característica que a difere da grande maioria das abelhas do grupo Meliponini, das abelhas sem ferrão”, diz Klaus Hartmann Hartfelder, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP e um dos autores do trabalho.

O estudo integra um projeto apoiado pela FAPESP e coordenado por Zilá Luz Paulino Simões, professora da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP e coautora do artigo. O sequenciamento foi realizado no Laboratório Central de Tecnologias de Alto Desempenho em Ciências da Vida (LaCTAD) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), também apoiado pela FAPESP.

O sequenciamento revelou uma grande quantidade de sequências repetidas dos chamados RNAs longos não codificantes, que têm função regulatória. Em humanos, por exemplo, esses RNAs estão relacionados a processos de regulação do desenvolvimento, inclusive do sistema nervoso central. Na marmelada, os pesquisadores consideram que essas sequências podem estar ligadas ao processo de desenvolvimento do ovário das abelhas, que torna as operárias completamente estéreis, enquanto a rainha é altamente fértil.

“Como na grande maioria dos insetos sociais, os ovos são iguais, dali pode sair tanto uma operária quanto uma rainha. Durante o desenvolvimento da larva, porém, acontece a divergência em algumas das vias moleculares de sinalização, que faz com que essas abelhas se diferenciem em dois tipos de indivíduos, a rainha fértil e muitas operárias inférteis. Na abelha europeia (Apis mellifera) isso se dá por conta da alimentação diferente que a rainha recebe na fase larval, mas nas abelhas sem ferrão parece ser mais uma questão de quantidade de alimento”, diz Hartfelder.

Vantagem evolutiva

O grupo encontrou ainda um alto grau de conservação (sintenia) de um bloco de genes descrito na Apis mellifera relacionado ao comportamento de estocagem de pólen dentro da colônia. Essa é uma característica de espécies altamente sociais, enquanto outras coletam apenas o pólen suficiente para alimentar as larvas.

“O que nos surpreendeu é que a A. mellifera e as abelhas sem ferrão divergiram em linhagens diferentes há mais de 70 milhões de anos. É muito tempo e, mesmo assim, essa característica foi se mantendo ao longo da evolução. Temos de verificar se o mesmo acontece com outras abelhas para saber se isso ocorreu por puro acaso ou se garantiu uma vantagem evolutiva”, explica o pesquisador.

Outro achado interessante foi a diferença de outras abelhas na organização da ordem dos genes do genoma mitocondrial, que também foi sequenciado nesse trabalho. A alteração na ordem gênica da usina de energia da célula pode ter implicações evolutivas a serem estudadas com mais profundidade no futuro.

Polinização em cultivo de alimentos

O nome popular da espécie faz referência à cor de seus ninhos, que tem um revestimento externo marrom por conta da aplicação de resina que as abelhas coletam de plantas. O material tem propriedades repelentes, o que afasta formigas e outros potenciais invasores do local de entrada.

A espécie produz pouco mel, mas por sua docilidade e larga distribuição, principalmente no Sudeste do Brasil, tem potencial para servir como polinizadora em cultivos de alimentos de alto valor agregado em estufas. A abelha europeia não se adapta bem a esses ambientes fechados, mas as abelhas sem ferrão têm grande potencial como polinizadores destes cultivos.

As descobertas do genoma da marmelada servem ainda de guia para a busca de características desejadas em outras espécies de interesse comercial, como a jataí (Tetragonisca angustula).

No trabalho atual, o grupo utilizou a experiência adquirida nos sequenciamentos de genomas de abelhas realizados por consórcios internacionais. Em 2006, os pesquisadores fizeram parte do grupo que sequenciou o genoma da Apis mellifera, a abelha europeia mais usada na produção de mel. 

Em 2015, o grupo participou de um trabalho que sequenciou 10 genomas de abelhas, entre eles o da mandaçaia (Melipona quadrifasciata), a primeira espécie brasileira de abelhas sem ferrão a ter o genoma sequenciado. No mesmo ano, participou ainda da publicação do genoma de duas mamangavas, insetos da mesma linhagem das abelhas do gênero Apis e das abelhas sem ferrão.

O próximo passo da pesquisa é estudar melhor algumas regiões que chamaram atenção do genoma da marmelada. Além disso, graças ao conhecimento adquirido durante o trabalho, o grupo já selecionou outras cinco espécies que terão o genoma sequenciado.

Fonte: Grupo Cultivar 

sábado, 18 de julho de 2020

Integração das atividades agrícolas com apicultura e meliponicultura

Abelhas e atividade agrícola podem e devem conviver em equilíbrio, com benefícios mútuos.



A integração das atividades da agricultura com aquelas da apicultura e meliponicultura é benéfica e possível. Abordada como um componente importante da sustentabilidade, esta assimilação demanda medidas para a mitigação de riscos de práticas agrícolas sobre as abelhas. Em escala, a maioria das culturas de interesse agrícola necessita da utilização de pesticidas para o controle dos seus antagonistas (como pragas, doenças e plantas daninhas), e as medidas de boas práticas agrícolas na aplicação destes produtos são fundamentais na adoção do Manejo Integrado de Pragas (MIP).

Tratamentos fitossanitários devem ser realizados somente quando forem realmente necessários, seguindo rigorosamente as instruções de uso, por exemplo, sem extrapolar a dosagem recomendada e com produtos autorizados para a cultura e respeitando as condições climáticas nas aplicações. Estas são medidas básicas para a minimização de riscos, ao lado da assistência técnica qualificada.

Conhecer os principais polinizadores a conservar, os produtos seletivos e o padrão de uso com base no comportamento destes insetos são medidas essenciais para escolhas que minimizam os riscos de contaminação das abelhas no campo.

Presença de Apis mellifera em flor de algodoeiro
Presença de Apis mellifera em flor de algodoeiro

Polinização

A polinização é um serviço entomológico que ocorre em ecossistemas, seja agrícola ou natural. Ao contrário do que se acredita, o agente polinizador visita as plantas atrás de recursos florais para sua alimentação e não com a intenção de polinizar flores. Daí decorre a dificuldade de mensurar os tais valores destes serviços ecossistêmicos em Entomologia.

Pelo grau de dependência, algumas plantas não dependem de agentes externos, como as abelhas, para que ocorra a fecundação dos seus óvulos e realizam a autopolinização (por exemplo: arroz, feijão, sorgo e trigo), ou no cultivo nem mesmo as flores têm significado (alho, cana-de-açúcar, mandioca e tabaco). Outras lavouras têm uma dependência muito restrita de polinizadores (algodoeiro, cafeeiro, mamoneira e soja).

De outro lado, a polinização cruzada proporciona variabilidade genética da espécie vegetal diversificando genomas de plantas, alguns mais vigorosos e produtivos. Os casos da castanheira, do guaranazeiro, da goiabeira e do maracujazeiro são ilustrativos neste aspecto.

Abelhas sociais sem ferrão são úteis para a polinização de várias plantas
Abelhas sociais sem ferrão são úteis para a polinização de várias plantas

Para uma grande maioria de espécies de plantas, os polinizadores são essenciais, pois sem eles muitas não conseguiriam se reproduzir e, consequentemente, não seria possível produzir frutos, sementes, amêndoas ou castanhas, que são utilizados em larga escala pela sociedade humana; além, de contribuírem para a manutenção da vegetação nativa e no incremento produtivo de diversas culturas. Assim, as plantas atraem os polinizadores oferecendo recompensas como pólen, néctar, óleos, resinas, cores e odores, que por sua vez atraem uma variedade de visitantes florais.

Sabe-se que os polinizadores mais eficientes por excelência são os insetos, destacando-se as abelhas criadas ou silvestres. Entre os gêneros de abelhas que se destacam como polinizadores de cultivos estão o Centris, de abelhas solitárias coletoras de óleo, o Xylocopa, que também são abelhas solitárias conhecidas como abelhas carpinteiras por nidificarem em madeira e são muito importantes para o maracujazeiro e a castanheira do Brasil. O gênero Bombus também se destaca com as mamangavas, também muito importantes para a cultura do maracujá, por sua vez o grupo de gêneros das abelhas sociais sem ferrão (meliponíneos e mesmo Trigona) são úteis para a polinização de várias plantas.

A abelha mais conhecida, citada e usada em monoculturas, pertence à espécie domesticada Apis mellifera (Hymenoptera: Apidae), comumente denominada abelha africanizada ou melífera, pois possui uma ampla distribuição geográfica. É generalista ao forragear uma enorme quantidade de plantas e cultivos, com elevada intensidade, visitando várias flores devido à sua grande necessidade nutricional para manutenção da colônia. Além disso, é amplamente manejada para a exploração dos seus produtos como mel, geleia real, própolis, pólen apícola e cera. Também são comumente utilizadas na mobilidade da apicultura migratória, com o objetivo de realizar a polinização de culturas no auge de sua floração para que se alcance o máximo da produtividade (eventualmente qualidade) da cultura e coleta de produtos apícolas. Por sua vez, os meliponíneos costumam ter manejos mais artesanais e são menos conhecidos cientificamente, o que não reduz o serviço prestado por eles.

Medidas de mitigação de riscos para polinizadores

O primeiro ponto é distinguir causas de potenciais mortandades de abelhas, como a importância de separar claramente as causas incidentais e acidentais das ações deliberadas. Além disso, entender que o Distúrbio do Colapso das Colmeias (DCC) tem supostas causas múltiplas, ocorrendo em períodos cíclicos nos últimos séculos, predominantemente no Hemisfério Norte e não exclusivamente causado por pesticidas.

A proximidade das abelhas com culturas agrícolas as torna expostas aos diferentes produtos fitossanitários empregados na proteção dos cultivos, o que causa elevada preocupação com a saúde desses insetos. Assim, dada a integração da agricultura com a apicultura e a meliponicultura, medidas de mitigação de riscos de pesticidas para tais polinizadores são necessárias.

Apis mellifera não empelota pólen de algodoeiro na corbícula, ele apenas fica sobre o corpo da operária
Apis mellifera não empelota pólen de algodoeiro na corbícula, ele apenas fica sobre o corpo da operária

A adoção plena do MIP nas lavouras é o primeiro passo desta conciliação. O uso do monitoramento de pragas e organismos benéficos como instrumento das decisões devidamente associado à aplicação dos métodos de controle cultural, resistência de plantas, controle biológico ou natural, recursos regulatórios, dentre outros, descomplica a necessidade de utilização de pesticidas em uma emergência para prevenir a extrapolação do nível de dano econômico.

Conhecer a lista de produtos seletivos a esses polinizadores para escolhas acertadas é chave. Também, ter um conhecimento prévio da lista dos principais polinizadores que visitam a cultura em que se pretende realizar tais aplicações, bem como seu comportamento de forrageamento na cultura, é de elevada importância para ações de conservação.

Na parte operacional, evitar aplicações diretamente sobre abelhas em visitação nos campos de cultivo, por exemplo após o início da manhã até o final da tarde, principalmente no período de floração das culturas, pois é quando estão mais atrativas às abelhas, procurando realizar estes tratamentos bem cedo ou próximo do crepúsculo ou à noite, sempre seguindo as recomendações de utilização das bulas dos produtos fitossanitários. Simplificando, evitar aplicar pesticidas entre 8h e 16h, o que tem também algum significado prático nas eficácias das aplicações, por causa dos frequentes ventos intensos e suas rajadas, temperaturas mais elevadas e umidades do ar baixas.

O mais indicado é realizar aplicações de produtos fitossanitários quando não existir abelhas ou apiários próximos aos cultivos, porém muitas vezes isso não é possível. Então, se viável, caso existam colônias alocadas nos cultivos durante a florada não é recomendada a aplicação até que sejam removidas. Alternativamente, recomenda-se a proteção das colônias na hora da aplicação, fechando o alvado ou a fenda de entrada e saída dos adultos das abelhas da colmeia.

Para otimizar a validade, a aplicabilidade e a funcionalidade destas medidas é notável a necessidade de diálogo frequente e profissional entre vizinhos apicultores e agricultores e seus gestores, ou mesmo entre prestadores de serviços de polinização e responsáveis pelas lavouras do entorno. Na sua grande maioria, as abelhas forrageiam num raio de até dois a três quilômetros da colmeia.

A composição de locais de forrageamento com outras plantas que permitam uma flora apícola maior, diversificada e mais atrativa que o cultivo também é recomendada, como uma alternativa no incremento da diversidade de habitats e plantas no entorno donde as abelhas possam coletar recursos florais, locais estes onde não ocorreram aplicações de produtos fitossanitários. Para este fim, têm sido sugeridas plantas como: assa-peixe, vassourão-branco, astrapeia-rosa, eucalipto-anão-de-flores-vermelhas, cambará-lixa, paineira-bombax, resedá-branco, resedá-rosa, ipê-de-jardim, dentre outras.

É oportuna, ainda, a conservação da vegetação nativa próxima das áreas de cultivo agrícola, que forneçam habitats com flores para os polinizadores como fonte de recursos mais atrativa e eficiente que a própria cultura agrícola. Assim, o número de visitas nos cultivos que recebem aplicações diminuirá e os riscos de contaminação serão menores.

Dinâmica temporal de abelhas A. mellifera em um cultivo de soja de ciclo indeterminado, ao longo do período de floração estimado pelo modelo linear generalizado de Poisson. (Fonte da tese Souza, E.P. 2019)
Dinâmica temporal de abelhas A. mellifera em um cultivo de soja de ciclo indeterminado, ao longo do período de floração estimado pelo modelo linear generalizado de Poisson. (Fonte da tese Souza, E.P. 2019)

Outro ponto a ser observado é o respeito às faixas de segurança para as aplicações (distância entre cultivo e áreas de preservação ou conservação), de acordo com os conceitos de boas práticas agrícolas e a legislação pertinente de cada localidade ou bula do produto. Indica-se sempre realizar periodicamente a manutenção dos equipamentos de pulverização terrestres, bem como seguir as dosagens recomendadas, com volume de calda e tamanho das gotas para cada produto a ser aplicado; assim, será obtido o máximo de efetividade no controle de pragas, serão evitadas perdas por deriva e consequentemente previne-se a contaminação de polinizadores colaborando para sua conservação.

Quanto às recomendações para as aplicações aéreas, que não são mais deletérias que as terrestres comparativamente, propõe-se não aplicar em uma distância menor que 300 metros de áreas de vegetação natural e culturas agrícolas vizinhas em fase de florescimento e visitação de abelhas. Indica-se que antes das aplicações deve-se notificar os apicultores localizados a um raio de até seis quilômetros com antecedência mínima de 48 horas, para que possam proteger suas colmeias, e recomenda-se que as aplicações sejam feitas a uma altura de três a cinco metros de altura de voo sobre a cultura a ser pulverizada. Destaca-se que os apicultores no anonimato ou aqueles que colocam suas colmeias clandestinamente em locais não autorizados acabam ficando sujeitos a surpreendentes problemas de mortandade de abelhas ou colmeias.

O volume de aplicação deve ser no mínimo de 50 litros de calda por hectare, se viável para o sucesso do tratamento fitossanitário, e as condições climáticas devem ser respeitadas conforme as bulas de registros dos produtos fitossanitários, procurando aplicar quando a velocidade do vento estiver entre 3km/h e 7km/h, a temperatura estiver inferior a 30ºC com a umidade relativa do ar superior a 55% e com gotas finas e médias, visando assim reduzir ao máximo as perdas por deriva e evaporação e garantindo um controle eficiente das pragas. Alguns estados da Federação detêm suas próprias normas para pulverização aérea, por isso é preciso atenção no momento da aplicação.

Contemporaneamente, em um ambiente de agricultura 4.0, onde os dados coletados, transmitidos e processados em tempo real melhoram a produtividade e a sustentabilidade do campo, faz-se necessário o desenvolvimento de produtos, processos e serviços que utilizem georreferenciamento (GIS/GPS) das colmeias, aplicativos de mapeamento e intercomunicação, mapas e sistemas de aviso para alertar riscos iminentes.

Em suma, nota-se aqui a importância evidente do diálogo permanente entre vizinhos apicultores e agricultores (ou seus gestores) para o gerenciamento de riscos, com vistas a minimizar problemas de mortalidade de abelhas e evitar conflitos interpessoais, judiciais ou de negócios.

Ellen P. Souza e Paulo E. Degrande, Univ. Federal da Grande Dourados (UFGD)

Fonte: Grupo Cultivar 

segunda-feira, 6 de julho de 2020

Quer começar a criar abelhas sem ferrão? Confira curso online da Embrapa

As aulas servem tanto para quem quer começar na atividade quanto para criadores que buscam aprimorar suas técnicas e encontrar novas alternativas produtivas
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Foto: Maria Eugênia Ribeiro/Embrapa

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), por meio da sua plataforma digital, oferece gratuitamente  o curso de meliponicultura  a distância, para iniciantes na criação de abelhas sem ferrão.

Dentre os principais objetivos do curso, estão: conhecer a biologia das abelhas, aprender e aprimorar as técnicas de manejo, sanar dúvidas relacionadas à biologia e ao manejo, além de possibilitar aos interessados na atividade o início de sua própria cultura, seja como forma de lazer ou fonte de renda.

A capacitação também é destinada a criadores que buscam aprimorar suas técnicas e encontrar novas alternativas produtivas. A carga horária é de 12 horas.

O curso tem um total de 12 horas e o participante possui até 30 dias para conclui-lo a partir da data de inscrição. As vagas já estão abertas e são limitadas. Você pode se inscrever por aqui.

Fonte: Canal Rural 

8 de agosto é o Dia do Produtor Rural Sergipano

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