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quinta-feira, 30 de junho de 2022

Embrapa: sistema digital cria alerta sobre doenças de soja e algodão

 A Embrapa e a Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa) desenvolveram o Monitora Oeste, um sistema digital gratuito que envia emite alertas sobre o avanço de doenças e pragas ao celular do produtor.

alerta

Sistema combina equipes a campo e 44 armadilhas georreferenciadas. (foto – Fabiano Perina)

Entre elas, estão a ferrugem asiática e a mancha de ramulária, que atacam lavouras de algodão e soja, nas propriedades rurais do oeste baiano. Estas enfermidades podem gerar perdas estimadas em 30% na cotonicultura, e de até 80%, na sojicultura.

Desenvolvida ao longo de dois anos, a tecnologia está disponível para navegação gratuita em smartphone (Android e IOS) e em plataforma web. Ao cadastrar-se, o usuário passa a receber informações sobre os focos e as condições climáticas favoráveis para a proliferação das doenças e para a dispersão dos esporos na região.

Dentro do aplicativo, o usuário encontrará sete funcionalidades: ocorrências e alertas; gráfico de ocorrências; mapa de ocorrências; armadilhas; mapa de armadilhas; favorabilidade e agrometeorologia.

A tecnologia possibilita a aplicação de filtros, como espécie (doença), municípios, núcleos regionais e safra. A versão para Web traz ainda mais recursos, como o tipo de área em que a ocorrência foi registrada, a sobreposição de camadas e a geração e exportação de mapas em alta resolução.

Para o pesquisador da Embrapa Territorial Julio Bogiani, líder da equipe que desenvolveu o produto, o Monitora Oeste permitirá elevar a eficiência de controle das doenças, com a possibilidade de redução de custos e de impacto ambiental pelo menor número de aplicações de defensivos agrícolas.

Ele explica que, atualmente, as aplicações dos fungicidas são calendarizadas. Em cada safra, são realizadas de oito a dez aplicações, com intervalos de 15 dias, período de duração residual do fungicida.

“O sistema dá aos produtores as melhores condições para a tomada de decisão de abrir mão ou de utilizar os defensivos agrícolas na época certa e na dose correta. Com o direcionamento dos seus gastos, eles alcançarão uma economia muito boa”, afirma o cientista.

A Abapa levará a tecnologia aos seus associados. Na visão de Luiz Carlos Bergamaschi, presidente da associação, o Monitora Oeste possui os elementos necessários para o incremento da produtividade do agricultor baiano.

“A mancha de ramulária e a ferrugem da soja são potencialmente devastadoras, quando fora de controle, e de rápida disseminação. Ter a informação precisa e atualizada permite traçar estratégias mais eficazes de controle, com sustentabilidade. Isso traz maior rentabilidade e se alinha à nossa busca diária por sustentabilidade econômica, ambiental e social”, disse.

O app e o WebGIS

No WebGIS o usuário encontrará mais filtros de pesquisa, como estágio e tipo de área onde se levantou o dado. Poderá ainda identificar se os dados provêm da coleta de plantas voluntárias. Pela plataforma Web da Embrapa, também há a possibilidade de baixar as imagens em alta resolução e realizar a sobreposição de camadas.

Os alertas emitidos pelo Monitora Oeste estão organizados em três níveis: ocorrências de doenças, condições climáticas favoráveis para as ocorrências e condições climáticas favoráveis para a dispersão de esporos no ar.

O primeiro nível mostra onde foram identificadas plantas infectadas. Os dados são expressos em mapas e gráficos. O levantamento das informações em campo segue o método tradicional de observação, com o monitoramento realizado por uma rede de colaboradores já atuante na região.

O sistema também reúne dados da presença de esporos na região a partir de 44 armadilhas georreferenciadas, distribuídas pelos núcleos regionais. Quanto mais pontos de coletas, maior a precisão das informações.

As equipes são formadas por produtores locais, técnicos da Abapa, da Embrapa e de parceiros, que percorrem as lavouras dos municípios e dos núcleos regionais do oeste baiano, e verificam se há a presença de doenças nas plantas.

Os outros alertas

Outro nível de alerta enviado pelo Monitora Oeste aponta se as condições climáticas estão favoráveis para o surgimento e para o desenvolvimento das doenças.

O filtro “favorabilidade” mostra sobre o mapa se existe alto ou baixo risco de proliferação dos agentes causadores da mancha de ramulária e da ferrugem asiática pelas plantações de acordo com as condições do clima.

Para esse nível de alerta, o aplicativo utiliza o banco de dados das estações meteorológicas do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), com atualização diária e em tempo real.

Dentro do sistema, os mapas das armadilhas são sobrepostos ao mapa da favorabilidade climática, facilitando ao usuário compreender o risco de disseminação.

Além dos dados de alerta, o Monitora Oeste traz vários índices agrometeorológicos da região: albedo, biomassa, NDVI, evapotranspiração e produtividade da água. O produtor poderá fazer cruzamentos de camadas para obter informações estratégicas de seu talhão. (com informações da assessoria de imprensa).


Fonte: Embrapa

sexta-feira, 6 de maio de 2022

Diversificação de forrageiras no Semiárido aumenta a produtividade e a resiliência à seca

Entre as gramíneas perenes, os capins Buffel Aridus, Massai (foto acima) e BRS Tamani apresentaram melhor desempenho médio.

Pesquisa desenvolvida pela Embrapa em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), com experimentos nos nove estados da Região Nordeste e na região norte de Minas Gerais, evidenciou benefícios de se diversificar a oferta de plantas forrageiras no Semiárido brasileiro. O projeto Forrageiras para o Semiárido, ao longo de três anos de atividade, mostrou resultados de produtividade e resiliência de espécies forrageiras testadas em 12 diferentes unidades de referência tecnológica (URTs).

No projeto, foram testadas 26 espécies, entre gramíneas perenes, gramíneas anuais, cactáceas e lenhosas. Entre as gramíneas perenes, os capins Buffel Aridus, Massai e BRS Tamani apresentaram melhor desempenho médio, com produtividade variando entre 15 e 20 toneladas de matéria seca por hectare a cada ano e resistência para formação de pastos. 

Entre as gramíneas anuais, usadas para compor reserva alimentar em forma de silagem, o sorgo BRS Ponta Negra produziu forragem para encher dois silos de 40 toneladas, em unidades onde a precipitação média foi de 600 mm anuais – uma silagem suficiente para ser fornecida a um rebanho de sete vacas durante 180 dias. O milheto BRS 1501, por sua vez, teve bom desempenho em condições ainda mais adversas: em regiões com precipitações anuais abaixo de 400 mm, ele chegou a produzir 18 toneladas de massa verde, reserva capaz de alimentar um rebanho de 33 cabras durante 180 dias.

Nas espécies lenhosas, usadas para compor bancos de proteína, leucena e gliricídia tiveram produtividade de 3 toneladas de matéria seca por ano. Já nas cactáceas, além de boa produtividade, os experimentos mostraram capacidade de resiliência: 99% dos materiais testados sobreviveram a condições adversas no Semiárido durante os três anos de projeto. 

De acordo com a pesquisadora Ana Clara Cavalcante, chefe-geral da Embrapa Caprinos e Ovinos (CE), todos esses indicadores são muito positivos, especialmente porque foram obtidos em condições de sequeiro – em locais com precipitação acumulada média menor que 600 mm por ano e onde as plantas forrageiras contam somente com água das chuvas como recurso hídrico – semelhantes à realidade da maioria dos produtores rurais no Semiárido brasileiro.

“Essa resposta tem essa magnitude porque foi utilizada tecnologia em práticas que permitem manter mais água de chuva no solo e na planta. A implantação de espécies lenhosas fez uso de hidrogel (quando adicionado às mudas, serve como uma reserva de água em períodos de estiagem). Para cactáceas, tivemos o uso de técnica de plantio em camaleão, que evita o contato direto da planta com a água e, ao mesmo tempo, permite o acúmulo de água no solo entre as linhas de palma”, destaca a pesquisadora.

Ingrediente-surpresa no cardápio: espécies lenhosas são fontes de proteína

Para além dos bons resultados de produtividade, os experimentos evidenciam a vantagem para os produtores rurais de diversificarem o uso de espécies em suas propriedades, mesclando plantas forrageiras para formação de pasto, reserva alimentar e silagem nos períodos de estiagem que, no Semiárido brasileiro, podem durar de seis a oito meses ao ano. Essa é a estratégia do chamado cardápio forrageiro, que combina diferentes plantas, de modo a aproveitar ao máximo o recurso hídrico para armazenamento em forma de forragem para os diversos usos pelos rebanhos e otimizar o uso da área disponível na propriedade para a produção de forragem.

Ana Clara ressalta que a estratégia de diversificação das plantas forrageiras nas propriedades é importante por garantir uma oferta de forragem mais estável ao longo do ano, evitando riscos de sazonalidade por conta da irregularidade das chuvas. Outra vantagem é reduzir o risco de perda de recursos alimentares por pragas e doenças, o que tem mais chances de acontecer nos monocultivos.

“O cardápio forrageiro possui plantas que mantêm a qualidade da forragem no campo, sem necessidade de colheita, como é o caso da palma. Outro ingrediente, o cultivo de gramíneas anuais em sequeiro, permite guardar água de chuva na forma de forragem como silagem, que não tem prazo de validade. Por fim, a base de produção está no pasto, nativo e cultivado, sendo esse último incrementado por espécies produtivas e adaptadas que têm poder de aumentar em até cinco vezes a oferta de forragem. O ingrediente-surpresa do cardápio são as espécies lenhosas que podem ser fonte de proteína, de sombra e até melhorar a qualidade do solo”, destaca.

Segundo a assessora técnica do Instituto CNA, Ana Carolina Mera, a experiência do projeto trouxe lições sobre o uso da diversidade de plantas forrageiras para minimizar os riscos das secas para os produtores rurais. “Estudar diferentes espécies de plantas forrageiras, considerando suas especificidades, e combiná-las de forma estratégica é fundamental para garantir o desenvolvimento sustentável da pecuária no Semiárido”, afirma ela.

Forrageiras adaptadas a realidades locais

Os experimentos nas 12 unidades de referência tecnológicas evidenciaram que é necessário observar com atenção as realidades locais, pois o Semiárido brasileiro não é homogêneo, apresentando diversidade de condições ambientais em suas regiões. “As espécies avaliadas, materiais provenientes dos programas de melhoramento vegetal da Embrapa e de parceiros, foram testadas em diversos ambientes e comprovaram que determinadas características genéticas se manifestam melhor em condições específicas de solo e precipitação”, frisa a pesquisadora.

Com os trabalhos nas URTs, é possível indicar forrageiras mais adaptadas a realidades locais para implementação nas propriedades rurais, como alternativas para compor o cardápio forrageiro. Na URT em Tenório (PB), os testes indicaram bons resultados para espécies como o sorgo Ponta Negra (foto abaixo, 15,6 toneladas de matéria seca MS/hectare/ano), o capim BRS Piatã (18,6 toneladas MS/hectare/ano) e a cactácea Orelha de Elefante Mexicana (26,6 toneladas MS/hectare/ano).

“São resultados muito significativos. É perfeitamente possível alcançar produtividades até maiores. Nas visitas feitas à URT, em dias de campo ou a partir de lives, os produtores começaram a ver a importância da diversidade de plantas na propriedade, pois, com planejamento, obedecendo as janelas de plantio, e observando as culturas mais resistentes é perfeitamente possível ter várias opções de forragens na propriedade”, avalia Humberto Gonçalves, licenciado em Ciências Agrárias e técnico do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural da Paraíba (Senar/PB) que acompanhou os trabalhos na URT. 

Já na URT de Montes Claros (MG), região do Semiárido mineiro, tiveram destaque, em termos de produtividade, o sorgo BRS 658 (24 toneladas de MS/hectare/ano), o capim Andropogon (10 toneladas MS/hectare/ano) e também a Orelha de Elefante Mexicana (19 toneladas MS/hectare/ano). Segundo a engenheira agrônoma Inez Silva, técnica do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Administração Regional de Minas Gerais (Senar/MG) que acompanhou os experimentos, são indicadores positivos para uma região com chuvas escassas e mal distribuídas, com longos períodos de estiagem e altas temperaturas. Esse desempenho traz, segundo ela, boas opções para a diversificação da oferta de forragem em âmbito local.

“A diversificação de forrageiras ajuda a minimizar os riscos. Com o melhor aproveitamento de cada grupo de plantas, cujas potencialidades se somam e permitem a autonomia dos produtores no processo de produção do alimento, conseguimos uma contribuição mais relevante para viabilizar a pecuária em qualquer sistema de produção do Semiárido, independentemente do tamanho da propriedade”, afirma Inez.

Com a palavra, os produtores

Ao longo dos três anos de projeto, produtores rurais do Semiárido brasileiro, ao visitar as URTs e acompanhar as experiências, passaram a introduzir a proposta do cardápio forrageiro em suas propriedades, sob acompanhamento de extensionistas do projeto. Vinícius Leite, criador de ovinos, suínos e aves da zona rural de Riacho das Almas (PE), conheceu o projeto Forrageiras para o Semiárido a partir de informações do portal da Embrapa e visitou a URT em São João (PE). A partir do contato, promoveu mudanças no manejo e inseriu novas culturas em sua propriedade.

“Comecei a tratar a palma forrageira como uma cultura, melhorando o seu manejo, implementei o Massai e montei um banco de proteínas, com gliricídia e leucena. A palma melhorou consideravelmente a sua produção, o capim Massai teve uma excelente rebrota e serviu como forrageira num sistema de piquetes e as leguminosas foram a suplementação necessária de proteínas”, destaca ele.



Em Sumé (PB), o produtor rural Luciano Sousa já produzia para reserva alimentar, com silagem à base de sorgo, palha de milho e cana que garante fornecimento para seu rebanho de cabras e vacas leiteiras durante o período seco. Mas a introdução da moringa e da gliricídia foi uma novidade recente, a partir do contato com equipe da Embrapa. “Aqui a gente conhecia bem a leucena, mas a gliricídia e a moringa são excelentes. Com elas, reduzi a necessidade de comprar alimento concentrado. A produtividade é muito boa. Você faz um corte agora, daqui a 15 dias já tem material novamente”, ressalta Luciano.

Cooperação para continuidade das ações

Para a continuidade do projeto Forrageiras para o Semiárido nos próximos três anos, foi firmada uma cooperação técnica entre a Embrapa e a CNA que iniciou em novembro de 2021 uma nova fase, com futura participação de animais em novas URTs. Lá, está sendo estudada a capacidade de resiliência de plantas forrageiras sob condições de pastejo de ovinos, bovinos de corte e novilhas de leite.

Nas URT’s da primeira fase do projeto, já instaladas, será iniciada uma nova etapa de estudos onde serão inseridos materiais inéditos para avaliação. Essas forrageiras serão selecionadas pelas equipes da Embrapa e técnicos do Senar/CNA. Também nessa segunda fase do projeto, as opções do cardápio forrageiro serão incluídas em um módulo do aplicativo Orçamento Forrageiro, para ajudar os produtores do Semiárido na escolha das espécies mais adequadas às suas condições climáticas.

Fonte: Embrapa

(https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/69510782/diversificacao-de-forrageiras-no-semiarido-aumenta-a-produtividade-e-a-resiliencia-a-seca)


segunda-feira, 18 de abril de 2022

Embrapa promove testes para elevar produtividade de forrageiras no Semiárido

 Pesquisa desenvolvida pela Embrapa em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), com experimentos nos nove estados da região Nordeste e na região norte de Minas Gerais, evidenciou benefícios de se diversificar a oferta de plantas forrageiras no Semiárido brasileiro. O projeto Forrageiras para o Semiárido, ao longo de três anos de atividade, mostrou resultados de produtividade e resiliência de espécies forrageiras testadas em 12 diferentes unidades de referência tecnológica (URTs).

No projeto, foram testadas 26 espécies, entre gramíneas perenes, gramíneas anuais, cactáceas e lenhosas. Entre as gramíneas perenes, os capins Buffel Aridus, Massai e BRS Tamani apresentaram melhor desempenho médio, com produtividade variando entre 15 e 20 toneladas de matéria seca por hectare a cada ano e resistência para formação de pastos.

Entre as gramíneas anuais, usadas para compor reserva alimentar em forma de silagem, o sorgo BRS Ponta Negra produziu forragem para encher dois silos de 40 toneladas, em unidades onde a precipitação média foi de 600 mm anuais – uma silagem suficiente para ser fornecida a um rebanho de sete vacas durante 180 dias. O milheto BRS 1501, por sua vez, teve bom desempenho em condições ainda mais adversas: em regiões com precipitações anuais abaixo de 400 mm, ele chegou a produzir 18 toneladas de massa verde, reserva capaz de alimentar um rebanho de 33 cabras durante 180 dias.

Nas espécies lenhosas, usadas para compor bancos de proteína, leucena e gliricídia tiveram produtividade de 3 toneladas de matéria seca por ano. Já nas cactáceas, além de boa produtividade, os experimentos mostraram capacidade de resiliência: 99% dos materiais testados sobreviveram a condições adversas no Semiárido durante os três anos de projeto.

De acordo com a pesquisadora Ana Clara Cavalcante, chefe-geral da Embrapa Caprinos e Ovinos (CE), todos esses indicadores são muito positivos, especialmente porque foram obtidos em condições de sequeiro – em locais com precipitação acumulada média menor que 600 mm por ano e onde as plantas forrageiras contam somente com água das chuvas como recurso hídrico – semelhantes à realidade da maioria dos produtores rurais no Semiárido brasileiro.

“Essa resposta tem essa magnitude porque foi utilizada tecnologia em práticas que permitem manter mais água de chuva no solo e na planta. A implantação de espécies lenhosas fez uso de hidrogel (quando adicionado às mudas, serve como uma reserva de água em períodos de estiagem). Para cactáceas, tivemos o uso de técnica de plantio em camaleão, que evita o contato direto da planta com a água e, ao mesmo tempo, permite o acúmulo de água no solo entre as linhas de palma”, destaca a pesquisadora.

Forrageiras adaptadas a realidades locais

Os experimentos nas 12 unidades de referência tecnológicas evidenciaram que é necessário observar com atenção as realidades locais, pois o Semiárido brasileiro não é homogêneo, apresentando diversidade de condições ambientais em suas regiões. “As espécies avaliadas, materiais provenientes dos programas de melhoramento vegetal da Embrapa e de parceiros, foram testadas em diversos ambientes e comprovaram que determinadas características genéticas se manifestam melhor em condições específicas de solo e precipitação”, frisa a pesquisadora.

Com os trabalhos nas URTs, é possível indicar forrageiras mais adaptadas a realidades locais para implementação nas propriedades rurais, como alternativas para compor o cardápio forrageiro. Na URT em Tenório (PB), os testes indicaram bons resultados para espécies como o sorgo Ponta Negra e a cactácea Orelha de Elefante Mexicana (26,6 toneladas MS/hectare/ano).

“São resultados muito significativos. É perfeitamente possível alcançar produtividades até maiores. Nas visitas feitas à URT, em dias de campo ou a partir de lives, os produtores começaram a ver a importância da diversidade de plantas na propriedade, pois, com planejamento, obedecendo as janelas de plantio, e observando as culturas mais resistentes é perfeitamente possível ter várias opções de forragens na propriedade”, avalia Humberto Gonçalves, licenciado em Ciências Agrárias e técnico do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural da Paraíba (Senar/PB) que acompanhou os trabalhos na URT.

Já na URT de Montes Claros (MG), região do Semiárido mineiro, tiveram destaque, em termos de produtividade, o sorgo BRS 658 (24 toneladas de MS/hectare/ano), o capim Andropogon (10 toneladas MS/hectare/ano) e também a Orelha de Elefante Mexicana (19 toneladas MS/hectare/ano). Segundo a engenheira agrônoma Inez Silva, técnica do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Administração Regional de Minas Gerais (Senar/MG) que acompanhou os experimentos, são indicadores positivos para uma região com chuvas escassas e mal distribuídas, com longos períodos de estiagem e altas temperaturas. Esse desempenho traz, segundo ela, boas opções para a diversificação da oferta de forragem em âmbito local.

“A diversificação de forrageiras ajuda a minimizar os riscos. Com o melhor aproveitamento de cada grupo de plantas, cujas potencialidades se somam e permitem a autonomia dos produtores no processo de produção do alimento, conseguimos uma contribuição mais relevante para viabilizar a pecuária em qualquer sistema de produção do Semiárido, independentemente do tamanho da propriedade”, afirma Inez.

Cooperação técnica

Para a continuidade do projeto Forrageiras para o Semiárido nos próximos três anos, foi firmada uma cooperação técnica entre a Embrapa e a CNA que iniciou em novembro de 2021 uma nova fase, com futura participação de animais em novas URTs. Lá, está sendo estudada a capacidade de resiliência de plantas forrageiras sob condições de pastejo de ovinos, bovinos de corte e novilhas de leite.

Nas URT’s da primeira fase do projeto, já instaladas, será iniciada uma nova etapa de estudos onde serão inseridos materiais inéditos para avaliação. Essas forrageiras serão selecionadas pelas equipes da Embrapa e técnicos do Senar/CNA. Também nessa segunda fase do projeto, as opções do cardápio forrageiro serão incluídas em um módulo do aplicativo Orçamento Forrageiro, para ajudar os produtores do Semiárido na escolha das espécies mais adequadas às suas condições climáticas.

Fonte: Canal Rural 


sexta-feira, 18 de março de 2022

Brasil cria a sua primeira cultivar de capim Brachiaria ruziziensis.

 O programa de melhoramento genético de forrageiras conduzido pela Embrapa desenvolveu a primeira cultivar de Urochloa ruziziensis ou Brachiaria ruziziensis, como o capim era denominado cientificamente (leia explicação no quadro abaixo). Essa cultivar foi desenvolvida para as condições de solo e clima no Brasil e recebeu o nome de BRS Integra por se destinar aos sistemas de integração lavoura, pecuária e florestas (ILPF).

Segundo o pesquisador da Embrapa Gado de Leite Fausto Souza Sobrinho, que conduziu os estudos, comparada à cultivar atualmente disponível no mercado (cv. Kennedy) a BRS Integra apresenta maior produção de forragem na entressafra, quando o capim está solteiro na área. “Esse diferencial, no período de seca, torna a cultivar mais indicada para a ILPF, podendo contribuir com o aumento de produtividade desses sistemas”, explica Souza Sobrinho.

Antes da BRS Integra, a cv. Kennedy era a cultivar de ruziziensis existente no mercado de sementes forrageiras. O problema é que ela não foi desenvolvida especificamente para as condições edafoclimáticas (solo e clima) brasileiras. Para o pesquisador, apesar de possuir boa adaptação às diferentes condições ambientais do País, a cultivar Kennedy apresenta menor produção de forragem se comparada a cultivares de outras espécies de braquiária como a brizantha ou a decumbens. “Isso acontece principalmente no inverno, durante a entressafra das lavouras, quando nos sistemas integrados de cultivo, as forrageiras se encontram sozinhas na área ou acompanhadas apenas pelo componente florestal”, explica Souza Sobrinho.


Ao manter a produtividade alta no inverno, a BRS Integra pode ser aproveitada tanto como forragem para alimentação do gado na entressafra, quanto como palhada para o próximo plantio das lavouras.

O cientista explica ainda que, embora a brizantha e a decumbens possuam maior área cultivada no País, a ruziziensis vem aumentando seu espaço com o incremento da ILPF. “A espécie tem sido muito utilizada nesses sistemas devido à sua melhor adaptação à sobressemeadura em relação às demais. O também pesquisador da Embrapa Alexandre Brighenti aponta outra vantagem. “A ruziziensis é mais sensível a herbicidas, demandando doses mais baixas na dessecação pré-semeadura de cultivos em sistemas de plantio direto.” Além disso, a produção de sementes da espécie é uniforme, pois só floresce uma vez por ano, tornando o seu controle mais fácil.


O novo nome da BrachiariaUrochloa

Originária da África, ela possui boa adaptabilidade a solos de baixa fertilidade e a diferentes climas e latitudes, além de apresentar agressividade na competição com plantas daninhas e proporcionar bom desempenho animal. Essas qualidades fizeram do gênero braquiária quase um sinônimo de pastagem. Cultivada em regiões tropicais, a gramínea possui uma centena de espécies. Além da ruziziensis, outras bastante conhecidas e utilizadas no Brasil são decumbens, brizantha e humidicola.

De um total 180 milhões de hectares de pastagens no País, 80% pertencem ao gênero Brachiaria. Ou pertenciam. Recentemente, os cientistas reclassificaram quase todas as braquiárias para o gênero Urochloa. A reclassificação segue critérios taxonômicos (normas de classificação) cuja função é organizar vegetais e animais, facilitando o estudo e a identificação dos organismos vivos. Dessa forma, cada planta ou animal ganha nome (gênero) e sobrenome (espécie), mas mudanças podem ocorrer para facilitar o trabalho dos cientistas.

Foi o que aconteceu com a Brachiaria. No entanto, por questões legais, desde a última reclassificação taxinômica, a nomenclatura científica para o “capim braquiária” passa a ser “Urochloa (sinonímia, Brachiaria)” ou “Brachiaria (sinonímia, Urochloa)”. A sorte é que, para o produtor, nada muda e a “brachiaria” pode continuar sendo chamada de braquiária, como fizemos nesta reportagem. O mesmo serve para as expressões idiomáticas e ninguém precisa “vazar na urochloa” se quiser sair rapidamente de algum lugar. “Vazar na braquiária” ainda é uma forma válida de se retirar.


Recomendações da Embrapa para o cultivo da BRS Integra

Composta por plantas vigorosas, de porte médio, com altura entre 80 cm a 110 cm, a BRS Integra possui boa capacidade de cobertura do solo e o crescimento tende a ser ereto. Suas folhas possuem o terço final arqueado e medem em média 25 cm (comprimento) e 1,5 cm (largura). A planta apresenta colmos finos e alta taxa de perfilhamento tanto basal como axilar (perfilhos aéreos). No campo experimental da Embrapa Gado de Leite, em Coronel Pacheco (MG), o florescimento ocorre nos meses de fevereiro e março e a maturação das sementes, em abril e maio. Comparativamente à cv. Kennedy, a produção de forragem total e palhada da nova cultivar no outono/inverno (período seco em boa parte do País) é maior. Indicada para o Bioma Mata Atlântica, a BRS Integra se adapta a solos de média a alta fertilidade, podendo ser cultivada desde o nível do mar até 1.800 metros de altitude.

Os pesquisadores recomendam evitar o plantio em áreas de várzeas úmidas ou sujeitas a alagamentos. Se a semeadura for exclusiva, ou seja, para a formação do pasto, o solo deve ser preparado de forma convencional, efetuando-se arações e gradagens, conforme a necessidade e condição do terreno. Na semeadura, é necessária atenção especial no controle de plantas daninhas para não comprometer o estabelecimento e a longevidade da pastagem. No caso de plantios consorciados, nos sistemas integrados de cultivo, a semeadura poderá ser realizada concomitantemente às lavouras. Outra forma é realizar o plantio, com um atraso de alguns dias em relação à lavoura, a fim de evitar ou reduzir a competição inicial com ela e, ainda, por meio da sobressemeadura próxima à colheita da lavoura.

- Calagem – deve ser realizada com antecedência mínima de 60 dias em relação à data prevista para a semeadura, com base nos resultados da análise de solo, visando alcançar 50% de saturação por bases, utilizando-se de calcário dolomítico, nas condições de baixo teor de Mg+2 aplicado antes da aração do solo, aumentando assim, a eficiência na correção da acidez.

- Adubação de estabelecimento ou de plantio – precisa ser baseada nos resultados da análise de solo. Nas condições tropicais, os maiores limitantes em relação à fertilidade do solo estão relacionados aos baixos teores de fósforo e à acidez dos solos. Sendo assim, recomenda-se apenas a aplicação de adubação fosfatada, na base de 100 kg/ha de P2O5, distribuídos no fundo dos sulcos, ou a lanço. A aplicação do potássio deverá ser realizada quando o teor de potássio trocável no solo for inferior a 50 mg/dm3, numa dose de 80 a 100 kg/ha de cloreto de potássio (KCl).

- Adubação de manutenção/cobertura – deve ser realizada 60 dias após a semeadura, sendo recomendada a aplicação de 200 kg de N e K2O e 50 kg de P2O5 por hectare/ano, fracionadas em três aplicações iguais, (início, meio e fim da época chuvosa). O adubo fosfatado poderá ser aplicado de uma única vez no início da estação chuvosa. As adubações devem ser realizadas ao longo da estação das águas, quando as condições de umidade do solo forem favoráveis.

- Semeadura - A semeadura pode ser realizada tanto com máquinas quanto a lanço, utilizando sementes de alta qualidade entre dois a dez quilos/ha de sementes puras viáveis.  Quando o propósito é a semeadura direta, visando apenas a produção de palhada, normalmente recomenda-se menores quantidades de sementes. Semeaduras à lanço requerem maiores quantidades de sementes, que devem ser aumentadas quando o objetivo for a formação e o estabelecimento rápido de uma pastagem.

Cigarrinhas-das-pastagens – A BRS Integra é suscetível às cigarrinhas-das-pastagens, assim como a cv. Kennedy.

 


O desenvolvimento da BRS Integra

O fato de só haver uma cultivar de ruziziensis disponível no mercado de sementes, sem informações detalhadas sobre seu potencial forrageiro, dificultava a expansão da área cultivada. “Associado ao aumento crescente da área cultivada com ruziziensis, o problema levou a Embrapa a pesquisar novas cultivares capazes de atender a demanda da pecuária brasileira”, conta Souza Sobrinho. Segundo ele, o desenvolvimento da espécie primou pela obtenção de cultivares de alta produtividade e boa qualidade da forragem. A possibilidade do uso em sistemas de ILPF, que se expandiram na última década, traçou o caminho do desenvolvimento da BRS Integra.

“O programa de melhoramento teve como estratégia a seleção recorrente fenotípica, que se baseia em ciclos de avaliação, identificação e seleção dos melhores indivíduos e sua recombinação para obtenção de novas populações melhoradas, ou seja, com frequências mais elevadas dos alelos desejáveis”, explica o pesquisador. A existência de variabilidade genética entre progênies ou plantas de ruziziensis para todas as características avaliadas, observada nos primeiros ciclos, tem impulsionado o programa de melhoramento genético da espécie e mostrado a possibilidade de seleção de genótipos superiores.

Ao fim do terceiro ciclo de seleção foram obtidas 14 populações melhoradas para avaliações posteriores. Esses grupos foram identificados basicamente pela superioridade em relação à produtividade e à qualidade da forragem. A população denominada "REC 2" se destacou nas avaliações posteriores, incluindo os ensaios para determinação do valor de cultivo e uso (VCU) sob corte, realizados entre os anos de 2013 e 2016. O material genético também foi testado sob pastejo seguindo as normas de VCU do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), nos anos de 2016 a 2018. Nesses ensaios de pastejo, a população "REC 2" mostrou-se semelhante à cultivar comercial (Kennedy) tanto em produtividade de forragem como em desempenho animal.

Semelhanças entre as duas cultivares também foram verificadas em ensaios comparativos da produtividade de leite de vacas mestiças. Nesse caso, embora a produtividade animal tenha sido semelhante, a BRS Integra confirmou os resultados obtidos nos ensaios de VCU sob corte, produzindo maiores quantidades de forragem e de folhas e menores quantidades de material morto na época seca do ano, além de apresentar melhor relação entre folhas e caules na maior parte do ano, comparado à Kennedy.

A população "REC 2", após confirmada sua superioridade nos ensaios de VCU, foi registrada no MAPA como nova cultivar sob o número 40794, em 29/04/2019, sendo denominada de U. ruziziensis “BRS Integra”.  Essa nova cultivar recebeu, junto ao MAPA, certificado de proteção de cultivares número 20210042 em 21/01/2021.

 

Rubens Neiva (MTb 5.445/MG)
Embrapa Gado de Leite

Contatos para a imprensa

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/


quarta-feira, 14 de outubro de 2020

Embrapa apresenta primeira cultivar de uva 100% Nordestina

Voltada para a produção no polo de fruticultura irrigada do Vale do São Francisco, a uva exibe coloração branca, sabor neutro e agradável. - Foto: Fernanda Birolo

 Embrapa Semiárido (Petrolina, PE) apresenta a cultivar de uva de mesa BRS Tainá, a primeira totalmente desenvolvida no Nordeste Brasileiro. Voltada para a produção no polo de fruticultura irrigada do Vale do São Francisco, a uva exibe coloração branca, sabor neutro e agradável, além de ser uma variedade sem semente, uma das mais importantes características exigidas pelo mercado.

A nova cultivar será apresentada no dia 21 de outubro, às 19h30, em Dia de Campo on-line transmitido pelo canal da Embrapa no Youtube. O evento é aberto ao público e contará com a palestra da pesquisadora Patrícia Coelho de Souza Leão, responsável pela condução dos trabalhos de melhoramento de uva na região. Também contará com o depoimento de produtores que têm áreas experimentais da uva em suas propriedades.

Proveniente do cruzamento realizado em 2004 entre as cultivares internacionais Sugraone e Marroo Seedless, que fazem  parte  do Banco Ativo de Germoplasma da Embrapa Semiárido, a BRS Tainá é o resultado de um intenso esforço para disponibilizar aos produtores de uva do Vale uma cultivar branca sem os altos custos de licenciamento de plantio, os chamados royalties, comum nas variedades estrangeiras, explica Patrícia.

A cultivar faz parte do programa de melhoramento genético da Embrapa, denominado ‘Uvas do Brasil’, sendo a primeira variedade de uva com todas as etapas de melhoramento genético, desde o cruzamento até a validação, realizadas pela Embrapa nas condições ambientais tropicais semiáridas. 

O plano de lançamento da BRS Tainá encontra-se em fase de seu licenciamento para viveiristas (acesse o edital) e em breve estará disponível para os produtores.

Principais características 

As características da nova variedade fazem jus ao nome de batismo. ‘Tainá’, de raiz indígena Tupi-Guarani, é uma homenagem ao Brasil, um nome feminino, forte e que remete às origens do nosso país, comenta Patrícia. Trata-se de uma planta vigorosa, com produtividade média estimada no Submédio do Vale do São Francisco 25 toneladas por hectare por ciclo de produção.

O período desde a poda até a colheita está em torno de 110 dias, com pequenas variações ao longo do ano, em função das condições climáticas. Os cachos da BRS Tainá apresentam tamanho médio, com peso de 270 gramas e medindo cerca de 15 x 10 centímetros.

A nova cultivar se destaca ainda por apresentar características desejáveis em uvas para o consumo in natura, como crocância, bagas firmes, com boa aderência ao pedicelo e traços minúsculos e imperceptíveis de sementes. O sabor é neutro e agradável, com uma relação equilibrada entre açúcares e acidez. É uma opção promissora e com grande potencial para se destacar no mercado de uvas de mesa brancas sem sementes.

Apresentação da cultivar de uva de mesa BRS Tainá 

Data: 21/10/2020 

Horário: 19h30 

Link: youtube.com/embrapa

Fonte: Grupo Cultivar

sexta-feira, 25 de setembro de 2020

Pesquisa irá criar biodefensivos de uso tópico para controle de daninhas, pragas e doenças

 

Produto será criado a partir da tecnologia do RNA interferente, a mesma utilizada em vacinas contra o Coronavírus. - Foto: Arquivo Sempre

A Embrapa Agroenergia, a empresa Sempre e a Embrapii iniciaram pesquisas para o desenvolvimento de biodefensivos de uso tópico que prometem estimular o mecanismo de defesa da própria planta contra o ataque de pragas e patógenos. A estratégia, conhecida como RNA interferente (RNAi), será desenvolvida em parceria com a Embrapa Soja, Embrapa Milho e Sorgo e Embrapa Mandioca e Fruticultura.

A tecnologia do RNA interferente é um mecanismo natural responsável pelo silenciamento gênico que atua sobre o RNA mensageiro (mRNA). Nesse mecanismo está envolvida uma molécula de RNA dupla fita (dsRNA – double stranded RNA) que, ao ser reconhecida por complexos proteicos específicos no citoplasma do organismo-alvo, ocasiona a degradação do mRNA e/ou a inibição da tradução. Para uso agrícola, essa tecnologia é programada para inativar genes específicos em plantas daninhas, insetos-praga e doenças, associados a processos essenciais à sua sobrevivência. 

“Vamos desenvolver moléculas de RNA dupla fita com especificidade à praga ou ao patógeno, embarcando tecnologia de delivery da molécula”, explica Hugo Molinari, pesquisador da Embrapa Agroenergia e líder do projeto.

Fernando Prezzotto, presidente da Sempre, afirma que muitas vezes o agricultor é acusado injustamente de usar agroquímicos, poluir o lençol freático e matar espécies não alvo. “Em toda a minha vivência junto a agricultores, distribuidores e cooperativas, nunca vi um produtor com vontade de aplicar veneno. O que o agricultor quer e precisa é proteger a sua plantação do ataque de insetos, fungos e demais pragas que podem afetar a produtividade”, diz Prezzotto.

Para isso, o agricultor utiliza o que há de melhor disponível no mercado. “Até o momento os produtores só tinham os defensivos como ‘carta na manga’. Mas estamos iniciando uma revolução na qual as incríveis possibilidades proporcionadas pela moderna biologia logo estarão disponíveis”, prevê o executivo da Sempre.

Fazendo uma comparação, a técnica que será utilizada mimetiza o próprio sistema de defesa das plantas, que, ao serem atacadas, produzem substâncias químicas para tentar inativar o inimigo. “Quando a planta entra em contato com um vírus, por exemplo, ela age imediatamente para degradar o material genético inserido pelo corpo estranho, tentando bloquear a doença com o seu próprio sistema de defesa”, explica o pesquisador Hugo Molinari. “Plantas e microrganismos possuem esse mecanismo, principalmente contra o ataque  de vírus”, complementa.

Para entender mais sobre a tecnologia de RNAi, assista o vídeo “Interferência por RNA: uma nova alternativa para terapia nas doenças reumáticas”.

 
Soja, milho e algodão são o foco 

A pesquisa tem como principal foco desenvolver biodefensivos que possam ser utilizados nas principais culturas brasileiras: soja, milho e algodão. “Nosso projeto tem como objetivo desenvolver biomoléculas (dsRNAs) para aplicação exógena (tópica), ou seja, para pulverizar o produto em plantas ou patógenos”, conta Molinari. O organismo já pulverizado reconheceria a molécula e imediatamente desligaria o alvo. “A forma de aplicação e uso da técnica é inovadora no mercado. Simulamos um defensivo agrícola, mas sem modificação genética e nenhuma toxicidade”, complementa o pesquisador. 
 
Os biodefensivos “eco friendly” deverão chegar ao mercado em breve. “A equipe técnica já começou a trabalhar nas diferentes frentes, reunindo material biológico dos organismos-alvo”, conta Molinari. A equipe responsável pelo projeto é multidisciplinar e conta com agrônomos, biólogos, farmacêuticos e especialistas em bioinformática e nanotecnologia. 
 
“Em um futuro próximo, entregaremos ao agricultor uma tecnologia que não polui, é atóxica ao ser humano e a outras espécies que não são o alvo do produto e que não irá aumentar o custo de produção. Por esse motivo ficamos felizes em celebrar esta parceria com a Embrapa Agroenergia e criar em conjunto tecnologias de ponta que vão impactar positivamente a vida do agricultor e o meio ambiente”, comemora o presidente da Sempre.
 
Vale lembrar que o feijão transgênico, aprovado desde 2011 pela CTNBio, desenvolvido pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia para o controle do vírus do mosaico dourado, também utilizou a técnica de RNAi.

Técnica é a mesma utilizada em vacinas contra a Covid-19

 A técnica de silenciamento gênico por RNAi já é conhecida desde 2006, ano em que os pesquisadores norte-americanos Andrew Z. Fire e Craig C. Mello ganharam o prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia pela compreensão do mecanismo
 
A vacina experimental contra o SARS-CoV-2 (Covid-19) desenvolvida pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, e produzida pela farmacêutica AstraZeneca, utiliza a mesma técnica. A AZD 1222 lança mão do RNAm de um outro vírus respiratório, um adenovírus (que infecta chimpanzés), para inativá-lo com procedimentos de engenharia genética. O vírus inativado, ou “vetor viral”, entra nas células humanas e não consegue se replicar, levando apenas o código para a produção de antígenos pelo corpo humano, código esse que, acredita-se, pode ser útil para combater a Covid-19. 
 
Outra vacina, a norte-americana BNT 162, da empresa Pfizer-Wyeth, também utiliza tecnologia com RNA antiviral. Ambas estão na fase de testes em humanos no Brasil. 
 
 Fonte: Grupo Cultivar 

segunda-feira, 14 de setembro de 2020

Embrapa oferece curso a distância sobre forrageiras para produção de leite

Capacitação tem o objetivo de apresentar as principais cultivares de forrageiras utilizadas na produção de leite, além do dimensionamento correto do pasto

pastagem para produção de leite

Foto: Joseani Mesquita Antunes/Embrapa

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) está disponibilizando o curso de Forrageiras para produção de leite a pasto. A capacitação faz parte do EAD Leite, uma série de cursos a distância oferecidos pela Embrapa Gado de Leite para a capacitação de produtores, técnicos e estudantes.

De acordo com Bruno de Carvalho, pesquisador da Embrapa, o curso tem o objetivo de apresentar as principais cultivares de forrageiras utilizadas na produção de leite e ensinar procedimentos necessários para o correto dimensionamento dos pastos.

As inscrições estão abertas até o dia 9 de novembro de 2020, com 40 horas de carga horária. O curso acontece entre 13 de novembro e 13 de dezembro de 2020. A capacitação tem custo de R$ 29,90, valor que pode ser parcelado em até cinco vezes.

Para se inscrever, basta clicar aqui. 

Fonte: Canal Rural 

quarta-feira, 9 de setembro de 2020

Tecnologias digitais aumentam a eficiência do manejo integrado de pragas

 

Tecnologias digitais aumentam a eficácia do manejo integrado de pragas, como o percevejo da soja - Foto: Jovenil Silva

Um experimento conjunto entre a Embrapa e a Cooperativa Cocamar, conduzido no norte do Paraná, comprovou que as tecnologias digitais aumentam a eficácia do manejo integrado de pragas. Durante uma safra de soja 2019/2020, foram utilizadas geotecnologias (e.g. georreferenciamento e espacialização de dados) para racionalizar a aplicação de inseticidas no controle de percevejos-praga dessa cultura. Os resultados mostraram redução de até 45% no uso de produtos químicos e melhoria na qualidade dos grãos.

A pesquisa, que reuniu equipes da Embrapa Soja (PR), Embrapa Meio Ambiente (SP) e Embrapa Informática Agropecuária (SP), se baseou no conceito de zonas de manejo. Trata-se de uma estratégia de amostragem de pragas que conjuga conhecimentos digitais e agronômicos para criar mapas de distribuição espacial de percevejos (Figura 1) e orientar as máquinas de pulverização a fazer as aplicações apenas em áreas indicadas para os controles químico e biológico (Figura 2).

“Cada dia mais, o conceito de zonas de manejo ganha força com o auxílio e a inclusão de ferramentas digitais no dia a dia da agricultura”, explica o pesquisador da Embrapa Samuel Roggia, líder do projeto de pesquisa. “Conhecer o comportamento de cada talhão dentro da propriedade e adotar estratégias específicas, que permitam o melhor uso da terra, está na lista de prioridades de quem quer produzir bem”, declara. 

Grãos de melhor qualidade

A pesquisa acompanhou três situações de campo de manejo de percevejo com controle químico: uma área foi manejada com o conceito de zonas de manejo e aplicação localizada (AP + MIP); outra observou o manejo integrado de pragas, mas considerando o controle em área total do talhão quando a população da praga atingia o nível de controle (MIP); e a terceira considerou a prática de manejo de percevejo tradicional da propriedade em área total. 

“O diferencial da aplicação localizada por zonas de manejo em relação à aplicação do MIP em área total e ao manejo tradicional é que, além de economizar produto, a aplicação localizada apresentou maior qualidade do grão, com menos grãos picados por percevejos”, revela Roggia. 

Os experimentos foram conduzidos em uma lavoura de soja Intacta, no norte do Paraná, onde foi realizado o levantamento georreferenciado de percevejos utilizando o Agrotag (veja quadro), um aplicativo desenvolvido pela Embrapa para celular e outros dispositivos móveis que permite trabalhar com georreferenciamento. 

Ao longo da safra, foram gerados mapas semanais da distribuição dos percevejos na lavoura e aplicadas as diferentes estratégias de manejo de pragas. “Realizando o levantamento georreferenciado de percevejos na lavoura é possível gerar um mapa com a distribuição espacial deles. Esse mapa é migrado para um pulverizador, que é utilizado apenas onde é necessário. Ou seja, quando é atingido o nível de controle da praga de dois percevejos por pano de batida” explica o pesquisador da Embrapa Luiz Eduardo Vicente, especialista em sensoriamento remoto e um dos responsáveis pelo desenvolvimento do Agrotag.

A geração dos mapas de distribuição espacial de percevejos foi realizada pela Embrapa Informática Agropecuária, por meio de dados interpolados das áreas amostradas com a ferramenta de análise geoestatística. A geração do mapa parte do princípio que a distribuição dos percevejos na lavoura não ocorre ao acaso, mas segue uma distribuição dependente do espaço e da data de cada avaliação realizada em campo. “Para isso, os dados georreferenciados foram submetidos a cálculos matemáticos, gerando dados interpolados com melhor precisão para o mapeamento, o que direciona a tomada de decisão para o controle do percevejo no campo,” detalha a pesquisadora da Embrapa Célia Regina Grego.

Redução de 45% no uso de inseticidas 

Comparando a soma das aplicações nas áreas monitoradas, o controle localizado (AP + MIP) reduziu o uso de inseticidas em torno de 17% em relação ao MIP aplicado em área total. Porém, comparando a aplicação localizada (AP) ao manejo tradicional, a redução do uso de inseticidas foi de 45% (Tabela 1). A pesquisa mostrou um caminho para desenvolver ferramentas mais práticas para o agricultor ter como aliadas no monitoramento de pragas. 

O conceito de zonas de manejo torna possível setorizar a informação na lavoura. Com a pulverização direcionada, algumas áreas passaram longo tempo sem receber inseticidas. “Nesses casos foi observada maior ocorrência de agentes de controle biológico, principalmente de predadores. Assim, a aplicação localizada permite proteger a lavoura do ataque de percevejos, aplicando inseticida onde ele é necessário e preservando os agentes de controle biológico nos locais que não precisam receber inseticidas”, pondera Roggia.

Os resultados preliminares foram animadores. “O grande desafio hoje do agricultor é tirar mais do mesmo talhão. Ele já está convicto de que a fazenda não é igual e que cada talhão precisa ser tratado de maneira específica. Não dá mais para tratar o todo pela média”, destaca Elizeu Vicente dos Santos, gerente de agricultura de precisão da Cocamar Máquinas. “A tecnologia de aplicação controlada por seção já está no mercado há bastante tempo. Mas, de modo geral, ainda observamos que o agricultor não faz pleno uso de seu potencial, especialmente em relação ao manejo de pragas”, completa.

“Hoje há muita informação desencontrada sobre as tecnologias digitais na agricultura, muita gente plantando informação equivocada no mercado. O estudo conduzido pela Embrapa mostrou que é possível e que, com uma margem de segurança muito grande, em condições reais de campo, a tecnologia funciona, é prática e traz benefícios para o agricultor em termos de rentabilidade e de ambiente de produção mais equilibrado”, comemora Santos. 

Figura 3 - Gastos com inseticida e economia por hectare, conforme sistema de manejo. Elaboração: Cocamar Máquinas

 Potencial para controle biológico

“Com esse estudo, estamos preparando o terreno para o controle biológico em larga escala. Essa estratégia de amostragem e geração de mapas de dispersão de pragas poderá ser bastante vantajosa, pois ajuda a economizar e a identificar os pontos necessários para aplicação de parasitoides. Dessa forma, o agricultor vai aplicar apenas quando a praga estiver presente. Isso pode favorecer muito a adoção e a utilização de controle biológico, além de reduzir custos, uma vez que os parasitoides naturais serão colocados apenas em regiões onde houver manchas de ocorrência das pragas. 

Vicente destaca que a tecnologia embarcada em máquinas para aplicação de insumos à taxa variada, por exemplo, já existe há muito tempo no Brasil. “Ela é eficiente e moderna, com transmissão de dados em campo, e conta com instrumentos precisos de aplicação na chamada ponta de lança do trator,” diz. 

No entanto, ele cita uma grande lacuna que é a necessidade de informação de qualidade oriunda do cultivo, gerada de maneira rápida, precisa e de baixo custo. “Com a utilização dos recursos do Agrotag, reduzimos drasticamente o tempo entre o levantamento em campo e o mapa no trator, com substancial aumento de precisão, demonstrando um caminho viável para suprimir essa demanda,” acredita.

Os pesquisadores pretendem aperfeiçoar o número de pontos de amostragem até a automação do processo de geração do mapa. “Queremos construir uma solução tecnicamente viável, segura e prática para facilitar o processo de tomada de decisão do agricultor”, relata Roggia. “O negócio do agricultor está cada vez mais complexo.  Isso faz com que seja cada vez mais difícil decidir. Hoje o risco de produzir é praticamente todo do agricultor. Por isso, soluções que facilitem esse processo de tomada de decisão são importantes”, complementa Santos.

 

Figura 1. Distribuição espacial dos percevejos, em uma das datas de amostragem (acima). Elaboração: Cocamar Máquinas

Figura 1. Distribuição espacial dos percevejos, em uma das datas de amostragem (acima). Elaboração: Cocamar Máquinas

Figura 2. Mapa da aplicação realizada, baseada na distribuição espacial de percevejos na lavoura acrescida de um buffer de 10m (acima). Elaboração: Cocamar Máquinas

Figura 2. Mapa da aplicação realizada, baseada na distribuição espacial de percevejos na lavoura acrescida de um buffer de 10m (acima). Elaboração: Cocamar Máquinas


Transformação digital aumenta a sinergia entre pesquisa e setor produtivo

A parceria com a Cocamar buscou acelerar o envolvimento do agricultor no processo de pesquisa. “Alguns fatores eram necessários para avaliar as condições reais de campo, como áreas extensas, uso de máquinas disponíveis no mercado que permitam fazer o manejo setorizado e agricultores dispostos a contribuir com a pesquisa”, explica Roggia.  

Para a definição do experimento de pesquisa, a equipe da Embrapa trocou experiências com a SLC Agrícola, que também vem atuando com o conceito de zonas de manejo e aplicação localizada para o controle de pragas. 

Na visão de Roggia, o processo de transformação digital da agricultura está ampliando a sinergia entre o agricultor e a pesquisa agronômica. “Estamos olhando para o futuro, para as perspectivas que as tecnologias trazem, antevendo rotas tecnológicas e identificando novos parâmetros de sustentabilidade e eficiência para os sistemas de produção”, destaca. 

“É uma oportunidade muito interessante para a ciência se aproximar anda mais do agricultor. Há muitas coisas mudando ao mesmo tempo e cada vez mais se percebe a necessidade de atuar de maneira integrada. Isso vai dar mais agilidade para os dois lados. Outra mudança grande é a necessidade de construir soluções de forma multidisciplinar, envolvendo várias áreas do conhecimento nessa nova evolução tecnológica”, avalia. 

Para montar o projeto, a equipe da Embrapa conversou com muitos agricultores durante o processo de seleção da área. “Observamos que os agricultores também estão mais atentos às possibilidades que as novas tecnologias ofertam. O produtor está muito mais consciente de que as máquinas apresentam muitos recursos tecnológicos que poderiam ser melhor utilizados. E ele não está apenas preocupado com o uso dos recursos das máquinas, mas também com a sustentabilidade dos seus sistemas de produção,” avalia. 

Futuro prevê ainda mais inovação no controle de pragas

O projeto de pesquisa está avançando em várias frentes visando inovar em métodos de amostragem de pragas. Está prevista em uma próxima etapa a automatização total do processo de coleta, geração de mapas e entrega na “nuvem de dados on-line” para consumo por máquinas no campo.

“Esse processo incluirá o acréscimo de dados importantes na geração de mapas de pulverização oriundos de outras fontes, além das informações coletadas no campo. Estresse hídrico ou estimativa de clorofila, por exemplo, podem ser obtidos utilizando imagens de satélite, abrindo margem para uma melhoria substancial na precisão dos dados. E já possuímos sistemas e aplicativos para tratamento de imagens de satélite que integrarão o projeto”, comenta Vicente. 

“Em um futuro próximo, um dos focos é o desenvolvimento de sensores automatizados, conectados e que facilitem o monitoramento das pragas. O diagnóstico precisa ser cada vez mais rápido e preciso. As soluções fáceis já apareceram, mas temos muitos desafios”, revela. Outro desafio observado pelo pesquisador é a integração das informações das múltiplas plataformas. “Já se avançou muito nos últimos cinco anos. Antes não havia essa integração, mas gradativamente estamos observando o avanço nessa temática. E a aplicação das ferramentas de Inteligência Artificial vai ajudar a processar e a entender esse grande volume de dados que será gerado, trazendo mais assertividade na lavoura”, destaca. 

 

Conheça o Agrotag, a primeira plataforma geoespacial da Embrapa

Para testar o conceito de pesquisa de zonas de manejo de percevejo, os pesquisadores da Embrapa conduziram o levantamento georreferenciado de percevejos utilizando o Agrotag, aplicativo para celular e outros dispositivos móveis, primeira plataforma multitarefa da Embrapa voltada para dados geoespaciais. 

A plataforma foi uma das primeiras iniciativas em geotecnologias no mundo para o monitoramento de redução de Gases de Efeito Estufa (GEEs) na agricultura. Ela permite o acesso aos dados coletados em campo e compartilhamento entre grupos, com formulário de uso e cobertura das terras, onde se pode identificar a área de interesse, selecionando as classes de agricultura, pastagens, florestas plantadas e qualificar esses sistemas com informações sobre as culturas e espécies forrageiras, por exemplo, com acesso a fotos e desenhos também georreferenciados, possibilitando a atualização das informações da propriedade a cada safra. 

O Agrotag hoje constitui-se num modelo avançado de transferência de geotecnologias na Embrapa com base no conceito de redes colaborativas (crowdsourcing), sendo que o monitoramento de percevejo em soja é um dos melhores exemplos de sua utilização, disponibilizando de maneira simples instrumentos para o levantamento e análise de informações geoespaciais voltadas para o combate da praga, os quais antes só estavam acessíveis em softwares complexos e restritos.

“A ideia é que com o aumento do uso do Agrotag, tendo como base a permeabilidade estratégica que a Embrapa possui na agricultura brasileira, o conceito de rede colaborativa se fortaleça. Assim, o dado de cada usuário ou agricultor se torna um insumo compartilhado, ajudando a identificar rapidamente áreas prioritárias, além das propriedades em si. Isso vai subsidiar ações em larga escala e de baixo custo, de mitigação e prevenção do avanço de pragas, incidindo diretamente na melhoria de todo o processo produtivo”, destaca Vicente.

Fonte: Grupo Cultivar 

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