Menos de 20% dos empreendimentos do agronegócio brasileiros estão em mãos femininas, mas elas querem chegar bem mais longe
Não é uma conquista fácil, os desafios são complicados e ainda há muito a avançar, mas, passo a passo, a participação feminina no agronegócio começa a ganhar mais espaço e relevância. Dados do último Censo Agropecuário do IBGE mostram que 19% dos empreendimentos rurais do país são dirigidos por mulheres, o que parece insuficiente, principalmente quando se considera que elas produzem entre 70% e 80% dos alimentos consumidos no país. Mas o raciocínio muda com a constatação de que em 2006 a proporção de mulheres à frente de negócios no agro era de apenas 12% – o que significa um salto de 7% em pouco mais de uma década.
Nesse ritmo, é possível imaginar que, em algum tempo, se chegará ao tão desejado equilíbrio e ao fim de algumas injustiças evidentes. Ainda segundo o IBGE, cerca de 15 milhões de brasileiras vivem em áreas rurais, quase metade (47,5%) do total da população do campo, e entre essas mais de 5,5 milhões são economicamente ativas. Porém, 30% delas não têm rendimento, uma parcela semelhante ganha entre meio e um salário mínimo e só 3% completaram 15 ou mais anos de estudo.
Não faltam esforços para mudar essa situação, a começar pelas iniciativas destinadas a dar mais visibilidade à presença feminina no campo, com destaque para o Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio (CNMA), cuja quarta edição se realiza nos dias 8 e 9 de outubro no Transamérica Expo Center, na capital de São Paulo. No evento, serão homenageadas as vencedoras do 2º Prêmio Mulheres do Agro, idealizado e patrocinado pela Bayer e realizado pela Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), para mostrar à sociedade a relevância da mulher rural.
“Queremos que cada vez mais mulheres sejam protagonistas do setor agropecuário. É muito importante para a Bayer disseminar as boas práticas e ainda reconhecer a contribuição dessas mulheres para o agronegócio brasileiro”, explicou Gerhard Bohne, diretor da divisão Crop Science da Bayer no Brasil.
Além dessas iniciativas, merece destaque a campanha #Mulheres Rurais, Mulheres com Direitos, de alcance internacional, organizada no Brasil pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Neste ano, o tema da campanha é “Pensar em igualdade, construir com inteligência e inovar para mudar”, com a meta de destacar o poder transformador das mulheres rurais da América Latina e do Caribe e sua contribuição para a superarão dos desafios estabelecidos nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.
Não se esperam mudanças radicais de uma hora para a outra, pois as injustiças sociais e econômicas, o preconceito e a discriminação de gênero têm raízes históricas, consolidadas em um setor que sempre foi predominantemente masculino. O resultado dessas e de várias outras iniciativas deverá surgir no médio e no longo prazo, pois se trata de uma questão de conquista de espaço e de direitos, de empoderamento feminino, de inclusão e igualdade.
“Os números não negam. As mulheres estão cada vez mais presentes no agronegócio, exercendo funções estratégicas, e são responsáveis pela tomada de decisões que impactam diretamente o setor no Brasil”, lembra Renata Camargo, que participa da organização do Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio.
Fonte: MUNDO AGRO
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